Parte narrada por Enzo
Cheguei ao quintal e me sentei sob as árvores, sabe quando seu olhar se perde pois sua mente está dando muitas voltas, pensando em tudo ao mesmo tempo, o único problema é que quando somos dispersos novamente não sabemos quanto tempo se passou e muito menos no que estávamos pensando e nem tente saber como chegou naquele tal pensamento, você pode se assustar nas ligações absurdas de assuntos que nossa mente é capaz de fazer.
Estava num desses devaneios, não faço ideia de quando tempo se passou, contudo fui disperso com Amy entrando no quintal acompanhada de Íque, eles sorriam e conversavam qualquer coisa... Amy pegou um arco para treinar e Íque veio ao meu encontro e se sentou ao meu lado.
- E aí, camarada? - falou ao se sentar.
- Você é cada vez mais original em conseguir uma forma de começar um assunto! - disse e ele riu.
- Faz parte de ser o Íque! O mais legal que você irá conhecer!
- E mais convencido também!
- Olha quem fala!? - ele disse e rimos juntos.
- Zah, já chegou?
- Chegou, mas Amy disse que foi direto para o quarto. - ele respondeu com sua pose relaxada ao meu lado.
- Será que está tudo bem?
- Descobriremos quando ela decidir falar! As vezes esperamos muito...- olhei-o confuso.
- Me lembro bem, no início nos envolvemos em muitas enrascadas... - disse sorrindo nostálgico.
- Você vai ter que me contar! Mas antes por que no início?
- Digamos que ou dávamos um jeito e contávamos tudo e decidiamos tudo juntos, ou estaríamos nós metendo cada vez em encrencas maiores!
- Você já não chamava ela de Encrenca? Era o mínimo a se esperar! - ele ironizou e eu gargalhei.
- Deus abençoou ou iríamos acabar matando um ao outro!
- Disso eu não duvido! Mas vocês estão no caminho certo agora! - ele falou me dando tapinhas nas costas. - Agora não demore a me contar suas enrascadas, eu quero rir de vocês!
- Que incentivo... Dúvido que se você estivesse na situação iria rir! Ver aqueles seres quase machucando-a... não foi nada engraçado!
- Que bom que impediu pois se não seria picadinho de Enzo! - ele falou com um sorriso lateral.
- E você não acha que eu não sabia? - falei.
- Oi meninos!! - disse Zah, se aproximando de nós com seu sorriso alegre.
Parte narrada por Zara
Decidi procurar os meninos, precisava compartilhar a carta com eles e precisaríamos desvendar o código daquele poema...
Fui direto para o quintal, para confirmar se não estariam lá e assim que passei pela porta vi os dois sentados embaixo de uma árvore, encostados na mesma, totalmente descontraídos e rindo um do outro. Eles também eram amigos e isso me fez sorrir.
- Oi meninos!
- Olha ela aí! - falou Kaíque. - Tive que amarrar Enzo para ele não ir atrás de você na feira!
- Calúnia! - falou Enzo dando um tapa na nuca dele me fazendo rir.
- Tá bom! Eu só vi ele quando nos esbarramos... ou melhor você se esbarrou no Alberto e ele disse que te achava familiar. - Íque comentou erguendo as mãos em sinal de rendição, mas ao ouvir aquilo arregalei os olhos.
- Ele... ele o quê? - gaguejei e olhei desesperada para Enzo.
- Calma Zah, ele não se lembra de nada! Ele disse que meus olhos eram familiares. - Enzo falou mas sabia que ele estava preocupado, sua sombrancelha estava levemente franzida.
- Mas ele não lembra ainda... - falei o encarando - E eu sei que você está cogitando essa idéia! - ele me lançou um olhar indagatório - Você franze a sombrancelha levemente e o Kaíque pressiona a boca...
- Espera aí gente, vocês se relacionam a mais tempo e não sou tão observador assim como vocês, do que o Alberto pode se lembrar? - me calei e desviei o olhar e agora?
- Bom... Íque - Enzo começou a falar mas o interrompi
- O General Alberto matou a mãe do Enzo, quando ele era criança, temos medo dele se lembrar e querer matar Enzo também, já que supostamente ele é o único que o liga ao caso. - expliquei.
- Como assim eu sou o único que liga o Alberto ao caso?
Lá vai eu entrando em outra enrascada... não queria que mais ninguém soubesse do segredo de Enzo, afinal não era nem para eu saber! Eu tinha descoberto que Enzo era o único que ligava os dois pois na carta, Felipe disse que seus pais faziam a guarda da rainha e que ele não havia conseguido informação alguma do caso. Provavelmente Enzo era o único sobrevivente daquele fatídico dia.
- Outras pessoas foram mortas naquele dia e as investigações não surtiram efeito algum... Você foi o único sobrevivente!
- Como sabe? - ele me olhou mas não parecia surpreso.
- Ela é uma mestre em descobrir coisas! - Kaíque disse e ainda estava naquela pose relaxada - E cara, sinto muito pela sua mãe!
- É eu também! - Enzo falou e ficamos em silêncio por um breve momento - Não vai nos contar sobre sua pesquisa, Zah?
- Oh, é mesmo!!! - falei como que voltando ao mundo - Quero que me ajudem com uma carta do Li... Felipe!
