Aquele dia mal amanheceu e Min Yoongi já estava no pé, colocando todas as suas pertences dentro da sua espaçosa mochila de couro preto. O garoto revisava tudo a cada cinco minutos para ter certeza de que não estava esquecendo nada. Deixe-me ver ... , ele coçava o queixo delicadamente com seu polegar direito, enquanto encarava seriamente uma pequena lista que segurava com outra mão, e estava surpreso consigo mesmo por estar com uma certa tensão. Meus cadernos ... , o moreno conferia sua mochila, e já sabia que estavam todos lá, enfileirados em ordem de cores. Certo, está tudo em seu devido lugar. Agora ... Meu estojo, com minhas canetas, marcadores de texto, meus lápis, borrachas, apontadores ..., mais uma vez, ele olha para o interior da sua mochila e seu estojo azul-cobalto estava lá, estava tão escuro dentro da mochila de Yoongi que dificilmente podia-se notar sua presença. Confere.
Isso foi o tempo suficiente para que percebesse que estava tudo bem e suspirasse tranquilo. Espere, depois de tanto tempo observando minha mochila, sinto que ainda falta algo . O jovem fixava seu olhar mais uma vez na lista de cor amarelada, correndo seus olhos em sua letra legível e viu que estava certo, viu que faltava seu livro favorito, ou o único que valia mais do que tudo: Alice no País das Maravilhas . Sim, isso era um pouco infantil demais, pensava Yoongi, mas aquele livro de capa marrom tinha um grande significado, tanto quanto milhares de vezes.
- Certo, sei que livro não está comigo ... - pergunta para si mesmo, irritado - Ele ou esconde, mas onde aquele idiota poderia esconder?
Infelizmente, o jovem acabou se lembrando do que aconteceu no dia anterior, lembrando a discussão que deixou a casa completamente deserta. Tentou esquecer aquilo, mas nada adiantou, sabia que precisava lembrar de tudo e ser irritado por aquela cena maldita retornar em sua mente. Só de pensar nisso já deixava com calafrios.
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Embora aquela noite estivesse muito quente, o Min se sentia obrigado a usar pelo menos seu casaco preto na hora da refeição, pois a sala de jantar estava congelando. Sentia estar no Polo Sul, caçando comida com vários pinguins. A mesa de madeira castanha estava cheia, comida que não terminava, e Yoongi se impressionava com a determinação de sua mãe, preparando tudo com tanto amor em menos de uma hora e meia. A Senhora Min não importava com seu marido folgado e sua enteada mimada a incomodando, e realmente havia alguém com quem Yoongi poderia admirar sempre. Ele sempre sentiu feliz por ter uma mãe que se importava com ele. Sua mãe era jovem e bonita, e sempre ajudou quando mais precisa, mas acreditou que aquele casamento estava terminando com ela; Seu marido não se importava consigo, só pensava em gastar dinheiro com bebidas e em cassinos, e o garoto acreditava que o homem sempre estava cometendo adultério no casamento, enquanto sua mãe trabalhava duro para sustentar a casa.
- Oh meu pequeno Yoongi! Que bom que está aqui! - sua mãe aparecia sorridente - Chame seu pai, para que ele coma conosco! Hoje é um dia muito especial para comemorar!
Min Yoongi, que estava se equilibrando na cadeira, no mesmo instante que ouviu o pedido de sua mãe acabou caindo no chão, propositalmente.
- Yoongi! Quantas vezes já disse que não deve brincar se equilibrando na cadeira ?! Você poderia ter se machucado!
O jovem permaneceu calado, não estava se importando se iria se machucar ou não, apenas queria que ela entendesse que não iria conceder o seu desejo.
- Omma, sabe muito bem que ele não é meu Appa, e sim meu padrasto. Peço que não retrate aquele bêbado agressivo como meu Appa novamente.
- Filho, sei que não gosta dele, mas, por favor, chame-o. Ele também é da família, deve, pelo menos, saber das notícias que chegam aqui em casa.
"Ele também é da família". Yoongi encarou a Senhora Min de cima a baixo, era notável saber que ele não estava de acordo com a frase, mas resolveu ficar calado. Não gosta de discutir com seu Omma sobre o seu padrasto, ela decidiu trazer aquele homem para o seu lar e o garoto não poderia obrigá-la a expulsá-lo, por mais que desejasse fazer isso.
- Está bem, Omma. - o garoto suspirava entristecido por tomar a decisão, em sua mente, considerava errado - Farei isso por você, e não por ele.
