Chapter 13 O meu desejo versus o seu amor
"É simples... Meu eu do espelho... Disse que eu te amo."
Quando Feng Xin pronunciou a sentença com sua voz e abriu a porta lentamente, viu Mu Qing estremecer ainda que sutilmente, o olhar dele feito uma parede fria apenas desvendada por alguma espécie de segredo oculto.
O corpo ereto, tenso, os punhos cerrados.
Na verdade, Feng Xin não ousou passar da entrada mesmo tendo aberto toda porta, porque a sua impressão mais forte era que Mu Qing atiraria toda mobília do quarto em sua direção!
Estava em máximo alerta e em posição de Guarda, estritamente atento às reações dele e terminou por se surpreender quando subitamente Mu Qing contraiu brevemente o rosto, desviando bravo o olhar.
Não apenas isso, trincando a mandíbula como quem tem ainda intenção de atacar.
Aquele semblante obscurecido, fermentando o indecifrável.
Outrora, essa reação divergente e sem sentido seria suficiente para extrair o pior de Feng Xin para contra atacar ou criticar duramente e bem sabia como isso iria terminar... Com os dois em combate e como saldo, parte do palácio destruído, um dando as costas para o outro mais uma vez.
Estava cansado dessa situação destrutiva e previsível, por isso, Feng Xin entrou no quarto e Mu Qing ergueu depressa o olhar afiado.
- Qual o seu problema? Não sabe cumprir a porra de um combinado?! Quem é que pediu para conversar pela matriz de comunicação? Que ato de merda sem sentido!
E não é que após o rompante, Mu Qing se virou a dar-lhe as costas?
Feng Xin apertou um lábio no outro, as sobrancelhas franzidas com afinco. Segurando o insulto que estava louco para escapar de seus lábios.
De todas as reações que Mu Qing cogitou que Feng Xin pudesse ter, nenhuma se parecia com essa...
Ele não apenas também lhe deu as costas, como as costas dele estavam junto as suas!
- Francamente... - Mu Qing resmungou, tentando espia-lo inutilmente pelo canto do olho. - O que deu em você agora?
- Eu que te pergunto! Você quer me evitar tanto assim? Então, não precisa olhar nos meus olhos... Na minha forma de pensar, não se diz que ama uma pessoa usando a matriz de comunicação! É o tipo de coisa que se diz pessoalmente.
Mu Qing encarou o chão, sentindo as costas de Feng Xin tão rijas e quentes contra as suas, os dois tinham os braços cruzados... Os sentimentos do instante, a situação em si, tudo parecia-lhe algo surreal.
- Será que você não percebe o quanto isso é estranho?... O seu reflexo... Ele disse mesmo isso?
- Foi o que ele disse... Como se estivesse me sacudindo pelos ombros e cuspindo cada palavra na minha cara.
- Depois de ouvir algo assim... Está tudo bem para você? Quero dizer...
A vontade de virar-se e encarar Feng Xin tornava-se insuportável, mas em vez disso, Mu Qing apenas inquiriu em tom cavo:
- Você... Acredita nas palavras do seu reflexo?
- Acredito.
"Que modo fodido, franco e direto! Como ele pode responder algo assim sem pensar duas vezes?..." - O pensamento de Mu Qing surtou silencioso, seus braços como desanimados afrouxando em seu peitoral.
- Mas... Qual é a desse espelho? Pra mim ele mostra atração sexual... E para você... Amor? Isso me faz soar como alguém muito desprezível.
Podia identificar um misto de sensações na voz de Mu Qing... Uma mescla de decepção, irritação, pincelado pela raiva e ladeado por algum sentimento de inferioridade que deixava desnuda certa fragilidade.
Seus braços antes tão irredutíveis e teimosos, agora desistiam de ficar cruzados e caíam ao lado de seu corpo, o que era inesperado... Era as mãos de Feng Xin estarem ali esperando pelas suas.
Quando ele descruzara os braços? Mu Qing não fazia ideia, havia um pequeno terremoto nas palmas de suas mãos assim que os dedos de Feng Xin envolveram os seus.
- Para com isso... Você não é desprezível. - Feng Xin replicou suave, algo cúmplice.- Está certo que é um teimoso, arrogante e um bastardo sarcástico de marca maior... Mas, desprezível nunca.
- Olha aí que puto... Isso é mesmo a porra de um elogio?
Estando ainda de costas um para o outro, Feng Xin podia sentir que a voz de Mu Qing descongelava em meio ao sarcasmo comum. Talvez, por isso mesmo a voz de Feng Xin também soasse um pouco mais descontraída.
Podiam estar um de costas para o outro... Mas, suas mãos estavam enlaçadas.
- Não é por nada demais... Mas, pense bem como teria sido sua reação se o seu reflexo no espelho tivesse dito que sente amor por mim. Você teria zombado disso, no mínimo.
Ah... Como teria, zombado como louco e jogado o espelho no lixo enquanto tinha uma crise de risos!
