Vocês são maravilhosas, nem cinco minutos depois que postei a meta vocês cumpriram ela! E merecem capítulo sim!
Quero desejar um feliz Natal para todas. Sejam felizes e aproveitem cada momento.
Danielle Marshall
Sem Revisão*
Quatro dias passou, e com eles minha vontade de ser livre. Estranho, não é? Eu vivo em um quarto, minhas noites eram vazias, minha vida se tornou vazia. Fui impedida de sair depois do ocorrido no restaurante, claro que fiquei com medo, quase fui morta! Mas não era motivo para me deixar trancada aqui. As dependências do apartamento não eram agradáveis, nada ali era meu, nada ali transmitia calma.
Sempre fui uma mulher determinada, fazia tudo o que tinha vontade. Agora, eu sou só uma mulher sem desejos.
Meu cabelo está um caos, sem os produtos adequados meu cachos estão secos e os fios quebradiços. O esmalte das unhas estão descascados e alguns nem tem mais resquícios. Quando me tornei tão desleixada?
Quando esse homem entrou na sua vida, meu subconsciente desdenha.
Contudo ele está certo. Desde que Ansel entrou na minha vida tudo tem sido um inferno.
Uma vez li um romance, algo que não faço há tempos, a história era diferente, um homem ruim e uma inocente. As coisas que li me deixaram enojada, os abusos que ela sofria, o modo como era espancada. Podia parecer um pouco com a minha realidade, mas eu não seria como a mocinha do livro, levar tudo e aceitar, a antiga Danielle viria à tona. Ansel pode ter o poder, riquezas, porém eu tenho algo que ele não tem, determinação.
Levantei da cama, meu celular estava carregando, mandei uma rápida mensagem para Ellie e fui para o banheiro. Lá me despi, a enorme banheiro pedindo para ser usada.
Coloquei uma essência de lavanda e algumas gotas de sabonete líquido, puxei o cabeludo duro para cima enquanto a água enchia a banheira. Foi difícil, meus fios enroscando nas unhas quebradas.
Entrei na água, o suspiro foi de alívio. Só sai quando meus dedos enrugaram e Ansel entrou no banheiro. Trazia uma sacola na mão.
— Encontrei uma senhora na recepção.
Jogou a sacola na bancada da pia. Ansel me olhou pelo enorme espelho, a espuma não cobria meus seios, e só as pontas dos meus joelhos estavam a mostra.
— Espero que não esteja dizendo por aí sobre nosso convívio.
— Coisas ruins devem ser mantidas em sigilo. — digo.
O sorriso dele estremeceu tudo dentro de mim, mas do lado de fora não demonstrei, mantive minha pose firme. Esmorecer na frente dele não seria bom, Ansel só espera um deslize meu, para ter o total controle.
Sem dizer mais uma palavra ele saiu, até o ar do ambiente tornou-se mais agradável. Exigia muito autocontrole da minha parte, ver o assassino do meu pai a poucos metros todos os dias sem poder fazer nada, e agir só traria mais danos.
Tirei uma toalha do suporte e me enrolei nela. Desta vez fui para o chuveiro, a sacola me acompanhando. O sorriso que dei ao ver todos os produtos que Ellie mandou foi enorme, tudo o que meus cachos precisam.
Lavei o cabelo com um shampoo, duas vezes pois fazia tempo que eu não lavava. Fiz uma mistura de óleos vegetais no creme hidratante, o familiar cheirinho de coco. Cuidar de cabelo crespo é difícil.
Alguns minutos depois meu cabelo estava perfeito, macio e cheiroso. Vesti um vestido floral azul e sapatilhas confortáveis. Um pouco de perfume e pronto. Estou linda.
Sai do quarto com o intuito de ir até a varanda do apartamento. Meus passos foram abafados pelo choro de uma criança. Becca. Travei no lugar, não era da minha conta, ela simplesmente era responsabilidade de Ansel, onde estaria ele? Ou a babá? O choro ficou mais alto.
