Jennie Kim's Point of view.
É incrível como sua vida pode dar uma reviravolta sem ao menos você esperar, as coisas vão acontecendo entre os vãos vazio de nossas vidas que nem sequer nos damos conta. Talvez com tantas turbulências acabássemos deixando os momentos passarem sem sentido. Eu respirei fundo, sentindo o oxigênio preencher meus pulmões de forma lenta e suave. Estava um silencio relaxante aquela manhã, eu apenas conseguia ouvir a respiração baixinha de Lalisa ao meu lado.
Eu sorri assim que fitei a mulher dormindo. Ela estava deitada de bruços, com uma das pernas levemente inclinadas e as duas mãos de baixo do travesseiro de minha cama. Era incrível como Lalisa poderia ser bela até dormindo. Eu que estava sentada, me aproximei um pouco mais, fazendo um leve carinho em seus cabelos sedosos. Ela suspirou e continuou em seu sono sereno.
O dia de ontem havia sido mais movimentado do que eu imaginei, em algumas horas eu agradeci pela forte movimentação, mas em outras eu preferia não estar lá. Meu Deus, quanto tudo aquilo se formou? Será que ninguém poderia simplesmente me deixar viver em paz?
Eu neguei com cabeça e suspirei pesado. Imaginar que Soyeon estava junto de Tzuyu para me fazer algum mal fez meu corpo tremer, eu jamais poderia esperar algo assim da mulher que me ajudou tanto. Mas como dizem, tudo é questão de interesse. Jisoo sempre esteve certa durante todo esse tempo, Soyeon é movida pelo dinheiro que eu posso dar a ela, e não pelo sentimento que ela julgou sentir por mim.
FlashBack On
New York - Um dia depois da premiação.
- Moonbyul, eu não quero problemas com Lalisa. Então por favor, entenda. - falei um pouco nervosa.
- Lalisa é tão ciumenta assim? - perguntou com um sorriso.
- O que você acha?
- Que tem coisas melhores nessa vida, Jennie.
- Eu amo a Lalisa, e ela é o melhor pra mim.
- Tudo pode mudar! Então vem, vamos conversar.
Eu bufei irritada, e caminhei ao lado da mulher até o restaurante no hotel. Meu coração poderia sair pela boca só de imaginar Lalisa nos vendo conversar, não que ela me proibisse de algo. Mas tivemos uma noite incrível ontem e eu sinceramente não queria estragar aquilo.
- O que você quer? - perguntei logo ao me sentar a sua frente.
- Quer beber alguma coisa? - perguntou ignorando minha pergunta.
- Não, eu só quero saber o que você quer comigo.
Moonbyul revirou os olhos em puro tédio, fazendo um pequeno sinal ao garçom que se aproximou. Eu tentei não olhar para ninguém ali, só queria sair o mais rápido. O homem anotou seu pedido e se retirou rapidamente. Eu encarei Moonbyul que soltou um sorriso.
- Desde quando você ficou tão chata Jenjen? Lalisa não está sendo uma boa influencia.
- Eu só estou ocupada, então, por favor.
- Ok, Ok! - Exclamou ela levantando as mãos em rendimento. - Vi você na boate outro dia.
Acho que meu cérebro demorou mais do que o normal para assimilar aquela informação. Pisquei algumas vezes e há fitei um pouco perdida.
- Fique tranqüila, eu não vou contar a ninguém. Mas olha, tenho que te dar os parabéns, você faz jus a fama que tem naquele lugar. - Disse com um sorriso alegre.
Aquilo não poderia estar acontecendo, não comigo. Há anos atrás cheguei a confessar a Moonbyul o que eu passei a fazer para ganhar dinheiro, na época à garota totalmente despreocupada com a vida achou a idéia maravilhosa. Sempre tivemos uma boa relação, mas nada que envolvesse amor, e sim uma maravilhosa amizade. E mesmo com uma ligação considerada forte, eu não deixei que a mulher me visse dentro de uma boate sendo uma Stripper, aquele seria um segredo que só eu poderia guardar.
- Eu preciso ir. - falei me levantando.
- Espera, Jennie! - ela segurou meu braço.
- Não, eu não tenho nada para ouvir de você.
- Meu Deus, sente-se e se acalme. Eu tenho algo importante pra te falar.
- Eu não quero ouvir nada! - soltei um pouco exaltada.
- Estão querendo fazer mal a você, eu sei disso. E preciso te falar.
- Moonbyul, por favor. Me deixe em paz! - soltei mais nervosa do que o normal.
Flashback Off.
Deitei na cama aproximando meu corpo de Lalisa, ficando deitada de lado para poder encarar a mulher que dormia tão serenamente. Com os dedos ajeitei alguns fios de sua franja, ela suspirou pesado e se aconchegou mais para perto de mim, me fazendo sorrir. Lalisa estava terrivelmente cansada, mas não era para menos. Depois de tanta fúria e tensão descarregamos todas as energias dentro de sua sala na Manoban Industry de uma maneira que já mais fizemos antes.
Eu sorri e neguei com a cabeça ao lembrar dos acontecimentos. Parecíamos duas loucas sedentas de um orgasmo devastador. Nós não havíamos feito amor, e nem sexo. Nós fodemos, fodemos de uma maneira incrivelmente boa. Tão boa a ponto de me fazer esquecer completamente tudo de ruim que estava acontecendo nos últimos tempos. Essa era uma das coisas que eu mais amava em Lalisa. Não suas habilidades incríveis no sexo, mas a forma como ela conseguia me tirar de orbita.
Flashback On.
