– Diga algo que eu ainda não sei sobre você.
Shawn perguntou enquanto estávamos fazendo uma pausa das fotos.
– Você sabia que você pronuncia meu nome errado?
– O quê?! Como assim?
Rio da reação de Shawn.
– Meu nome é norueguês, então na Noruega, se pronuncia Annalie. Mas escreve-se Annelie.
– Meu Deus, eu estou muito surpreso. Desculpa.
– Tudo bem, você não sabia. A maioria das pessoas não sabem - sorrio.
– Que país você tem vontade de ir?
– Grécia e Itália. E você?
– Noruega.
– Sério?
– Sim, uma parte de mim tem inveja por você ter nascido lá.
Ri.
– Quem sabe um dia eu te leve lá.
– É, quem sabe.
– Shawn!
Aaliyah vinha caminhando até nós com Hailey do lado e parecia que Aaliyah não estava feliz com a presença dela.
– Oi Ali - disse Shawn mexendo no cabelo da irmã.
– Oi Lie - Aaliyah me abraçou.
– Oi Ali, faz um tempinho que a gente não se vê - retribuí o abraço.
– Meu irmão está me mantendo em cativeiro então não tenho saído muito.
– Droga, agora vou ser descoberto por manter uma menina de dezesseis anos em cativeiro. Você vai arruinar minha carreira - Shawn brincou.
– E depois disso vou ficar com todo o seu dinheiro e vou morar na Itália - Aaliyah brincou.
Rimos.
Hailey, que ainda estava ao lado de Ali, parecia meio desconfortável e um pouco deslocada.
– Hailey, certo? - perguntei.
– Sim.
– Está tudo bem?
– Sim, por que não estaria? - respondeu cinica.
Odeio essa mulher.
Depois de voltarmos para as fotos e finalmente acabá-las, recebo uma mensagem de Taylor perguntando se o programa de hoje iria dar certo.
Taylor havia me perguntado se eu estava livre e se queria sair com ela. Respondi que sim e perguntei se poderia levar Aaliyah conosco.
Não demorou muito para Taylor me responder dizendo: "Ali? A irmã do Shawn? Claro que sim, eu amo aquela garota".
– Ei Ali.
– Sim?
– Então, eu e a Taylor vamos sair hoje e eu queria saber se você quer ir com a gente.
– Claro, vou pedir ao meu irmão para me deixar na sua casa e depois nos encontramos com a Taylor.
– Ok.
– Até - abracei-a
– Até.
Estava pegando minhas coisas quando sinto duas mãos taparem meus olhos.
– Eu sei que é você Connor.
– Você é tão sem graça - disse Connor fingindo estar com raiva.
Ri e beijei seu rosto.
– Onde você estava? Não vi você hoje - perguntei.
– Fui resolver umas coisas que Andrew pediu para que eu fizesse.
– Está tudo bem?
– Sim - Connor sorriu.
Sorri. Mas sabia que havia algo de errado com Connor.
– O que vai fazer hoje?
– Vou sair com a Taylor e a Ali.
– Divirta-se e se precisar, ligue para mim.
– Connor Brashier você é incrível - falei e em seguida o beijei.
– Quer. Carona. Para. Casa? - Connor falava pausadamente enquanto me beijava.
– Quero sim - sorri.
Depois que Connor me deixou em casa, resolvo ligar para Amalie.
– Olha só se não é a minha irmã caçula que esqueceu de mim.
– Cala boca, eu não esqueci de você sua velha - brinquei.
Rimos.
– Como você está Malie?
– Estou bem e você irmãzinha?
– Sim, estou bem. Agora me conte as novidades, quero saber tudo.
– Não tem nada de interessante acontecendo, acho.
– E aquele cara que você conheceu...William, certo? Vocês ainda estão saindo?
– Sim, estamos. Até que ele não é tão idiota assim.
– Você gosta dele?
– Ainda não sei, acho que está muito cedo para dizer isso...e você e o Connor, como estão?
– Estamos bem, Connor é uma pessoa maravilhosa.
