O assassinato no campo de gol...

By ClassicosLP

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Obra da inglesa Agatha Christie. More

I - Uma companheira de viagem
III - Na Villa Geneviève
IV - A carta com a assinatura de "Bella"
V - A história de Mrs. Renauld
VI - A cena do crime
VII - A misteriosa Madame Daubreuil
VIII - Um encontro inesperado
IX - Monsieur Giraud descobre novas pistas
X - Gabriel Stonor
XI - Jack Renauld
XII - Poirot elucida certos pontos
XIII - A moça dos olhos ansiosos
XIV - O segundo corpo
XV - Uma fotografia
XVI - O caso Beroldy
XVII - Nossas novas investigações
XVIII - Giraud entra em ação
XIX - Eu uso minha massa cinzenta
XX - Uma declaração surpreendente
XXI - Hercule Poirot em cena
XXII - Descubro o amor
XXIII - Dificuldades no horizonte
XXIV - Salve-o!
XXV - Uma descoberta inesperada
XXVI - Recebo uma carta
XXVII - A versão de Jack Renauld
XXVIII - Fim da jornada

II - Um pedido de socorro

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By ClassicosLP

Eram nove e cinco quando entrei em nossa sala de estar para tomar o café da manhã no dia seguinte. Meu amigo Poirot, estritamente pontual, como de costume, acabava de quebrar a casca do segundo ovo.

Ele sorriu ao me ver.

— Dormiu bem, hein? Recuperou-se daquela travessia tão terrível? É admirável que você esteja quase pontual hoje. Pardon, mas sua gravata não está simétrica. Permita-me ajeitá-la para você.

Já descrevi Hercule Poirot antes. Que homenzinho extraordinário! Altura, um metro e cinquenta e poucos. Cabeça em formato de ovo, sempre ligeiramente inclinada para um lado. Olhos verdes cujo tom se intensifica quando ele está exaltado. Bigodinho alongado, eriçado e pontiagudo, em antigo estilo militar, demonstrando notável ar de dignidade! Sempre muito bem arrumado, aparência impecável. Afinal, ele tem paixão absoluta pela perfeição. Ao ver um objeto fora de prumo, uma sujeirinha qualquer ou um mero desalinho no traje de uma pessoa, sente-se aflito como que torturado, não descansando enquanto não encontra um modo de corrigir a falha. "Ordem" e "Método" são como deuses para ele. Demonstra certo desdém por provas tangíveis, como pegadas e cinzas de cigarro, afirmando que nunca servem, por si mesmas, para conduzir o detetive à solução de um crime. Ao afirmar isso, costuma bater na cabeça ovalada com absurda complacência, acrescentando com grande satisfação: — O verdadeiro trabalho ocorre aqui dentro. Vem de dentro para fora. As pequeninas células de nossa massa cinzenta, lembre-se sempre delas, mon ami.

Sentei-me e expliquei a Poirot em tom de brincadeira que a travessia de cerca de uma hora entre Calais e Dover nem de longe poderia ser classificada de "terrível".

— Chegou algo interessante pelo correio? — perguntei.

Poirot demonstrou descontentamento num gesto de cabeça.

— Ainda não examinei minha correspondência, mas nada interessante vem pelo correio hoje em dia. Os grandes criminosos, aqueles que têm método, já não existem.

Balançou novamente a cabeça, cheio de esmorecimento, e eu caí na gargalhada.

— Anime-se, Poirot, sua sorte irá mudar. Abra sua correspondência. Algo me diz que uma dessas cartas representa um novíssimo caso despontando no horizonte.

Poirot sorriu e, pegando uma pequena espátula com a qual costumava abrir sua correspondência, abriu cuidadosamente cada um dos vários envelopes que se encontravam ao lado de seu prato.

— Uma conta. E outra. E pensar que estas seriam as surpresas reservadas para mim já nesta idade. Ah! Mas aqui está um bilhete de Japp.

— É mesmo? — interessei-me. O inspetor da Scotland Yard mais de uma vez nos apresentara casos interessantes.

— Ele apenas me agradece (a seu modo) por um pequeno auxílio que lhe prestei na investigação do caso de Aberystwyth, que lhe conduziu à solução do crime. Fico muito contente por ter-lhe sido útil.

Poirot continuou a ler sua correspondência tranquilamente.

— Um convite para que eu dê uma palestra para os escoteiros. A condessa de Forfanock ficaria honrada se eu lhe fizesse uma visita. Sem dúvida, mais um programa ridículo! Bem, ainda tem mais uma... Ah...

Ergui os olhos ao notar uma mudança em seu tom de voz. Poirot lia com atenção. Em instantes, jogou a carta para mim.

