O CLUBE DOS JOVENS QUEBRADOS

By FelipeSali

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Quatro adolescentes com nada em comum se juntam em um clube secreto para resolver seus desafios pessoais. Jul... More

MUNDO DE SALI
capítulo um
capítulo dois
capítulo três
capítulo quatro
capítulo cinco
-
capítulo seis
capítulo sete
capítulo oito
capítulo nove
capítulo dez
capítulo onze
Anúncio - temos uma camiseta oficial
capítulo doze
capítulo treze
capítulo quinze
capítulo dezesseis
capítulo dezessete
capítulo dezoito
capítulo dezenove
Fim da temporada e avisos
ICK FOI PUBLICADO

capítulo catorze

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By FelipeSali


Davi se olhou no espelho. Encarou a pele retorcida, o sangue represado e o inchaço que deformava o seu rosto. Tentou se convencer de que não era tão grave assim, provavelmente desaparecia em uma semana e ninguém perceberia desde que usasse óculos escuros para disfarçar.

Pela primeira vez, agradeceu por ter poucos pertences. Tudo que não coubesse na mochila deveria ficar para trás. Colocou algumas roupas, escova de dentes, carregador do celular, desodorante, sabonete...

A estante de livros encarou Davi de volta. Nove ou dez livros velhos que o garoto juntou ao longo comprando em sebos e roubando da biblioteca da escola. Apenas um poderia lhe acompanhar. Folheou cada um dos seus amigos com pesar. Guardou o exemplar de O Apanhador no Campo de Centeio no bolso maior da mochila e a colocou nas costas. Certificou-se de que não deixaria nada de importante para trás. Nada além do seu quarto, é claro. Na pior das hipóteses, ele nunca mais dormiria naquela cama.

Saiu de casa antes que os seus pais acordassem. Chegou na escola antes de todo mundo. Caminhou pelos corredores vazios, sentou no chão da biblioteca, colocou o seu headphone preto e, inesperadamente, caiu no sono. Dormiu melhor do que conseguira na sua ex-cama.

Juliana estava se sentindo particularmente naquele dia. Descobriu durante a primeira aula do dia que fora a única a tirar nota 10 na prova de física que aterrorizou todos os seus colegas de classe. Seu cabelo estava mais bonito do que o normal, com um brilho de gente saudável e o seu humor estava apenas 50% rabugento ao contrário do habitual 100%.

Assim que o sinal do intervalo tocou, foi até a lanchonete e descobriu que (finalmente, finalmente, FINALMENTE) a escola parou com a besteira de proibir fritura e que suculentas coxinhas de frango com catupiry estavam sendo vendidas.

— Oi, Ju... — Maria apareceu pela tangente e a sua expressão preocupada não combinava nada com o clima em que Juliana se encontrava.

— Oi, Maria — Juliana respondeu enquanto pegava duas coxinhas e saía da fila. — Você está bem? Parece abalada...

— O Davi não respondeu nenhuma das minhas mensagens e nem atendeu as minhas ligações. Eu to me sentindo muito culpada pelo o que fiz com ele ontem — respondeu.

— Bom, você deveria, né? — Juliana sentou-se numa das mesas e Maria ocupo a cadeira ao lado. — Você vacilou legal com o menino. Um menino que claramente tem um crush por você, ainda por cima.

— Eu me distraí com...

— Eu sei MUITO bem com o que você se distraiu, Maria — Juliana interrompeu. — Eu só peço uma coisa, tome cuidado para não se perder!

— Não precisa se preocupar comigo.

— Sim, eu preciso — Juliana já estava quase na metade da primeira coxinha. — Vou explicar isso de uma maneira que você vá entender, ok? Quando te conheci, você era a fofa e inocente Taylor Swift de Speak Now, cantando num castelo e esperando o príncipe encantado. Agora que começou a beijar desconhecidos em festa, bolar aula e se relacionar com esse marginal, podemos dizer que você entrou na fase rebelde e dark de Bad Reputation. Ninguém aqui está te julgando, você é jovem e precisa aproveitar a vida. Mas, mesmo a Taylor Swift soube a hora de voltar atrás e entrar na fase Lover antes que fosse tarde demais. E isso é importante, porque se ela perdesse o momento certo de voltar a ser certinha, ela poderia acabar como a Britney Spears que se perdeu para sempre nessa fase da vida. Entendeu?

Maria estava perplexa.

— Como você sabe tanto sobre Taylor Swift?

— Isso não importa... você não absorveu NADA do que acabei de falar?

Antes de Maria pudesse responder, Gabriel apareceu e sentou-se a mesa com suas amigas.

— E aí, meninas. Como estão? — Perguntou sem tirar os olhos do celular onde jogava free fire.

— Por favor, me diz que você viu o Davi hoje! — Maria exclamou.

— O Davi? Vi sim! Ele está tirando um cochilo lá na biblioteca.

Maria se levantou e saiu correndo.

— O que você estava fazendo na biblioteca? — Juliana perguntou.

— O que mais eu poderia fazer? Estava em busca de uma boa leitura!

— ...

— Para ser sincero, contrataram uma bibliotecária nova, ela deve ter uns dezoito anos e é muito gata!

***

Maria encontrou Davi sentado no chão, encostado em uma estante. Como estava de óculos escuros, era difícil dizer se estava mesmo dormindo ou apenas olhando para o nada.

