Karma - Segunda Temporada

Par switch5hearts

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Existe uma teoria que diz que tudo o que vivemos é uma forma de aprendermos lições para não cometermos os mes... Plus

Mudanças
De Volta à Miami
Inacreditável
O Jantar de Noivado
De Novo Não
Revelações
Cafajeste
Um Por Todos. Todos Por Um.
Lembranças
As Apresentações
Ou Ela, Ou Eu
De Volta ao Passado
Branco como Chantilly
Verdade ou Desafio
Hailee Steinfeld
O amor
Novo Visual
Convite
A Festa da Empresa
A Paz depois da Guerra
O Poder das Palavras
A Fúria das Jauregui's
MEU LIVRO JÁ PODE SER ADQUIRIDO!!!!
Promessas
Uma Vez Cruel, Para Sempre Cruel
Pendências
Últimos Dias!!
A Advogada
Inspirada Pela Série
Velhos e Novos Tempos
Vibrações Positivas
Pró-Bono
Por Um Fio
Acabamos Por Aqui
Fins Amigáveis
Nostalgia
Mentiras e a Pergunta
Ring-Pop
O Jogo Virou
Detalhes e mais Detalhes
Provas e Adivinhações
Diga 'Sim'
Lua de Me... rda
Estreando o Casarão
Travor
Fica Aí
Algumas Compras
A Briga
Os Papéis
A Famosa Rachel
O Karma

Advogando

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Par switch5hearts

Oi gente, tudo bem?? Voltei hoje com mais um capítulo, voltei cedo, diz ai!! Acontece que eu estou bem animada com a reviravolta que teremos nesse capítulo que dará o enredo final da história, então eu espero do fundo do meu coração que vocês gostem tanto quanto eu!!

Quando eu narrar o Travor, quero que vocês imaginem ele como o Asante Black aka o amor da minha vida e um dos reis de When They See Us (se não viram essa minissérie ainda, vejam, vale muito a pena) ainda mais para ver como o "buraco é mais embaixo" com esse tema.

Para esse capítulo grande sugiro algumas músicas: Save the Night do John Legend; Dancing With a Stranger do Sam Smith com a Normani; Lovely da Billie Ellish feat Khalid; Youth do Shawn feat o Khalid;  Hallelujah da Alicia Keys e Preach do John Legend.

Uma boa leitura:


Continuo ouvindo a senhora falar sem parar sobre como ela não podia perder aquele caso já que aquele dinheiro iria auxiliar na criação dos netos dali para frente.

A Sra. Scott tinha perdido o filho e a nora para um motorista bêbado, ele dirigia um caminhão que levava produtos da Coca-Cola, seus dois netos tiveram a guarda entregue para a mulher, que não pensou duas vezes em aceitar criar os lindos netos adolescentes que estavam sofrendo com a perda dos pais. Por conta do dinheiro curto, a senhora descobriu que o meu escritório com Louis atendia casos pró-bono, foi então que ela acampou por um final de semana inteiro na porta de entrada, esperando Louis e eu chegarmos na segunda-feira de manhã, desde então estávamos trabalhando no caso ela.

- Está tudo certo, praticamente encaminhado, sei que eles vão querer manter esse caso abafado, Sra. Scott. - seguro sua mão - Sei o quanto é horrível de dizer isso, mas eles não vão querer que essa história vaze para a imprensa, poderia manchar toda a reputação de anos.

- Então já ganhamos?

- Acredito que sim, farei o meu possível, você sabe. - ela sorri, assentindo.

- E eu agradeço. - abre a bolsa - Fiz um pão para você, eu não posso pagar tudo o que você faz por mim, mas posso te dar algo em troca. Minha eterna gratidão e um ótimo pão caseiro. - sorrio, me levantando e dando a volta na mesa.

- Obrigada, Sra. Scott, muito gentil da sua parte. - a abraço e logo em seguida caminho em direção a porta - Nos vemos semana que vem? Não esqueça da audiência, terça às nove da manhã.

- Pode deixar, Sra. Jauregui.

A senhora saiu e eu encarei o escritório todo escuro, vendo apenas Louis em sua sala conversando com um cliente. Juntei minhas coisas e fechei minha sala, saindo do escritório e correndo para o carro, não poderia me atrasar de jeito algum aquela tarde e a reunião com a Sra. Scott havia demorado mais do que o previsto.