Ao ouvir as palavras que saiam da boca de Min Yoongi, sua mãe sorria radiante. Ele não desejava desapontá-la, mas também não queria dar cara com seu padrasto; Yoongi optou pela alegria de sua mãe. Quando notou a presença do sorriso de sua mãe, Yoongi sorriu imediatamente; para ele, fez um bom tempo que ela não abria um sorriso sincero, mas não era como os outros sorrisos falsos quando estava próximo ao seu marido, mas sim, um sorriso verdadeiro. O garoto levantava fazendo grande mesura para a mesma, demonstrando grande respeito por ela, e o logo se retirava da grande sala de jantar congelante. Os passos de Yoongi ou deixados com calor, e gentilmente, passam seus dedos delicados pela blusa de lã que usava, e, sem espera, já estava retirando sua blusa empapada de suor. Eca! Meu casaco todo molhado de suor! Eu deveria ter me preparado antes!, pensava, enquanto se locomovia até a sala. Aquele corredor enorme e escuro estava tão silencioso que era possível ouvir apenas sua respiração e seus batimentos cardíacos, Yoongi até se assustar algumas vezes quando ouvir um barulho estranho: seu padrasto gemendo de calor, e sua voz arrastada, mostrando que estava embriagado. O mesmo brigava com uma televisão, irritado com o juiz de esporte que assistia, e quanto mais jovens de cabelos escuros se aproximam da sala, mais sentem nojo de ouvir a voz daquele homem irritante. Estava tão enfurecido com o homem, que nem percebeu que já estava na sala, pois aquela claridade da televisão irritava seus olhos e seus ouvidos, pois o volume era tão alto que Yoongi acreditava que era possível ouvir o final do quarteirão de onde morava.
- Ei! Você consegue me ouvir? - Yoongi gritava, mas era óbvia a resposta, o homem continuava focado na televisão.
- Falta, Falta! Seu juiz imbecil! Foi ele quem deveria ter recebido um cartão amarelo! - o mesmo estando embriagado, gritava irritado.
Percebendo que o tal não movera nenhum músculo, o Min, enfurecido, pegou o controle remoto da cor preta que estava ao lado do sofá e, no mesmo instante, desligou a televisão. Ao notar que uma televisão estava desligada e que estava perdendo um jogo importante, o mais velho encarou Yoongi com desgosto.
- Quem você pensa que é para desligar a minha televisão?! - o homem estava ficando cada vez mais enfurecido, e Yoongi apenas retribuía o olhar de desgosto do homem - Me responda, moleque! Quem você pensa que é para desligar a minha televisão na hora do jogo?!
- Sou filho da sua esposa. - Yoongi respondeu sem remorso algum, e por um momento, era a primeira vez que havia enfrentado o seu padrasto desde que começou a agir daquela forma.
- Não me enfrente, Yoongi! Você sabe muito bem que sou capaz! - mesmo elevando o tom de voz, sua voz continua sendo arrastada.
- Você está apenas bêbado, não tenho medo de você. - o mais novo retrucava, deixando o homem mais enfurecido ainda - E eu não vim caçar discussão com um bêbado, eu só vim cumprir um favor para minha Omma. - ele continuou, provocando o mais velho - Omma pediu para que eu te chamasse, para que viesse comer conosco. Ela quer contar uma novidade e deseja que a família esteja reunida.
O homem apenas o encarava, mas logo fungava profundamente.
– Certo, eu já estou indo. – Yoongi preferiu se afastar quando ouviu suas palavras, pois sabia que o mesmo faria alguma coisa errada.
O mais velho desabou no sofá, suando. Yoongi apenas observava o homem, e o homem fazia o mesmo.
– Eu já disse que estou indo – o homem dizia rispidamente para o Min.
– Eu quero ter a certeza de que você vai.
O homem revirou os olhos e, na estante, havia um livro de capa marrom, assim que o viu, o pegou e começou a folhear as páginas. Vendo que o livro realmente prestava, começou a o abanar como um leque, pois não estava suportando o calor, Yoongi apenas suspirou e dava de costas para o tal homem. Estava pronto para dar o primeiro passo, até algo passar em sua mente, alguma coisa estava errada com aquela cena que acabara de presenciar, parecia que algo que tinha muita conexão estava nas mãos do homem.
– Que livro é esse? – Yoongi não encarava o mais velho, apenas queria ter a certeza se era o seu livro.
– Como é?
– Qual é o nome do livro? – Yoongi repetiu a pergunta, apenas mudou o sentido da frase. Quem sabe agora esse idiota entenda a pergunta.
Assim que ouviu sua pergunta, o homem encarava a capa de couro marrom e abria o livro. A primeira folha branca com algumas manchas amareladas revelava o nome de seu livro.
– Alice no País das Maravilhas.
Min Yoongi se virou rapidamente e encarou o mesmo com um olhar mortal.
– Você está se abanando com o meu livro! Me devolva! – Yoongi avançou, tentando pegar o livro das mãos grandes do mais velho.