Mas, Mu Qing naquele instante não teve vontade de rir.
- Pode ser. - Ele retrucou, meditativo. - Mas, o que é desejo sexual em vista do amor? Eu sou tão mesquinho assim?
Não era uma simples pergunta jogada ao ar, era uma questão dita num tom bastante sério. Mu Qing podia ter um temperamento ruim, contudo, ele não se permitia ser desprezível e lamentável.
Após viver tanto tempo, com certeza havia deixado uma cota de infinitos erros cometidos para trás.
- Mu Qing...
A voz de Feng Xin o despertou de suas divagações internas, algo torturante e de natureza estritamente pessoal.
- Estou realmente cansado de ficar nessa posição, por mais que eu goste de sentir suas costas contra as minhas. Posso te olhar de frente agora?
Mu Qing ainda praguejou algo baixinho, ininteligível.
Seus dedos apertando os de Feng Xin, denotando sua agitação.
- Eu realmente vou te chutar daqui se disser algo embaraçoso... Entendido?
Somente pelo tom de voz, Feng Xin sabia que Mu Qing estava rosnando enquanto revirava o olhar.
E nada embaraçoso devia ser algo como "não diga que me ama!".
Tudo bem... Ele não precisava dizer, apenas demonstrar.
Em razão disso, Feng Xin se virou em silêncio, tendo soltado por completo apenas uma das mãos de Mu Qing, que moveu-se numa réplica quase tardia do gesto.
Assim que seus olhares se encontraram, puseram-se a esquadrinhar também as feições um do outro com um fascínio inquebrável. As coisas funcionavam melhor assim, vislumbrando a vontade de se beijarem na tez, no olhar, no gestual um do outro. Na mão quente que se espalmava na beira da face, nos olhos que se fecham porque o beijo não precisa ser visto... Apenas sentido em sua plenitude.
Começando a carícia lenta, mas transbordante em profundidade, primeiros os lábios, os dentes roçando vez ou outra porque o coração não tardava a pulsar desatino. As mãos estreitando o menor espaço entre seus corpos, querendo transpor o obstáculo inconveniente que as roupas se tornavam.
Os hanfus que trajavam se esgarçando, com os beijos rompendo fronteiras além dos lábios. Quando tombaram na beira da cama, Mu Quing estava por baixo de Feng Xin deixando escapar um gemido apertado enquanto ele cobria-lhe a pele fina do pescoço com beijos subvertidos... Recobertos por um desejo desatado.
E por mais que a pele ardesse consumida pelo prazer que um despertava no outro, Mu Qing ainda encontrava espaço dentro de si para questionar, hesitar... Ele cessou um beijo especialmente sôfrego que trocavam e ambos se fitaram miseravelmente entregues e ofegantes.
- Que foi?... - Feng Xin cochichou com a mão por dentro do hanfu entreaberto de Mu Qing, seus dedo tocava-lhe com doçura um dos mamilos que enrijecia ao ser estimulado.
- Isso... Não está errado?
- O que exatamente?... - Feng Xin insistiu, roçando seu nariz no dele, os lábios entregando um selinho carinhoso e afoito. - Quer ficar por cima?
- Ah, merda... Isso também... Mas... Acha que é certo você me oferecer amor e... Eu apenas atração física depois de tudo?
- Hum... Descreva para mim como seu reflexo me erotizou.
Após pedir num sussurro, trocaram um pequeno beijo obsceno, com seus corpos a roçar, suas virilhas emparelhadas.
- Porra, Feng Xin... É difícil raciocinar com sua mão tocando meu mamilo assim...
- Eu paro um segundo com a mão, vai... Faça um esforço.
As mãos de Mu Qing seguraram a face de Feng Xin, enquanto sentia seu coração seguramente pulsar na garganta.
- Aquele reflexo cretino disse... Que eu gosto dos seus olhos fortes e determinados... Da sua pele cor de trigo e essas suas sobrancelhas franzidas... Mas, na real... Acho suas costas tão sensuais... Que eu morderia cada centímetro dela.
Feng Xin sorriu, um sorriso tão macio e erótico que Mu Qing teve vontade de meter uma joelhada nele apenas por provoca-lo desse jeito. A mão atrevida de Feng Xin puxou com ímpeto o tecido do hanfu e em vez de usar os dedos, ele mergulhou os lábios atentados no mamilo rijo de Mu Qing e o corpo dele se retesou por baixo do seu.
Um gemido mais longo abandonou seus lábios lívidos e úmidos, ao passo que cravava as unhas no ombro seminu, marcado pelo sol, de Feng Xin...
(Continua...)
Adorei essa tirinha (a cara do Feng Xin olhando o espanto do Mu Qing!)
Post Scriptum: Obrigada a @Rima_Kinoshita pela generosa troca de ideias na noite passada e também deixo meu agradecimento a todos que tem acompanhado esta fanfic, deixando seu comentário... Adoro ler cada um deles, leio até os emojis, vocês são uns amores.