Quando entrei em casa, pude ouvir a música agradável e sorri, Camila já estava se arrumando. Coloquei o pão que havia ganhado sobre a bancada e minha bolsa sobre a mesa, tirando meus saltos e correndo em direção ao meu quarto, entrando no banheiro e vendo minha esposa se maquiando enquanto cantarolava baixinho.

- Você está atrasada. - beijo seu pescoço e sorrio ao vê-la ficar completamente arrepiada - O que houve?

- Reunião com a Sra. Scott. - explico e ela assinte.

- Assim vou achar que ela está caidinha por você... - ri divertida e eu sorrio, tirando minha roupa - Resolveu o caso?

- Sim, acho que sim. Existem grandes chances de eu conseguir ganhar o caso, mas você sabe como esses advogados corporativos são sujos. - entro no box - Entretanto, tenho uma carta na manga, a exposição da mídia. Se eles não concordarem com o que eu quero...

- Você vai jogar a merda no ventilador.

- Isso aí.

Olho atentamente minha esposa e sorrio. Ela estava curvada em direção ao espelho, ficando o mais próxima possível para conseguir se maquiar direito. Seu cabelo estava completamente liso e ela trajava apenas sua calcinha preta fio-dental e o sutiã preto rendado. Era uma linda visão para encerrar o dia.

Terminei meu banho rapidamente e como eu desconfiava que iria me atrasar aquela manhã, havia lavado meu cabelo antes de ir para o trabalho, optaria por prender o mesmo para ficar o mais apresentável possível. Rapidamente me sequei, coloquei uma calcinha muito similar a da minha esposa e fui colocar o vestido com a ajuda de Camila, me maquiei e ajeitei meu cabelo por último.

- Camila? - saio do quarto e vejo ela sentada em frente ao balcão, comendo o pão caseiro que eu havia ganhado com manteiga - Amor, nós vamos jantar!

- Eu sei, mas não podemos chamar aqueles pratos com quase nada de comida de janta, estou forrando meu estômago. - solto uma gargalhada e ajeito minha bolsa.

- Você consegue comer e andar?

- Consigo, vamos que estamos atrasadas.

Durante todo o caminho, o motorista da Uber e eu escutamos Camila tagarelar o quanto estava feliz por Shawn estar conseguindo aquela promoção, aparentemente seu melhor amigo finalmente estava sendo promovido, consequentemente Alex pegava o seu lugar na empresa e também era promovido. O jantar aconteceria na casa de Anthony e sua esposa Erica, seria algo bem menor e mais íntimo do que as outras festas da empresa que eu estava acostumada a ir com Camila.

Assim que chegamos na enorme mansão, o motorista se despediu e nós fomos muito bem recepcionadas por uma governanta. Logo nos serviram taças com champanhe e nos guiaram para uma sala com alguns sofás, onde Shawn e sua nova namorada estavam sentados conversando com Anthony.

- Sabrina, essas são Camila e Lauren. - fala apontando respectivamente.

- É um grande prazer finalmente conhecer vocês, ouvi coisas maravilhosas sobre vocês... - sorrio largamente e aperto sua mão, cumprimentando Anthony logo em seguida.

- Lauren, eu não te vejo desde o casamento, como está?

- Melhor impossível e você?

- Perfeitamente bem. - sorri largo e faz um sinal - Por favor, sentem-se, Erica fez questão de preparar o jantar para todos nós, de acordo com ela é uma maneira dela não escutar todo mundo falando sobre ações e coisas chatas de banco.

- Bem, ela está certa, senhor. - Shawn brinca e todo mundo ri.

Continuamos bebendo e conversando, eu acabei não falando tanto, apenas escutando eles falarem constantemente sobre os problemas do banco e coisas do tipo. Alex acabou chegando eventualmente com a sua namorada Ashley, uma outra funcionária do banco que ele tentava conquistar a séculos, mas nunca conseguia. Então o assunto ficou ainda mais focado em coisas do banco, o que me fez juntar a Sabrina para que conversássemos aos sussurros sobre outros tópicos.

Descobri que Sabrina Carpenter era médica anestesista e que Shawn e ela haviam se conhecido em um bar, as amigas dela haviam a desafiado falar com ele e desde então eles não haviam parado de conversar. Era perceptível o quanto a mulher tinha interesse nele, era genuína sua vontade de estar ali o acompanhando.

