FALLEN ( yoonmin)

By AnAteenwolf1D

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E se a pessoa com quem você está destinado a ficar nunca pudesse ser sua? O olhar de Yoongi capturou o dele... More

COMEÇO
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4

Capítulo 1

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By AnAteenwolf1D


Capítulo 1 - Perfeitos Estranhos

Jimin movimentou-se pesadamente para dentro de uma sala iluminada

com lâmpadas fluorescentes do Colégio Cruz & Espada dez minutos depois

do que ele deveria. Um acompanhante com peito em formato de barril,

bochechas vermelhas e uma prancheta presa sobre bíceps de ferro já

estava dando ordens – o que significava que Jimin já estava atrasado.

– Então se lembrem: são remédios, camas e vermelhos

– O

acompanhante latiu para um grupo de três estudantes, todos de costas

para Jimin. – Se lembrem do básico e ninguém se machuca – .

Jimin escorregou rapidamente para trás do grupo. Ele ainda estava

tentando descobrir se ele tinha preenchido a gigante pilha de papel

corretamente, se esse guia de cabeça raspada parado na frente deles era

um homem ou uma mulher, se havia alguém para ajudá-lo com sua

enorme bolsa de tecido, se seus pais iriam se livrar de seu amado

Plymouth Fury no minuto que eles chegassem em casa, depois que o

deixaram ali. Eles vinham ameaçando vender o carro durante todo o

verão, e agora eles tinham uma razão que Jimin não poderia argumentar

contra: ninguém podia ter um carro na nova escola de Jimin. Sua nova

escola reformatória para ser preciso.

Ele ainda estava se acostumando com o termo.

– Você poderia, hum, você poderia repetir isso? – Ele perguntou para o

acompanhante. – O que era, remédios - ? –

– Bem, olhe o que a tempestade trouxe, – o acompanhante disse em voz

alta, então continuou, enunciando devagar. – Remédios. Se você é um dos

alunos medicados, é onde você deve ir para manter-se dopado, sã,

respirando, ou seja lá o que for. – Mulher, Jimin decidiu, estudando a

acompanhante. Nenhum homem poderia ser malicioso o suficiente para

dizer tudo isso nesse tom de voz sacarina.

– Saquei. – Jimin sentiu seu estômago agitar-se – Remédios – .

Ele tinha se desligado dos remédios por anos agora. Depois do acidente no

verão passado, Dr. Sanford, seu especialista em Hopkinton – e a razão de



seus pais o mandarem para internatos lá em New Hampshire – havia

considerado medicá-lo mais uma vez. Embora ele o tenha convencido de

sua quase-estabilidade, isso a fez ter um mês extra de análise da parte

dele, só para ficar longe daqueles terríveis antipsicóticos.

Este era o motivo pelo qual ele estava se registrando em seu último ano

no Colégio Sword & Cross um mês depois das aulas começarem. Ser aluno

novo já era ruim o suficiente, e Jimin estava nervoso o suficiente para

entrar em turmas onde todos já estavam fixados. Mas pelo que parecia

depois de sua excursão, ele não era o único novato chegando aquele dia.

Ele deu uma olhadinha furtiva para os outros três alunos em meio círculo

em volta dele. Em sua última escola, Dover Prep, na excursão pelo campus

foi onde ele achou seu melhor amigo, Charlie. Em um campus onde todos os

outros estudantes foram praticamente desmamados juntos, isso havia

sido o suficiente que Jimin e Charlie fossem as duas únicas crianças sem

legado. Mas não demorou muito para elrs perceberem que tinham a

mesma obsessão pelos mesmos filmes antigos – especialmente os

relacionados com Albert Finney3

. Após a descoberta delrs no primeiro ano

enquanto assistiam Two for the Road que elrs não podiam fazer um saco

de pipoca sem ativar o alarme de incêndio, Charlie e Jimin nunca mais se

separaram. Até... Até que eles tiveram que se separar.

Do lado de Jimin hoje havia dois caras e uma garota. A garota era bem fácil

de se enturmar, loira e com a beleza de comercial de Neutrogena4

, com

unhas manicuradas na cor rosa-pastel que combinava com sua pasta de

plástico.

– Eu sou Gabbe, – Ela falou lentamente, lançando a Jimin um grande

sorriso que desapareceu tão rápido quanto surgiu, depois que Jimin não

disse seu próprio nome. O desinteresse da menina lembrou-lhe mais uma

versão sulista das meninas da Dover do que alguém que ele esperava na

Sword & Cross. Luce não conseguia se decidir se isso era reconfortante ou

não, ainda mais imaginar o que uma menina como aquela fazia numa

escola reformatória.

3

Albert Finney era um ator britânico que foi indicado para Oscar 5 vezes.

4

Neutrogena, marca muito conhecida de produtos para a pele, que por regra as modelos dos anúncios

comerciais são sempre louras e de aspecto delicado.


Á direita de Jimin havia um garoto com cabelo castanho curto, olhos

castanhos e sardas em volta do nariz. Mas o jeito que ele não olhava nos

olhos dele, escolhendo cutucar a cutícula de seu polegar, deu a ele a

impressão de que ele provavelmente estava atordoado e com vergonha

de encontrar-se aqui.

O garoto à sua esquerda, por outro lado, preenchia a imagem de Jimin

deste lugar um pouco perto perfeitamente demais. Ele era alto e magro,

com uma bolsa de DJ a tiracolo, cabelo preto desgrenhado, e grandes e

profundos olhos verdes. Seus lábios eram carnudos e de um rosa natural

que muitas garotas matariam para ter. Na parte detrás de seu pescoço

uma tatuagem preta com formato de raios de sol parecia quase brilhar em

sua pele clara, levantando-se a partir da borda de sua camiseta preta.

Diferente dos outros dois, quando esse cara se virou para encontrar seu

olhar, ele o segurou e não deixou soltar. Sua boca foi definida em uma

linha reta, mas seus olhos eram quentes e vivos. Ele a contemplava, de pé

como uma escultura, que fez Jimin se sentir enraizado em seu lugar

também. Aqueles olhos eram intensos e sedutores, e bem, um pouco

desarmantes.

Com um pigarro alto na garganta, a acompanhante interrompeu o transe.

Jimin corou e fingiu estar muito ocupada coçando a cabeça.