Ensaio na Imperium.
- Você sempre é maravilhosa! - Ouvi uma voz familiar, me tirar abruptamente de meus pensamentos.
Parei a coreografia e abri os olhos em direção à pessoa que me encarava.
Oh, não.
- O que faz aqui? - Perguntei totalmente na defensiva.
- Isso é jeito de tratar uma cliente Ruby Jane? Boa Noite pra você também - Moonbyul perguntou com um sorriso largo.
Eu neguei com a cabeça ajeitando minha máscara. Apertando no pequeno botão que desligava a musica.
- Não é permitido a entrada de clientes nos ensaios.
Pude ouvir uma risada nasal enquanto a mulher se aproximava de mim lentamente. Fazendo com o que o barulho de seus saltos ecoassem no vácuo que a musica deixou.
- Clientes normais Srta. Jane. Faixa essa que não me encaixo.
Isso não podia estar acontecendo. Como se o mundo já não estivesse contra mim, ainda aparecia isso. Meu Deus, o que eu havia feito de mal?
Respirei fundo, procurando controlar minha mente e afastar o nervosismo que me consumia.
- Escute aqui Moonbyul, eu estou sendo muito educada com você. Mas já deixei claro que não quero nenhum tipo de contato.
- Comigo? Ou com todos?
- Com todos.
[...]
Ficamos perto uma da outra, e ela com delicadeza colocou uma mecha de meu cabelo para trás. Eu estava suada devido aos exercícios e a dança, minha respiração estava ofegante em decorrência do nervosismo evidente.
- Não seja ingênua. Olhe para mim, acha que quero fazer mal a você? - seu sorriso desafiador me dava medo. - Só quero seu bem, Jenjen.
Eu senti meu coração fraquejar por longos segundos ao ouvir aquele nome em sua boca. Oh Deus, aquilo não podia ficar pior.
Eu neguei com a cabeça e recuei um passo, mas a mulher foi mais rápida. Dando um passo a frente, o que me deixou encurralada.
- Oh, meu Deus. - Ela bufou.
Eu fiquei calada.
- Eu não quero transar com você ou algo do gênero. Pode respirar.
Franzi o cenho em sua direção e ela sorriu.
- Jennie, eu quero que você abra os olhos para tudo que está ao seu redor. Você está em um ninho de cobras.
- Moonbyul...
- Me deixe terminar! - Ela me interrompeu. - Você pode ficar tranqüila, eu não estou falando da sua namorada, ela é uma cobra, mas só nos negócios, tenho certeza que contigo ela é uma otaria.
- Então...
- Meu Deus, você sempre ingênua. Será que nunca vai perder essa característica?
- Você pode ser clara de uma vez? - Exclamei irritada.
Moonbyul olhou para ambos os lados rapidamente sorriu, me deixando ainda mais confusa. A mulher se aproximou mais um pouquinho e sussurrou em meu ouvido.
- Você está sendo vigiada nesse exato momento.
Eu juro que naquele instante meu coração foi na boca e voltou, apenas ao pensar na hipótese de ser Lalisa ali.
- Haja naturalmente Jennie, sua amiguinha está apreciando nosso show.
- De quem está falando? - sussurrei.
- Eu não sei o nome dela, Solar eu acho.
- Porque ela estaria nos vigiando?
Moonbyul sorriu e se afastou, caminhando em passos lentos até a poltrona que havia ali. Eu me remexi um pouco nervosa quando ela voltou a falar.
- Estão armando contra você, disso eu tenho certeza. - sua voz saiu baixa, porém firme.
- O que? Meu Deus, pare de mistério!
- Soyeon está armando contra você.
Eu fiquei calada a fitando, para em seguida soltar uma risada alta.
- Você bebeu?
- O que? - perguntou confusa.
- Perguntei se está bêbada. Como acha que Soyeon vai armar contra mim? Ela é a pessoa que mais me ajuda aqui dentro.
Moonbyul revirou os olhos e se levantou. Caminhando até mim bem devagar.
- Ela não te ajuda, ela SE ajuda. É muito diferente.
- O que você sabe? - perguntei olhando em seus olhos.
- Eu não sei de muita coisa...
- Então não tem o que falar. - a interrompi rapidamente, tentando me afastar.
Moonbyul em um solavanco me puxou, fazendo-me fita-la.
- Já tem dias que Soyeon está praticamente te jogando em meus braços. Tentando de qualquer maneira me fazer correr atrás de você. Se ela é tão sua amiga, tenho certeza que sabe de seu relacionamento com Lalisa. Devido a isso não devia estar tentando te vender.
Eu parei com a respiração descompassada.
- Porque devo acreditar em você?
Moonbyul suspirou pesado como se estivesse sem paciência. Até que ouvimos um barulho vindo do corredor. No mesmo instante a mulher arregalou os olhos e se aproximou de mim, tocando meu braço calmamente como quem fizesse um carinho intimo.
- Porque eu não tenho motivos para mentir, e muito menos mentir para defender seu relacionamento com Lalisa. Você sabe que eu a odeio, e ela me odeio também. Mas eu tenho uma consideração enorme por todos os anos que eu passei com você, e não ia deixar que alguém te fizesse mal.
Suas palavras saíram baixas e calmas. Eu conhecia Moonbyul como ninguém, e eu poderia ver em seus olhos a sinceridade naquelas palavras. Mas ao mesmo tempo eu entrava em um conflito interno que não tinha fim. Soyeon até poucas horas era como uma espécie de segunda mãe para mim, e descobrir que tudo que a moveu durante todos esses anos era apenas o que eu poderia oferecer em troca, era doloroso.
