Por: ChrisMattei
Provavelmente, quando você resolveu escrever uma história sobre realeza, deve ter pensando assim como eu que seria algo fácil. Afinal, o que poderia dar errado em uma história que contém coroas e príncipes?
Bem, muita coisa pode dar errado.
Muitas vezes, apesar de termos a ideia para uma história de realeza, não sabemos por onde começar. Ainda mais quando esse mundo precisa ser crível e fazer sentido.
Há uns quatro anosatrás comecei a me aventurar por esse meio, na época que os livros da KieraCass faziam muito sucesso. E na minha cabeça, escrever uma história sobrerealeza era simples.
E só aprendi que as coisas não eram bem assim depois de concluir minha primeira história sobre esse mundo reluzente e apaixonante.
Naquela época não havia nenhum guia por aí, como esse aqui, que me explicasse quais eram os passos que eu precisava dar antes de escrever minha primeira frase. Havia apenas uma ideia em minha cabeça do que precisava mudar - urgentemente - e um vasto mundo inexplorado a minha frente.
Uma das coisas que me ajudou muito, foram alguns guias genéricos e a história O Diário de uma Princesa Escondida, da nossa Laura. Se você não o leu na mesma época que eu, não deve saber que muitas vezes em seus capítulos, ela disponibilizava uma arte com curiosidades sobre o país que ela criou com tanto carinho. Foi assim que eu percebi o quão vago e vazio meu país era, deixando um grande furo na minha história.
Agora, à primeira vista para quem resolve escrever sua primeira história sobre a realeza e se depara com esse guia, deve ficar de cabelos em pé com tanta informação necessária para passar a imagem de um lugar real para os seus leitores.
Com todas essas dicas em mãos e provavelmente quase desistindo de escrever sobre esse tema por tantos detalhes envolvidos, gostaria de compartilhar com vocês o método que uso para não entrar em pânico e que agiliza o processo e o torna mais prazeroso, por assim dizer.
Lembre-se, esse é para ser um momento divertido, por isso, liberte a criança existente dentro de você.
O começo
Depois de ter ao menos uma centelha de uma ideia em minha cabeça, e sem confiar muito em minha memória, guardo essa ideia em um lugar confiável e de fácil acesso, caso não tenha tempo para ela no momento.
Mas, caso o momento seja agora, o primeiro passo que tomo é escolher o lugar em que deixarei todas as informações dessa história reunidas. Pode ser em caderno, em um app no celular tipo TRELLO ou em uma pasta qualquer no computador. Eu opto pelos três, pois sou doida mesmo e uma hora ou outra um desses três vão estar a minha disposição e não vou precisar sofrer. Mas, sempre começo por um caderno.
Esse caderno vai ser de uso exclusivo da história em questão, então verifique se de há folhas suficientes dele.
Agora vem a hora de tomar uma decisão complicada. Meu país vai ser fictício ou real? E aonde ele vai se localizar?
Quando me surgiu a ideia de A Guarda Real, tive comigo de que queria algo que envolvesse a França, mas seria muito complicado explicar os motivos dela ter voltado a ser uma monarquia, assim criei um pedaço de terra não muito grande que fizesse fronteira e que em algum dia já foi território francês. Assim nasceu Lemont.
E a partir da localização dele é que veio a serem criados todo o restante.
Logo na primeira página desse tal caderno, crio um questionário sobre meu país, contendo:
* Nome país
* Influência
* Idioma
* Extensão territorial
* Clima
* População
* Moeda
* Lema
* Cores bandeira
* Símbolo
* Primeiro ministro
* Cidades mais populosas
* Esportes predominantes
* Comida típica
* Atual Regente
* Divisão parlamentar
* Eventos ou festas importantes
E você pode adicionar o que mais quiser para te ajudar na construção de seu país.
Como eu queria que meu país tivesse derivados franceses, precisei estudar um pouco de história para descobrir qual seria o melhor momento para que houvesse uma rebelião, para o meu pedaço de terra ser apenas meu. Essa é a hora que você vai amar sua professora de história e todas aquelas aulas que você achou que não seriam úteis para nada para o seu favor.
Nesse momento, não contando jamais com a própria memória, escreva com detalhes a história de seu país na página seguinte, com nomes e datas importantes. Nunca se sabe quando isso será necessário. Pense nessa parte como um mini Wikipedia do qual você vez por outra será dependente.
Com país localizado, é a hora de desenha-lo. Você poderá fazer isso tanto a mão, quando no PicsArt sempre com muita paciência ou pelo Inkarnate. Divida-os em condados, estados ou províncias, lembrando-se do tamanho do território para não correr o risco de criar mais que o necessário e dê nome a cada um deles.
Ficou lindo o seumapa? Está começando a ficar empolgado com a forma que tudo está tomando? Poisbem, com base no idioma, espalhe cidades pelos condados e nomeie a cada umadelas. Sugiro que separe pelo menos quatro cidades por condado, mais a capitaldo país.