O jantar acabou sendo servido e eu ocupei o lugar ao lado de Camila, ouvindo ela falar todos aqueles linguajares difíceis da sua profissão e rir de piadas que eu não tinha a menor ideia do que significavam. Me deliciei com as ostras gratinadas que foram servidas de entradas e comemorei mentalmente quando notei o quão bem servida era a janta: salmão ao molho de maracujá, um risoto de palmito para acompanhar e uma pequena porção de salada.

Me sobressaltei na cadeira quando escutei gritos e risadas infantis, instantes depois um menino e uma menina entraram correndo e começaram a correr em volta da mesa de jantar, deixando todo mundo confuso e um pouco assustado. Foi inevitável não rir quando o menino escorregou e a garota saltou ele perfeitamente, continuando a correr. Anthony levantou no mesmo momento, parecendo furioso.

- PAREM AGORA MESMO. - grita, assustando todo mundo, arregalo os olhos - Os dois, para o quarto, agora. - fala entre dentes, as crianças perdem o ar feliz e risonho e assentem, fazendo o caminho de volta.

- Anthony... - Erica tenta repreendê-lo pelo grito.

- Eu não acredito que você não viu, de novo, uma babá que soubesse fazer um bom trabalho. - ele estava vermelho de raiva - Essas crianças ficam correndo e enchendo o saco o dia inteiro e eu só mandei você ver isso. Só isso. Mas nem isso você sabe resolver.

- Anthony. - ela fecha a expressão, tão brava quanto ele.

- Conversaremos depois, agora irei conversar com os dois e pode começar a procurar uma nova babá, uma que preste, essa está no olho da rua. - sussurra entre dentes, mas graças ao silêncio mortal da sala de jantar, é possível ouvir - Se eu quisesse uma funcionária imprestável, teria mantido a última.

Saiu da mesa e rumou escadas acima, atrás das crianças. O silêncio constrangedor dominou a mesa, pude ver que ninguém queria ser o primeiro a falar, nem mesmo Alex que sempre quebrava o gelo com algo estúpido. Todo mundo parecia horrorizado por ouvir aquele homem falar daquele jeito. Anthony era sempre um homem tão educado e controlado, vê-lo daquela maneira exaltada e grosseira era surpreendente.

- Eu sinto muito, pessoal. - Erica limpa a boca com o guardanapo, consigo ver seus olhos marejados - Eu já volto, por favor, fiquem a vontade.

A mulher some pelas escadas e eu encaro Camila, que parecia tão surpresa quanto eu naquele momento, bebi meu vinho e então olhei para Shawn, que estava encarando Alex.

- Quando a gente pensa que esses jantares não podem ser mais constrangedores, eles vão lá e ficam. - Alex ri debochado e Ashley lhe acompanha.

- Cara, agora não. - Shawn o repreende - Nós vamos embora? Terminamos o jantar?

- Eu não sei... - Camila sussurra, olhando para as escadas - Você viu como ele falou com a Erica? Eu nunca vi ele... - coloca o guardanapo sobre a mesa - Eu jamais conseguiria falar assim com você... - sussurra para mim e eu assinto, acariciando sua coxa.

- Sugiro que esperemos eles voltarem, podemos dar uma desculpa idiota e então todo mundo pode ir embora. - sugiro calmamente - Acredito que esse clima não irá melhorar.

- Também acho que talvez seja a coisa mais sensata a se fazer. - Ashley dá de ombros e todos assentem.

Todo mundo começou a falar ao mesmo tempo e eu me sentia muito mal, será que ele era sempre assim com Erica? Será que ele era um daqueles caras que não se preocupava um pouco sequer com os próprios filhos? Me sinto enjoada, ele parecia um cara tão gentil, mas aquela explosão me mostrava uma face completamente oposta dele; uma face que não permita qualquer admiração.

Eu queria ir embora, queria sair dali e nunca mais olhar na cara daquele homem rude e que merecia um soco no meio da cara. Quando Erica e Anthony voltaram, depois de quase vinte minutos fora, todo mundo já tinha terminado o jantar e o clima estava tão tenso quanto quando eles haviam nos deixado sozinhos. Havia ajustado um despertador em meu celular, me levantei e fingi ser uma ligação importante.