- Eu sei.... eu só... - tentei falar.
- Acredite em mim. Eu posso ser louca e má, mas eu nunca menti para você Jennie. Sempre te contei absolutamente tudo da minha vida. E estou tentando te ajudar. - ela falou com um sorriso, tocando meu rosto calmamente.
Moonbyul sabia que alguém poderia estar nos vendo nesse exato momento, e tudo só comprovava que ela estava certa.
- Você precisa fazer alguma coisa se não quiser que seu relacionamento com Lalisa acabe de uma maneira nada boa.
- Eu não entendo porque Soyeon te colocou nisso Moonbyul.
- Eu tenho certeza que ela não está sozinha nessa, alguém tem tanto interesse quanto a Soyeon que você se separe de Lalisa. E essa pessoa deve conhecer muito bem a rixa que eu tenho com ela, e sabe muito bem que eu sou a numero 1 na lista das pessoas que a sua namoradinha odeia.
- Até me passa pela cabeça uma pessoa, mas eu não vejo tendo ligação com a Soyeon, isso é tudo muito confuso.
- Você não ta vendo muita coisa querida. - soltou irônica - Precisa ficar mais esperta, quem você acha que é?
- Uma ex da Lalisa, a mulher não se conforma nunca. Fora que é uma víbora.
- Chou Tzuyu?
- Sim, como sabe?
- Topei muitas vezes com as duas juntas em festas e reuniões importantes. Não duvido nada que seja ela, de longe podemos ver que aquela mulher não vale o chão que pisa.
- Aquela vagabunda..- sussurrei.
- Junto da Soyeon não é? Você precisa fazer alguma coisa e rápido. Eu não sei como é seu relacionamento com a Manoban. Mas pelos planos de Soyeon, temo que ela faça a Lalisa ver você comigo.
- Ela falou algo a você?
- Não exatamente, mas deixou claro que tem o grande interesse que eu assuma o lugar que é da Lalisa em sua vida.
- Jisoo tinha razão. Droga! - eu neguei com a cabeça, sentindo uma raiva tomar conta de mim.
Minha cabeça estava em meio ao furacão de pensamentos. Era incrível como as pessoas se mascaravam facilmente. Soyeon se revelou um lobo na pele de dócil cordeiro.
- Eu vou matar essa maldita. - falei me afastando.
- O que você pensa que está fazendo? - Moonbyul perguntou rapidamente, segurando em meu braço impedindo que eu seguisse.
- Me larga. - relutei.
- Por Deus, Jennie! Não seja idiota.
Franzi o cenho em sua direção, pensando em como a mesma tem a ousadia. Ela revirou os olhos de forma tediosa e me puxou novamente para um canto mais afastado e escuro.
- Você pode parar e pensar?
- Eu estou pensando muito bem! - exclamei raivosa.
- Não, você não está! Acha que vou fazer mal a você?
Eu parei por alguns instantes olhando nos olhos dela, e apesar de sua malicia evidente e seu jeito diferente. Moonbyul não era uma pessoa má. Eu a conhecia muito bem, sabia todas duas manias e seus jeitos. Eu suspirei pesado, deixando os ombros caírem.
- Você não entende que não quero problemas?
- Você não vai ter problemas, se fizer o que é preciso. Ninguém vai saber de absolutamente nada.
[...]
Dei de ombros e virei em direção ao salão principal, seguindo rumo a sala de Soyeon. Ouvi a mulher chamar ao fundo, mas nem sequer dei importância. Eu precisava dar um fim aquilo.
Bati seguidas vezes na porta de Soyeon, sentindo meu coração acelerar. Eu estava decidida do que ia fazer, porém estava nervosa o suficiente para abortar um filho, se eu tivesse um é claro. A mulher me atendeu com uma expressão assustada e nervosa. Talvez não estivesse a minha espera aquele momento. Entrei em sua sala rapidamente sendo vistoriada pelos olhos atentos de Soyeon. A loira tentou me acalmar serenamente, mas isso desapareceu no mesmo instante em que pronunciei minha saída da Imperium. Sua expressão se dividia em surpresa e confusão, se a raiva não tivesse tomado conta de cada célula em meu corpo, eu poderia até rir daquilo. Mas tudo que eu sentia naquele momento era nojo e decepção.
De inicio ela se manteve confusa, para depois colocar as garras de fora. Trocamos farpas de uma maneira que eu jamais imaginei.
- Não minta para mim. Lalisa está te obrigando a sair?
Revirei os olhos e bufei.
- Esqueça Lalisa! Eu acho que posso tomar minhas próprias decisões.
- Você está se virando contra mim! Justo contra mim! - pronunciou irritada, meu Deus. O quão falsa ela poderia ser?
- Deus! Pare, você pode aceitar a minha decisão?!
- Não! - ela gritou.
Ficamos nos encarando por alguns minutos quando ouvimos um barulho forte vindo do banheiro. Eu semicerrei os olhos confusa, e Soyeon ficou estática me fitando. Ela parecia nervosa, um tanto agoniada. Olhei por toda sua sala, me concentrando em um objeto em especial que estava depositado em cima de sua bancada de bebidas. Moonbyul tinha absoluta razão, Soyeon não estava sozinha. Muito pelo contrario, ela estava bem acompanhada em seu plano. Havia uma bolsa sobre a mesa, objeto esse que eu conhecia muito bem. Nas ultimas visitas na Manoban Industry Tzuyu apareceu com uma idêntica, eu poderia estar enganada afinal não existe apenas uma daquele modelo no mundo inteiro. Mas o pequeno chaveiro com as iniciais "CT" banhadas a ouro não me deixaram duvidas. Tzuyu estava ali, e era cúmplice de Soyeon.