– Aqueles que entenderam o funcionamento são permitidas a sair depois

que deixarem aqui seus pertences de risco – A acompanhante apontou

para uma grande caixa de papelão sob uma placa que dizia em grandes

letras pretas MATERIAIS PROIBIDOS. – E quando eu digo livre, Todd – -

ela fechou a mão para baixo no ombro do garoto sardento, o que o fez

pular. – Eu quis dizer limites do ginásio para encontrar o estudante

predestinado para ser seu guia. Você – - ela apontou para Jimin – despeje

seus pertences e fique comigo –

Quatro dos estudantes se juntaram em volta da caixa e Jimin assistiu,

perplexa, como os outros alunos começavam a esvaziar seus bolsos. A

menina puxou um canivete suíço rosa de sete centímetros. O cara de

olhos verdes relutantemente sacou uma lata de spray de tinta e um

estilete. Até o infeliz Todd teve de deixar várias caixas de fósforos e um

pequeno recipiente de fluído de luz. Jimin se sentiu quase estúpido por ele

mesmo não estar escondendo nada perigoso – mas quando ele viu os


outros depositarem seus celulares dentro da caixa, ele engoliu em seco.

Inclinando-se para ler a placa de MATERIAIS PROIBIDOS mais de perto, ele

viu que celulares, pagers e todos os dispositivos de rádios bidirecionais

estavam estritamente proibidos. Já era ruim o suficiente que ela não

poderia ter o seu carro! Jimin fechou a mão suada em torno do celular em

seu bolso, sua única ligação com o mundo exterior. Quando a

acompanhante viu a expressão em seu rosto, Jimin recebeu pequenos

tapinhas na bochecha. – Não desmaie comigo, querido. Eles não me

pagam o suficiente para fazer ressucitação. Além disso, você tem direito a

uma ligação telefônica por semana no átrio principal. –

Uma ligação? Por semana? Mas –

Ele olhou para seu telefone mais uma vez e viu que havia recebido mais

duas mensagens de texto. Não parecia possível que essas seriam suas

duas últimas mensagens de texto. A primeira era de Charlie.

Me liga imediatamente! Estarei esperando ao lado do telefone a noite

toda, então, esteja pronto. E se lembre do mantra que eu te ensinei: Você

vai sobreviver! De qualquer forma, se isso importar, eu acho que todo

mundo esqueceu sobre...

Do jeito típico de Charlie, ele havia ido tão longe que o celular de Jimin

cortou quatro linhas da mensagem. De qualquer forma, Jimin estava

aliviado. Ele não queria ler sobre como todos em sua antiga escola haviam

finalmente esquecido o que havia acontecido com ele. O que a fez vir

parar nesse lugar.

Ele suspirou e abriu sua segunda mensagem. Era de sua mãe, que só havia

aprendido a enviar torpedos há algumas semanas e que certamente não

sabia sobre aquela coisa de uma-ligação-por-semana.

Querido, nós estaremos sempre pensando em você. Seja bom e tente comer

proteína o suficiente. Nos falamos quando pudermos. Amor, M&P ( MÃE E PAI)

Com um suspiro, Jimin percebeu que seus pais deveriam saber. O que mais

poderia explicar suas expressões elaboradas quando ele deu um

tchauzinho do portão da escola essa manhã, com sua bolsa de tecido em


mãos? No café da manhã, ele havia tentado fazer piada sobre finalmente

perder esse terrível sotaque de New England que ele havia adquirido na

Dover, mas os seus pais não esboçaram nenhum sorriso. Ele pensou que

eles continuavam chateados com ele. Eles nunca haviam feito

completamente aquela coisa de elevar a voz, então quando Jimin estragou

tudo, eles deram a ele o tratamento do silêncio. Agora ele entendia o

estranho comportamento dessa manhã: seus pais estavam de luto pela

perda de contato com seu único filho.

– Nós estamos esperando apenas uma pessoa, – A acompanhante disse.

– Eu me pergunto quem é. – A atenção de Jimin voltou para a caixa de

riscos, que agora estava transbordando de itens contrabandeados que ele

não conseguia reconhecer. Ele podia sentir o cara de cabelos negros com

seus olhos verdes fixos nele. Ele olhou em volta e viu que todo mundo

estava com os olhos fixos. Sua vez. Ele fechou seus olhos e lentamente

abriu sua mão, deixando seu celular escorregar e ganhar terreno no topo

da pilha. O som de ficar completamente sozinho.

Todd e a robótica Gabbe dirigiram-se para a porta sem nada além um

olhar na direção de Jimin, mas o terceiro cara se virou para o

acompanhante.

– Eu sou capaz de informá-lo, – disse ele, assentindo para Jimin.

– Não faz parte do nosso acordo, – A acompanhante replicou

automaticamente, como se estivesse esperando esse diálogo. – Você é

um novo estudante de novo – o que significa restrições de aluno novo. De

volta para o nível um. Se você não gosta disso, deveria ter pensado antes

de quebrar a sua condicional. –

O garoto permaneceu imóvel, inexpressivo, quando a acompanhante

rebocou Jimin – que endureceu com o – condicional – - até o fim de um

corredor amarelo.

– Mexa-se, – ela disse, como se nada tivesse acontecido. – Camas, – Ela

apontou para a janela oeste de um prédio de concreto cinza. Jimin podia

ver Gabbe e Todd misturarem-se devagar em direção deles, com o

terceiro garoto andando devagar, como se alcançá-los fosse a última coisa

em sua lista de coisas a fazer.

Os dormitórios eram formidáveis e quadrados, um sólido prédio cinza

cujas portas duplas não davam nada sobre a possibilidade de vida dentro


delas. Uma grande placa de pedra permanecia plantada no meio do

gramado morto, e Jimin se lembrou do website as palavras DORMITÓRIO

PAULINE esculpidas dentro dele. Parecia mais feio naquela manhã de sol

confusa do que na plana foto preto-e-branco.

Mesmo nessa distância, Jimin podia ver o bolor negro cobrindo a frente do

dormitório. Todas as janelas estavam obstruídas por uma carreira de

grossas barras de aço. Ele entortou os olhos. O que era aquele arame

farpado em torno do prédio?

A acompanhante olhou para a lista, folheando o arquivo de Jimin. –

Quarto sessenta e três. Deixe sua bolsa em meu escritório com o resto

deles por agora. Você pode desfazer essa tarde. –

Jimin arrastou sua mala vermelha rumo a outras três malas pretas sem

classificação. Então ele chegou a refletir sobre seu celular, onde ele

costumava colocar as coisas que precisava lembrar. Mas, enquanto sua

mão procurava em seu bolso vazio, ele suspirou e se comprometeu a

gravar o número do quarto na memória.

