Algodão doce

By jessica_peixoto

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》Concluída《 A tampa da panela. A metade da laranja. O amor verdadeiro. Eliz quer tudo isso e não aceita nada... More

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By jessica_peixoto

Inevitável

  Hoje temos aula de volley na quadra da escola.

Se eu dormi depois de ontem? Não.

  Se já esqueci os sorrisos que Isaac (Newton) me deu? Não.

Mas sigo em frente, tentando não deixar visível a minha felicidade.

  Ao entrar na quadra com a minha irmã, vejo que algumas meninas já estão em sua posição do jogo.

  -Eliz? Clara? Vão ter flexões depois que o jogo acabar, pelo atraso.- diz a treinadora, fazendo um sinal com a cabeça para que tomemos nossa posição.

Fico no meio, meu lugar de sempre, e percebo que Aline está no outro time, junto com a minha irmã.

Aline encontra o meu olhar e me lança uma expressão séria.

Parece perfeita com o short branco e o rabo de cavalo alto.

Mesmo sendo um treinamento para competirmos com outra escola, as vezes somos adversárias de nós mesmas para treinar as nossas habilidades.

A treinadora faz questão de convidar os alunos para assistirem aos treinos, mas apenas a minoria vai. E nessa minoria, Isaac está incluído.

Eu não sei que graça tem assistir a isso.

Olho de longe para ele mas parece estar olhando pro nada.

A treinadora apita e o jogo começa.

Espero que estejam torcendo pro meu time.

A bola está com o time da Aline.

Ela dá o saque, fazendo com que a bola passe muito rápido por mim e outra menina defenda.

Continuamos o jogo e o placar estava 10 a 10; e era hora da Aline sacar de novo.

Ela volta com a expressão séria, pega a bola e dá o saque. Isso faz com que a bola venha na minha direção e acerte com força o meu estômago.

Ao cair no chão, vejo pelo canto do olho que Isaac levanta da arquibancada.

-ELIZ!- Clara sai correndo até mim e se abaixa- Você tá bem?

Continuo com a mão na barriga e apenas balanço a cabeça, negando sobre o meu estado.

A treinadora apita.

-É melhor vocês duas irem para casa.

Minha irmã me ajuda a levantar e caminhamos até a saída. Antes, olho para trás e vejo Aline novamente com a bola em uma das mãos e um sorriso no rosto.

Com certeza ela não errou o alvo de seu saque.

-Eu vou contar tudo pros nossos pais!- exclama Clara quando estamos a alguns passos de casa.

O tempo nublado trouxe chuva e alguns pingos nos molhavam

-Ela fez de propósito, Eliz! Não importa se já está bem; imagina se tivesse sido pior?!

-Vamos deixar isso pra lá.- nunca tinha visto Clara tão nervosa assim. Estava realmente preocupada.- O jogo ficou empatado mesmo.

-Dane-se o jogo.- ela abre a porta- Mãe! Pai! A Eliz está machucada!

-Oh meu Deus!- os dois vêm em minha direção e ganho abraços e beijos nas bochechas- O que aconteceu?

Sorrio, envergonhada com as carícias.

No mesmo instante, saio correndo para o banheiro afim de vomitar, por causa da dor no estômago.

Será que ela fez mesmo de propósito?

Já é a segunda vez que ela me machuca...

As lágrimas enchem os meus olhos e tento não chorar enquanto me limpo.

Saio do banheiro e todos me encaram.

-Você quer que eu vá amanhã na escola resolver isso?- diz meu pai, com uma expressão preocupada.

-Não!- digo rápido. O desespero de punirem a Aline e ela fizer coisas piores comigo, me invade. Suspiro.- Não precisa, eu estou bem.- viro as costas, ainda sentindo seus olhares em mim, e entro no meu quarto.

O barulho da chuva invade o cômodo.

Deito na cama e libero todas as lágrimas, em silêncio, pedindo para que ela pare de fazer isso comigo.

Ao chorar, me sinto humilhada e insignificante. Não faço sentido algum aqui.

Com os minutos eternos se passando, durmo.


Acordo um tempo depois com o barulho de mensagens vindo do meu celular.

Hugo:
oi, como vc ta? Sua irmã me contou oq aconteceu.

Eliz:
tô melhor.

  O que é meio verdade.

  Olho no espelho e estou com os olhos um pouco inchados pelo choro.

Hugo:
OK, qualquer coisa é só me ligar ♡

  Sorrio com a mensagem.

  -Eliz!- meu pai grita.

  Saio do quarto e vou até a porta da sala, parando ao seu lado.

  Na minha frente está Isaac, segurando um guarda-chuva mas ainda assim está molhado. Eu riria da cena se não estivesse surpresa.

  -Você conhece esse rapaz?- meu pai está analisando ele de cima a baixo, pronto para fechar a porta.

  -Sim, ele é...- começo a dizer mas Isaac (Newton) me interrompe.

  -Sou o professor de reforço dela.- e olha para o meu pai- Só vim ver como ela está.

  Reparo que ele mexe no óculos. Mesmo com um guarda-chuva na mão, continua lindo. Como se um mero guarda-chuva influenciasse na sua beleza.

  -Pode entrar.- meu pai finalmente suaviza a expressão.

  Enquanto Isaac cumprimenta minha mãe e minha irmã (que me dá piscadinhas brincalhonas), vou indo até o meu quarto e escuto passos dele atrás de mim.

  -Você realmente está bem?- ele diz assim que entra no cômodo, fechando a porta atrás de si- Eu fiquei preocupado. Quem iria reclamar de matemática para mim?- e sorri, ao mesmo tempo que mexe no óculos.

  -Eu vou ficar bem.- sento na cama, não conseguindo evitar de sorrir, e ele se senta ao meu lado.- Você teve a grande oportunidade de ver como sou péssima no volley.

  Não acho necessário contar que a Aline está fazendo essas coisas de propósito. Acho que ele já percebeu e está aqui para me dar um "consolo amigo".

  -Você não é péssima.- ele olha em volta, analisando cada detalhe do meu quarto- Mas fico feliz que você está bem.

  Evito perguntar se ele namora a Aline. Se namorasse, não viria até a minha casa, numa noite chuvosa, não entraria no meu quarto e não estaria tão próximo de mim.

  -Queria que a gente tivesse começado a se falar antes.- Isaac diz, me encarando- Ou pelo menos ter dito um "oi".

  Sorrio ao lembrar dos bilhetinhos.

  -Você é linda, Eliz.- se aproxima e toca a minha bochecha com uma mão.

  -E você é inevitável.- estou paralisada com essa aproximação e não consigo pensar em outra palavra.

  A verdade é que fico sem palavras quando estou perto dele.

  Ele dá um riso baixo e me beija.

  Pode parecer loucura, mas sinto gosto de algodão doce.

  Tudo ao nosso redor para e há apenas o barulho da chuva e o nosso beijo.

  Ele se afasta devagar:

  -Sempre imaginei o nosso primeiro beijo assim.

  O que?

  Isaac (Newton) está com um sorriso bobo nos lábios e suas bochechas coram.

  -Ainda vamos contar algodões doces juntos?- pergunto ao sentir sua aproximação de novo.

  -Quantas vezes você quiser.- e me beija de novo.

  Meu mundo para novamente.

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