Eu respirei fundo tentando controlar meus pensamentos mais selvagens que gritavam em alerta vermelho para bater na mulher a minha frente. Mas eu não poderia agir dessa maneira, se havia uma coisa que eu havia aprendido com Lalisa, era ser fria e calculista.
- Podemos conversar outra hora? Você me deixou muito irritada. - ela falou rapidamente se aproximando de mim.
Eu franzi o cenho e neguei com a cabeça, fazendo Soyeon bufar.
- Ruby Jane, abra os olhos. Você sabe que eu quero ajudar você. - seu tom de voz agora era sereno.
Primeiro a raiva, agora os pedidos. Típico.
- Não duvido disso, Soyeon. - falei entrando no jogo.
Mal sabia a mulher que nesse exato momento eu estava um passo a sua frente.
Soyeon respirou fundo e caminhou em direção ao sofá de couro, batendo três vezes seguidas no estofado para que eu pudesse me sentar.
- Diga-me meu anjo, porque você quer tanto sair? Está precisando dinheiro? Eu posso dar a você, quanto precisar.
Eu caminhei até a enorme janela de vidro em sua sala, olhando as outras meninas ensaiando no salão principal. Meras peças do jogo de xadrez, sendo movidas da maneira que Soyeon julgava ser melhor. Os tempos de ingenuidade passaram, eu havia assumido o comando. A dona do jogo agora sou eu.
- Não posso continuar aqui, estou tentando uma relação seria com Lalisa. E continuar sendo Stripper não vai ajudar. - soltei com um tom doce, quase amável.
Recebi seu olhar de falsa compreensão.
[...]
- Você não pode me negar isso! Depois de tudo que eu fiz por você! Vai me negar este ultimo pedido? Não vai ter ninguém aqui, apenas você e ela.
Todas as peças estavam se encaixando. Mostrando o quebra-cabeça no qual no fim quem se daria mal seria eu.
- Soyeon, por favor. - falei tentando mudar seus planos.
- Escute, não precisa me responder agora. Vá para sua casa, e pense bem. - ela falou enquanto caminhava em direção à porta, no qual abriu.
Eu fiquei parada, a fitando. E então andei para a saída.
- Pense bem em sua resposta Ruby Jane. Tenha uma boa noite.
Nesse exato momento eu tinha o controle de tudo. Como se eu estivesse vendo a vida do alto, e com pequenos atos eu pudesse mover as peças daquele jogo no qual só eu sabia, e Moonbyul é claro.
[...]
- Você já vai? - Momo perguntou me fitando.
- Sim, ainda tenho que desmarcar um compromisso. - falei ao lembrar de Lalisa.
Havíamos marcado de passar a noite juntas, mas com tantas coisas acontecendo eu não tinha cabeça alguma para enfrentar a mulher.
- Tudo bem, vou te levar até a porta Jen.
Me despedi rapidamente de Momo e caminhei pelo corredor ao lado da Imperium quando vi Moonbyul se aproximar.
- Meu Deus, o que você ainda está fazendo aqui? - exclamei sem paciência.
- O que você fez? - ela falou segurando firme em meu braço.
- Não te interessa! - esbravejei tentando me afastar.
Moonbyul me fitou seria, e eu meneei com a cabeça negativamente. Eu não tinha motivos para tratá-la mal, Moonbyul era a peça principal que me fez virar o jogo, mas tudo estava acontecendo rápido demais.
- Desculpe, eu só... não agüento. - falei me encostando na parede fria.
Ela se aproximou devagar, e tocou em meus ombros de maneira reconfortante.
- Vai dar tudo certo Jennie. Diga-me, o que você fez?
Eu levantei o rosto, encarando a mulher que me fitava atenta.
- Eu pedi para sair da boate.
- Deus! Você não devia ter feito isso! - exclamou irritada.
- Mas eu fiz ok? E fica tranqüila, ela não aceitou. Pelo menos serviu para eu ter certeza de duas coisas.
- Do que?
- Tzuyu é a pessoa por trás disso, e que suas teorias estão certas. Ela quer que eu dance para você.
Moonbyul soltou um sorriso convencido, dando de ombros como quem dissesse "eu te avisei".
- Eu juro que jamais esperava por isso Moonbyul. Eu estou tão decepcionada, meu Deus. - sussurrei para a mulher, sentindo meu peito se contrair em uma dor profunda.
Apesar do ódio que me dominava naquele instante, eu sentia por ser traída daquela maneira por Soyeon. Eu confiava nela, acreditava que sempre estaria comigo se eu precisasse. Mas tudo não passou de interesse.
- Você sabe o que precisava fazer não é?
Eu respirei fundo, contendo as lágrimas que queriam cair. Eu não iria chorar, eu não iria recuar e muito menos fraquejar. No jogo perigoso no qual eu me encontrava apenas uma pessoa faltava, e em breve ela iria saber.
[...]
Cheguei em casa tirando a roupa rapidamente para seguir em direção ao chuveiro. Jisoo que me conhecia perfeitamente bem sabia que meu humor não estava dos melhores. Depois de alguns minutos de ducha quente, saí do banho enxugando meus cabelos até ver Jisoo sentada em minha cama com uma xícara nas mãos.
- Fiz um chocolate quente para você, sua cara não está das melhores, quer conversar?