— Que coisa fora do comum, mon ami. Leia você mesmo.

A carta fora escrita num papel estrangeiro, apresentando uma caligrafia bastante marcante.

Villa Geneviève,

Merlinville-sur-Mer,

França

Prezado Senhor,

Estou precisando dos serviços de um detetive e, por razões que lhe explicarei oportunamente, não desejo contatar a polícia. Já ouvi falar do senhor várias vezes, e todos os relatos indicam que o senhor não é apenas um homem da mais alta qualificação, mas também capaz de manter discrição. Considero imprudente entrar em detalhes por correspondência, mas devo lhe informar que, em virtude de guardar um segredo, sinto que corro mais perigo de vida a cada dia que passa. Estou convencido de que o perigo é iminente e, por isso, peço-lhe que o senhor não perca tempo e faça a travessia para a França o mais rapidamente possível. Enviarei um carro para pegá-lo em Calais, desde que o senhor me envie um telegrama avisando o horário de sua chegada.

Agradeceria se o senhor pudesse deixar de lado todos os casos com os quais possa estar envolvido no momento para se dedicar exclusivamente a meus interesses. Tenho condições de lhe remunerar muito bem em tudo o que se fizer necessário. Provavelmente precisarei de seus serviços por um considerável período de tempo, inclusive é possível que o senhor tenha de viajar para Santiago do Chile, onde vivi longos anos de minha vida. Aliás, gostaria que o senhor mesmo fixasse o valor de seus honorários.

Ressalto mais uma vez que o assunto é da mais alta gravidade.

Cordialmente,

P.T. Renauld

Abaixo da assinatura notava-se uma linha escrita às pressas, quase ilegível, em que se lia: "Pelo amor de Deus, venha logo!"

Devolvi-lhe a carta com as mãos trêmulas.

— Enfim uma correspondência que foge ao trivial — observei.

— De fato — respondeu Poirot, pensativo.

— Você vai, com toda a certeza — continuei.

Poirot confirmou. Ele refletia intensamente. Por fim, parecendo ter tomado uma decisão, fitou o relógio na parede. Sua expressão facial era muito compenetrada.

— Observe, meu amigo, não há tempo a perder. O expresso continental parte da estação Victoria às onze horas. Não se afobe. Ainda temos tempo suficiente. Não precisaremos de mais que dez minutos para discutir a questão. Você me acompanhará, n'est-ce pas?

— Bem...

— Você mesmo me disse que seu chefe não irá precisar de seus serviços nas próximas semanas.

— Oh, é verdade. Mas este mr. Renauld deixou bem claro o caráter confidencial do caso.

— Tá-tá-tá! Eu me entenderei com monsieur Renauld. A propósito, este nome me é familiar.

— Existe um milionário sul-americano muito conhecido com esse nome, mas não sei se se trata da mesma pessoa.

— Ora, mas sem dúvida. Isto explica a menção a Santiago do Chile, que é um país da América do Sul! Ah, já fizemos progresso! Você reparou no que ele escreveu abaixo da assinatura? Que lhe pareceu?

Refleti.

— Com certeza, ele escreveu a carta contendo as emoções, mas, ao final, perdeu o controle e, no calor do momento, rabiscou aquelas palavras desesperadas.

Porém, meu amigo mexeu a cabeça negativamente.

— Você está equivocado. Não vê que, enquanto a tinta da assinatura está quase preta, a do pós-escrito está meio desbotada?

— E daí? — perguntei, intrigado.

— Mon Dieu, mon ami, use suas células cinzentas. Não lhe parece óbvio? Mr. Renault escreveu a carta. Sem usar o mata-borrão, releu o que escreveu com todo o cuidado. Então, não por impulso, mas, deliberadamente, acrescentou aquelas últimas palavras e só então passou o mata-borrão.

— Mas por quê?

— Parbleu! Ele queria causar em mim a mesma impressão que causou em você.

— Como assim?

— Mais oui... Para se certificar de que eu irei encontrá-lo! Ele releu a carta e não ficou satisfeito. Não estava suficientemente enfática!

Fez uma pausa e então acrescentou, com toda a calma, enquanto seus olhos emanavam aquele brilho esverdeado que sempre se manifestava quando meu amigo tinha algum tipo de excitação interior:

— Por isso, mon ami, desde que aquele pós-escrito foi acrescentado à carta não por impulso, mas de forma premeditada, assim, a sangue-frio, a urgência é realmente muito grande, de modo que precisamos ir ao encontro dele o mais rapidamente possível.

— Merlinville — murmurei, meditativo. — Acho que já ouvi, falar desse lugar.