– Estou feliz por você Lie, como está o Shawn?
– Acho que estamos bem, depois de tudo aquilo que te contei, temos nos dado bem nas últimas semanas. Ele é um bom amigo.
– Só amigo?
– Sim, e pretendo que continue assim. Apenas amigos. Shawn e eu não damos certo como algo a mais.
– Vocês não dão certo ou é porque você nunca deu uma chance?
– Eu gosto do Connor, Malie.
– Se você diz.
Conversamos por mais alguns minutos até a hora de ter que me arrumar. Visto um vestido azul claro com mangas caídas é um tênis branco.
Não demorou muito para Aaliyah chegar. Logo depois, pegamos um táxi e fomos encontrar Taylor no shopping.
O resto da noite foi bastante animada. Conversamos, rimos, compramos algumas coisas...enfim, foi divertido.
– Sabe nós deveríamos fazer isso mais vezes - disse Taylor.
– Eu concordo.
– Eu também, mas fica bem difícil para mim já que eu não moro aqui - disse Aaliyah.
– Nem eu - disse Taylor.
– A gente pode dar um jeito nisso - digo.
Como já estava ficando tarde, Ali e eu nos despedimos de Taylor e fomos para minha casa esperar o Shawn vir buscá-la.
– Lie, posso te fazer uma pergunta?
– Claro Ali.
— Olha eu vou entender completamente se você não quiser responder.
– Tudo bem Ali, pode perguntar.
– Lembra quando eu e a Taylor estávamos falando sobre os nossos pais? Eu percebi que você ficou meio desconfortável...por quê?
Suspirei fundo.
– Eu sempre quis ser fotógrafa, mas meus pais nunca me apoiaram nisso. Eles queriam que eu fizesse medicina ou direito, estavam sempre dizendo que eu nunca iria conseguir ser alguém sendo fotógrafa. Então, há dois anos atrás, eu saí de casa e vim à Paris para tentar algo. A última vez que falei com eles foi somente pelo fato de que eles sofreram um acidente, mas tirando isso, faz dois anos que eu não falo com eles. Só com minha irmã.
– Eu sinto muito Lie, eu não deveria ter perguntado isso.
– Não, não, está tudo bem Ali. Não tem problema.
– É uma pena que eles tenham desperdiçado a oportunidade de ver o quão maravilhosa você é como fotógrafa.
– Obrigada Ali.
Não demorou muito para que Shawn chegasse e Aaliyah ter que ir embora.
– Obrigada por hoje Lie, Paris é realmente uma cidade linda.
– Também gostei do dia de hoje Ali, nos vemos amanhã?
– Claro - Ali me abraçou e eu retribuí.
Vejo Shawn acenar para mim e sorrir.
Aceno de volta e sorrio.
Antes de dormir, mando uma mensagem para minha irmã e logo em seguida para Connor contando sobre o dia de hoje e lhe desejando boa noite.
Tomo meu banho e deito em minha cama apagando em questão de segundos.
(...)
No dia seguinte era sábado. Algumas pessoas estavam feliz com a ideia de poder dormir até tarde, mas eu não. Tudo isso devido ao simples fato de que eu tenho que trabalhar.
Levanto da cama contra minha vontade e faço minhas higienes. Em trinta minutos estou pronta e saio para pegar o metrô até a cafeteria.
Em geral, a cafeteria não era tão agitada, mas hoje estava extremamente cheio. Exceto pelo show do Shawn, acho que nunca vi tanta gente em um lugar.
Sam e eu nos entreolhamos e rimos. Provavelmente de nervosismo, não sabendo como atenderíamos todas aquelas pessoas.
Ao final do expediente, no qual havia sido bastante cansativo, Sam e eu estávamos sem forças para fazer qualquer outro tipo de coisa.
Assim que me despedi de Sam fui para casa e me arrumei para ir tirar as fotos do Shawn.
– Lie você sabe mexer com filmadora?
– Um pouco, por quê?
– Preciso que você filme umas partes do documentário do Shawn, você pode fazer isso?
– Posso sim.
