O resultado estava ali, mas eu não queria abri-lo.
Estava sentada na cafeteria próxima ao escritório, quando avistei Aurora aproximar-se. Tratei de esconder o envelope dentro de minha bolsa rapidamente.
−Naty, não fora ao médico? –ela perguntou sentando-se em minha frente.
−Fui, e vou novamente, a doutora pediu uns exames.
−Algo grave? – a preocupação estava presente em seu tom de voz.
− Não − a tranquilizei − somente rotina.
−E ai? Como foi a mudança?
−Foi tranquila – sorri par deixar o momento mais descontraído − apesar de Daniel ir ajudar e Ian também estava lá.
−Como? – ela gargalhou − não rolou uma guerra? Pois na boate deu para perceber um clima pesado, você lá dançando com Daniel, Ian não esta morrendo de ciúmes?
−Está – concordei deixando de lado a descontração −, mas ele tem que aprender ser um pouco mais confiante, e menos machista.
−Certo.
Pedimos um lanche e um café Aurora tinha que voltar para o escritório, e eu tinha minha consulta.
Novamente o medo tomou, eu não consegui abrir o exame e sentei na sala de espera tentando inspirar e expirar o ar lentamente para relaxar, inutilmente!
Alguns poucos minutos se passaram até que fui chamada.
− Fez o exame Nataly? – a doutora perguntou com o seu constante sorriso estampado.
−Sim- entreguei o envelope a ela –aqui está.
−Vejo que não abriu – ela verificou o envelope ainda lacrado − não esta curiosa?
−Na verdade – fiz uma pequena pausa − estou com medo.
− Saiba que um bebê é o menor dos problemas que se resultam uma relação sem preservativo, mas vamos ver − ela abriu o envelope, parecia ser em câmera lenta, a vi retirar o exame de dentro, ler, e dar um leve sorriso.
−E ai doutora? – gotas de suor já se acumulavam em minha nuca.
− Nataly, você não esta gravida, pode ficar aliviada – foi como se um peso enorme fosse retirado de cima de meus ombros −agora vejamos como resolver seu caso com contraceptivos, e use este susto para aprender algo.
Não era nenhuma adolescente, entretanto me senti como tal.
Totalmente aliviada, saí do consultório rumo ao escritório, o trabalho estava acumulado, então tratei de fazer todas as tarefas do quadro de hoje.
Eu mal via July ultimamente, e tive a certeza que não estava mais sendo sua assistente assim que nossas agendas estavam sempre separadas, desejei que no final do mês o trabalho extra fosse recompensado, eu não era agraciada com uma sala o que deixava tudo mais confuso.
Assim que o expediente chegou a seu fim, consegui deixar tudo referente a uma nova campanha publicitária organizado, duas marcas novas iriam usar como imagem o novo casal do momento Vanessa e James.
Decidi que teria de descarregar esta adrenalina do susto pela manha e da tarde carregada de burocracia, resolvi ir a academia usar as horas que tinha direito.
Optei por fazer uma aula de king box, Caroline foi extremamente prestativa em conseguir uma turma que os horários coincidiam com os meus.
A sala usada para essa aula, era a oposta a minha sala de pole dance, que nesse dia comportava uma turma de dança do ventre.
Fui uma das primeiras alunas a estar presente quando o professor chegou e para a minha surpresa o próprio Daniel entrou na sala.
−Nataly – ele ficou surpreso a me ver − não esperava te ver hoje, sua aula é amanha!
− Resolvi ser a aluna hoje – ele sorriu tão largamente que era fácil se perder no brilho de seus dentes brancos e perfeitos − tenho muita coisa para descarregar.
−Certo – ele começou a organizar a sala – esse é um bom exercício para descarregar estresse.
Aos poucos mais alunas chegavam e como sempre o assedio estava visível.
Por ser a minha primeira aula Daniel estava dando toda atenção necessária, pelo menos era o que concluí pelo fato dele estar mais ao meu lado do que os demais presentes.
