O que nós fizemos foi um pouco infantil, mas eu não me arrependia de ter "dado uma fugida" com Sasuke. Eu não estava preparada para falar com Itachi, de certa forma, me sentia culpada pelo que aconteceu com ele. Talvez se eu não tivesse entrado na vida dos Uchihas, a única coisa que Itachi ia ganhar era um coração quebrado, e não as pernas.
Quebrado por causa do incrível e estúpido plano de Konan, de namorar com ele para simplesmente se aproximar de Sasuke. Se ela conseguisse, -o que duvido muito-, Itachi provavelmente sairia machucado disso tudo.
Imagine ter uma namorada por esse tempo todo, amá-la e no fim de tudo descobrir que só foi usado?
Sasuke e eu havíamos ido à uma lanchonete para tomar café, comemos algumas coisas gordurosas demais para essa hora da manhã, e havíamos voltado sem pressa, na esperança de que a família dele tivesse desistido de esperar.
Itachi saiu do hospital para isso, eu sei que é direito dele saber o que aconteceu, mas eu sou covarde demais, e ainda tenho que me preocupar com meu irmão-psicopata-interesseiro que de repente voltou dos mortos.
E se Konan estivesse mentindo em relação à ele?
Entramos pelos fundos, esgueirei-me por trás de Sasuke, seu corpo era grande o suficiente para me cobrir se alguém aparecesse na nossa frente, e eu não estava de modo algum animada para dar satisfações sobre ter saído escondida com Sasuke.
Por fim, olhamos a cozinha, sala, banheiros e quartos, literalmente a casa inteira, e não encontramos ninguém. Sentamo-nos no sofá, ouvi a risada de Sasuke e o olhei, questionando-o.
— Parecemos dois fugitivos.
— A única fugitiva aqui sou eu. — Disse desanimada.
— Eu também, sou seu cúmplice. — De repente ele estava por cima de mim no sofá, enquanto me encarava diretamente nos olhos.
Eu sempre amei os olhos de Sasuke, tão negros, não importava a ocasião, eles eram profundos e sinceros. Tinham um brilho único que diziam "sou Sasuke Uchiha", e, de certa forma, exerciam um poder sobre mim.
— Está me olhando com cara de apaixonada. — Ele disse com um meio sorriso convencido e eu corei, porque eu sabia que era verdade.
Eu estava completamente apaixonada.
— Eu acho que estou numa enrascada, isso sim! Me apaixonar por você... — Segurei seu fino nariz, era incrível como tudo nele era perfeito.
— Enrascada? Se apaixonar por mim foi provavelmente a coisa mais certa que já fez em todos os seus anos de vida!
Nada mais disse, apenas senti sua boca tocar na minha, num beijo quente e lento. Percebi que nossos beijos estavam assim ultimamente: apaixonados.
Me sinto segura de que estou apaixonada, talvez até amando Sasuke. E feliz, por saber que ele sente o mesmo.
Nos separamos e eu mais uma vez encarei suas íris.
— Obrigada. — Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Pelo quê? Pelo beijo? Tem muito mais de onde veio esse. — Ele distribuiu beijos pelo meu rosto, mas eu segurei o dele, fazendo-o me encarar.
— Por tudo que está fazendo por mim.
— Eu estou fazendo? Foi você que prendeu a mulher que tentou matar meu irmão.
— Mas você-
— Sakura, se toca, eu não fiz nada além de te apoiar, você quem fez tudo.
Eu chorei outra vez, dessa mais intensamente, enquanto era acolhida pelos braços de Sasuke.
Ele podia achar que estava tudo acabado, mas para mim, não estava.
°• °• °•
Não esperei duas vezes quando anoiteceu, peguei um casaco e saí.
Eu precisava desmascarar Haru e tinha certeza de que a pessoa que procurava ia me ajudar.
Não podia pedir ajuda a nenhum dos meus amigos, não queria expor eles à essa situação, então telefonei para alguém que nunca esqueceu de mim, mesmo que eu pedisse tantas vezes para esquecer.
— Alô? — Eu disse.
— Minha flor de cerejeira?!