Poirot concordou.

— É um lugarzinho bastante pacato, mas muito sofisticado! Fica a meio caminho entre Boulogne e Calais. Mr. Renauld deve ter uma casa em Londres, penso eu.

— Sim, em Rutland Gate, se não me engano. Uma grande propriedade no interior, em algum lugar próximo a Hertfordshire. Mas eu não sei muita coisa sobre ele, ele não tem uma vida social intensa. Parece que possui negócios sul-americanos importantes em Londres e passou boa parte de sua vida no Chile e na Argentina.

— Bem, ele mesmo nos dará todos os detalhes a esse respeito. Venha, vamos arrumar nossa bagagem. Apenas uma mala pequena para cada um e logo estaremos num táxi rumo à estação Victoria.

Já às onze horas, partimos de Victoria a caminho de Dover. Antes do embarque, Poirot despachara um telegrama para mr. Renauld informando o horário de nossa chegada a Calais.

— Estou surpreso que não tenha comprado alguns frascos de remédio contra enjoo, Poirot — observei maliciosamente, lembrando-me de nossa conversa durante o café da manhã.

Meu amigo, que observava atentamente as condições meteorológicas, virou-se para mim, com a cara fechada.

— O que passa é que você se esqueceu do excelente método de Laverguier, que pratico com regularidade. Para reavivar sua memória, basta equilibrar o corpo, girando a cabeça da esquerda para a direita, respirando devagar e contando até seis a cada inspiração.

— Hum... — objetei. — Você vai se cansar equilibrando-se desse jeito enquanto conta até seis quando tiver de seguir até Santiago, Buenos Aires ou seja lá onde mais que tenha de ir.

— Quelle idée! Por que você acha que irei para Santiago?

— Mr. Renauld sugere isso na carta.

— Ele não conhece os métodos de Hercule Poirot. Eu não fico indo de lá para cá, agitando-me em longas viagens. Meu trabalho acontece de dentro para fora... aqui!

E bateu na própria testa com vigor. Como de costume, essa observação incitou minhas faculdades argumentativas.

— Muito bem, Poirot, mas parece-me que você anda desprezando demais certas coisas. Impressões digitais têm, sim, levado à detenção e à condenação de criminosos.

— E, sem dúvida, levado à forca bem mais que um homem inocente — acrescentou Poirot, secamente.

— Mas, com certeza, há uma importância vital no exame de impressões digitais, pegadas, cinzas de cigarros, diferentes tipos de lama e outras pistas que exigem observação minuciosa.

— Sim, certamente. Nunca afirmei o contrário. Não há dúvidas sobre a utilidade dos observadores treinados, os especialistas. Mas os demais, os Hercules Poirots, estão acima dos peritos! A eles os peritos entregam os fatos, e, com os fatos, os Poirots partem para a metodologia do crime, a dedução lógica, a sequência correta dos acontecimentos. Acima de tudo, importam-se com a verdadeira psicologia do caso. Você já foi à caça de raposas, estou certo?

— Sim, participei algumas vezes — afirmei, um tanto surpreso pela abrupta mudança de assunto. — Por quê?

— Eh bien! Para caçar raposas, você precisa dos cães, não é?

— Cães de caça — acrescentei gentilmente —, evidentemente.

— Mesmo assim — Poirot advertiu-me, balançando o dedo indicador em minha direção —, você não desceu do seu cavalo e correu pelos campos farejando o solo, fazendo "au-au" bem alto!

Não me contive e caí na gargalhada. Poirot demonstrou satisfação com um gesto de cabeça.

— É assim que você deixa o serviço dos detet... cães de caça para os cães de caça. Apesar disso, você quer que eu, Hercule Poirot, faça o papel ridículo de me deitar no chão (possivelmente sobre uma grama úmida) para examinar impressões digitais hipotéticas ou para recolher cinzas de cigarro a fim de descobrir a qual marca eles pertencem. Lembre-se do mistério do Plymouth Express. O bom Japp partiu para investigar a linha do trem. Ao retornar, eu, sem ter saído de meu apartamento, fui capaz de lhe dizer exatamente o que ele havia descoberto.

— Com isso você quer dizer que Japp perdeu tempo.

— Absolutamente não, porque a prova descoberta por ele confirmou minha teoria. Porém eu teria desperdiçado meu tempo se eu tivesse ido até lá. O mesmo acontece com esses que são conhecidos como "os peritos". Recorda-se dos depoimentos sobre caligrafia no inquérito do caso Cavendish? Um questionamento do promotor trouxe ao tribunal depoimentos relacionados às semelhanças das caligrafias. Já a defesa tratou de mostrar as dessemelhanças entre aquelas letras. Todo o jargão técnico era muito rebuscado. E o resultado? Simplesmente aquilo que todos já sabíamos desde o início. A caligrafia analisada se parecia muito com a de John Cavendish. E o fator psicológico implicava em nos colocar diante do impasse: a caligrafia era realmente dele ou simplesmente alguém queria nos convencer de que aquela letra era dele? Respondi a esta pergunta, mon ami, e o fiz corretamente.

