Lory.
Mordi os lábios, explodindo em risos.
Dilan me olhou confuso, passando a mão pelos cabelos molhados.
- O que foi? - Indagou com a voz baixa. Ainda com um sorriso nos lábios, me ajeitei no banco ao seu lado, rindo sem me aguentar. - O que foi, Lory? - Suas mãos quentes tocaram meu rosto, tirando um fio solto e colocando atrás da orelha. Tentei me aguentar, suspirando pesadamente e me concentrando no barulho da chuva que vinha de fora do carro.
- Isso é engraçado - Falei sinceramente, sustentando seus olhos castanhos que ficavam lindos no escuro daquele carro. O dia lá fora estava incrivelmente gelado, mas aqui é quente, reconfortante. Com a felicidade escorrendo por meus dedos, abracei seus ombros. - Quando éramos mais novos, eu nunca pensei que isso iria acontecer. - Contei sentindo seu corpo molhando contra o meu. A pele de Dilan é quente, e gostaria que ele continuasse sem camisa.
- Eu também não. - Falou me abraçando de volta. Apreciei suas batidas aceleradas, rindo discretamente contra sua pele. - Eu achei que ficaria sozinho enquanto via meu amor um dia se casar com outro. - Meu coração tremeu com sua fala. Me afastei com cuidado, capturando seus olhos.
- Isso é sério? - Indaguei observando seu rosto vermelho. Din assentiu lentamente com a cabeça. - Uau. Não acredito que você um dia pensou nisso. Eu vivia falando que nunca iria me casar, e continuo com a mesma idéia. - Admiti beijando sua testa, a ponta de seu nariz e depois seus lábios. Sorri por poder fazer isso livremente, sem medo. É bom e me deixa feliz.
- Você não quer casar? - Indagou com as sobrancelhas juntas, tocando meus cabelos soltos.
- Não.
Minha resposta veio rápido, e Din afundou seus dedos em meus cabelos. Sustentei seus olhos arregalados.
- Por que não? - Rebateu me fazendo rir.
- Porque não. Acho que casamento vira rotineiro, e não sei para que fazer isso se as pessoas podem apenas viverem juntas. Simples. - Peguei sua blusa, que estava jogada no chão do carro, e o entreguei. - Agora você precisa falar com o diretor. - Falei observando seu rosto perdido. Dei um peteleco em sua testa para acordá-lo.
Dilan continuou em silêncio, encarando meu rosto.
- Você não quer casar comigo? - Indagou com sua voz baixa, como se fosse um segredo.
Fiquei paralisada, enquanto sentia seus dedos acariciarem meus fios molhados. Meu coração começou a bater com força, e me perguntei por que aquela pergunta tinha me deixado tão nervosa.
- Temos dezessete anos, Dilan - Avisei colocando a blusa azul nele, que contrastava bem com seus cabelos bagunçados e castanhos. Admirei o menino com pequenas sardinhas no rosto, que analisava meus olhos.
- Mas eu quero me casar com você. - Contou com a voz baixa. Foi impossível não sentir o choque que me atingiu. Meus dedos ainda tocavam sua barriga quente, e eu sabia que ele sentia meus dedos trêmulos.
- A-acho melhor sairmos desse estacionamento. Já está ficando tarde, nossas mães vão ficar preocupadas. - Avisei saindo de seu colo e me esticando para passar para o banco da frente. - Deixa que eu dirijo - Falei me virando para encará-lo. Dilan tinha o rosto perdido, a blusa azul na parte da frente mostrava um pouco da sua pele e seus cabelos estavam completamente bagunçados. - As chaves - Pedi limpando a garganta e estendendo a mão. Dilan me deu a chave, e liguei o carro.
O caminho foi quieto, muito quieto. Apenas o som da chuva era escutado, eles batiam contra o vidro com violência, roubando meu ar. Mas quem estava roubando minhas batidas era o menino calado que observava a paisagem ser deixada para trás.
