Nós Crescemos [✓]

De Mogridd

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[ESSA É A CONTINUAÇÃO DE - "VOCÊ CRESCEU".] Depois da noite onde Dilan e Lory choraram nos braços um do outro... Mais

Dedicatória.
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 25.
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Capítulo 29.
Capítulo 30.
Capítulo 31.
Capítulo 32.
Capítulo 33.
Capítulo 34.
Capítulo 35.
Epílogo.
Contos da Duologia. Venham ler!

Capítulo 24.

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De Mogridd


Lory.

Voltamos para o cemitério correndo. Minha garganta queimava, assim como meus pulmões, mas não importava. Dilan está rindo, rindo de forma tão sincera e feliz que faz meu peito pular.

Tessa e Becca é a mesma coisa. Todo mundo parece tão feliz debaixo da luz da lua, e eu não estou diferente. Sinto mil e uma coisas dentro de mim, pulando com toda a felicidade que alguém pode ter.

Segurei os cabelos de Dilan com cuidado, ele corre com pressa, segurando minhas pernas com força. Eu me sinto tão feliz com todos aqui, eu sinto que Stephan também ri conosco. Eu nunca me esquecerei dessa madrugada.

Pingos me fizeram encarar o céu, logo uma gota caiu em meu nariz, para depois, o céu começar a cair por cima de nós. Parecia que alguém lá em cima estava chorando, seu choro nos molhava e enchia nossos corações.

Gritamos o mais alto que conseguimos. Minhas roupas grudavam no corpo, mas não importava. Na escuridão daquela noite, tudo parecia tão vivo, tão claro.

- Dilan, vamos dançar! - Gritei sobre barulho alto da chuva. Din me ajudou a descer, e logo, segurou minhas mãos, me girando.

Ri alto, colando seu corpo ao meu.

Nossos risos faziam a chuva ser esquecida, e todo frio que ela trazia ser mandando embora. Abracei o corpo de Dilan contra o meu, sabendo que o amaria para sempre.

Beijei sua testa molhada com carinho, logo abraçando seu pescoço. - Eu te amo muito, parabéns por ter conseguido vencer mais uma batalha. - Falei em seu ouvido, ficando na ponta dos pés. Com os cabelos encharcados, e os lábios trêmulos, Dilan me fitou de maneira tão amorosa, me beijando com toda intensidade que conseguia.

Segurei seus fios encharcados, sentindo a chuva cair ao nosso redor, as gotas pesavam minhas roupas, porém, tudo era tão leve e verdadeiro. A brisa da madrugada era tão boa.

Com o corpo trêmulo, apreciei seu calor e sua presença. Eu não precisava mais pensar em nada, só ter ele comigo era o suficiente. Quero guardar esse sentimento para sempre dentro de mim.

Seu beijo ficou calmo, levando meu ar. Nos afastamos rindo, a risada simplesmente escapava de nossos lábios toda vez que nos beijamos.

- Que casal, senhores, que casal. - Tessa começou a bater palmas, e Becca a acompanhou rindo. Ri junto com elas, meu rosto todo molhado, e meu coração completamente feliz.

Din abraçava meus ombros com carinho, apoiando o queixo em minha cabeça e rindo junto também. Fisguei seus globos castanhos, tinham gotas de águas se aglomerando em seus cílios. Não pensei que uma coisa tão simples podia o deixar tão lindo.

Me virei e dei um selinho em seus lábios vermelhos e trêmulos, sentindo vontade de gritar e voltar a correr.

Me afastando e puxando o ar, segurei sua mão, fitando as meninas a nossa frente.

- Muito obrigado, mas agora vamos - Anunciei puxando Dilan e voltando a correr. Eu me sentia uma criança sapeca, uma pessoa livre e sem preocupações.

As meninas nos seguiram gritando. A lua também nos seguia, a linda e calma lua.

Entramos naquele cemitério sem medo, pegamos os cobertores e olhamos uma última vez para o lápide de Stephan. A água que caia levava toda a sujeira para longe de seu túmulo.

- Nós vamos voltar aqui para limpar tudo, ok? - Indaguei os encarando. Todos concordaram. Din soltou minha mão, e beijou o esqueiro, o deixando sobre a lápide de Stephan. Agora entendi porque trouxeram esse objeto.

Escutei murmuros saindo de sua boca, ele fechou os olhos e tocou a lápide de Steph, sorrindo ao acabar.