Ele ainda não entendia a razão pela qual não podia ficar com seus pais;

sua casa em Thunderbolt ficava a menos de uma hora da Sword & Cross.

Ele havia se sentido tão bem em sua casa em Savannah, onde, como sua

mãe sempre dizia, até o vento soprava preguiçosamente. O lugar mais

suave da Georgia, tinha o ritmo adequado ao jeito de Jimin mais do que

New England nunca teve.

Mas a Sword & Cross não era como Savannah. Era quase como um lugar

qualquer, exceto pelo fato de ser um lugar sem vida e sem cor, onde o

tribunal a havia colocado hospedada. Ele havia escutado seu pai no

telefone com o diretor outro dia, concordando em seu jeito confuso e fala

de professor de Biologia, – Sim, sim, talvez seja melhor para ele ser

supervisionada todo tempo. Não, não, nós não queremos interferir no seu

sistema. –

Claramente, seu pai não havia visto as condições de supervisão de sua

filho único. Esse lugar parecia uma prisão de segurança máxima.

– E sobre, como você disse – os vermelhos? – Jimin perguntou para a

acompanhante, pronto para ser liberado da excursão.



– Vermelhos, – a acompanhante disse, apontando para um pequeno fio

do teto: lentes com uma luz piscante vermelha. Jimin não havia visto isso

antes, mas assim que a acompanhante apontou a primeira, ele pode notar

que estavam em todo lugar.

– Cameras? –

– Muito bem, – a acompanhante disse, a voz gotejando

condescendência. – Nós a deixamos evidente a fim de lembrá-los. Todo

tempo, a todo momento, nós a observamos. Então, não estrague – quer

dizer, se você puder evitar. –

Todo o tempo, todos falavam com Jimin como se ele fosse uma completo

psicopata, e ele estava bem perto de acreditar que isso era uma verdade.

Por todo o verão, as memórias a vinham assustando, em seus sonhos e

nos raros momentos em que seus pais a deixavam sozinho. Alguma coisa

havia acontecido no chalé, e todo mundo (incluindo Jimin) estava

morrendo para saber exatamente o quê. A polícia, o juiz, o assistente

social, haviam todos tentado forçar a verdade dele, mas ele não sabia

nada tanto quanto eles. Ele e Trevor haviam brincado a tarde inteira,

perseguindo um ao outro pela fileira de chalés em volta do lago, longe do

resto da feMiss Ele tentou explicar que essa havia sido a melhor noite de

sua vida, até se tornar a pior.

Ele gastou muito tempo repassando aquela noite em sua mente, ouvindo

a risada de Trevor, sentindo suas mãos em volta de sua cintura, e tentar

conciliar seus instintos de que ele era realmente inocente.

Mas agora, cada regra e regulamento da Sword & Cross parecia trabalhar

contra esse pensamento, parecia sugerir que ele era, de fato, perigoso e

precisava ser controlado.

Jimin sentiu uma mão firme em seu ombro.

– Olha, – a acompanhante disse – se isso a faz se sentir melhor, você

está longe de ser o pior caso aqui. –

Foi o primeiro gesto humano que ela demonstrou à Jimin, o que o fez

acreditar que ele queria fazê-lo se sentir melhor. Mas... Ele havia sido

mandado para cá por causa da suspeita morte do cara por quem ele era

louco, e ele estava – longe de ser o pior caso – ? Jimin se perguntou com o

que exatamente eles lidavam na Sword & Cross.

– O.k. A orientação terminou. – A acompanhante disse. – Você está por



sua conta agora. Aqui está um mapa se você precisar encontrar algo a

mais. – Ela deu a Jimin uma cópia de um bruto mapa desenhado à mão,

então olhou para seu relógio. – Você tem uma hora até sua primeira aula,

mas as minhas novelas começam as cinco, então, – - Ela balançou sua

mão para Jimin - – Mantenha-se escasso. E não se esqueça, – ela disse,

apontando para as câmeras mais uma vez – Os vermelhos estão de olho

em você – .

Antes que Jimin pudesse replicar, um garoto magro, de cabelos castanhos

apareceu à sua frente, abanando seus dedos longos na face de Jimin.

– Ooooh, – o garoto zombou com uma voz fantasmagórica, dançando em

volta de Jimin em círculos. – Os vermelhos estão de olho em vocêêêê. –

– Sai daqui, Taehyung , antes que eu tenha que lobotomizá-lo, – a

acompanhante disse, embora fosse claro por seu breve, mas genuíno,

sorriso que ela possuía alguma bruta afeição pelo garoto louco.

E estava claro que Taehyung não era recíproca ao amor. Ele fez um gesto

obsceno para a acompanhante, então parou na frente de Jimin, a

enfrentando para que ficasse ofendido.

– E só por isso, – a acompanhante disse, anotando furiosamente em seu

caderninho – você ganhou a tarefa de mostrar tudo em volta para o

pequeno Miss Sunshine hoje. –

Ela apontou para Jimin, que parecia qualquer coisa, menos ensolarado,

com suas jeans pretas, botas pretas e blusa preto. Na seção do – código de

vestimenta – , o website da Sword & Cross falava alegremente que

enquanto os alunos tivessem bom comportamento, eles estavam livres

para vestir o que quisessem, porém, com duas condições: o estilo deve ser

modesto e as roupas deviam ser pretas. Muita liberdade.

A blusa de gola tartaruga que sua mãe a havia forçado a usar não fazia

nada pelas suas curvas, e até sua melhor forma havia sumido: seu

cabelo preto, que costumava cair sobre seus ombros, havia sido

completamente tosqueado. O fogo do chalé havia queimado seu couro

cabeludo e deixado seu cabelo desigual, então depois da longa, silenciosa

viagem de Dover para casa, sua mãe o colocara na banheira, trouxe o

barbeador elétrico do pai e sem nenhuma palavra raspou sua cabeça.

Durante o verão, seu cabelo havia crescido um pouco, apenas o suficiente

para que suas ondas, outrora invejáveis, agora pairassem logo abaixo de

suas orelhas.