Não é possível que isso tenha o deixado triste.
Encarei minha casa com um nó na garganta. Pelo retrovisor, observei Dilan passar os dedos pelos cabelos e molhar os lábios vermelhos, que mais cedo, beijavam minha pele com euforia e desejo. Tentei mandar esse pensamento para longe, e me concentrar em saber o que se passava pela cabeça dele.
- Dilan - O chamei segurando o volante com força. Seus olhos se voltaram para mim, o rosto sério. - Nós ainda somos novos. Não vamos pensar nisso agora, tudo bem? - Indaguei da maneira mais casual e suave possível. Dilan enfiou as mãos no bolso da calça, estalando o pescoço e desviando o olhar.
- Tudo bem - Murmurou limpando a garganta. Me esticando novamente, voltei a me sentar no banco de trás. Segurei suas mãos, forçando-o a me encarar. Seus olhos castanhos continuavam com tantas coisas dentro deles, e me perguntei quando iria desvendar todas elas. - Eu te amo - Suas palavras me pegaram de surpresa, e um sorriso pequeno e bonito começou a se formar em seus lábios. - O que importa é estar ao seu lado. - Com o coração em uma dança de surpresa e felicidade, capturei seus lábios, segurando seus cabelos bagunçados e macios com carinho.
Suas mãos foram para minhas costas, me aproximando e aprofundando o beijo. Apreciei seu gosto antes de ter que ir. O alívio escapava por meus suspiros. Dilan se afastou em silêncio, escondendo o rosto em meus ombros.
- Eu amo você - Falei brincando com os cabelos longos em sua nuca. No escuro daquele carro, com a sintonia da chuva ao redor de nós, voltei a me sentir como a Lory criança, que sempre tinha seu amigo/secreta paixão em seu ombro, que podia acariciar seus cabelos em silêncio e enteder tudo que ele sentia sem uma palavra. Beijei sua testa antes de ir, e Dilan fez o mesmo, se despedindo em um sussurro.
Sai do carro, observando Dilan passar para o banco da frente e sorrir. Sorri junto com ele, acenando para o menino de olhos avelã que dava partida no carro. Observei o carro se distanciar, sem evitar que meu coração pulasse com força. Entrei dentro de casa com o corpo molhado, me obrigando a ir tomar um banho quente e depois estudar.
Apesar das dificuldades que virão, quero fazer isso junto com ele. Por nós dois e por nosso futuro.
...*...*...
Dilan.
Sinto um leve desespero encher minhas veias ao parar em frente á clínica veterinária do Travis. Ainda posso sentir o cheiro de Lory dentro do carro, e se me concentrar, posso sentir seus dedos se afundando em meus cabelos, roubando minha batidas e me fazendo arrepiar. Quando cheguei em casa, ela me mandou uma mensagem falando que estava estudando e afirmando que Travis queria falar comigo. Um banho gelado não foi o suficiente para acalmar meu coração acelerado.
Suspirando pesadamente, desliguei o carro e sai, dando adeus para o aquecedor e olá frio. Posso sentir meus músculos tremerem ao entrar no consultório de Travis. Ele me recebeu com olhos brilhantes e uma voz suave:
- Falei hoje com meu amigo, que é professor da faculdade. Ele disse que a prova será daqui uma semana. O resultado sai antes das aulas, me voluntario para abrir a carta de aceitação junto á você - Disse com um sorriso grande e feliz, que mostrava os dentes perfeitamente alinhados.
- Eu nem sei se vou passar, Travis - Falei estranhamente tímido. - E se eu não passar eu...
- Sem dessa, Dilan - Me cortou rapidamente. - Você é um menino incrível e talentoso. Além de ser muito inteligente - Falou segurando meu ombro. Agradeci em um murmuro. - Eu não estaria fazendo tudo isso se não confiasse em você e acreditasse em seu potencial. Saber que você aceitou a proposta me deixou muito feliz. É o seu futuro, Din. E eu quero que ele seja tudo que você merece. - Contou calmamente, sustentei seus olhos azuis, sorrindo junto á ele. - Sem insegurança, ok? - O abracei com força, assentindo com a cabeça.