– Qual o problema? Estou apenas me abanando com seu livro!
– Não importa! Eu quero o meu livro de volta! – Yoongi apenas pegava o livro e o colocava contra o peito – Você não faz ideia do quanto está encrencado!
Antes do homem o responder, Yoongi saia correndo para a sala de jantar com o livro em mãos. Raiva. Era a única coisa que conseguia sentir naquela hora. Raiva. Assim que chegara na sala de jantar, colocou o livro no seu canto da mesa e sentou rapidamente. Sua mãe se assustara com suas ações.
– Filho? Por que demorou? – a Senhora Min perguntava, preocupada – Ele virá? Quero muito que ele venha para saber da novidade!
Yoongi olhava para baixo, não estava nem um pouco interessado em saber qual era a tal novidade.
– Ele disse que iria demorar. – Yoongi pegava o seu copo cheio de água e deslizava seu polegar sobre a borda do copo.
– Ei! Esse é o meu copo! – Hae, a caçula da família, implicava com o mais velho. Ele detestava a garota por, justamente, ser a mimada da família.
– É mesmo? – Yoongi fingia estar espantado, levantava a sua mão com o copo, estando no nível de seus olhos. O garoto procurava algo no copo, girando-o horizontalmente. Não achou o que estava procurando. – Oh, Haezinha, infelizmente não encontrei seu nome. Ou seja, esse copo também é meu.
– Yoongi, por favor, pare. – pediu sua mãe – Não a provoque.
– Desculpe, Omma. Mas deves corrigir sua frase. O certo seria: Hae, por favor, pare. Não o provoque.
Yoongi suspira, cansado do que estava acontecendo. Aquela noite estava sendo horrível para ele. E para piorar, seu padrasto acabara aparecendo, sentando relaxadamente na cadeira.
– O que está esperando? – o homem encarou a Senhora Min, com um certo desdém – Me sirva, sua tola!
Yoongi estava cansado de presenciar esses momentos todos os dias. Café da manhã, almoço e jantar. Era sempre a mesma coisa. Quando sua mãe se levantou para pegar o prato de porcelana que estava próximo a Yoongi, o garoto levantou junto e segurou sua mão.
– Você não vai servi-lo hoje, Omma. – Yoongi dizia friamente – Você não irá servi-lo nunca mais. Estou cansado de te ver passando por isso!
– Yoongi...
– Não! Eu estou dizendo uma verdade! Você não vai mais servir esse cafajeste!
– Você me chamou de que, Yoongi? – o homem levantava, dando um tapa forte na mesa, o que deixou os Min em estado de choque.
– Isso mesmo que você ouviu! Você é um cafajeste! – Yoongi o enfrentou – Não tenho medo de você! Você é apenas um machista querendo impor ordens à minha Omma!
A Senhora Min abaixou a cabeça, ela sabia que as palavras de Yoongi eram verdadeiras.
– Não fale assim com o meu pai, seu babaca! – Hae gritava com Yoongi, ficando ao lado de seu pai.
– Você não aprendeu que deve ter respeito aos mais velhos? – Yoongi perguntava ironicamente – Ah, desculpe, seu amado Appa não te ensinou nada, que cabeça a minha.
O homem se aproximou rapidamente de Yoongi e o encarou. Estavam próximos o bastante para sentirem a respiração pesada um do outro.
– Você não deveria ter dito isso!
– Desculpe, mas você não é meu Appa para me dizer o que devo fazer ou não!
Enfurecido, o mais velho acabou pegando seu livro.
– Ei, devolva-o!
– Agora esse livro vai ficar comigo, por você ser um garoto desobediente.
Yoongi apenas olha para a mãe, que estava de cabeça abaixada.
– Não vai dizer nada? – a mulher permanecia calada – Ótimo. Omma, sabe por que você tem um marido idiota para cuidar, e uma enteada mimada para cuidar, para sustentar? Porque você não fala nada! Você não briga! Você não impõe ordem nessa maldita casa! E sabe quem é culpado dessa história? Eu! Eu sempre sou o ruim nessa porcaria!
A Senhora Min permanecia calada.
– Quer saber? Eu desisto! Eu perdi a fome. – Yoongi se retirava da sala de jantar, correndo rapidamente para o quarto.
Naquela noite, houve uma briga muito séria entre seu padrasto e sua Omma, mas Yoongi não poderia se meter, infelizmente para ele. Yoongi escutava gritos e choros, estava entristecido com que ouvia, mas ele não poderia se meter. Escutava tudo sobre o livro, e ainda era chamado de mulherzinha pelo homem. Mas aquilo poderia o ajudar para pegar o livro, ele só precisava ser esperto.
{...}
– Acho que sei onde está – Yoongi sorria – E sei quem pode me ajudar.
Continua...