— Davi?

Nenhuma resposta. Estava dormindo.

— Davi? — repetiu. Dessa vez, tocou no ombro do amigo delicadamente.

Ele acordou confuso. Não havia percebido que pegara no sono até a hora em que acordou.

— Maria? Que horas são? — Perguntou.

— Já está terminando o intervalo. Dormiu muito?

— Merda! Perdi as primeiras aulas inteiras! — levantou-se.

— Desculpa te acordar é que eu queria pedir desculpas. Eu super vacilei contigo ontem e...

— Não precisa se desculpar — Davi disse. — To indo nessa.

Maria pegou na sua mão para não deixar que fugisse.

— Eu preciso pedir desculpas, sim! Eu pisei na bola, mas não quero prejudicar a nossa amizade com isso.

— Está tudo bem...

— Não parece que está bem!

Davi virou-se para Maria e tirou os óculos escuros. Exibiu os tons de roxo e vermelho da sua pele. Mostrou os inchaços e toda a manifestação física da violência. Maria prendeu a respiração, nunca antes viu alguém machucado daquela forma.

— Sabe o que isso aqui significa? — Davi disse apontando para o olho que mal abria de tão inchado. — Isso significa que eu tenho problemas bem maiores para me preocupar!

Soltou da mão de Maria e saiu da biblioteca.

***

— Ai meu Deus! — Juliana exclamou. — A Sabrina está vindo para cá!

— Quem? — Gabriel olhou para trás e viu uma menina baixinha e de longos cabelos escuros ondulados caminhando na direção deles. — O que tem a Sabrina?

— Nada demais — Juliana disse. — Mas ela está vindo para cá!

— Você parece nervosa... — Gabriel abriu um sorriso ao entender a situação. — Huuummm... Então até a Juliana tem paixonite de escola?

— Cala a boca, seu lacoste ambulante! — Juliana retrucou. — E não me envergonhe, por favor.

— Oi, gente — Sabrina disse. Ela parou ao lado da mesa e sorriu. — Como vocês estão?

— Estou bem — Gabriel disse. — Você já reparou como a boca da Juliana é bonita?

Tudo que Juliana queria naquele momento era morrer. Literalmente morrer.

— Sim, já reparei — Sabrina disse, para a surpresa dos dois. — É muito bonita mesmo.

— Obrigada... — Juliana murmurou. De repente, ela não sabia o que fazer com as mãos.

— Enfim, eu vi que você tirou dez em física, parabéns! Eu estou sendo um desastre nessa matéria. Por isso, eu pensei. Sei lá. Se você gostaria de me ajudar um pouco. Podemos nos encontrar numa sexta à noite lá em casa e você me ajuda a entender a matéria. Se quiser, é claro.

— Ah... — Juliana gaguejou um pouco.— Eu adoraria te ajudar. Quer dizer, não tenho problemas com isso.

— Ótimo, obrigada! — Ela sorriu. — Te mando um whatsapp para marcar tudo direitinho.

E se retirou.

Gabriel estava com um sorriso do tamanho do mundo.

— Juliana tem um daaaaaaaaate.

— Não é um date! Vamos estudar!

— Pode mentir para si mesma se quiser, mas ela acabou de elogiar os seus lábios. Enfim... tenho uma coisa para contar.

— Por que todo mundo vem a mim quando precisa revelar algo?

— Não é óbvio? Você é a mais madura do grupo, sempre sabe o que fazer. E a situação que vou te contar agora é beem complicada — ele parou e olhou para o horizonte. — Na verdade, é meio assustadora e só me dei conta disso agora.

— Ok, pode contar.

— Uau, agora... Juliana, agora percebi que é algo MUITO assustador.

— Desembucha!

— Eu encontrei o rapaz que a Maria está ficando. Sabe, o Damien?

— Como não saber...

— Acontece que ele mora no mesmo prédio que um amigo meu. Esbarrei com ele no corredor do prédio, até batemos um papo. Eu disse que conhecia ele da festa e que achei toda aquela história dos carros maravilhosa e tal.

— Hum...

— Então nos despedimos e ele abriu a porta para entrar no apartamento e foi aí que eu vi.

— Viu o que?

— Foi muito rápido, quase um segundo. Ele achou que eu não estava mais olhando e mesmo assim abriu e fechou a porta o mais rápido que conseguiu. Não adiantou nada, eu vi.

— Viu o que?

— A Maria.

— Você viu a Maria?

— Não. Eu vi a foto da Maria. Não uma, mas dezenas de fotos da Maria impressas e coladas na parede do cara. Dezenas! Como se Damien tivesse um altar para ela.  

***

Por favor, deixe um comentário e um voto. Isso é importantíssimo para fazer o livro crescer.

***

MELHOR RESPOSTA

Todo capítulo eu posto uma pergunta para vocês e coloco a melhor resposta no capítulo seguinte. No capítulo passado a pergunta foi "que conselho você daria para os seus pais?". Tivemos várias respostas ótimas, mas todas foram tão sinceras, íntimas e profundas que eu achei melhor não expor nenhuma delas aqui. Não vou colocar nenhuma resposta hoje, mas parabéns pelos comentários. 

PERGUNTA DO CAPÍTULO

QUAL É O MELHOR FILME DE TODOS OS TEMPOS? 

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