Taehyung o avaliou, dando um tapa com um dedo contra seus finos lábios

pálidos. – Perfeito, – ele disse, dando um passo a frente para colocar seus

braços em volta de Jimin. – Eu estava realmente pensando que eu poderia

usar um novo escravo. –

A porta do salão abriu e entrou o menino de olhos verdes. Ele balançou a

cabeça e disse para Jimin, – Esse lugar não liga de te despir para fazer

alguma busca. Então, se você está guardando qualquer outro risco – ele

ergueu uma sobrancelha e um punhado de objetos desconhecidos da

caixa - – salve-se dos perigos. –

Atrás de Jimin, Taehyung prendia o riso. O cara virou a cabeça e quando seus

olhos registraram Taehyung, ele abriu sua boca e a fechou novamente, como

se não tivesse certeza do que fazer.

– Taehyung, – ele disse uniformemente.

– Cam, – ele replicou.

– Você o conhece? – Jimin sussurrou, se perguntando se havia o mesmo

tipo de facções em escolas reformatórias como haviam na Dover.

– Não me lembre, – Taehyung disse, arrastando Jimin para fora da porta,

dentro da cinza e alagada manhã.

As costas do prédio principal dava em uma calçada lascada, em volta de

um campo bagunçado. A grama estava tão grande que parecia mais um

terreno baldio que uma área pública de uma escola, mas um desbotado

placar e arquibancadas de madeira provavam o contrário.

Por trás do contorno do lugar quatro prédios de aparência severa: o

dormitório longe à direita; uma gigante, feia e velha igreja à extrema-

esquerda e outras duas grandes estruturas no meio deles, que Jimin

imaginou serem as salas de aula.

Era isso. Seu mundo inteiro estava reduzido àquela triste visão de seus

olhos.

Taehyung imediatamente desviou do caminho direito e levou jimin ao

campo, sentando no alto de uma das arquibancadas de madeira

molhadas.

A estrutura correspondente em Dover gritava atleta da Ivy League em

formação, então jimin sempre havia evitado ficar lá. Mas esse campo

vazio, com esses enferrujados, deformados gols, contava uma história

completamente diferente. Uma que não foi fácil para jimin descobrir. Três

urubus turcos passaram acima de sua cabeça, e um vento triste chicoteou

sobre os galhos nus dos carvalhos. jimin estremeceu e abaixou seu queixo


para dentro da gola de tartaruga.

– Então, – taehyung disse – Agora você conheceu Randy. –

– Eu pensei que fosse Cam. –

– Eu não estou falando dele, – taehyung disse rapidamente – A mulher-

macho daqui. – taehyung virou a cabeça para o escritório onde eles haviam

deixado a acompanhante vendo TV. – Quê que 'cê acha? Homem ou

mulher? –

– Hm... Mulher? – jimin tentou. – Isso é um teste? –

taehyung esboçou um sorriso. – O primeiro de muitos. E você passou. Pelo

menos, eu acho que você passou. O gênero da maioria do corpo docente

daqui é um debate escolar em curso. Não se preocupe, você vai entrar

nele. –

jimin achou que taehyung estava fazendo uma piada – nesse caso, legal. Mas

isso tudo era como uma enorme mudança da Dover. Em sua antiga escola,

as gravatas-verdes-esgotantes, os engomados futuros senadores

praticamente escorriam pelos corredores, no requintado silêncio que o

dinheiro parecia passar acima de tudo.

Mais do que nunca, o pessoal da Dover lançavam a jimin olhares tortos de

não-suje-as-paredes-brancas-com-suas-impressões. Ele tentou imaginar

taehyung lá: se espreguiçando nas arquibancadas, fazendo uma alta, bruta

piada com sua voz mordaz. jimin tentou imaginar o que Charlie pensaria de

taehyung. Nunca havia ninguém como ele na Dover.

– Okay, desembucha, – taehyung ordenou. Pulando da arquibancada mais

alta e apontando para que jimin se juntasse, ele disse – O que cê fez para

entrar aqui? –

O seu tom de voz era brincalhão, mas de repente jimin teve que se sentar.

Era ridículo, mas ele meio que esperava passar por seu primeiro dia de

aula sem seu passado vindo a mente, roubando sua fina fachada de calma.

É claro que as pessoas aqui vão querer saber.

Ele pode sentir o sangue arranhar suas têmporas. Acontecia sempre que

ele tentava pensar voltar – realmente voltar – àquela noite. Ele nunca

parou de se sentir culpado com o que havia acontecido a Trevor, mas ele

também tentava duramente não ficar atolado nas sombras que, por agora,

eram a única coisa que ele se lembrava do acidente. Aquela escuridão, as

coisas indefinidas que ele nunca poderia contar para ninguém.


Risca isso – ele começou a contar a Trevor a presença peculiar que sentiu

naquela noite, sobre as curvas retorcidas sobre suas cabeças, tentando

assombrar sua noite perfeita. É claro, então já era tarde demais. Trevor se

foi, seu corpo queimado e irreconhecível, e jimin era... Ele era... Culpado?

Ninguém sabia sobre as tenebrosas formas que ele havia visto no escuro.

Elas sempre vinham para ele. Elas iam e vinham há tanto tempo que jimin

não conseguia se lembrar a primeira vez que as vira. Mas ele se lembrava

da primeira vez que ele percebeu que as sombras não vinham para todos

– ou na verdade, para ninguém além dela. Quando ele tinha sete anos, sua

família estava de férias em Hilton Head e seus pais o levaram em uma

passeio de barco. Estava perto do pôr-do-sol quando as sombras

começaram a ondular sobre a água, e ele se virou para seu pai e disse – O

que você faz quando eles aparece, pai? Porque você não se assusta com

os monstros? –

Não haviam monstros, seus pais a asseguraram, mas jimin repetia

insistentemente a presença de alguma coisa oscilante e negra que o levou

a várias consultas com o oftalmologista da família, e depois óculos, e

depois consultas com o médico de ouvido depois dele fazer uma errônea

descrição do som rouco de vento soprando forte que as sombras faziam

algumas vezes – e depois, terapia, e depois, mais terapia, e finalmente a

prescrição de remédios antipsicóticos.

Mas nada os fazia ir embora.

Quando ele fez catorze, jimin se recusou a tomar seus remédios. Foi

quando eles encontraram o Dr. Sanford e a Dover School perto. Eles

voaram para New Hampshire, e seu pai dirigiu seu carro alugado por uma

rodovia longa e sinuosa para a mansão no topo da colina chamada Shady

Hollows. Eles colocaram jimin de frente para um homem de jaleco e o

perguntaram se ele continuava tendo suas – visões – . A palma das mãos

de seus pais estavam suando, enquanto eles agarravam as mãos,

sobrancelhas franzidas com o medo de que houvesse algo terrivelmente

errado com seu filho.