E então, ficando em silêncio, Poirot, mesmo sem me convencer inteiramente, inclinou-se para trás com ar de satisfação.

No navio, preferi não perturbar a tranquilidade solitária de meu amigo. Fazia um dia lindo e o mar estava calmo como o mais proverbial dos lagos. Em nada me surpreendi quando um sorridente Poirot se juntou a mim no desembarque em Calais. Entretanto, ficamos desapontados ao perceber que nenhum carro havia sido enviado para nos buscar. Poirot atribuiu esse fato a uma possível demora na transmissão do telegrama.

— Tomaremos um táxi — decidiu, animado. E, minutos depois, seguíamos sacolejando estrada afora em direção a Merlinville, num dos automóveis mais malcuidados já vistos na praça.

Eu me encontrava no melhor dos meus ânimos, mas meu amigo me observava com gravidade.

— Você está com cara de mau agouro, Hastings. Isso pressagia desastres.

— Bobagem. Você não pode adivinhar meus pressentimentos.

— Não, mas fico receoso.

— Receoso de quê?

— Não sei. Mas tenho uma premonição a... je ne sai quoi!

Ele afirmou isso com tanta convicção que cheguei a me impressionar.

— Sinto que — disse ele, devagar — este caso vai ser longo, demorado, cheio de implicações intrincadas, difíceis de solucionar.

Tencionei fazer mais perguntas sobre isso, mas já entrávamos na cidadezinha de Merlinville e paramos para perguntar o caminho até a Villa Geneviève.

— Sempre adiante, monsieur, atravessando a cidade. A Villa Geneviève fica a mais ou menos novecentos metros além, do outro lado. Muito fácil de achar. Uma grande mansão, no alto, dando vista para o mar.

Agradecemos a nosso informante e seguimos em frente, deixando a cidade para trás. Uma bifurcação nos deteve. Um camponês vinha caminhando em nossa direção e esperamos até que nos alcançasse para que pudéssemos perguntar a ele sobre qual estrada tomar. Havia uma casinha à margem direita da estrada, mas era demasiadamente pequena e malcuidada para ser aquela que estávamos procurando. Enquanto aguardávamos pela aproximação do camponês, o portão dessa casinha se abriu e dele surgiu uma moça.

Naquele momento, o camponês passou por nós e o motorista inclinou-se para fora do carro para pedir informação.

— A Villa Geneviève? Está a apenas alguns metros nesta mesma estrada, à sua direita, monsieur. Já daria para avistar a casa, não fosse pela curva.

O motorista agradeceu ao homem e deu partida no motor. Meus olhos estavam fascinados pela moça de pé diante de nós, segurando o portão com uma das mãos. a nos observar. Sou grande admirador da beleza e ali estava um espécime de beleza que não poderia passar despercebido por ninguém. Muito alta, nas proporções de uma jovem divindade, sua cabeleira dourada resplandecendo sob o sol. Jurei para mim mesmo que aquela era uma das mulheres mais lindas que já havia visto em minha vida. Quando já estávamos um tanto adiante naquela estrada esburacada, virei-me para olhar a moça uma vez mais.

— Deus do céu, Poirot... — exclamei — Você viu aquela deusa?

Poirot ergueu as sobrancelhas.

— Ça commence! — murmurou. — Já está até vendo deidades!

— Ué, e não era para ver?

— Possivelmente, mas eu nem reparei.

— Mas você pelo menos a viu, não é?

— Mon ami, duas pessoas raramente veem a mesma coisa. Você, por exemplo, viu uma deusa. Já eu... — hesitou.

— Você o quê?

— Vi apenas uma moça com olhos ansiosos — disse Poirot, muito sério.

Naquele instante, porém, demos de cara com um grande portão verde e, ao mesmo tempo, soltamos uma exclamação de surpresa, pois um imponente sergent de ville barrou nossa entrada com um gesto de mão.

— Os senhores não podem entrar, messieurs.

— Mas viemos ver mr. Renauld — protestei. — Temos um encontro marcado. Esta é a mansão onde ele mora, não é?

— Sim, monsieur, mas...

Poirot inclinou-se para frente.

— Mas o quê?

— Monsieur Renauld foi assassinado esta manhã.

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