- Camila? - me abaixo ao seu lado - Surgiu um imprevisto com o Louis e Harry acabou de me ligar, será que podemos ir? - ela me olha assustada e assente prontamente.

- Eu peço mil desculpas, o sócio de Lauren está com problemas e nós precisamos ir... - se levanta.

É claro que todos eles desconfiavam da mentira, exceto Camila que parecia genuinamente preocupada com Louis, que estava bem e não tinha ideia alguma do que estava acontecendo aquela noite. Nos despedimos e a governanta da casa nos ajudou a seguir para fora, chamei o Uber e comecei a caminhar para o portão, não queria ficar mais um segundo sequer dentro daquela propriedade.

- Amor, eu sei que você está preocupada com Louis, mas ande mais devagar, eu estou de saltos.

- Camz, não tem nada acontecendo com o Louis, foi uma mentira que eu usei para tirar a gente desse lugar horrível. - tiro meus saltos - Se eu ficasse mais um segundo ali, acertaria meu salto na cara dele. - ela me encara chocada.

- Como eu não percebi que você que você estava mentindo?

- Porque eu usei minha técnica de advogada. - ela começa a rir e eu sorrio.

- Não era melhor esperar o Uber chegar lá dentro?

Fomos bem iludidas e viemos de carona, acreditando fielmente que sairíamos um pouco bêbadas como da última vez, mas nossos planos foram rudemente modificados por Anthony.

- Não, relaxa, tem até polícia aqui fora. - aponto para o outro lado da rua.

Quando sigo o olhar em direção a viatura é inevitável não permanecer encarando. Camila fica em silêncio e eu sinto minha respiração acelerar. O policial tinha o dobro do tamanho do garoto, que chorava alto e implorava para ele soltar, o corpo magricelo estava sendo assustadoramente pressionado contra o capô da viatura.

Antes que eu possa raciocinar posso escutar Camila berrar um "Ei" em alto e bom som, é inevitável não sorrir. Eu havia escolhido a mulher certa para me casar, uma pessoa que acreditava no poder da justiça e que não aceitava ver qualquer pessoa sendo maltratada, assim como eu. Começo a caminhar apressadamente atrás dela, em direção a viatura e ela continua chamando.

- Madame... - olha para nós, nos analisando de cima abaixo - Eu peço para que retornem para a casa de vocês e me deixem fazer meu trabalho.

- Por favor. - o menino implora com o rosto banhado de lágrimas.

- Você está o machucando, solte ele! - Camila pede categoricamente, o policial aperta ainda mais quando ele começa a se debater.

- Madame, esse bandidinho tem que aprender a lição. - fala meio debochado, sem se mover - Estou apenas fazendo o meu trabalho.

- Lição do que? Ele estava fazendo o que? - exijo saber no mesmo momento, assustada ao ver o homem mais velho apertando aquele corpo magricelo - Solte ele agora. - ordeno utilizando a voz mais intimidante que consigo.

- Madame, esse tipo de gente não pode andar por aqui sem querer algo e você sabe.

- Esse tipo de gente? - Camila se faz de idiota, prontamente pegando seu celular para registrar aquilo.

Naquele momento, eu apenas soube: Camila havia tomado uma posição e ninguém mudaria sua cabeça. Concordando totalmente com a minha esposa, sabia que não iríamos nos afastar tão cedo daquele policial, ao menos, não até ele soltar aquele garoto.

- Já falei para seguirem o rumo, do meu trabalho eu entendo. - retruca, mudando de assunto sem afrouxar o apertão.

- Solte ele! - falamos ao mesmo tempo.

- E vocês são quem para exigir algo? - ele aperta ainda mais, escuto o menino puxando o ar tentando respirar.

- A advogada dele. - respondo prontamente e ele semicerra os olhos - Solte ele. Agora. - repito mais uma vez, ficando na frente de Camila.

Eu sabia que não estava sendo nada intimidante com aquele vestido longo e a maquiagem forte, estava apenas parecendo uma patricinha irritada por ter o seu quintal invadido, mas eu conseguia ver que o pavor do garoto em estar sendo tratado daquele jeito.