Agora ele tinha aceitado, ele não estava mais chorando, e sim sorrindo. Ele tinha aceitado a morte.

Todos ficamos ao redor do túmulo, e em uníssono, declaramos amor ao ruivo. Agora, ninguém chorava mais, e se estivessem chorando, a chuva gelada escondia suas lágrimas.

Demos as mãos e caminhamos até o carro. Deixamos aquele cemitério escuro para trás. Essa noite mudou alguma coisa em nós, porque, parecíamos apreciar a escuridão da noite, pois é só na escuridão que há estrelas.

Entrei calmamente no carro, molhando os bancos. O quadro estava no porta malas. Dilan falou que vai prender em seu quarto. Eu fiquei tão feliz em saber que ele gostou, era isso que eu estava esperando. Agora ele pode ver a pintura de seu querido amigo.

- Eu amo vocês - Becca falou de repente, fazendo todos encará-la. - É sério, eu virei outra pessoa ao conhecer vocês. Eu amo vocês. - Me estiquei em meu banco para conseguir abraçá-la. Din pareceu surpreso com a declaração, mas ficou feliz.

- Eu também amo vocês. - Falei para todos, Tess sorriu, falando logo depois que nos ama também. Din fez o mesmo, em um sussurro envergonhado, mas fez.

Me virei para frente quando as meninas começaram a se beijar. Meu coração batia rapidamente de felicidade, as coisas estão se ajeitando. Depois de quatro anos, tudo parece estar indo bem.

Coloquei meu cinto, minhas roupas grudavam no corpo e obriguei Dilan a ligar o aquecedor. Sorri quando o ar quente bateu em minhas bochechas. E quando o carro começou a se mover, me despedi daquele lugar. O mundo ainda parecia calmo, como que aquele noite fosse apenas nossa, para gritar e fazer o que quiser.

Observando a lua pela janela, com todo seu brilho e seu carinho, adormeci tranquilamente naquele banco. Um mundo calmo e sonolento, onde a linda melodia da madrugada enchia meus ouvidos.

Foi um sono tranquilo e quente. Eu sentia que tinha alguém olhando por nós, e isso me fez dormir sem medo do amanhã.

...*...*...

Dilan se apoiou na porta de seu carro. Me aproximei dele para me despedir, vou dormir na casa da Tessa. Ela já está preparando as coisas em seu quarto.

- Minha casa é a do lado, você sabe, né? - Din falou ao desviar o olhar e coçar o pescoço. Ri com seu ato tímido, tocando seu queixo.

- Eu sei, não se preocupe. - Virei sua cabeça para mim, dando um selinho calmo em seus lábios quentes. - Boa madrugada, nos vemos amanhã. - Sussurrei para ele, sorrindo ao nos separarmos.

Din me olhou com os lindos olhos por alguns segundos, carregando tantos sentimentos para apenas uma pessoa. Ele parecia não querer que eu fosse embora, e eu também não queria ir. Sem dizer nada, sua mão segurou a minha, e ele me puxou para perto, me beijando de forma calma.

Apreciei seus lábios contra os meus, seguindo seus movimentos necessitados. Em seus braços, tudo parece um sonho.

Brinquei com seus cabelos antes de me afastar. Meus lábios formigavam por causa do beijo recente. Din me abraçou com força, apoiando seu corpo contra a porta do carro. Me permiti ficar mais um tempo em seus braços antes de entrar para casa de Tessa. Ele tinha cheiro de chuva, era um cheiro nostálgico e bom. Descansei minha cabeça em seu peito, escutando as batidas aceleradas de seu coração.

A noite não parecia mais tão gelada.

- Eu te amo. - Sussurrou contra minha pele, me fazendo rir. Com todas essas declarações, a pergunta do porquê demoramos tanto para falar nossos sentimentos predominava. O tempo todo, o sentimento era recíproco. O meu primeiro amor, também me ama.

- Eu também te amo. - Ergui a cabeça, fisgando seus lábios mais uma vez. A maciez deles era viciante, e eu não tinha medo dessa droga que me faz querer mais. Dilan apertou minha cintura com força, trazendo meu corpo para perto de si. Um arrepio percorreu por meu ser, me obrigando a aprofundar aquele beijo intenso. Era incrível sentir seu gosto se misturando ao meu, nossas batidas entrando em sintonia.

Nos afastamos lentamente, recuperando o fôlego silenciosamente. Minhas mãos desceram para seu pescoço, depois para os ombros e braços. Sua pele fervia.