— Deida-
— Que saudade da sua voz! Faz tanto tempo que não a ouço! Posso dizer que sua doce voz me traz calma, mas, ao mesmo tempo, deixa meu peito acelerado. Acho que é isso que chamam de amor.
Se Deidara não fosse tão avoado, ele seria um grande poeta.
— Eu preciso da sua ajuda.
— Em que posso ajudá-la, minha flor de cerejeira, minha rainha, meu docinho de côco?
Deidara me tratava tão bem, eu me sentia ótima com ele, até ele me trair com algum cara chamado Kisame.
Na época ele estava confuso sobre a sua orientação sexual, me traiu com um cara e me largou para ficar com ele, até o tal de Kisame deixá-lo para seguir o sonho de ser um grande nadador. Deidara ficou abalado e tentou voltar para mim, mas eu também estava abalada, meu namorado havia me traído e me deixado. Depois disso, ele insistiu em mim, até hoje, mas eu sei que ele está de rolo com algum cara por aí.
Deidara decidiu que é bissexual e que eu sou seu grande amor. Ele pode parecer maluco às vezes, mas eu confio nele e sei que só tem uma mente magoada e mal explorada dentro daquela caixola amarela.
Disse a ele que consultasse um psicólogo, mas ele disse que eu era a psicóloga que ele precisava. Apesar de ter estudado muitas coisas, não estudei psicologia e não posso tratá-lo sem profissionalismo nenhum.
Deidara tem que aprender a desapegar, tem que saber que eu não sou a única mulher do mundo e que Kisame não é o único homem do mundo.
— Eu preciso que você se aproxime de uma pessoa. — O ouvir bufar do outro lado.
— Não está tentando me arranjar com alguém, está?
— É uma boa ideia, mas não. É o meu irmão.
— Que irmão? Pensei que ele estivesse, você sabe...
— Morto? Todos pensamos. — Suspirei e vi o ar sair da minha boca, indicando o ar frio que estava do lado de fora.
Olhei para o céu, não podia ver tantas estrelas devido a iluminação da cidade.
— Ele voltou dos mortos tipo Dean Winchester?
— Você está assistindo séries demais.
— Deve ser por isso que estou sumido!
— Mas não, ele não voltou dos mortos, ele nem morreu. Acho que ele só queria se livrar dos Haruno. — Disse tentando me convencer com minhas próprias palavras. — Até eu queria, se fosse possível. — Sussurrei.
— Não entendi absolutamente nada, mas vou te ajudar, meu doce.
— Deidara, e sobre arranjar alguém para você...
— Se for arranjar alguém, se arranje, ou faça com que Kisame volte aqui. Agora tenho que ir, minha flor de cerejeira. — Desligou apressado.
Eu queria ajudar Deidara, e iria ajudá-lo. Vou procurar uma psicóloga e vou empurrar ele nela nem que seja a última coisa que eu faça!
Mais uma coisa para minha lista de afazeres.
Aquele loiro do cabelo brilhoso havia falado tanto em cerejeiras que fiquei com saudades delas. O inverno se aproximava, isso significa que as folhas talvez estejam caindo, as árvores se preparando para o frio que está por vir.
Peguei um táxi e pedi que me levasse até um pequeno restaurante longe daqui, ao lado desse restaurante, havia uma enorme cerejeira.
Me sentei ao encalço da cerejeira, não era a mesma coisa que estar num campo destas, mas pelo menos pude ver as lindas flores de sakura.
Tive vontade de chorar, eu queria poder compartilhar esse momento com alguém da minha família e agradecê-los por ter me dado esse nome tão significativo.
Mas nem família eu tinha, era o que eles me fizeram prometer dizer. Eu tinha que abandonar meu sobrenome, mas não seria legalmente possível até que eu me casasse.
Uma lágrima traiçoeira rolou e eu percebi que queria estar com Sasuke agora.
Por isso voltei para casa.
× × ×
Autora culpada se desculpando pela demora, me expliquei ao longo do capítulo.
"Dean Winchester"
"Você está assistindo séries demais"
"Deve ser por isso que estou sumido"
Sim, pessoas, comecei a assistir Supernatural e agora não paro mais! Tem algum Hunter aí? Vamos sair para caçar qualquer dia.
Beijos da sua autora predileta, amo vocês muitão.