- Opa, o que eu perdi?! - Íque falou - Quando o Felipe entrou nessa conversa? E é sério que iria chamá-lo de Lipe? Pensa que não ouvi! - Íque me olhava profundamente.
- Se me deixar falar explico tudo... - falei com uma falsa indignação por ele ter me cortado - e o tal apelido, foi ele mesmo que se chamou assim e eu acabei pegando a mania do Enzo de chamar todos por apelidos.
- Ei, não joga a culpa em mim! - falou Enzo - E você nem tem me chama por apelido para falar que pegou a mania!
- Sossega Simpatia ! - falei entre dentes, o nome dele não era Enzo e sim Lorenzo, ou seja era um apelido! Ele gargalhou - É sério gente! Para de fazer tempestade em copo d'água! - falei com uma voz melosa.
- Conte-nos Zah, apenas gostamos de pegar no seu pé e não queremos ver você se machucando... - Enzo falou e eu sorri para ele.
- Obrigada por se preocuparem mas vocês é que são meus amigos nessa história, Felipe está nos ajudando!
- Então nos conte sua aventura! - pediu Íque.
Contei sobre as revelações da Sra. Couter e eles se surpreenderam com a triste história de Joe. Depois expliquei onde Felipe entrava na minha pesquisa de hoje e tudo que ele viveu com a Amy.
- Digamos que o Felipe tem provado o seu valor! - declarou Enzo.
- Mas não quer dizer que vamos confiar nele cegamente! Contundo fico feliz por ele ter sido útil hoje! - falou Íque.
- Está parecendo um vovô rabugento, você sabia?! - falei rindo - Mas eu concordo, não vamos confiar nele cegamente.
- Todos concordamos! - disse Enzo tranquilamente.
- Ah e ele me deixou uma carta! E tem um poema que é um código... preciso de ajuda!
- Aahhh isso ficou legal! - exclamou Íque esfregando as mãos por puro prazer.
- Ué, ele não era o vovô rabugento que não gostava do Felipe?! - falou Enzo encenando perfeitamente uma pessoa confusa, mas seus olhos brilhavam e a pontada de irônia em sua voz era inconfundível, eu gargalhei na certa.
- Concentração meninos! - falei tentando me recuperar.
- Falou a menina que não para de rir das palhaçadas do amiguinho! - falou Íque.
- Está com ciúmes, rapaz? - Enzo aproveitou a chance me levando a gargalhar novamente.
- E se estiver? - Íque entrou na brincadeira.
- Meninos!! - falei colocando a mão na barriga que já doía - Obrigada pelas risadas, eu estava precisando mas vamos nos concentrar!
- Vamos, leia para nós!
- " Ela não era uma qualquer,
Do berço dourado surgiu,
Como não era quem tinha que ser,
Ela agiu, da lama ressurgiu.
Mudando ou melhor apagando,
sua origem , ela seguiu,
uma vida nova construiu.
Amada como muitas sonham,
mas acabada como abominam,
sua história veio ao fim,
largando uma família,
que não conseguiu prosseguir assim."
- Interessante... - Íque falou.
- Berço dourado... - pensei alto.
- Realeza! - eu e Enzo falamos juntos.
- E ela não gostava muito disso! - falou Enzo.
- Pois é ela saiu da lama... como considerar a Realeza uma lama... talvez seja uma referência a uma vida fora de Cristo!
- Concordo. - eles exclamaram juntos.
- É mas o final dela não foi muito feliz... - falei - e nem da família! - ficamos um tempo em silêncio.
- Mas quem é ela? - Íque perguntou.
- Isso eu não faço idéia... - disse - só o Felipe para responder! Eu acho... deixa eu pensar... - estava relendo toda a carta mas minha tia interrompeu.
- Zara! Zara! Zara! - ele entrou gritando, me virei para vê-la e me surpreendi com o que ela carregava.
- Es...estou aqui! - disse.
- Isso chegou para você! Oh que lindo!!! - ela me entregou um imenso buquê de girassóis - Parece que você impressionou alguém!
- Uau! - exclamei pegando as flores.
- Leia logo o cartão, quero saber quem é o admirador.
- Tia... - iria explicá-la que não estava querendo admiradores.
- Vai logo Zah! - Amy disse ao meu lado. - Estou curiosa!
Olhei a minha volta, minha tia parecia que tinha visto o Papai Noel, Amy não se continha de ansiedade, Íque estava curioso para saber a cara de quem ele iria esfolar, só Jesus nesse modo ciumes dele, já Enzo apenas observava a cena.
- Caríssima Dama Dourada,
Uso de suas flores favoritas para convidá-la para um passeio, juntamente com a loirinha. Aguardo vocês na entrada do bosque, às 15:00 horas.
Com carinho, Lipe. - eu li matando a curiosidade de todos.
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Eu voltei...
Obrigada pela compreensão
de vocês!
Estava tão "sei lá" que
não estava conseguindo
escrever... Mas o
Senhor é bondoso!
Esse capítulo vai ser em
homenagem a minha linda
Mel6263!!!
Te amo, Princesa!!
Gente, não tenho nada
haver com esses
Girassóis...
Mesmo que eu os ame
tanto quanto a Zah!
E por falar nisso, já estão me chamando de
Miss Trouble!
Dá para acreditar?!
Mas o pior que eu sou mesmo
uma Trouble!
Amo vocês!!
Deixem minhas estrelinha e
os meus comentários!
Obrigada de nada!!
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