- Com quais alegações você está o algemando e tratando com tanta hostilidade? - questiono irritada, ele permanece em silêncio e afrouxa um pouco o apertão, só então vejo o menino puxar o ar para respirar fundo - Solte agora ou você prefere que eu faça um escândalo e todos aqui vejam o tipo de trabalho que você está fazendo?

Totalmente contra gosto o homem saí de cima do menino, que tentava -inutilmente- controlar as lágrimas e respirar o máximo possível. Arqueio as sobrancelhas ao ver que o garoto estava algemado, se ele estava algemado, por que tanta força policial?

- Você ainda não me respondeu, Policial... - me curvo, vendo o nome escrito acima do distintivo - Policial Vant. - olho para o garoto, encolhido - Como você se chama?

- Travor... - puxa o ar, tossindo um pouco- Travor Gardner, senhora. - ele tentava parar de chorar.

- Quantos anos você tem?

- Qua-quatorze. - responde prontamente e eu sinto meu peito encher de angústia.

- Por que você o parou? - olho para o policial.

- Ele parecia suspeito, um menino como ele andando em um bairro assim? - pelo canto do olho vejo que Camila ainda filmava.

- O que você quer dizer com isso? - tento conter meu ódio.

- Você sabe o que eu estou querendo dizer com isso.

- Não, não sei o que você está querendo dizer.

Travor Gardner não conseguia parar de tremer, seu rosto estava banhado de lágrimas e ele havia conseguido controlar um pouco o seu choro, mas ainda respirava pesado. Seus olhos negros como a noite me encaravam angustiados, ainda implorando por ajuda.

- O que você estava fazendo aqui tão tarde? - questiono o garoto e ele encolhe os ombros.

- Voltando para casa. - assinto, acariciando seu ombro - Por favor, moça, eu só quero ir para casa. - olho para o policial.

- Já que esclarecemos as coisas, você pode tirar as algemas? - o policial me encara irredutível - Nós dois sabemos que sua abordagem foi excessiva, você não apresentou nenhuma prova concreta contra o meu cliente, não há embasamento na sua conduta perante a situação. - falo calmamente - Você, Policial Vant, como funcionário público deve respeitar os direitos constitucionais, nesse caso, o Direito de ir e vir. - sorrio sarcástica - Tire as algemas.

Completamente contragosto o homem retirou as algemas e o menino correu se esconder assustado atrás de nós. O policial branco, me encarou por longos segundos, fungando irritado. Olhei a placa e mentalmente guardei a sequência, assim como guardei seu nome. Pude ver Camila caminhar para trás do policial, pegando a mochila que estava no chão, era claro que ele havia jogado a mochila de Travor no chão.

- Amanhã irei a delegacia, espero que esteja ciente, sua conduta além de inadequada pode ser embasada por crime de racismo, afinal, abordou um jovem negro sem motivo algum e sem flagrante de ilicitude. - Camila começa a se afastar com Travor - Deveria ter vergonha de seu fundamento de suspeita ser apenas a cor da pele de um garoto assustado de quatorze anos. - abro minha pequena bolsa, pegando meu cartão - Nos vemos amanhã na delegacia.

Dou as costas para o policial e caminho em direção a Camila, vendo ela conversando com Shawn e Sabrina, todos eles estavam ao redor do garoto e pareciam dar a assistência necessária para ele. Sabrina nos ofereceu a carona, informando que ajudaria a encontrar a casa dele.

Travor sentou na frente com Shawn, o garoto ia guiando o caminho que o colega de trabalho de Camila deveria fazer. Prestei atenção em todo o trajeto, para ter certeza de que eu saberia percorrer por aquelas ruas no dia seguinte. Se aquele policial achava que sairia impune com toda aquela situação, estava muito enganado.

Shawn parou o carro no meio de uma rua que tinha apenas lojas comerciais, franzi o cenho e destravei a porta.

- O que está fazendo? - Travor questiona, o encaro.

- Vou falar com os seus pais. - informo - Quero combinar com eles sobre como vamos levar o processo adiante, apenas dar o meu contato. - explico calmamente.

- Não precisa.

- Precisa. - Camila e eu falamos ao mesmo tempo.

- Você não pode deixar seu número comigo?

- Não. - respondo prontamente - Quero falar com seus pais. - desço do carro e escuto as portas abrindo e fechando - Então onde você mora?