Eu sorri fraco para minha melhor amiga. Vesti rapidamente uma roupa e corri para cama, sentando ao lado de Jisoo que me estendeu a xícara devagar. Peguei de sua mão, vendo a fumaça se esvair no ar. Eu amava quando ela cuidava de mim nos meus piores dias.
- Você tinha razão chichu, sempre teve.
A mulher respirou fundo, e me puxou para um abraço como quem soubesse exatamente do que eu estava falando. Ficamos ali por alguns minutos, e eu contei tudo que havia acontecido àquela noite. Jisoo esbravejou irritada e jurou que mataria Soyeon e Tzuyu de pancadas. Rimos em meio ao estresse, até que ela fez um carinho em meus cabelos lentamente e disse:
- Sabe que tem que contar a Lalisa não é?
Eu suspirei, e me levantei. Ficando novamente sentada a sua frente, com as pernas cruzadas feito índios.
- E se ela não acreditar em mim?
- Jennie, Lalisa ama você. Vocês duas estão caminhando para algo muito serio juntas, se você for sincera eu tenho certeza que ela vai acreditar em você.
- Eu só tenho medo de perder ela, Jisoo. Eu a amo muito, e a quero comigo.
- Sei que sim Jendeukie, mas você precisa fazer isso. - seus olhos me passavam a segurança que eu precisava naquele momento.
- Eu não sei Jisoo, ela deve estar muito brava comigo, preciso ligar para ela e dizer que não posso ir.
- Faça isso, ligue e depois tente dormir. Você precisa descansar para não enlouquecer.
Eu peguei o celular e liguei para Lalisa. E como esperado, ela havia ficado realmente chateada. Eu não a julgava por isso, se eu estivesse em seu lugar também ficaria. Seria apenas mais um motivo para minha insônia aquela noite. Eu queria realmente estar com ela, recebendo seus carinhos e seus cuidados, mas aquela noite eu precisava de um tempo para pensar no que eu faria dali pra frente. Conversei mais uns instantes com Jisoo que ainda acreditava que a melhor tentativa era acabar com as duas cobras da forma mais agressiva que alguém poderia imaginar.
Jisoo sempre delicada demais.
- Eu sei Jendeukie. Vai dar tudo certo, eu estou aqui para ajudar você, ok? - falou calmamente se aproximando de mim, dando-me um abraço reconfortante.
Até que ouvimos o interfone soar estridente.
- Está esperando alguém? - sussurrei para Jisoo que negou com a cabeça.
Dei de ombros e caminhei em direção a porta de entrada, no qual abri e dei de cara com ela.
- O que está fazendo aqui?
Perguntei ao ver Lalisa encostada na soleira da porta, me encarando com uma expressão seria.
- É assim que você recebe sua namorada? -perguntou me fazendo recuar.
- Desculpe amor, entre. - falei dando espaço para que ela entrasse.
Lalisa adentrou a sala em repleto silencio até avistar Jisoo nos olhando.
- Boa Noite Srta. Kim.
- Boa Noite Lalisa. Ah! Eu vou para o meu quarto, Chaeyoung está me esperando, acho que vocês precisam conversar. - Jisoo falou se retirando.
Eu arregalei os olhos em pura suplica para que ela ficasse, mas a mulher nem sequer me notou. Assim que Jisoo fechou a porta de seu quarto, Lalisa pôs seus olhos atentos sobre mim.
- Pode me explicar o real motivo de não querer me ver essa noite?
Eu suspirei pesado, encostando meu corpo na parede fria da sala.
- Eu só estou cansada. - menti.
Lalisa bufou impaciente, e então lentamente se aproximou.
- Porque está mentindo para mim?
- Eu não estou. - menti novamente.
- Conheço você, Nini. Seja sincera comigo e me diga o que está havendo.
- Não está havendo nada. - falei saindo de perto dela.
A aproximação com Lalisa me fazia perder as forças para recuar. Caminhei em passos apressados para meu quarto, sentindo que a mulher caminhava logo atrás de mim.
- Porque está mentindo?!
- Não estou!
- Você está! Está estranha há dias! - Lalisa esbravejou para mim, e eu fechei os olhos e em pouco tempo senti ela se aproximar, tocando com a ponta dos dedos em meu rosto.
- Lalisa... - sussurrei.
A mulher nada falou, apenas depositou alguns beijos em meu rosto bem devagar para logo em seguida juntar seu corpo ao meu com um abraço carinhoso. Eu deveria dizer como me sentia segura nos braços dela? Lalisa me passava uma tranqüilidade tão grande que eu nem sequer poderia explicar.
- Seja lá o que for, eu vou estar com você. Então me conte. - sussurrou.
Eu respirei fundo, sentindo o medo tomar conta de mim. Fechei os olhos com força e soltei as palavras de uma vez.
- Já tem uns dias que Moonbyul está indo a Imperium, e a Soyeon quer que eu dance em particular para ela.
De repente tudo ficou em silencio, e lentamente Lalisa se soltou de meus braços para me fitar com os olhos semicerrados.
- Você não fez isso não é? - Lalisa perguntou recuando alguns passos.
- Não, claro que não amor! - eu me aproximei, e ela soltou uma forte lufada de ar em alivio.
- Eu sabia que essa mulher não ia te deixar em paz. Essa vagabunda quer tudo que é meu! - esbravejou em um tom irritado.
- Ela está me ajudando.
- Como é que é? Te ajudando a que?! - gritou.
- Lalisa, se acalme ok?
A mulher já estava começando a ficar impaciente.
- Me conta o que está havendo, por favor.