Ninguém veio e disse que se ele dissesse para o Dr. Sanford o que eles

queriam que ele dissesse, ela provavelmente estaria vendo muito mais da

Shady Hollows. Quando ele mentia e agia normalmente, ele estava

permitido a frequentar a Dover e só tinha que visitá-lo uma vez ao mês.


jimin tinha sido permitido de parar de tomar as horríveis pílulas assim que

ele começou a fingir que não via mais as sombras. Mas ele continuava sem

ter controlo sobre elas quando apareciam. Tudo o que ele sabia era que o

catálogo mental dos lugares que eles apareceram para ele no passado –

florestas densas, águas turvas – se tornaram os lugares que ele evitava a

todo custo. Tudo o que ele sabia era que quando as sombras vinham, elas

estavam acompanhadas de um frio calafrio sobre sua pele, um repugnante

sentimento diferente de qualquer outra coisa.

jimin sentou de pernas abertas em uma das arquibancadas e segurou suas

têmporas entre seus polegares e dedos médios. Se ele queria fazer aquilo

completamente hoje, ele tinha que colocar seu passado em recesso na sua

mente. Ele não conseguia sondar sua memória daquela noite por ele

mesmo, então não havia nenhum jeito dele arejar todos os detalhes

horríveis para algum esquisito, maníaco estranho.

Em vez de responder, ele observou taehyung, que estava deitado de costas

para as arquibancadas, um par de enormes óculos escuros esportivos

cobrindo o melhor da sua face. Era difícil afirmar, mas ele estava olhando

para jimin, também, porque, depois de um segundo, ele se levantou das

arquibancadas e sorriu.

– Corte meu cabelo como o seu. – Ele disse.

– O quê? – jimin engasgou. – Seu cabelo é lindo. –

Era verdade: taehyung tinha um longo, cabelo, que jimin tinha

perdido desesperadamente. Seus cabelos castanhos soltos brilhavam na luz do

sol, ganhando um tom avermelhado. jimin enfiou seu cabelo atrás das

orelhas, mesmo que ele ainda não fosse longo o bastante para fazer

qualquer coisa exceto bater de volta na frente deles.

– Linda porcaria – taehyung disse – O seu é sexy, moderno. E eu quero ele.

– Oh, um, okay, – jimin disse. Seria isso um elogio? Elr não sabia se

deveria estar lisonjeado ou enervado com o jeito que taehyung assumiu que

poderia ter o que desejasse, até quando isso pertencia a outra pessoa. –

Onde nós vamos conseguir - –

– Tcharã, – tsehyung abriu sua bolsa e tirou de lá o canivete suíço rosa que

Gabbe havia deixado na caixa de perigos. – Que foi? – ele disse, vendo a

reação de jimin. – Eu sempre mantenho meu dedo pegajoso no dia que os

novos estudantes tem que se livrar dessas coisas. A ideia sozinha me veio

em meus dias de cão no entretenimento da Sword & Cross... Hm...

Acampamento de verão. –

– Você passa o verão inteiro... Aqui? – jimin estremeceu.

– Ha! Falando como um verdadeiro novato! Você provavelmente está

esperando umas férias de primavera. – Elo atirou para jimin o canivete

suíço. – Nós não vamos deixar esse inferno. Nunca. Agora corte. –

– E as câmeras? – jimin perguntou, olhando em volta, com o canivete em

mãos. Haveria câmeras em algum lugar aqui.

taehyung sacudiu a cabeça. – Me recuso a me associar com maricas. Você

pode lidar com isso ou não? –

jimin assentiu.

– E não me diga que você nunca cortou um cabelo antes. – taehyung

agarrou o canivete suíço por trás de jimin, puxou a ferramenta de tesoura

e entregou-o de volta. – Nenhuma outra palavra até você me dizer o quão

fantástica fiquei.

– No – salão – da banheira de seus pais, a mãe de jimin havia puxado os

restos de seu longo cabelo em um bagunçado rabo-de-cavalo, antes de

jogar tudo aquilo fora. jimin estava certo de que havia um método mais

estratégico de cortar cabelos, mas como alguém que evitara cortes de

cabelo durante toda a vida, a técnica do rabo-de-cavalo era a única que

conhecia. Ele recolheu o cabelo de taehyung em suas mãos, pegou o elástico

que estava em volta de seu pulso, segurou a pequena tesoura firmemente

e começou a cortar.

O rabo-de-cavalo caiu nos pés dele e taehyung sobressaltou-se e apanhou

subitamente. Ele o pegou e segurou na direção do sol. O coração de jimin

se comprimiu com a visão. Ele estava agonizando pelo seu próprio cabelo

perdido, e todas as outras perdas que isso simbolizava. Mas taehyung só

deixou um delicado sorriso espalhar pelos seus lábios. Ele correu os dedos

pelo rabo-de-cavalo, e depois o jogou dentro da bolsa.

– Maravilhoso, – ele disse. – Continue. –

– taehyung – jimin sussurrou, antes que pudesse parar a si mesma. – Seu

pescoço. Está todo –

– Cheio de cicatrizes? – taehyung disse. – Você pode dizer isso. –


A pele do pescoço de taehyung, desde a parte de trás de sua orelha direita

até seu colar de ossos estava com reentrâncias, marmorizadas e

brilhantes. A mente de jimin foi até Trevor – para aquelas horríveis

imagens. Até seus próprios pais não a olharam depois que o viram. Ele

estava tendo um mal momento olhando para taehyung agora.

taehyung agarrou a mão de jimin e pressionou contra sua pele. Era quente e

frio, ao mesmo tempo. Era liso e áspero.

– Eu não tenho medo disso, – taehyung disse. – Você tem? –

– Não. – jimin disse, enquanto ela desejava que taehyung tirasse sua mão,

então jimin poderia tirar a dele também. Seu estômago se contorceu

quando ele se questionou se a pele de Trevor seria assim.