- Eu não quero dizer boa noite. - Murmurei brincando com um pingo de água que tinha caído de seus cabelos e escorregava por sua pele. Aquelas palavras foram o suficiente para Din me virar e me prender entre ele e o carro.

Cada um de seus braços estava ao lado de meu corpo, fazendo meu rosto queimar com força. Ele me olhou com os olhos tão carregados novamente, e foi difícil sustentar aquele olhar.

- Você não precisa ir - Murmurou em meu ouvido. Meu ser recebeu ondas de energia quando seus lábios acariciaram a pele de meu pescoço. Segurei sua blusa com força, meu corpo estava em chamas, explodindo junto ao seu calor.

- P-preciso. - Murmurei embriagada com seus beijos calmos que faziam minha pele se arrepiar. Aquelas palavras não eram sinceras. Din levantou o rosto, admirando minha face vermelha.

Seus cabelos que caiam sobre seus olhos, fizeram eu morder os lábios com força. Com a luz da lua, ele ficava ainda mais lindo.

- Certeza? - Indagou em voz baixa e rouca antes de colar nossos lábios. Ele estava me tentando, não era possível.

Minhas mãos correram para suas costas ferventes, retribuindo aquele beijo lento. Naquele momento, eu não estava pensando direito. Todo sono que estava em meu organismo tinha ido embora. Segui seus movimentos, me sentindo completamente roubada por seus lábios mornos e suas carincias necessitadas.

- Não - Murmurei juntando nossos corpos. Minhas mãos tremiam ao sentir seus músculos tensos. Ele acariciou meus lábios com os seus, me fazendo fechar os olhos com força. Meu coração parecia prestes a sair pela boca. - Não sei. - Me corrigi timidamente, ele me encarou por alguns segundos. Seu rosto banhado por desejo, fez meu corpo estremecer, e eu querer beijá-lo novamente.

Seu silêncio pensativo me deixou envergonhada. Tentei deixar minha respiração regular, puxando o ar pela boca.

- É melhor você ir mesmo, boa noite - Antes que seus braços me deixassem sair, abracei seu pescoço, juntando nossos lábios com necessidade.

Rapidamente, suas mãos voltaram para meu corpo, me fazendo querer ficar lá. Nenhum de nós queríamos ir.

Com seus lábios contra os meus, me perguntei o porquê me sentia tão diferente em relação a Dilan. Parecia que meu corpo precisava do seu.

Ele segurou minha cintura com força, juntando ainda mais nossos corpos e roubando um suspiro de meus lábios.

- Vocês querer meu quarto emprestado? - A voz de Tessa fez eu afastar Din com força. Encarei o rosto malicioso da ruiva, sentindo toda minha face em chamas.

- N-não. Eu já estou indo. - Murmurei beijando a bochecha de Dilan e o olhando uma última vez antes de ir. Seus olhos pareciam respoder as coisas que eu sentia.

Ele acenou para mim quando me aproximei de Tessa com pressa. Sorri timidamente para ele, seguindo Tess até sua casa. Podia sentir o olhar quente de Dilan sobre mim. Tentando parar de pensar em seus beijos e em suas palavras abafadas, sacudi a cabeça. Tinha que deixar aquele desejo para lá, se não voltaria correndo até ele. Porém, já estava sentindo falta da pressão de seu corpo e lábios contra os meus.

- Lory, não sabia que meu primo era tão safado assim. - Tessa murmurou roubando uma batida de meu coração. Ergui meu olhar para suas costas, puxando o ar silenciosamente.

- Nem eu. - Ela riu, me deixando tonta. Entramos em seu quarto com cuidado, Becca já estava dormindo na cama.

- Aqui, uma roupa para você. Boa noite, te amo. - Tess sussurrou me estragando uma muda de roupa. Encarei os tecidos no breu daquele quarto, a abraçando com força.

- Também te amo. Muito obrigado. - E com isso, me troquei no banheiro, e cai de cara no colchonete no chão. Minha mente viajou para tudo que aconteceu hoje, abalando minhas estruturas. Afundando meu rosto no travesseiro, me permiti pensar em Din novamente e como ele faz meu coração pular. Com esses pensamentos, e um rosto quente, adormeci naquele quarto escuro.

O dia chegou rápido. O sol invadiu aquele cômodo, batendo diretamente em meu rosto. Me remexi sonolenta no colchonete, me esquecendo por alguns segundos onde estava. Logo reconheci as paredes brancas com muitas fotos. Suspirei, passando minhas mãos pelos cobertores macios.