Eu me aproximei dela devagar, e comecei a contar tudo que estava acontecendo nos últimos dias. Lalisa me fitou praticamente estática, mudando hora ou outra as expressões que oscilavam em ironia e raiva.
- Eu sabia... Eu sabia que essa mulher não valia nada! - exclamou raivosa. - Mas você sempre achou que ela era boazinha, quando na verdade dá uma de cafetina!
- Lalisa, você está me ofendendo...
- Não, eu não me refiro a você! Eu conheço você, Jennie. Mas nada muda a raiva que eu estou sentindo daquelas duas agora.
- Eu sei, eu estou com raiva, decepcionada. Eu não sei...
Lalisa caminhou de um lado para o outro de forma impaciente. Ela parecia tentar se acalmar e assimilar tudo que havia acabado de contar.
- Uma bela jogada daquelas vadias. Querem que você dance para Moonbyul, para te acusar diante de meus olhos de traição.
- Sim, por sorte Moonbyul me ajudou.
- Pelo menos para alguma coisa ela tem que servir nessa vida. Porque não me contou antes? Porque esperou até agora?
- Eu não queria problemas! Fora que eu nem tive um contato evidente com Moonbyul fora hoje.
Lalisa me encarou e respirou fundo. A mulher se apoiou na soleira da porta e puxou o ar com força, provavelmente procurando calma.
- Elas não sabem com quem estão mexendo, Jennie. Literalmente elas não sabem do que eu sou capaz.
Eu juro que senti uma arrepio percorrer todo meu corpo ao ouvir ela falar daquela maneira.
- Lalisa, o que você vai fazer?
- Minha vontade é de matar uma por uma. Mas eu não vou sujar minhas mãos com isso.
- Se acalme por favor.
- Não se preocupe, eu sei dar o troco de uma maneira mais limpa. - ela falou saindo do quarto.
- Aonde você vai?
- Eu vou pegar um ar, eu preciso me acalmar para não sair daqui e ir direto esganar aquela dissimulada da Tzuyu.
Eu fiquei um pouco nervosa, era visível que Lalisa estava terrivelmente revoltada com a situação.
- Fica comigo, não vai. - falei segurando em seu braço.
- Nini, eu preciso. Eu tenho que pensar, não se preocupe ok? Nos vemos depois. - disse ela depositando um rápido beijo em meus lábios.
Lalisa nem sequer me deu tempo de responder, saiu de meu apartamento feito um furacão raivoso.
[...]
Reunião na Manoban Industry.
- Finalmente, pensei que ia me fazer esperar a tarde toda. - Lalisa falou virando em sua cadeira, localizada na cabeceira da mesa enorme.
- Fiz um esforcinho pra me adiantar. Sabe que tenho muitos compromissos não é Manoban?
Lalisa sorriu debochado, e então se levantou. Caminhando graciosamente em nossa direção. Eu podia jurar que seus olhos estavam negros, de tão escuros, sua mandíbula estava trincada. Destacando firmemente suas linhas de expressão.
- Sei bem quais são.
- Boa tarde para você também. - Moonbyul estendeu a mão para ela.
Lalisa franziu o cenho, e respirou fundo. Eu estava praticamente no meio de ambas as mulheres que se encaravam. Moonbyul permaneceu com a mão estendida quando Lalisa apertou firme.
- Boa tarde Srta. Moon.
Aquela reunião estava sendo simplesmente catastrófica. De cinco em cinco minutos Lalisa e Moonbyul trocavam farpas em puro sarcasmo. Lalisa já estava evidentemente irritada, já que Moonbyul parecia estar se divertindo em provocar a mulher a sua frente.
- Chega! As duas! - gritei. - Eu não vou dançar, eu não quero!
Lalisa se levantou da cadeira irritada, e caminhou em direção ao balcão de bebidas. Enchendo o copo de uísque, e nem sequer ligando para o olhar em reprovação que dei a ela.
- Se você quer sair por cima, tem que dançar para mim. Vamos ser astutas aqui ok? - Moonbyul começou a falar.
Eu olhei para Lalisa que não estava com uma expressão nada boa.
- Moonbyul tem razão, Jennie. O que é um milagre é claro. - Lalisa falou a contragosto.
Fazendo Moonbyul sorrir convencida.
- Eu não entendo o que vocês querem fazer. - falei parando no meio da sala, me encostando na enorme mesa de reunião.
- Simples, você vai dançar lindamente para mim. E provavelmente as duas cobras vão querer mostrar a Lalisa, se caso isso acontecer podemos dar o gostinho da vitoria por algumas horas. - Moonbyul falou se aproximando, parando ao meu lado.
- E depois fechar a jogada mostrando que tudo foi uma farsa, e que na verdade quem sempre esteve um passo a frente fomos nós. - Lalisa completou a frase se aproximando da mesma maneira, parando do lado oposto a Moonbyul. - A rasteira será bem mais dolorida. - disse a mulher levantando o copo de uísque com um sorrisinho triunfante.
- Com toda certeza. Aposto que Soyeon e Tzuyu nunca vão esperar por sua novidade Manoban.
- Claro que não vão. Eu poderia ser suja e acabar com as duas em um estalar de dedos. - Lalisa falou de forma convencida, estalando os dedos a nossa frente. - Nada que uma quantia em dinheiro não resolva, mas isso seria fácil demais. Eu gosto de ver as pessoas caindo quando estão contra mim. - Lalisa falou olhando fixamente a Moonbyul que arqueou uma das sobrancelhas.
Meu Deus, aquilo era uma guerra. E eu? Era o intermediário entre todas elas.