- Obrigado, Travis. - Falei com minha garganta apertada. Ele acariciou meus ombros com carinho, e pude me acalmar naquele abraço.
Eu vou passar.
Lory.
- Tessa, deixa a garota falar - Becca mandou, batendo nas mãos de Tess. A ruiva se acalmou, cruzando as pernas na minha cama. - Pode falar, Lory. - Becca falou enquanto brincava com os cabelos azuis.
Soltando o ar com calma, procurei me acalmar, mas era quase impossível quando as duas meninas, possivelmente mais doidas da cidade, estão sentadas em minha cama, prontas para saber o que tenho para falar.
Brinquei com meu cordão, me concentrando no frio do metal que invadia minha pele e se espelhava por meu corpo. Lá fora ainda chovia bastante, mas aqui dentro é onde está a verdadeira tempestade.
- Eu e Din estamos namorando - Falei calmamente.
- Sabemos - Tessa rebateu sem cogitar. Sustentei seus olhos divertidos, tentando novamente acalmar meu coração.
- Ontem, eu fui para a casa dele - Falei em um sussurro, desviando meu olhar para a gatinha deitada no travesseiro. Seus pêlos pretos brilhavam. Senti a atenção ansiosa das meninas sobre mim.
- Continue - Becca pediu após meu silêncio.
- E nós podemos, talvez, ter, sabe, feito aquilo que as pessoas fazem. - Falei limpando a garganta. Minhas bochechas queimavam com força.
- Feito o que, Lory? - Estremeci com a voz maliciosa de Tessa. Sentia que as duas estavam prontas para pular em cima de mim, como duas predadoras querendo caçar a presa.
- T-transar? - Indaguei, e antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, os corpos delas se chocaram com o meu. Fiquei de ponta cabeça na cama, com o corpo sendo amassado.
A força escapou por meus dedos enquanto escutava as meninas gritando por cima de mim.
- Transaram - Tessa gritou, me puxando com força para cima da cama. Arregalei os olhos quando seu corpo pairou sobre o meu, e ela riu de forma estranha. - Detalhes - Mandou assentindo com a cabeça. Vi Estrela pular da cama, assustada quando Becca começou a pular no colchão.
- Não - Rebati assustada.
- Detalhes - Becca gritou fazendo meu coração ameaçar de sair pela boca. Neguei com a cabeça, e antes que pudesse falar mais alguma coisa, a menina de cabelos azuis tirou meus tênis dos meus pés. - Fala agora, ou eu coloco fogo nos seus tênis - Ameaçou, me fazendo arregalar os olhos. Tessa juntou minhas mãos, colando meus braços sobre minha cabeça e me impedindo de me mover.
- Minha garota faz mesmo, Lory. Acho melhor você começar a falar. - Reprimi um gemido de dor quando Tessa apertou minhas mãos.
- Tess, está machucando - Falei sem fôlego. A ruiva sentou em meu colo, me olhando com um sorriso estranho.
- Fale - Seu apertou afrouxou ao mesmo tempo em que Becca começou a estalar meus dedos dos pés.
- Me larguem - Gritei deseseperada. Eu estava sinceramente e verdadeiramente com medo delas.
- Começa a falar, Loryzinha - Becca falou, ainda estalando meus dedos. Aquilo não chegava a doer, mas era agoniante porque eu não podia me mover.
Para meu alívio ou talvez desespero, mamãe abriu a porta, olhando para Tess que segurava minhas mãos sobre minha cabeça e que estava sentada em meu colo, e Becca, que estalava meus dedos. Seus olhos verdes se transformaram em uma misto de coisas, junto a sua careta confusa.
- O que está acontecendo aqui? - Indagou suavemente, escondendo sua confusão.