– Na verdade, preciso falar com você.
– O que houve?
– Não se preocupe, não é nada demais. É só que Shawn tem alguns shows que não são em Paris, então queria saber se você pode ir para tirar as fotos do show.
– Achei que o Connor tirasse as fotos dos shows.
– É, mas ele não vai poder ir. Provavelmente você sabe o motivo.
– Não, eu não sei. O que aconteceu?
– Bom, acho que não cabe a mim te contar isso.
– Tudo bem, eu posso tirar as fotos.
Passei a seção inteira pensando no que o Connor não havia me contado. Eu sabia que tinha alguma coisa errada com ele.
– Connor.
– Oi - deu um beijo no meu rosto.
– A gente pode conversar?
Connor estava com um sorriso no rosto, porém ao notar meu tom sério, ele sumiu.
– Está tudo bem?
– Comigo sim, enfim, tem como você ir à minha casa hoje?
– Quer uma carona? Assim a gente pode conversar.
– Tudo bem.
Durante o caminho não falamos nada. Preferi falar quando estivéssemos dentro da minha casa.
– Então, o que houve? - Connor perguntou quando estávamos dentro do apartamento.
– Eu que te pergunto isso, o que houve Connor?
– Não estou te entendendo.
– Andrew pediu para que eu tirasse as fotos do Shawn nos shows que ele vai fazer em outros países. Eu achei estranho porquê é você quem as tira, e quando questionei isso ao Andrew, ele disse que você não poderia tirá-las e que provavelmente eu sabia o motivo.
Connor suspirou fundo e passou as mãos pelo cabelo o puxando para trás.
– Minha mãe está com câncer. Já fazia uns meses que ela descobriu. Eu descobri semana passada, e todas as vezes em que eu não fui te ajudar com as fotos, era porque eu estava com ela no hospital.
– Connor...
– O estado é grave. Estaria mentindo se dissesse que não estou com medo, porque eu estou com medo.
– Por que você não me contou?
– Eu não queria te envolver nisso. Você já tem coisas demais para se preocupar e eu não queria trazer mais uma para você.
– Claro que não, você sabe que pode sempre contar comigo. Eu estou aqui para o que você precisar. Você nunca vai ser um fardo para mim.
– Eu estou com medo Lie - observei os olhos de Connor enxerem de lágrimas – Estou com medo do que vai acontecer porque eu não sei o que fazer. Os médicos disseram que as chances dela conseguir vencer o câncer são mínimas, e ela está tão fraca - Connor começou a chorar.
Aproximei-me dele e o abracei.
E então Connor se permitiu chorar.
– Eu estou aqui - sussurrei repetindo várias vezes em seu ouvido.
– Não posso perdê-la Lie, eu não sei o que vou fazer se isso acontecer.
Abracei-o ainda mais e beijei o topo da sua cabeça.
– Está tudo bem, estou aqui.
E sem que eu desse conta, também estava chorando.
– Desculpa não ter te contado, não queria que você se preocupasse.
– Não precisa se desculpar, está tudo bem.
Quando Connor parou de chorar e ficou um pouco mais tranquilo, resolvemos assistir à um filme para nos distrair.
– Eu te amo - disse Connor de repente.
Fiquei alguns segundos em silêncio, eu não estava esperando por aquilo.
– Não precisa dizer o mesmo, está tudo bem se você não sente o mesmo por mim ainda - Connor sorriu fraco.
– Não é isso, é que eu não esperava por isso.
– Desculpa, não queria te pegar de surpresa.
– Tudo bem.
Voltamos a nossa atenção para o filme, porém, nem estávamos interessados nele. O clima ficou um pouco estranho, então para não termos que falar sobre isso, resolvemos focar no filme.
– Connor.
– Sim?
– Também amo você.
– Tem certeza? Não quero que se sinta pressionada.
– Tenho sim.
Connor se aproximou de mim e me beijou delicadamente, finalizando com um selinho.
O resto da noite foi tranquila. Assistimos ao filme e depois de muito insistir, consegui fazer com que Connor dormisse em minha casa.