- Cuidado para não cair primeiro Lalisa. - Moonbyul provocou, o que me fez lhe lançar um olhar em reprovação.
Lalisa por sua vez soltou uma risada sarcástica.
- Com isso você não precisa se preocupar Moon, eu sou a pessoa que dá o xeque-mate no final do jogo.
- Meninas, por favor. Estamos unidas agora, ok? - falei entre as duas. - Então vamos selar um acordo de paz.
Lalisa e Moonbyul reviraram os olhos no mesmo instante fazendo-me rir. As duas eram extremamente iguais, e exatamente por isso não poderiam ficar muito tempos juntas, caso contrario uma explosão catastrófica poderia acontecer ali.
- A minha mulher tem razão, eu não vou gastar minhas energias com você agora Moonbyul. - Lalisa falou me puxando pela cintura de forma possessiva.
Moonbyul sorriu de forma cínica.
- Eu também concordo. Guarde energias também Jenjen, eu quero você arrasando no lap dance para mim.
Oh, não. Ela tinha que provocar mesmo?
- Lap dance? Você está ficando louca não é? De forma alguma eu deixaria uma coisa dessa! - Lalisa se adiantou a falar.
- Temos que ser convincentes , Manoban. - Moonbyul deu de ombros, pegando o copo da mão de Lalisa para tomar o uísque.
Lalisa trincou a mandíbula e fuzilou a mulher com os olhos.
- Escute bem Moon. - Lalisa falou tomando a frente, ficando cara a cara com a mulher - Se contente com uma dança bem distante, eu não vou permitir que você encoste um dedo na Jennie. - seu tom autoritário e mandão era até excitante.
- Então eu não quero. Não vou ajudar. - Moonbyul falou caminhando até sua cadeira para pegar sua bolsa.
Eu fiquei estática a fitando. Será que ela realmente estava falando serio? Lalisa fechou as mãos em punhos e bufou.
- Moonbyul...- disse me aproximando.
- Eu quero um lap dance também Jenjen, porque só a Lalisa ganha isso? - suas palavras saiam carregadas em um cinismo evidente.
- Porque ela é a minha mulher, entendeu?! - Lalisa tomou a frente.
Moonbyul levantou as mãos em rendimento.
- Posso pensar se ajudo ou não?
Lalisa bufou irritada e saiu da rapidamente, provavelmente tentando evitar de descontar sua raiva de uma maneira nada agradável.
- Eu tento ser paciente, mas essa mulher não colabora! - esbravejou furiosa enquanto entrava em sua sala.
- Lalisa! Se acalme. - falei tocando seus ombros tensos.
- Eu estou muito calma, Kim.
Eu poderia ver as veias de seu pescoço elevadas e o rubor em sua pele. Encarei Seulgi e Irene que nos olhavam assustadas.
- Você que se irrita fácil demais! - Moonbyul disse revirando os olhos.
Eu lentamente toquei no rosto de Lalisa, e olhei no fundo de seus olhos, pedindo internamente que ela se acalmasse. Ela pareceu entender, pois soltou uma forte lufada de ar e assentiu. Caminhando em direção a Moonbyul que a fitava um tanto temerosa, porém sem desmanchar seu ar sarcástico.
- Escute bem, você quer ou não fechar o acordo comigo?
Lalisa foi direta, sem rodeios. Moonbyul ficou alguns segundos caladas até se pronunciar.
- Tudo bem Manoban, fechamos o acordo.
Moonbyul falou me dando o alivio naquele momento.
[...]
Algumas horas antes da apresentação.
- Eu já disse a você o que penso. Tenho uma maneira bem fácil de resolver tudo isso. - Jisoo falou descontraída.
A mulher ainda cismava em querer resolver as coisas com uns belos tapas, o que particularmente eu não iria me importar se tratando de Tzuyu.
- Bater nela não vai adiantar, você sabe não é?
Jisoo bufou demonstrando impaciência.
- Se está dizendo. - Deu de ombros e começou a rabiscar em minha agenda.
Conversamos mais um pouco até que Lalisa se aproximou de minha mesa, cumprimentou Jisoo de forma gentil e me chamou para uma conversa particular. Em poucos instantes estávamos dentro de sua sala completamente a sós.
- Você está bem? - perguntou serenamente, enquanto se encostava em sua mesa.
Eu me aproximei devagar, ficando a poucos centímetros dela.
- Eu não sei, estou nervosa Lalisa.
Lalisa sorriu de canto, e com delicadeza pegou minhas mãos entre as suas.
- Tenta se acalmar, meu amor. Vai dar tudo certo.
Ela fazia absoluta questão de olhar no fundo de meus olhos, deixando que eu mergulhasse na imensidão dos seus.
- Eu não consigo ficar calma, Lili. Eu não entendo o que as pessoas tem contra mim.
- Inveja, apenas isso. - Lalisa falou depositando um beijo casto em minha mão. - Porque você é uma mulher linda, inteligente, amorosa. - sussurrou olhando em meus olhos. - É dedicada e gentil, é sexy e atraente. Você é incrível, Nini.
Eu sorri sem jeito, e Lalisa devagar me puxou pela cintura. Envolvendo seus braços ao redor de meu corpo.
- Eu quero que você saiba de uma coisa muito importante.
Eu assenti e permaneci calada.