Droga!
Andei na direção do som, o escritório de Ansel. Entrei no local olhando ao redor.
— Becca?
A cabeça dela apareceu no piso superior, os olhinhos vermelhos e bochechas coradas.
Subi a pequena escada.
— Você é a moça bonita que o tio Lukas gosta.
— Seu tio gosta de muitas mulheres. — sorri e sentei na poltrona ao lado dela. — Por que está chorando?
— Nada.
O modo como ela falou dizia que motivo não era "nada".
— Quer pintar as unhas? — perguntei, Livy amava pintar as unhas, talvez Becca também gostasse.
— A Kalie não deixa.
— Quem é Kalie?
— A babá. — ela abraçou o corpinho.
— A Kalie não vai se importar. Vamos, vou pintar de rosa.
Fomos para o quarto do pai dela. Minhas coisa estão lá, sentei ela na cama e peguei a necesserie. Escolhi um rosa bem claro. Ajoelhei de frente a ela.
— Você é uma menina linda. E vai ficar mais linda com essa cor.
— Meu papai é seu namorado?
Okaaaayy... isso é embaraçoso. O que dizer para uma criança?
Olha Becca, seu matou é um desgraçado, matou o meu pai e me obrigou a casar com ele, agora vivo com uma ameaça à meus amigos e família.
Óbvio que não.
Então eu simplesmente respondo:
— Isso. Sou namorada do seu pai.
— Então você é minha mãe?
Engasguei com a saliva. Isso sim é embaraçoso.
— A sua mãe é outra meu amor, eu sou uma amiga.
— Eu não tenho mãe.
— Quer por umas estrelinhas na unha? Vai ficar lindo!
Ela se animou e agradeci internamente. Esse tipo de conversa não é certa, e se eu dissesse algo e depois Ansel não gostasse? Não quero mais problemas.
Becca usa um vestido branco de mangas longas, à alguns detalhes em renda no busto, as sapatilhas a deixam com um ar angelical.
Puxei a manga da vestido. Soltei um som abafado, meus olhos focando no roxo no pulso dela. Vários pensamentos rodando da minha cabeça. Ansel não seria capaz de fazer aquilo, ele matou alguém para ter o que queria, parecia beijar o chão que a filha passa. Só restava uma pessoa.
— Quem fez isso? — pergunto calma, seguro a mão delicada dela e pinto a primeira unha.
— A Kalie, ela disse que foi sem querer.
— Ela já fez isso outras vezes?
— Fez, mas faz tempo. Ela sempre pede desculpas.
Podemos odiar uma pessoa? Mesmo não conhecendo ela? Pois já odeio essa mulher. Fiquei assustada quando olhei pela janela e vi que já está escurecendo.
Pintei as unhas dela com precisão. Coloquei algumas estrelinhas adesivas.
— Esta linda! Eu amei.
— Quando quiser mudar de cor é só me chamar.
Ansel escolheu aquele momento para entrar. Becca levantou alegre e correu para o pai, que já estava de braços abertos e a pegou.
— Olha que lindo papai! A Danielle pintou! Gostou?
— Esta linda querida. Seu tio Daryl está na sala, poderia ir lá vê-lo um pouco?
— Claro papai!
Ela desceu e correu para me abraçar, caímos no chão e ela gargalhou. Recebi um beijinho na bochecha.
— Obrigada Danielle! Eu amei.
— De nada meu amor.
Ela saiu de cima de mim e correu para fora do quarto. Suspirei ainda deitada no chão.
— Preciso te dizer uma coisa. — falei levantando do chão. Ansel estava na minha frente, a respiração dele bateu no meu rosto, meu coração bateu mais rápido.
— Terei um jantar importante daqui a pouco. Esteja pronta.
Seu olhar desceu para os meus lábios, dei um passo para trás e ele se foi tão rápido como chegou.
Isso não é bom.
Bjs e até mais ♥