- Eu agradeço pela ajuda, mas não precisa...

- Onde você mora? - questiono mais uma vez, encarando Travor, que suspira audivelmente.

O menino parecia perturbado e assustado, eu não o culpava, apenas quatorze anos e enfrentando situações horríveis como aquela era assustador. Doía meu coração de pensar o que poderia ter acontecido com ele, caso não tivéssemos chegado a tempo.

Vejo Travor ajeitar a mochila em seu ombro e olhar ao redor, como se estivesse esperando algo, ou melhor, alguém. Seu olhar fica fixo em um beco e eu sinto meus braços ficarem arrepiados, estava começando a ficar frio.

- Eu não vou embora sem falar com seus pais. - explico, ele abaixa a cabeça.

- Boa sorte com isso então. - ri debochado.

- O que disse?

- Eu moro sozinho. - explica.

- Você tem quatorze anos, como mora sozinho? - questiono confusa - Você não vai ter problemas pelo o que houve, você não teve culpa de nada. - toco o seu ombro e ele afasta - Travor, eu preciso conhecer seus pais para que possamos garantir que policiais como ele não voltem a repetir o que houve hoje. - escuto um riso debochado e então ele ergue a cabeça.

- Você realmente não entende, não é mesmo?! - seus olhos transmitiam toda a raiva que ele sentia - Se não for esse policial, vai ser outro. - dá de ombros - Eu agradeço o que você fez por mim, mas não vai dar em nada, mesmo você sendo uma branca rica tentando processar ou fazer qualquer merda do tipo. - arregalo os olhos, surpresa com sua fala - O melhor que você faz, é me esquecer e esquecer que isso aconteceu.

Fico em silêncio alguns segundos, ele ajeita novamente a mochila e balança a cabeça, agradecendo mais uma vez e começando a se afastar. É então que eu o vejo entrar no beco escuro, onde outras pessoas estavam, olho para o carro e vejo Camila me encarando com os olhos marejados.

Ele não tinha família. Travor não tinha ninguém. Era um garoto de quatorze anos vivendo na rua, assustado e sem qualquer amparo.

Me aproximei do carro e conversei alguns instantes com Shawn e Sabrina, a moça sugeriu chamarmos o serviço social e eu achei que isso não seria a coisa mais sensata de se fazer naquela noite, estava tarde e demoraria muito. Camila não parava de olhar em direção ao beco e ela sequer ouvia o que nós conversávamos direito, sua cabeça estava em outro mundo.

- E se nós o levássemos para casa? - Camila sugere interrompendo a conversa e eu franzo o cenho - Damos algo para ele comer e uma cama para ele passar a noite, amanhã resolvemos o que vamos fazer. - a encaro e vejo seus olhos marejados - Por favor, não podemos deixá-lo aí.

- Você não acha perigoso? - Shawn questiona.

- É um risco que teremos que correr. - falo, sem desviar o olhar do de Camila.

Sabia que Camila não mudaria de ideia, e eu não a culpava, então só me restava apoiá-la naquela decisão.

Minha esposa desceu do carro e caminhou ao meu lado em direção ao beco que era iluminado somente por um poste de luz da rua. Pude ver que haviam diversas pessoas ali e senti meu coração doer ao ver Travor ao lado de uma lata de lixo, sentado sobre um papelão comendo a metade de uma banana.

Eu apenas soube, estávamos fazendo a coisa certa.


Como sempre eu deixei bem evidente o rumo da história, espero que apesar de tudo, vocês tenham gostado do capítulo. Comentários? Criticas?

Gostaria de agradecer a ajuda da Lorenza e das meninas do Unbroken Squad que sempre são grandes ajudas e críticas do meu trabalho, sou grata por vocês!!

Obrigada por todo carinho e amor que vocês tem pela história, sou grata por todos os comentários e votos que vocês sempre deixam. A história jamais seria tão longa se não fosse por todos vocês me acomapnhando por tanto tempo. Se quiserem bater um papo, me seguir nas redes sociais:

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Por favor, nunca deixem a injustiça passar, sendo com você ou não; a não ser -é claro- que você possa se ferir na situação. O isento fica ao lado do opressor, nunca se esqueça. Obrigada por tudo, sejam sempre gentis, um beijo e um chêro, Natália xX(:

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