− Naty, mantenha as pernas afastadas, e a posição das mãos em defensiva − enquanto me explicava ele colocava meus membros inferiores e superiores na posição correta – mantenha suas mãos na altura de seu rosto − quando pegou em meus braços para mostrar, ele ficou cara a cara comigo, seus olhos azuis eram penetrantes e transmitiam desejo, eu devia evitar, eu queria me reconciliar com Ian, mas estando próxima de Daniel assim era fácil esquecer de tudo.
Desviei-me do olhar e mantive meu foco, agora com mais raiva.
− Isso, agora concentre a sua força nessa região – ele segurou em minha cintura firmemente.
Chutes e socos, o boneco em minha frente era tão duro que minha pele clara estava com manchas vermelhas.
Assim que a aula chegou a seu fim fui ao vestiário e não resisti a um banho, o que relaxou a tensão e realmente eu havia descarregado muita coisa.
Rumei a saída quando escutei o meu nome.
− Naty! – era Daniel − espere, quer um suco ou algo para comer, você esforçou-se de mais.
−Tudo bem. – dei de ombros, realmente estava faminta.
Fomos à lanchonete da própria academia, claro que tudo era light ou integral, mas Daniel facilitou pedindo tudo em dobro.
−Nataly – ele começou a falar no instante que eu mordia um sanduiche natural, que diga-se estar muito bom − eu tenho uma proposta para você.
−Qual? –perguntei naturalmente degustando o suco maravilho, sério eu deveria mudar minha alimentação, esses alimentos leves são bons mesmo.
−Não posso falar agora – arregalei meus olhos, como ele me diz ter uma proposta e não pode falar − se estiver interessada em ampliar suas aulas, quero te propor algo maior, você me acompanharia a um lugar?
Fiquei receosa com aquilo, mas arrisquei.
−Tudo bem. – falei observando ele comer tranquilamente seu lanche.
Assim que terminamos fiz menção de pagar a conta, porém ele não permitiu.
−Vamos então. – ele abriu a porta da academia e percebi o olhar de Caroline diretamente nessa atitude.
Assim que descemos e nos encaminhamos para seu carro, senti um temor do que me aguardava, eu já tinha provas que Daniel era confiável, porém não o conhecia totalmente.
O caminho foi rápido e silencioso Daniel não deu nenhuma pista do que poderia esperar.
Chegamos a um prédio afastado próximo aos limites da cidade, era visível que acabara de passar por uma reforma.
−O que fazemos aqui? – perguntei assim que ele desligou o motor.
− Espere, meu irmão já vai chegar, a proposta na verdade é dele – isso ficava cada vez mais estranho − Naty quero que saiba que independente de sua resposta nossa relação continue a mesma.
Daniel abriu a porta do carro e saiu, ele sentou no capo fiquei por um tempo sentada analisando a situação! Subitamente abri a porta e sai.
−Porque está ai fora esperando sozinho? – falei encostando ao seu lado cruzando os braços.
− Naty – ele pausou observando o prédio a nossa frente − não consigo ficar perto de você e não sentir desejo, desculpe minha sinceridade, mas é assim.
Porra aquilo me pegou desprevenida, ele estava se declarando ali, daquela forma,
− Entenda − ele continuou e aproximou-se, tentei me esquivar inutilmente minha perna não movia-se – Eu estou sendo sincero – sua mão foi até uma mecha teimosa de meu cabelo e colocou atrás de minha orelha.
−Daniel ... – ele me encarou bem nos olhos.
− Sei que Ian foi um babaca com você, mas sei que ele ainda ocupa seu coração – a aproximação estava aumentando − por isto eu quero evitar, mas não consigo.
Respirei fundo e mordi o lábio, ele encarou o gesto, e não sei exatamente em que momento seus lábios estavam nos meus.
Eu queria relutar, empurrar, mas não o fiz, eu o deixei ali trabalhando seus lábios nos meus sem reação, e de repente eu cedi, meus braços envolveram seu pescoço, seus lábios eram doces e deliciosos, esqueci-me do mundo por um momento.
Vi uma luz aproximando-se e me afastei.
− Daniel – eu tentei achar a palavra certa, porém estava sem raciocínio logico naquele instante.