- Estamos obrigando sua filha a falar como foi a primeira vez dela - Becca revelou colocando um fio do cabelo azul atrás da orelha.
Minha mãe sorriu docemente, assentindo com a cabeça.
- Mas eu preciso que ela desça agora. Molly está lá embaixo, e Lory precisa cuidar dela. Eu e Travis vamos para fontes termais, e Melanie está fazendo uma prova. Lory precisa cuidar da irmã. - Contou fazendo Tessa sair de cima de mim. Pulei da cama, puxando o ar com força.
- Nós podemos ajudar? - Indagou com um sorriso largo. Mamãe assentiu, rindo junto com ela. Tessa saiu saltitante até minha mãe e as duas desceram as escadas, com a ruiva abraçando os ombros de mamãe e rindo com ela. Minha mãe se voluntariou a ajudar Tessa com os estudos para a faculdade de psicologia, dando alguns livros velhos para ela e passando conhecimento.
Soltando o ar com força, me virei a menina de cabelos azuis que segurava meus tênis.
- Desculpa - Falou com um sorriso fofo, me entregando os tênis e descendo quase que correndo as escadas. Suspirando pesadamente, as acompanhei.
Dei de cara com Tessa girando com Molly nos braços. Foi uma cena engraçada e que prendeu minha atenção.
- Filha - Mamãe falou, chamando minha atenção. - Eu já estou indo, ok? Se comportem, por favor - Pediu com uma pequena bolsa nos ombros. Caminhei até ela, a abraçando.
- Tudo bem. Boa folga - Falei sorrindo para ela. Mamãe sorriu de forma bonita, beijando meus cabelos e saindo ao se despedir das meninas e de Molly.
- Tia Lory, tia Lory - Molly chamou minha atenção, seu rosto estava sério. - Está chovendo, nós precisamos colocar nosso projeto em prática - Falou com a voz firme, ainda nos braços de Tessa. Tess ajudou a menina a se aproximar de mim. - Ligue para o tio Din, por favor - Pediu formalmente. Pisquei, pegando meu celular e fazendo o que tinha sido mandando.
Mandei uma mensagem rápida para Dilan, e ele respondeu que já estava á caminho da minha casa.
- Feito - Falei guardando o celular. Ainda estava surpresa pela responsabilidade de Molly.
Antes que pudesse falar mais alguma coisa, a campainha tocou. Caminhei para abrir a porta, e dei de cara com Dilan na minha varanda.
- Nossa - Exclamei surpresa. - Já sabemos quem é o novo Flash - Brinquei roubando um sorriso bonito de seus lábios. Iria fazer mais uma brincadeira, porém, fui impedida por seus lábios que se colocaram aos meus e um de seus braços me envolvendo e o outro afundando em meus cabelos. Suspirei bruscamente quando sua língua brincou com a minha ele me prendeu contra a porta.
- Eu precisava logo falar com você. - Falou assim que nos afastamos. Observei seu rosto sorridente, tonta e sem fôlego e ainda sentindo meus lábios formigando. Dilan não me soltou, acariciando minha cintura, e me fazendo arrepiar. - A prova é semana que vem. Nossa vida morando juntos está cada vez mais próxima. - Falou com a felicidade escapando por sua voz, e antes que ele pudesse voltar a me beijar, pisei em seu pé, o afastando bruscamente.
Com o rosto em chamas e o coração descontrolado, observei as meninas paralisadas que nos encaravam.
- Morar juntos? - Molly indagou com as sobrancelhas juntas.
"Você não quer casar?"
Eu sei que o capítulo está pequeno, porque ainda não estou muito bem. Peço desculpa por isso, mas espero que vocês tenham gostado uhuuuuu ♥️
Muito obrigado por tudo e amo vocês.
Estão gostando dos capítulos?💜
Muito obrigado ❤️
Feliz natal para todos vocês. Desejo tudo de bom uhuuuu ❤️