Molhei os lábios secos, não tendo nem um pingo de vontade de sair daquele colchão. Meu corpo estava pesado e ainda sentia o sono em meu organismo. Bocejando de forma sonolenta, me levantei em silêncio e fui até o banheiro. Prendi meu cabelo e joguei água no rosto. Eu agradeço a genética boa dos meus pais por eu não ser uma pessoa que tem muitas olheiras.

Tirei o pijama preto de renda que Tessa tinha me emprestado. Vendo-o em plena luz do sol, ele era muito bonito. Vesti minha roupa que estava na secadora, voltando para o quarto e escrevendo uma carta de agradecimento.

Tirei uma foto das meninas que dormiam abraçadas antes de ir. Sorri ao olhar a imagem, e antes que eu pudesse ir, Tess abriu os olhos.

- Já vai? - Assenti com um pequeno sorriso. Seu rosto amassado era tão engraçado que tive que morder o interior das bochechas para não rir. - Ok, te vejo depois. Posso te buscar na escola depois, quero mais detalhe de como tudo aconteceu entre você e Din. - Revelou piscando os olhos sonolentos, e voltando a deitar sua cabeça.

Ri baixo e murmurei um "tudo bem", pulando a sacada e pegando um ônibus até minha casa. O sol da manhã me recebeu alegremente, eu podia ir andando, mas estava com muito sono no meu organismo para isso. Uma soneca no banco do ônibus me preparou para enfrentar Megan Thompson.

Marchei até a porta de minha casa, entrando sem bater. Ao fechar a porta, deixei o céu azul para atrás, dando de cara com meus pais sentados nos sofás. Sorri sem jeito, meu peito parecia prestes a sair da boca com seus olhares afiados.

- Filha - A voz suave de papai me fez estremecer. Continuei onde estava, sorrindo feito uma idiota. - Onde você passou a noite? - Indagou sem tirar os olhos de mim. Mamãe também me analisava, deixando minhas pernas bambas.

Na entrada da porta, sendo alvo de seus olhares, eu já podia me preparar para o pior. A mãe do Din ligou de novo, certeza.

- Eu dormi na casa da Tessa, mas isso é uma meia verdade. - Murmurei juntando minhas mãos. Mamãe suspirou, fazendo sinal para eu me sentar ao lado deles.

Caminhei com passos desengonçados, pensando em tudo que eles poderiam fazer. Me sentei ao lado de mamãe, o sorriso idiota não saia de meu lábios.

- Filha, a escola nos ligou. - Meu corpo ficou duro com suas palavras. Puxei o ar com força, procurando palavras para me explicar, mas nada vinha. - Eles mandaram a gravação das câmeras para nós. - Anunciou com a voz baixa. O silêncio caiu sobre aquela sala, enquanto minha boca permanecia aberta.

Ferrada, completamente ferrada.

O olhar firme de papai, me fez curvar os ombros.

- I-isso é uma longa história. - Limpei a garganta, tentando me manter firme. - Uma longa história - Murmurei sem voz. Eu não podia ser expulsa da escola, de novo não.

Papai se pronunciou:

- Filha, nós vimos as coisas que você fez, dentro da escola. - Arregalei os olhos, fitando o chão. Meu coração começou a ameaçar de sair pela boca, e meu rosto entrou em chamas. - Lory, olhe para nós - Ordenou de maneira dura. Sustentei seu olhar, lágrimas brotaram em meus olhos.

- M-me desculpem. - Pedi. - Mas realmente é uma longa história. - Limpei uma lágrima que caia. Eu não sei lidar com esse tipo de coisa, sempre acabo chorando.

- Você chegou bêbada há alguns dias atrás, filha. - Aquelas palavras me acertaram de certa forma, que não fui capaz de aguentar a decepção no timbre deles.

- E-eu não vou mais fazer isso. - Murmurei sem encará-los. Eu estou realmente sendo uma péssima filha. Eu coloquei Dilan em problemas também. - Me desculpem - Pedi mais uma vez.

- Acho melhor você passar um tempo na casa de seu pai. Uma semana talvez, como forma de castigo. - Ergui os olhos para eles, desesperada.

- Não. - Fui rápida em falar. - Já falamos sobre isso.

- Mas agora é diferente. Não temos mais motivos para ceder ao seus desejos. - Mamãe rebateu de maneira dura, mas não foi o suficiente para me deixar calada.