– Você tem medo do que realmente é, jimin? –

– Não, – jimin disse outra vez, rapidamente. Deveria ser óbvio que ele

estava mentindo. Ele fechou os olhos. Tudo que ele desejava da Sword &

Cross5

era um novo começo, um lugar onde as pessoas não olhariam para

ele como taehyung estava olhando agora. No portão da escola essa manhã,

quando seu pai sussurrou o lema da família em seu ouvido - – Prices

nunca quebram – - parecia possível, mas agora jimin sentia-se decaído e

expoMiss Ele tirou sua mão. – Então, como isso aconteceu? – ele

perguntou, olhando para baixo.

– Se lembra que eu não pressionei você sobre o que você fez para estar

aqui? – tsehyung perguntou, erguendo suas sobrancelhas.

jimin assentiu.

taehyung gesticulou para as tesouras. – Arrume a parte de trás, ok? Talvez

isso me faça parecer realmente bonito. Talvez me faça parecer com você.

Mesmo com o mesmo corte, taehyung permaneceria como uma versão

subnutrida de jimin. Enquanto jimin estava ocupado com seu primeiro

corte de cabelo, taehyung estava dentro das complexidades da vida na

Sword & Cross.

– Esse bloco de celas ali é Augustine. É lá onde nós temos nossos tão

falados eventos sociais nas noites de quarta-feira. E todas as nossas aulas,

– ele disse, apontando para a construção com cor de dente amarelado,

dois prédios à direita do dormitório. Parecia que havia sido desenhado


pelo mesmo sádico que desenhara o Pauline. Era tristemente quadrado,

tristemente parecido com uma fortaleza, cercado pelo mesmo arame

farpado e janelas com grades. Uma névoa cinza fazia as paredes

parecerem camufladas por musgos, tornando impossível de ver se alguém

estava lá.

– Aviso claro, – taehyung continuou – Você vai odiar as aulas aqui. Você

não é humana se não odiar. –

– Por quê? O que há de tão ruim com elas? – jimin perguntou. Talvez

taehyung apenas não gostasse de escola no geral. Com seu esmalte preto,

 e a bolsa preta que parecia grande o suficiente para

caber apenas o novo canivete suíço dele, ele não parecia exatamente um

estudioso.

– As aulas que temos aqui são perversas – disse taehyung – Pior, elas

estripam fora a nossa alma. De oito garotos neste lugar, eu digo que

devemos ter apenas tês almas restando. – Ele deu uma olhada. – Não dito

de qualquer forma...

– As aulas aqui são sem alma – , disse taehyung – Pior ainda, eles tiram

você da sua alma – Das oitenta crianças neste lugar, eu diria que nós só

temos cerca de três almas restantes – . Ele olhou para cima – Não dito, de

qualquer maneira ... –

Isso não parecia proMissor, mas jimin ficou pendurado numa outra parte

da resposta de taehyung – Espere, há apenas oitenta crianças na escola

inteira? – No verão antes de ir para Dover, jimin se debruçara sobre o

manual de estudantes na perspectiva da espessura, para memorizar todas

as estatísticas – Mas tudo o que tinha aprendido até agora sobre a Sword

& Cruz a surpreendeu, fazê-lo perceber que ele estava vindo para a escola

reforma completamente despreparado –

taehyung assentiu com a cabeça, fazendo jimin acidentalmente tesourar fora

um pedaço de cabelo que ela queria deixar – Oops – Esperando que

taehyung não tenha notado. Ou talvez ele só ache que ele estava irritada –

– Oito classes, dez garotos, um estoiro – Você conhece toda a sujeira

muito rapidamente, –

taehyung disse – E vice-versa –


– Eu acho que sim – , concordou jimin, mordendo o lábio – taehyung estava

brincando, mas jimin perguntou se ele estaria sentada aqui com aquele

sorriso frio em seu olhos castanhos pastel se soubesse a natureza exata do

passado de jimin – Quanto mais tempo jimin poderia manter seu passado

em segredo, melhor seria para ele –

– E você vai querer orientar-se claro nos casos difíceis –

– Casos difíceis? –

– As crianças com os dispositivos, pulseira de rastreamento – , disse

taehyung – Cerca de um terço do corpo estudantil. –

– E eles são os únicos que – .

– Você não quer se meter com. Confie em mim – .

– Bem, o que eles fazem? – jimin perguntou: –

Tanto quanto jimin queria manter sua própria história em segredo, ele não

gostou da maneira de taehyung a tratá-lo como uma espécie de ingénuo –

Tudo o que esses garotos tinham feito não poderia ser muito pior, do que

o que todos disseram que ela tinha feito – Ou poderia? Afinal, ele sabia

quase nada sobre essas pessoas e esse lugar. A possibilidade de despertou

um medo cinza frio na boca do estômago –

– Oh, você sabe – , taehyung demorou – Ajudar em actos terroristas – até

picar até seus pais e os assar no espeto – .Ele virou-se para encarar jimin

– Cale-se – , disse jimin –

– Estou falando sério – Aqueles psicopatas estão sob restrições muito

mais rigorosas do que o resto dos desaparafusados aqui – Chamamos-

lhes os algemados. –

jimin riu do tom dramático de taehyung –

– Seu corte de cabelo está feito – , disse ele, passando as mãos pelos

cabelos de taehyung para dar um pouco de volume – Na verdade, parecia

realmente cool –


– Doce – , taehyung disse: – Ele virou o rosto para jimin – Quando ele

passou os dedos pelo cabelo dele, as mangas do suéter preto cairam em

seus braços e jimin teve um vislumbre de uma pulseira preta, com linhas

pontilhadas de pregos de prata, e, no pulso, outra banda que parecia mais

... mecânica – taehyung  o pegou olhando e ergueu as sobrancelhas

diabolicamente –

– Eu disse, ya – , disse ele – Total malditos psicopatas. – Ele sorriu –

Venha, eu lhe darei o resto do tour. –

jimin não tinha muita escolha – Ele dispersou abaixo nas arquibancadas

após taehyung, esquivando-se quando um dos abutres peru desceu

perigosamente baixo – taehyung, que não pareceu perceber, apontou para

uma igreja envolvida em líquen6

na extremidade direita da área publica –

– Aqui você vai ver o ginásio de ponta, – ele disse, assumindo um tom

nasalado de guia turístico. – Sim, sim, para os olhos inexperientes parece

uma igreja. Costumava ser. Nós temos um tipo de arquitetura de segunda

mão na Sword & Cross. Alguns anos atrás, algum maluco por exercícios

físicos apareceu falando besteira sobre como supermedicar os

adolescentes arruina a sociedade. Ele doou uma tonelada de dinheiro de

merda então eles transformaram a igreja num ginásio. Agora os poderosos

podem pensar que a gente desconta nossas "frustrações" de um jeito

mais "produtivo". –

jimin gemeu. Ele sempre detestou educação física.