− Me desculpe – ele disse ofegante.
− Calma, eu retribui, mas... −O carro encostou e Stevan desceu.
− Meu irmão! − Daniel afastou-se limpando os lábios.
O que eu fiz, minha consciência pesou, eu não estava em um relacionamento com Ian, no entanto ele deixou claro sua intenção de voltar e dei esperanças.
Daniel cumprimentou seu irmão com um abraço bem masculino, seguido de tapinhas nas costas, fiquei pensando se ele viu algo da cena que acabou de acontecer.
− Nataly – ele estendeu sua mão em minha direção, eu retribui o cumprimento.
− Daniel disse que você teria uma proposta! – tratei de começar o assunto.
− Vamos, irá entender melhor assim que entrarmos – ele retirou de seu bolso um molho de chaves e seguimos a entrada do prédio onde ele abriu a porta.
O ambiente escuro não dava nenhuma mostra do que se tratava, Stevan logo caminhou sabendo exatamente onde andar, logo ouvi um click e em seguida uma sequencia de luzes eram acessas.
O local iluminado era amplo, havia mesas espalhadas três palcos bem distribuídos, observei o mastro do pole dance em um deles.
Uma pista de dança estava em outro ambiente que trazia uma divisão de vidro, as cores e a decoração deixavam claro o que aquele luar seria.
− O que vocês querem? – perguntei antes de qualquer palavra ser dita por alguém – querem que eu dance em um clube novamente?
−Não exatamente – Stevan falou − Daniel não me deixou fazer esta proposta a você – ele deu uma olhada para o irmão − embora o convite fique em aberto.
− Então se não quer que eu dance, qual a proposta? − indaguei.
Eu gostaria que treinasse as meninas, e que ensinasse como portasse com clientes, quero um clube tão bem visto quanto o de Baltazar, um pouco mais moderno.
− Mais moderno? – continuei a observar o ambiente, era muito maior que o de Baltazar, e claro que a disposição de tudo era bem diferenciada.
− Pode ver que teremos shows alternados – ele apontou para os três palcos − quero um padrão fino, e isso se consegue treinado as próprias dançarinas, pois nada de vícios de outros lugares.
− Somente treinar? – ainda a duvida pairava em minha mente.
− Sim, e ser nossa promoter nesta parte, organizar os shows para você que esteve no meio tudo fica mais fácil como escolher as musicas, organizar uma apresentação e montar as coreografias.
− Eu trabalhei por pouco tempo com Baltazar − realmente, minha experiência não serviria.
− Meu irmão disse que você dá conta.
− Daniel é um otimista – encarei o próprio que mantinha um sorriso nos lábios – ele só conhece poucas aulas que dou.
− Confio na analise dele – ele virou-se e me encarou − também faço um convite de você ser a apresentação principal na estreia. Mas somente na inauguração! Topa?
Bingo, ai estava o ponto.
−Acho que preciso pensar.
Era tentador, principalmente quando ele falou na quantia em dinheiro, eu só dançaria uma vez, e ai só organizava os shows, seria promoter, com este salario eu nem precisava trabalhar na agencia mais, somente na academia e no novo clube.
−Promete pensar com clareza? – ele insistia em frisar as vantagens.
−Sim.
Eles me mostraram mais do clube, seria uma boate conjunta, assim mulheres estariam ali também, a dança era uma atração a parte.
Durante o caminho de volta para casa, fiquei calada, não conseguia verbalizar o que estava sentindo, era uma confusão interna.
Revi os últimos acontecimentos Ian e Daniel durante a mudança, a disputa, Ian pedindo perdão e dizendo que quer voltar, meu coração traiçoeiro e o susto que passei achando que estava grávida. Tudo rodava em minha cabeça e eu não sabia o que acontecia comigo.
− O que esta pensando? – Daniel quebrou o silêncio.
− Em tudo! – era a verdade resumida.
− Naty, desculpe, eu sou...
− Daniel não precisa de desculpas, já ouviu o ditado “Quando um não quer dois não fazem”, você não me forçou a nada, simplesmente aconteceu. – dei de ombros.