- Eu estou namorando o Dilan. Eu não vou. - Me perguntei se a palavra "namorando" era certa para ser usada, mas eu acreditava que sim.

Essa declaração roubou as palavras de mamãe. Seus olhos brilharam, mas ela desviou, tentando esconder a felicidade.

- O quê - Meu pai perguntou com a voz elevada. - O Dilan? Aquele menino magrinho que sempre aparecia na academia? - Sorri para papai por ele se lembrar. Ele tentou conter um sorriso quando concordei, mas não funcionou. Um sorriso grande se apossou de seus lábios. - Eu achei que ele tinha mudado depois da coisa horrível que aconteceu. - Pisquei, lembrando de tudo que aconteceu após a morte do pai de Dilan, e de como eu sofri com sua partida.

Puxando o ar com força, continuei:

- Como eu disse, é uma longa história. Eu tenho uma boa explicação para tudo - Murmurei ajeitando a postura. Eu sentia meu corpo cansado, e minha barriga roncando. Eu não queria ter que contar tudo agora.

- Isso é muito bom, Lory. De verdade, eu esperei tanto por isso. - Mamãe revelou, me fazendo sorrir. Minha mãe aprova meu namoro, Deus, eu estou namorando.

Meu corpo se arrepiou ao pensar nisso. Namorando. Não teve pedido de namoro, mas eu posso considerar como um namoro, certo?

Dilan me ama.

Lágrimas começaram a encher meus olhos, e eu não me segurei. O silêncio caiu sobre nós, enquanto eu chorava ainda mais de felicidade. Tudo está sendo tão feliz.

- Filha - Papai me chamou meio hesitante. Deve ser estranho eu começar a chorar do nada, mas é inevitável. - Nós não queremos te castigar, mas não podemos deixar isso passar em branco. - Ele limpou a garganta, fazendo meus músculos tremerem. - Antes de tudo, você passou a noite com o garoto? - Pisquei, concordando. Rapidamente, a expressão de papai mudou, me deixando confusa. - Filha - Ele passou as mãos no rosto, e mamãe começou a gritar ao meu lado.

A encarei com medo. Ela segurou meu braço, me sacudindo.

- Vocês usaram proteção? Eu quero um neto, mas você é muito nova, não faça como eu - Pisquei com suas palavras. Proteção? Meu rosto entrou em chamas quando entendi a pergunta de papai, e o que eu tinha respondido.

- N-não foi nada d-disso - Me corrigi com rapidez, tropeçando nas palavras.

- Vocês não usaram camisinha!? - O grito de papai fez meu coração pular, e todo meu ser mergulhar em vergonha.

- Filha! E aquele conversa que tivemos no seu aniversário de dezesseis anos? Por que você não me escutou? - Congelei ainda mais com a pergunta de mamãe. Logo a lembrança daquela conversa traumatizante encheu meu pensamentos, me obrigando a levantar em um pulo.

- Nós não transamos!

...*...*...

Obrigado, querido telefonema. Graças a você meu castigo, e aquela conversa foram adiados.

Puxei o ar com força, eu deveria estar mais calma, porém, receber um telefonema em plena manhã da escola, não se parece ser uma coisa muito boa, principalmente nas minhas circunstâncias.

Continuei andando pelo imenso corredor junto aos meus pais. Paramos em frente a porta da diretoria, papai bateu e então entramos.

Eu estava certa. Não é coisa boa.

Meus olhos se encontraram com os de Dilan, que sorriu ao me ver. Dona Suzana também estava na recepção da secretaria, ela não parecia muito amigável como costuma ser. Acho que ela nem notou minha presença.

Aurélia, a recepcionista, chamou meus pais e a mãe de Dilan. Eles marcharam até ela. Por favor, expulsão não.

- Lory - Olhei para Din, ele sussurrava meu nome como se fosse um segredo. Me aproximei discretamente dele. - Eu falei que não era uma boa idéia - Falou assim que me aproximei. Me apoiei na parede ao seu lado, cruzando os braços.

- Sem broncas, por favor. Mal tive tempo de comer. - Murmurei com a cabeça doendo. Era muita coisa para engolir em apenas uma manhã.

- Ok. - O silêncio caiu entre nós, me deixando estranhamente culpada. Ele está ferrado por minha culpa, mas eu pedi para ele ficar lá fora.

Merda.

- Venham - Aurélia, com seus cabelos pretos em um coque apertado, nos chamou. Andei ao lado de Din, ainda com os braços cruzados.