– Garoto do meu coração, – taehyung se condoeu – Treinador Diante é di-

a-bó-li-co. –

Enquanto jimin se movimentou para acompanhar, ele reparou no resto do

recinto. O complexo da Dover havia sido bem cuidado, tudo manicurado e

pontilhado em espaços uniformes, árvores cuidadosamente podadas.

Sword & Cross parecia que havia tudo caído subitamente e abandonado

no meio de um pântano. Salgueiros cujos galhos apontavam para baixo

balançavam para o chão, kudzus7

cresciam pelo muro em lençóis, e todo o


6:Thallophytic - qualquer de numerosas plantas intricadas, constituídas por uma alga ou fungo.


7:Planta, daquelas que geralmente crescem em volta de lugares abandonados.


terceiro piso escutava o barulho do respingo.

E não era apenas a maneira que o local parecia. Cada respiração úmida de

jimin permanecia presa em seus pulmões. Apenas respirar na Sword &

Cross fazia ele se sentir como se estivesse atolando em areia movediça.

– Aparentemente os arquitetos entraram num impasse enorme sobre

como melhorar o estilo dos prédios da antiga academia militar. O

resultado é que nós acabamos em um lugar metade penitenciária, metade

zona de tortura medieval. E sem jardineiro, – taehyung disse, tirando um

pouco de limo de suas botas de combate. – Tosco. Oh, e aqui está o

cemitério. –

jimin seguiu taehyung apontando o dedo para a parte mais longe do lado

esquerdo do terreno, após o dormitório. Um manto ainda mais espesso de

névoa pairava sobre a porção de terra sem muros. Era delimitado dos três

lados por uma densa floresta de carvalhos. Ele não podia ver dentro do

cemitério, que parecia quase afundar-se debaixo da superfície, mas ele

podia sentir o cheiro da podridão e ouvir o coro de cigarras zumbindo nas

árvores. Por um segundo, ele pensou que ouviu o silvo das sombras – mas

ele piscou e eles se foram.

– Isso é um cemitério? –

– Ahã. Isso costumava ser uma academia militar, muito tempo atrás nos

dias da Guerra Civil. Então era aqui que eles jogavam todos os seus

mortos. É arrepiante como todos caem fora. E meu sinhô, – taehyung disse,

acumulando um falso sotaque suliMiss – Isso fede até os céus! – Então,

ela piscou para jimin. – Nós ficamos lá para caramba. –

jimin olhou para taehyung para ver se ela estava brincando. taehyung só deu

de ombros.

– Okay, foi só uma vez. E foi só depois de um grande pharmapalooza8

. –

Ora, essa era uma palavra que jimin reconhecia.

– Arrá – taehyung riu. – Eu acabei de ver uma luz acender aí em cima.

Então, alguém está em casa. Bem, jimin, minha querida, você

provavelmente foi a festas de internatos, mas você nunca viu como as

crianças de reformatórios colocam tudo abaixo. –

– Qual é a diferença? – jimin perguntou, tentando esconder o fato que


8:Gíria: mistura de medicamentos com efeito psicotrópico.


ele nunca foi a nenhuma grande festa na Dover.

– Você vai ver. – taehyung parou e se virou para jimin. – Você vem essa

noite e fica lá, okay? – Ele surpreendeu jimin pegando sua mão. –

Promete? –

– Mas eu pensei que você disse que eu devia manter distância dos casos

perigosos, – jimin brincou.

– Regra número dois – Não me escute! – taehyung gargalhou, balançando a

cabeça. – Eu sou certificavelmente insano! –

Ele deu uma corridinha e jimin foi atrás dele.

– Espere, qual é a regra número um? –

– Acompanha! –

***

Quando eles viraram a esquina das salas de aula de paredes de bloco de

cimento, taehyung deu uma parada. – Pareça legal, – ele disse.

– Legal, – jimin repetiu.

Todos os outros estudantes pareciam estar agrupados em volta das

árvores estranguladas pelo kudzu do lado de fora do Augustine. Nenhum

deles parecia exatamente feliz por estar do lado de fora, mas ninguém

parecia exatamente pronto a entrar, também.

Nunca houve muito código de vestimenta na Dover, então jimin não

estava acostumada com a uniformidade do corpo estudantil. Então,

novamente, apesar de todos ali usarem os mesmos jeans pretos, blusas de

gola alta pretas, e suéteres pretos amarrados sobre seus ombros ou em

volta da cintura, continuava havendo diferenças substanciais no jeito que

eles o usavam.

Um grupo de garotas tatuadas paradas em um círculo cruzado usavam

pulseiras até seus cotovelos. As bandanas pretas no cabelo delas lembrou

a jimin um filme que ele viu uma vez sobre gangues femininas de

motocliclistas. Ele alugou porque pensou: O que pode haver de mais legal

que uma gangue de motoqueiros só de mulheres? Agora os olhos de jimin

trancaram-se em uma das garotas no gramado. O estrabismo lateral da

garota de olhos-de-gato delineados de preto fez jimin rapidamente mudar

a direção de seu olhar.


Um cara e uma garota que estavam de mãos dadas tinham lantejoulas

costuradas em formato de ossos cruzados nas costas de seus suéteres

pretos. A cada poucos segundos, um dos dois puxava o outro pra um beijo

nas têmporas, no lóbulo da orelha, nos olhos. Quando eles envolveram

seus braços em volta um do outro, jimin pode ver que ambos usavam

pulseiras de rastreamento que estavam piscando. Eles pareciam um pouco

rudes, mas estava óbvio o quanto eles estavam apaixonados. Toda vez que

ele via as argolas de suas línguas piscando, jimin sentia um aperto solitário

beliscando seu peito.

Atrás dos namorados, um grupo de garotos loiros estavam pressionados

contra a parede. Cada um deles usava seu suéter, apesar do calor. E todos

eles tinham camisas oxford brancas por baixo, o colarinho engomado para

cima. As barras remendadas de suas calças pretas batiam na beira de seus

sapatos polidos, que calçavam perfeitamente. De todos os estudantes no

perímetro, esses garotos pareciam para jimin os mais próximos do estilo

da Dover. Mas um olhar mais aproximado rapidamente os diferenciava

dos garotos que ele costumava conhecer. Os caras como Trevor.