Com lugar no mapa mundi e idioma, você está pronto para desenvolver a cultura e tradições, feriados e até o que mais você achar relevante, podendo é claro, pegar emprestado coisas de países similares, filmes e séries e criar o que você bem entender, sem extrapolar e acabar dizendo que a comida típica é brigadeiro no meio do oriente médio.
Se você tiver muita paciência como eu, seria interessante fazer uma pasta no Pinterest com referências de todas essas coisas.
Linhagem Real
Com o seu país estabelecido, já te dando vontade de se mudar para ele, chegou a hora de conhecer os seus moradores.
Se você já sabe de cor e salteado qual são os seus personagens, liste-os por ordem de relevância, subdividindo por categoria. Se ele é da família real, ficará em um grupo, se é amigo, em outro e criados em um terceiro.
Mesmo que nem todos os familiares que competem a sua família real apareçam em sua história, mencione-o mesmo assim nessa lista. A memória é fraca minha gente!
A primeira árvore que monto é sempre aquele a que meu personagem pertence, ou seja, contendo apenas pai, mãe e irmãos.
A segunda é a do lado do pai, aí sim ela será maior e mais planejada, contendo avós, o país, tios (com quem se casaram) e primos. E não se esqueça de dar datas de nascimento a todo esse povo. O mesmo acontece com o lado materno.
Parece desnecessário? Acredite em mim quando digo que não. Você vai precisar dessa informação em algum momento e tudo o que você menos vai desejar no meio da sua história, será parar resolver esse assunto.
Agora, personagem por personagem relevante, faço também um questionário individual com características, datas importantes, curiosidades, familiares, personalidade e o que mais decidir. Tenha em mente que eles são pessoas que nem você e não são feitos apenas de qualidades e que seus gostos são únicos e até peculiares.
Linha temporal
Uma coisa que tenho aplicado em minhas histórias mais recentes e me ajuda a não me perder no tempo da história é uma linha do tempo.
Sua história pode ocorrer em poucos dias, levar semanas ou até mesmo meses. Não aconselho que leve mais que um ano. E com isso definido, ficará mais fácil determinar quando cada ato acontecerá.
Quando a história está certa em minha cabeça e conheço cada ponto dela, tracejo uma linha que no início marco em qual estação do ano ela começará e o mesmo no final, para quando precisar descrever o ambiente não falar abobrinha.
Se minha história levará meses, marco cada mês em um ponto dessa linha e entre eles vou destruindo os acontecimentos como devem ser. Essa linha não precisa conter todos os acontecimentos, apenas os importantes e que farão diferença em sua trama. O restante você pode deixar em um lista em uma página seguinte a essa linha.
Capítulos
Com tudo que era importante já definido, está na hora de desenvolver a história. No meu caso, me dou um limite de capítulos a serem escritos e mediante a eles, começo a descrever o que deverá acontecer neles, apenas com o que interessa.
Essa parte leva um pouco de tempo e paciência, mas tornará sua vida mais fácil na hora de se sentar para escrever e ajudará a se ater a um cronograma, pois não ficará perdido se saber o que virá a seguir.
Pode acontecer de aumentar um ou dois capítulos no final, ou mesmo de diminuir, pois será apenas escrevendo que você saberá se tais cenas são mesmo importantes e decidir se compensa deixar o leitor sabendo de sua existência.
Não se esqueça de incluir a cultura, o clima entre outras cosias que você fez com tanto carinho nesses capítulos para envolver o leitor e fazê-lo acreditar que seu país é tão real quanto qualquer outro. Afinal, você não fez tudo isso à toa.
Extras
Assim como dito no começo, o que me fez me perceber o quão ruim era o mundo que eu havia criado, foi uma coisa simples como uma arte que acompanhava os capítulos de uma história. Então, o que te impede de fazer o mesmo?
Se você não tem prática em mexer com app de edição de imagens, aí está o momento perfeito para começar a aprender. Há milhares de livros sobre esse assunto por aqui, basta apenas escolher um e ir testando as habilidades que você não sabia que tinha.
Amo criar essas artes e deixá-las em um dos primeiros capítulos de meus livros para o leitor saber onde está se metendo. Fique à vontade para dar uma olhada nele para ter ideias. Só não vale copia-las!
Outra coisa que envolve as pessoas na hora de ler são as músicas. Por isso, que tal fazer uma playlist com melodias que lembrem sua história e tornaram determinadas cenas mais palpáveis, por assim dizer?
Anote o que ouvir enquanto escreve e o que mexe com você naquela cena tão especial e compartilhe!
Com todas essas dicas em mãos, não há mais desculpas para procrastinar ou dizer que é muito difícil. Assim que você começar, tenho certeza de que perceberá o quão divertido tudo é e passará a criar cada vez mais histórias sobre realeza.