Antes de iniciar o capítulo, vou colocar aqui as imagens que era para ter carregado no capítulo anterior, mas o Wattpad ficou dando erro e não consegui.
Pei Ming
Quan Yi Zhen
Gu Zi com o Duende Verde Qi Rong (não achei imagem do Lan Qian Qiu)
Agora sim, tendo apresentado os personagens que apareceram no capítulo anterior, vamos ao seguinte.
Boa leitura!
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Chapter 6 A minha verdade e a sua se completam
Parte do chão da caverna era escabroso e acidentado e as solas nuas de seus pés sangravam.
Andava depressa e descuidadamente e mesmo descalço, seus passos pareciam irritados, mas em verdade... Só estavam nervosos.
Mas, óbvio que Mu Qing não ia admitir uma coisa dessas, nem pensar!
Ele andou na frente, entre um corredor sinuoso da caverna, o robe em seu corpo já não estava ensopado, mas úmido e frio e seu cabelo solto pesava molhado a roçar em suas costas.
— Para onde estamos indo? Você nem conhece esse lugar direito!
— Qual o seu problema?— Mu Qing ralhou, sem parar de andar. — Não quero ficar perto das fontes termais, isso é tudo.
Feng Xin revirou o olhar, não sabia bem como lidar com esse Mu Qing que não o confrontava como sempre, mas que somente tentava evitá-lo a todo custo.
— Não estamos mais perto das fontes! Nem estou ouvindo mais a voz de quem quer que seja.
Havia luz natural adentrando o interior da caverna, refletida por pedras translúcidas na parede, Feng Xin tinha a sensação que ele nunca ia parar de andar, mesmo que o solo pedregoso continuasse machucando-lhe os pés desnudos que já sangravam em carne viva, ou até ficarem verdadeiramente esfolados.
Essa atitude de Mu Qing era tão irracional e descabida que Feng Xin não suportou mais a situação, andou mais rápido e fê-lo parar puxando Mu Qing bruscamente pelo pulso.
Tal gesto imprevisível fez Mu Qing acertar um soco em cheio em seu ombro e desferir outros golpes raivosos, o rosto dele sombrio e ainda assim Feng Xin não soltou-lhe o pulso.
— Assim é melhor! Pelo menos, assim reconheço que é você!
— Seu grande imbecil de merda! Mas, é claro que sou eu! Onde há dúvida nisso, porra?
A pele em torno do pulso tornava-se magoada, avermelhada, a pele clara de Mu Qing ficava marcada com facilidade, os dois eram fortes e os dedos de Feng Xin o detinham como correntes.
— Inacreditável! Não é possível que não tenha se dado conta que vem agindo estranhamente desde que foi me entregar aquela merda de espelho.
— Porra nenhuma! O que é estranho para você afinal?
Mu Qing deu um puxão em seu braço para livrar-se do toque, seu cabelo solto sacudiu juntamente com o seu gesto feroz e mesmo que os dedos de Feng Xin não o prendessem mais, a pele em torno do pulso queimava implacável.
E por sua vez, Feng Xin estava tentando não transformar aquela caverna sagrada num ringue para uma disputa sem sentido entre os dois.
— Eu vou dizer o que é estranho e anormal. Pensa que não notei que está me evitando? Um bastardo orgulhoso como você não é disso!
Era vergonhoso, porque era verdade. Não queria estar com Feng Xin, seu reflexo no espelho tinha alterado oitocentos anos de convívio turbulento e rivalidade e transformado em algo distorcido que Mu Qing detestava mais do que tudo.
Não sabia como reagir aos pensamentos e sonhos perturbadores que tinha, era algo terrivelmente sem controle.
Mu Qing estava pensando nisso tudo enquanto Feng Xin mirava-se e examinava seus modos.
Não havia naquele instante um Mu Qing emputecido, selvagem e intratável.
Na real, ele estava tocando o pulso que ardia e a expressão de seu semblante era perdida e conturbada.
E não era um clone, não era uma casca vazia, era o verdadeiro Mu Qing.
Dessa vez, Feng Xin conhecia em parte as razões do visível tormento dele.