Apenas estando em grupo, esses garotos radiavam um tipo especial de

tenacidade. Estava bem ali no olhar de seus olhos. Era difícil de explicar,

mas isso de repente surpreendeu jimin, que assim como ele, todos nessa

escola tinham um passado. Todos aqui provavelmente possuiam segredos

que não queriam compartilhar. Mas ele não sabia se essa descoberta a

fazia se sentir mais ou menos isolado.

taehyung percebeu os olhos de taehyung rondando os outros alunos.

– Nós todos fazemos o que podemos para sobreviver durante o dia, – ele

disse, encolhendo. – Mas no caso de você não ter observado os abutres

aproveitadores, esse lugar cheira muito bem a morte. – Ele tomou um

lugar em um banco debaixo de um salgueiro e afagou o lugar perto dele

para jimin.

jimin afastou um amontoado de folhas molhadas em decomposição, mas

logo antes de sentar, ela notou outra violação do código de vestimenta.

Uma violação muito atraente.

Ele vestia uma brilhante echarpe vermelha em volta do seu pescoço.

Estava longe de estar frio lá fora, mas ele tinha uma jaqueta de couro

preta de motociclista em cima de seu suéter preto, também. Talvez fosse


porque ele era o único ponto de cor no perímetro, mas ele era tudo que

jimin podia olhar. Na verdade, tudo parecia pálido em comparação a isso.

Por um longo momento, jimin se esqueceu de quem era.

Ele notou seu cabelo loiro profundo  apropriado. Suas

maçãs do rosto salientes, os óculos escuros que cobriam seus olhos, a

forma suave de seus lábios. Em todos os filmes que  tinha visto, em

todos os livros que ele havia lido, o interesse amoroso era

enlouquecedoramente bonito – exceto por aquela única pequena falha. O

dente lascado, o charmoso topete, a bela marca em sua bochecha

esquerda. Ele sabia por que – se o herói fosse imaculado demais, havia o

risco dele ser inacessível. Mas acessível ou não, jimin sempre teve um

fraco pelos sublimemente bonitos. Como esse cara.

Ele inclinou-se contra o prédio com suas mãos cruzadas suavemente sobre

seu peito. E por um milésimo de segundo, jimin viu uma rápida imagem

dele jogado nos braços dele. Ele sacudiu a cabeça, mas a visão permanecia

tão clara que ela quase decolou em direção a ele.

Não. Isso era louco. Certo? Mesmo numa escola cheia de malucos, jimin

estava certa de que aquele instinto era insano. Ele nem ao menos

conhecia ele.

Ele estava falando com um aluno de dreads e sorriso cheio de dentes. Os

dois estavam rindo forte e genuinamente – de um jeito que fez jimin se

sentir estranhamente enciumada. Ele estava tentando lembrar qual foi a

última vez que ela riu, realmente, daquele jeito.

– Esse é Min Yoongi , – taehyung disse, se inclinando e lendo sua mente.

– Eu posso dizer que ele chamou a atenção de alguma pessoa. –

– Eufemismo, – jimin concordou, envergonhada quando ele percebeu

como ele devia ter parecido para taehyung.

– É bem, se você gosta desse tipo de coisa. –

– O que tem para não gostar? – jimin disse, sem conseguir fazer as

palavras pararem de sair.

– O amigo dele lá é Roland, – taehyung disse, apontando na direção do

garoto negro. – Ele é legal. O tipo de cara que pode colocar sua mão nas

coisas, 'cê sabe? –

Não realmente, jimin pensou, mordendo seu lábio. – Que tipo de coisas? –

taehyung encolheu, usando seu canivete suíço roubado para cortar uma


vertente desgastada de seu jeans preto. – Apenas coisas. Tipo de coisas

que você-pede-e-recebe. –

– E Yoongi? – jimin perguntou. – Qual é a história dele? –

– Oh, ela não desiste. – taehyung riu, depois limpou a garganta. – Ninguém

sabe de verdade, – ele disse. – Ele guarda bem firme sua misteriosa

personalidade masculina. Pode ser simplesmente o típico babaca de

reformatório. –

– Eu não sou estranho a babacas, – jimin disse, embora assim que as

palavras saíram, ele desejou poder pegá-las de volta. Depois do que

aconteceu com Trevor – o que quer que tenha acontecido – ele era a

última pessoa que deveria julgar pelas aparências. Mas, mais do que isso,

nas raras vezes que ele fazia uma pequena referência àquela noite, o

dossel preto das sombras se deslocava e voltava para ele, como se ele

estivesse de volta ao lago.

Ele olhou de volta para Yoongi. Ele tirou seus óculos e os deslizou para

dentro de sua jaqueta, então, virou-se e olhou para ele.

Seu olhar apanhou o dela, e jimin viu enquanto seus olhos alargaram-se e

rapidamente se estreitaram em um olhar surpreso. Quando o olhar de

Yoongi capturou o dele, sua respiração ficou presa em sua garganta. Ele o

reconhecia de algum lugar.

Mas ele iria se lembrar de conhecer alguém como ele. Ele iria se lembrar

de se sentir tão absolutamente assombrada quanto se sentia agora.

Ele percebeu que eles ainda estavam com os olhos presos quando ele

relampejou um sorriso para ele. Um jato de calor foi atirado nele e ele

teve que agarrar-se ao banco para se apoiar. Ele sentiu os lábios dele

derreteram-se num sorriso de volta para ele, mas então ele levantou sua

mão no ar.

E mostrou-lhe o dedo do meio.

jimin arfou e deixou seu olhar cair.

– O quê? – taehyung perguntou, alheia ao que havia acontecido. –

Esquece, – ele disse. – Nós não temos tempo. Eu sinto o sinal. –

O sinal tocou na dica, e todo o corpo estudantil começou o lento arrastar

de pés para dentro do prédio. taehyung estava segurando na mão de jimin e

declamando orientações sobre onde se encontrar com ele depois e

quando. Mas jimin continuava cambaleando por aquele perfeito estranho


ter-lhe mostrado o dedo do meio. Seu delírio momentâneo sobre Yoongi

sumiu. Qual era o problema daquele cara?

Logo antes de ele entrar em sua primeira aula, ele ousou olhar para trás.

Seu rosto estava vazio, mas não havia dúvida - ele estava observando ele ir

embora.

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