- Nada vai nos separar, Jennie. Vamos sair disso tudo juntas, mostrando que nosso sentimento é maior do que toda essa sujeira em volta. Eu amo você, e quero você por toda minha vida. E não são elas, ou qualquer outra pessoa que vai mudar isso. Se tudo acontecer como eu estou esperando que aconteça, eu quero que lembre que minhas palavras durante a nossa briga vão ser totalmente falsas. Eu não quero que nada dê errado. Por isso vamos dar o melhor de nós para esse momento. Eu quero que você bata de frente comigo, quero que me xingue com raiva, que finja estar magoada. Eu quero o melhor de você essa noite. Mas quero poder olhar nos seus olhos e ver que você é, e sempre vai ser minha. Entendeu?
- Eu vou dar o melhor de mim, eu prometo. Só me encontre depois que tudo terminar, eu vou precisar de você. - falei apertando suas mãos com as minhas.
- Vamos nos encontrar aqui, ok? Eu quero comemorar a nossa vitoria. - disse com um largo sorriso.
- Não me abandona ta? - pedi em um fio de voz.
Lalisa segurou em meu rosto, depositando um pequeno beijo em meus lábios.
- Nunca, Nini. Nunca. Esse será apenas um obstáculo que vamos passar. No final desse dia eu vou estar com você.
- Você promete? - perguntei segurando em suas mãos.
Lalisa sorriu lindamente.
- Eu prometo, minha Nini. - disse em um tom doce, e amável.
Eu sorri quando senti seus lábios contra minha testa.
- Eu quero que você se mantenha firme e forte na hora, quero que nesse instante você seja simplesmente a minha Ruby Jane. E se em algum momento você sentir que está fraquejando, olhe no fundo dos meus olhos e veja. Eu estou do seu lado para o que precisar.
- Eu te amo muito, Lalisa.
- Eu também te amo muito, amor. - foram suas palavras antes de me abraçar forte.
Flashback Off
- Posso saber no que tanto pensa? - ouvi a voz de Lalisa que me despertou de meus devaneios.
Eu sorri abertamente assim que fitei a mulher com u m sorriso manhoso em minha direção. Mordi os lábios devagar e me juntei mais a ela.
- Na vida, amor. - apenas disse.
Lalisa respirou fundo, e me puxou. Deixando que meu corpo ficasse colado ao seu, enquanto seus braços circulavam minha cintura com delicadeza.
- Você deveria estar dormindo já que não descansou nada essa noite.
Eu adorava seu jeito ao acordar, a forma como sua voz ficava rouca, os olhos reprimidos e clarinhos. O calor gostoso que sua pele me oferecia.
- Minha cabeça está cheia demais, não tem como dormir. - falei enquanto repousava minha cabeça perto de seu ombro, enquanto com a ponta dos dedos eu brincava com o fiozinho de seu moletom azul.
- Relaxa vai Nini. Está tudo bem, estamos juntas. É isso que importa.
- Eu sei, Lili. Mas não é tão fácil assim.
Lalisa me fitou por alguns segundos e suspirou.
- Eu sei que pra você essa situação não é nada confortável. Que Soyeon apesar de tudo te ajudou, mas hoje a situação é diferente amor. Ela está cega pelo poder, e eu não posso permitir que isso estrague o que temos.
- Eu sei, não estou contra você e nem nada parecido. Mas não acha que sua decisão foi algo desnecessário?
- Não, já disse a você que isso foi a menor das coisas que eu poderia fazer para dar uma lição a ela. - ela falou de forma paciente.
- Tudo bem, você está certa.
- Nini, você precisa enxergar o mundo como ele realmente é. Movido a interesse e poder. São raras as pessoas que estão unidas por amor. Como a gente.
Lalisa falou me fazendo sorrir. Ela tinha razão. Naquele momento a única coisa no qual eu devia me importar era no meu bem estar ao lado da pessoa que eu amava. E Lalisa era essa pessoa. Eu levantei o tronco de meu corpo para ficar sobre ela, olhando em seus olhos clarinhos.
- Você é a melhor coisa que me aconteceu. - falei de forma sincera.
Lalisa arqueou uma das sobrancelhas. E abriu um daqueles sorrisos largos que me deixam mole.
- Sou?
Eu assenti e beijei sua boca lentamente. Um rápido selinho o que ela rir.
- Você também é Nini, você é a melhor parte de mim.
Passamos a manhã inteira juntas. Lalisa pediu para dormir mais um pouco e eu prontamente deixei, a mulher estava bem cansada e não iria priva-la de algumas boas horas de sono, enquanto Lalisa dormia eu fiquei por um bom tempo com Jisoo ao telefone, contanto todo o ocorrido da noite anterior. A mulher oscilava em gritos eufóricos de luta alegria e xingamentos por não ter presenciado tal momento.
O caminho foi silencioso, Lalisa a todo instante acariciava minha mão no intuito de me passar calma. Confesso que aquela era uma das coisas que eu jamais esperei fazer, durante todos esses anos como Ruby Jane nunca tal ato havia se passado em minha cabeça.
- Nini? - Lalisa chamou.
- Sim?
Perguntei olhando para ela.
- Você está bem? Se quiser podemos voltar para casa. Não quero que se sinta mal. - seu tom de voz preocupado fez meu coração aquecer.
Estávamos agora na frente da Imperium, e eu juro que poderia sentir meu coração bater descontroladamente em meu peito. Minhas mãos estavam suando, e meu corpo fodidamente tenso.
- Meu amor... - Lalisa sussurrou. - Melhor a gente ir embora, podemos voltar outra hora. - ela disse ligando o carro novamente.
- Não! - falei rapidamente, puxando uma forte lufada de ar. - Eu não vou recuar agora. Vou mostrar para aquelas duas que não se pode brincar com Ruby Jane.