— Eu também confrontei aquele espelho, satisfeito? — Feng Xin retomou o diálogo, menos agressivo. — E sei que você está agindo assim por conta de algo que seu reflexo disse. Vamos tratar de resolver isso e fazer tudo voltar ao normal.
"Voltar ao normal? Era tudo o que eu queria... Mas, como? Não sei como fazer isso funcionar."-
Mu Qing ergueu os olhos negros frios em face de seus pensamentos, retorcendo os lábios com algum vestígio de raiva:
— Já que é assim... O que foi que aquela merda de espelho te disse?
— Ele falou de Jian Lan e Cuo Cuo... Disse que eu não deveria me culpar por ela ter rejeitado a minha vontade de cuidar dos dois.
As solas dos pés de Mu Qing também ardiam, a dor era o de menos e ele sabia que sendo um deus, logo as feridas se curariam sozinhas. Ele deu um passo na direção de Feng Xin, sem desfazer de todo a carranca.
— Nisso o espelho tem razão. Mas, que merda... Eu bem sabia que você continuava se culpando por isso, acha que eu não percebo que fica calado pensando justo nisso?
Não esperava por estas palavras de Mu Qing, ele podia ter uma expressão severa, mas sua voz não soava assim, soava racionalmente sincera.
E o mais impressionante... Ele o observava, realmente observava. Não era de todo indiferente tal como fazia questão de aparentar.
— O que? Mas, não é você mesmo que vive jogando na minha cara que deixei Sua Alteza para ter um filho? Pra que me provocar com isso... Se você mesmo acha que eu não deveria ter culpa alguma?
Feng Xin também se aproximou, ainda que de um modo inconsciente. Suas sobrancelhas sempre franzidas como se a determinação nunca o abandonasse.
Com seus olhares naturalmente conectados, entre a luz refletida pela parede.
— Não faz pergunta difícil, vai... — Mu Qing refutou evasivo. — O que mais seu reflexo no espelho disse?
Feng Xin engoliu o excesso de saliva em sua boca, apoiando a mão numa pedra translúcida da caverna, observando a luz dourada da tarde bater no robe azul que Mu Qing vestia, na pele dele recém tocada pelas águas das termas. Era raro também vê-lo de cabelo solto.
— Mas, eu quero saber o que foi que seu reflexo lhe disse também... Não vai me contar?
— Não! — Mu Qing desviou o olhar, inquieto. — Não passa de blasfêmia!... E se esse espelho tem algo de demoníaco que altera a realidade?
Tendo seus rostos próximos, Feng Xin jogou repentino as mãos no ombro dele, porque queria que Mu Qing tornasse a mirar-se em seus olhos e parasse de fugir, de sentir medos infundados.
— Mas, que inferno! Quando se trata de mim diz que o espelho tem razão e agora em se tratando de você... É a porra de uma blasfêmia?! Que raio de sentindo pode haver no seu discernimento? Além disso, descobri que o espelho não tem procedência maligna, ele foi forjado no oeste, nas montanhas de MingJiao Fengli!
A nova informação fez Mu Qing estreitar o olhar, sendo atingido por uma espécie de decepção fulminante.
A cada mudança brusca de expressão, Feng Xin entendia cada vez menos o que se passava na cabeça e tão pouco no coração de Mu Qing.
— Tem certeza? Porque... Que merda é preciso ter na cabeça para fazer um espelho com aquele propósito?
— Se entendi direito, usavam para interrogar invasores e espiões, porque quem o encara tem as verdades mais profundas reveladas.
Após escutar a explicação que saiu de seus próprios lábios, Feng Xin percebeu que possivelmente a verdade revelada pelo reflexo de Mu Qing era no mínimo embaraçosa demais, assim como a sua própria verdade.
Por isso, seus dedos apertaram os ombros dele sem querer, os dois se olharam, tendo a mesma altura. Mu Qing estava mínimos centímetros mais baixo por estar descalço.
Somente então percebendo que estavam perto demais, seu narizes quase a se tocarem...
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PS: Feliz aniversário, elizasouza129142 ♡