− Eu sei que é complicado, mas também sei que significou mais para mim do que para você.
− Não é bem assim, a minha vida emocional anda uma bagunça – conclui. − me de um tempo.
−Tudo bem.
Calei-me novamente, meus diálogos com os homens estavam sempre terminando na frase “Tempo” minha vida amorosa se resumia a essa palavra.
− Naty − Daniel novamente me tirou de meu devaneio.
−Sim? – o encarei.
− Não se sinta pressionada quanto à proposta de Stevan, se fosse por mim ele nem teria a feito.
−Eu não ligo achei interessante, gostei da parte de treinar as garotas e trabalhar nessa parte, o que estou pensando é no fato de se faço uma apresentação no dia da inauguração ou não.
− Pense com calma, você é maravilhosa no que faz, eu vejo isto como uma arte a qual você domina, e também vejo o quanto gosta disto.
−Eu não danço para me mostrar para os homens – as palavras saíram praticamente automáticas, talvez como uma auto avaliação − quando estava no palco eu nem pensava que estava sendo observada, na verdade a minha mente focava somente em um...
− Ian! – ele completou.
Fiquei sem jeito nesta afirmação, mas não podia negar.
−Sim, e mesmo quando dou aulas eu amo isto, é um trabalho com bônus, me relaxa.
− Ian deveria dar valor a isto, você já disse para ele tudo isto que esta me dizendo?
−Não com estas palavras. – ele estacionou o carro em frente a meu prédio e virou-se em minha direção.
− Nós os homens temos um problema sério com palavras, entendemos literalmente o que ouvimos, não ache que Ian vá entender por si seus sentimentos referentes a dança, que não vai acontecer, você tem que deixar claro sua posição.
Em que momento Daniel passou de pretendente á amigo conselheiro?
−Você não entende, Ian é machista e não quer admitir, ele acha que é um absurdo, que é como estar mostrando o que é dele aos outros.
− Isso é retorico não acha? – ele começou a gargalhar − não consigo pensar assim, Ian é um babaca que não dá valor ao que tem.
−Esquece tudo isso Daniel.
−Desculpe falar dessa forma, sei que você gosta muito dele.
No momento da despedida, os lábios de Daniel tocaram minha bochecha e ambos fechamos os olhos e ficamos por um tempo ali, eu custei a me mover, entretanto nenhum de nós avançou mais a linha de amizade. Isso foi bom eu desci e ele arrancou o carro.
(***)
Quando cheguei ao apartamento as garotas estavam desencaixotando as coisas.
−Até que em fim − Taty foi a primeira a chamar minha atenção – onde estava?
− Virou minha mãe agora? – a desafiei enquanto busquei agua na geladeira.
−Não precisa ser grossa – ela saiu bufando
−Nem fui grossa – olhei em direção a Alice que deu de ombros.
−Não liga não ela somente fica preocupada, nunca irá perder esse ar superior.
− Somente não gosto de dar satisfação, vim para KC para ter uma vida e se vocês morarem comigo for me privar disso não sei o que fazer.
−Desculpa – Taty voltou – eu não queria me meter, só fiquei realmente preocupada.
−Tudo bem sua loira rabugenta, eu estava com Daniel.
−Me conte tudo – seu humor logo mudou consideravelmente.
−Nada de mais, ele me levou para um local novo e me fez uma proposta, na verdade seu irmão.
−Naty e onde Ian se encaixa nisso – Alice falou sentando ao lado de Taty na bancada da cozinha.
−Ian não está nesse assunto Alice – Taty a advertiu recebendo uma carranca dela.
−Nisso eu tenho que concordar com Taty – falei duramente e Alice me encarou firme.
−Vamos esqueça Ian e conta tudo.
−Stevan irá abrir um clube, como o que eu trabalhei e me fez uma proposta quase irrecusável.
−Irá dançar novamente? – os olhos de Alice se iluminaram
− Não necessariamente. – ambas me encaram e eu comecei a contar todos os detalhes sobre a proposta.
(***)
− Naty, pense bem não é meio estranho este tipo de trabalho?- Taty argumentava.