Seu rosto amassado e seus cabelos bagunçados, denunciavam que ele também não teve tempo para nada.

Meu coração pulou quando meus olhos se encontraram com os negros do diretor. Sorri torto para ele, me sentando a sua frente. Din e os outros fizeram o mesmo.

- Bom - Começou, fazendo meu corpo tremer. Peter, seu filho, parece tão amigável, diferente do diretor Constant. Ele parece pronto para matar alguém. - Essa noite a escola foi vandalizada. - Afirmou de maneira dura.

- Se me permite falar, o termo certo não e "vandalismo" - Minha mãe e de Din falaram em uníssono, encarei Dilan perplexa. Elas riram uma para outra como velhas amigas.

Minha mãe finalizou com a voz suave:

- Eles são crianças, e pelo que sei, não quebraram nada - Sorriu ao cruzar as pernas. O diretor continuou sem expressão, mas jurei que ele quis revirar os olhos.

- Eles roubaram - Fiz mesão rapidamente de rebater, mas ele foi mais rápido. - , invadiram a escola - Encolhi os ombros com suas palavras - E ainda fizeram coisas inapropriadas. - Engoli minhas palavras com sua fala, meu rosto queimava com força e não tinha coragem de encarar ninguém.

- Vocês roubaram algo? - Mamãe perguntou já sabendo a resposta. Já tinha falado com ela sobre o quadro.

- Aquilo é meu, senhor. - Revelei de maneira calma. Escutei papai se segurando para não rir atrás de mim.

- Meu filho nunca faria isso, diretor. - Dona Suzana rebateu. Din concordou com um murmurou.

- De qualquer forma, senhoras, eles merecem uma punição. Só não chamei a polícia por causa do meu querido aluno Benjamin, que interveio pelo irmão, e Emily, por Lory Thompson. - Pisquei, surpresa com suas palavras. A culpa logo veio junto, não falei mais com Emily desde que ela perdeu a competição.

- E o que você pretende fazer? Eu já vou aplicar um castigo em minha filha. - Papai indagou. Sorri ao ver que tinha apoio deles, e prometi a mim mesma não decepcioná-los nunca mais.

- Meu filho, Peter Constant, está fazendo um clube aqui na escola, ele precisa de integrantes. - Contou calmamente. - Vocês dois farão parte. - Declarou nos encarando.

Dilan, que estava calado esse tempo todo, se pronunciou:

- E sobre o que é? - Sustentei o olhar do diretor, sentindo a mesma curiosidade.

- Astronomia. - Contou, e meu coração disparou.

- Astronomia? - As palavras pareciam sagradas saindo da boca de Dilan. - Peter estuda astronomia? - Parecíamos estar pensando a mesma coisa, quis abraçá-lo por aquilo.

- Sim, mas isso não vem ao caso. Vocês agora são integrantes do clube de astronomia, alguma reclamação?

Sorri ao ver que estava errada em relação ao diretor. Isso não parece um castigo, chego até a falar que ele está tentando ajudar o filho a fazer amigos e isso é muito bonito.

- Não. - Falamos em uníssono.

Sai daquela sala completamente aliviada. Eu esperava uma expulsão, mas foram apenas participação "obrigatória" de um clube e suspensão por um dia.

- Lory. - Me virei para trás com a voz da mãe de Dilan. Ela me olhou com seus globos verdes carinhosos. - Venha aqui. - Segui até ela, para logo receber um abraço apertado da mesma. - Quero você hoje à tarde na minha casa para um almoço, tudo bem? - Sorri com suas palavras.

- Claro. - Me pergunto se Din já contou para ela sobre o que está acontecendo entre nós.

Foi uma grande surpresa quando papai e mamãe disseram para eu ir comer algo com Dilan, eles também disseram que iríamos continuar aquele conversa quando eu chegasse.

Quase que correndo, me despedi de meus pais e Suzana, e saímos daquela escola.

O assunto faculdade está pairando no ar, e eu realmente não iria aguentar deixar Dilan para trás. Eu não sei como as coisas vão acontecer, mas espero que não tenhamos que ficar afastados por mais quatro anos. Eu quero que as coisas continuem bem entre nós.

Entre mim e meu namorado.

"Você não precisa ir"

Esse foi o capítulo de hoje. Foi um cap mais calmo, porque os outros já foram muito agitados❤️

Espero de verdade que tenham gostado❤️

Amo vocês e muito obrigado por tudo ♥️

Próximo capítulo quarta.

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