As vezes eu me perguntava se a implicância de Tatia com Ian não era pelo fato da mente dela ser um tanto igual a dele.
−Cala a Boca , é um trabalho igual a qualquer outro, ela vai ser promoter da boate, e se for da forma que eles estão dizendo só vai ser frequentada por pessoas da alta. – Alice á rebateu.
− Sendo assim, é tentador mesmo. – ela concluiu.
−Meninas! Só tem mais uma coisa, Stevan me pediu para fazer uma apresentação no dia da inauguração, como uma atração principal.
− Isto é mais complicado. − Taty novamente ponderava.
− Claro que não é complicado, é só uma apresentação, veja bem ela já não dançava lá no tal clube, pare de ser boba aceita logo. – Alice parecia estar ansiosa por isso, mais do que eu mesma.
Fui dormir tentando ponderar todos os pontos, positivos e negativos da proposta, e os positivos eram tentadores, o fato da apresentação era que me intrigava. Queria muito dançar novamente minha libido era atiçada pelo fato de ser a inauguração eu ser a principal.
Dormi e os sonhos foram tomados pelo glamour de estar em um palco,
Pela manha minha resposta não estava completamente formada, e o dia de trabalho seguiu normalmente sem muitos inconvenientes e estresses desnecessários.
Por mais que trabalhar na agencia fosse vantajoso em meu curriculum, eu não me sentia tão bem como sentia ao dançar.
Assim que cheguei a academia senti falta da presença de Daniel, a aula fora bem sucedida as alunas sempre divertidas e animadas encerravam meu dia com realização.
Para ir embora preferi caminhar a noite quente de KC era convidativa mesmo durante a semana depois de um dia inteiro de trabalho de dupla jornada.
O ar úmido que o litoral trazia acompanhava os meus lamentos de nunca ter ido á praia como lazer.
Desviei três quadras que me fariam andar um caminho consideravelmente longo, mas cheguei próximo ao calçadão onde muitos faziam caminhada a noite.
Durante o trajeto eu observei artistas de rua, pessoas que tentavam começar a vida do primeiro degrau da fama, bares abertos que traziam pessoas sorrindo sem demonstração alguma que a sua noite de terça feira estava por acabar.
Assim que virei novamente em direção ao meu prédio andei por mais três quadras e assim que a minha rua estava a frente Ian estava parado próximo a um poste.
− Ian?
−Naty, estava indo te ver, mas esse porteiro não é tão simpático como o outro! – sorri, realmente o pedido de não deixar ninguém subir sem aviso estava funcionando.
− Tentou subornar ele? – perguntei e me espantei quando Ian esboçou um sorriso.
−Como vou negar! – ele deu de ombros
−Você é prepotente
−Diria prático
−O que faz aqui?
−Já disse, vim te ver.
−Em plena terça feira?
−Tentar! lembra? – ele coloca a mão em meus cabelos
−Isso é rápido demais.
−A noite está quente, a cidade ainda está agitada, poderíamos ...
− Eu trabalho amanha. – bufei
−Somente tomar algo para refrescar, nada de mais.
Pensei por um momento na tentativa dele, e o peso do beijo em Daniel veio com força total.
−Vamos.
Caminhamos pelo mesmo caminho que fiz até chegar onde a movimentação estava concentrada, o cheiro do mar era revigorante em uma noite quente.
−Vamos até tomar um sorvete, é simples e não tem álcool. – ele disse.
Sorri com sua forma descontraída, estar tão próximo dele me fazia lembrar os motivos que me fizeram o amar e ainda me faziam ter o enorme peso sobre meus ombros.
Ian não resistiu ao papo de nada de álcool, e acabamos com duas cervejas a nossa frente, mas a medida que tempo passou e o peso aumentou, eu não podia deixar isso guardado.
−Ian, eu tenho que te contar uma coisa. –falei tendo a sua atenção toda voltada em minha direção.
−Fale. – seus olhos azuis me prenderam, e a dor que senti fora maior que tudo, entretanto eu não podia deixar isso escondido.
−Daniel e eu, nós nos beijamos.