Você Cresceu [✓]

By Mogridd

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Lory nunca deixou de pensar nele. Era impossível passar por aquelas ruas e não lembrar do menino magrinho com... More

A P R E S E N T A Ç Ã O
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 29.
Aviso.

Capítulo 28.

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By Mogridd


— Eu vou usar uma jaqueta também. É mais meu estilo. – Tessa contou se olhando no espelho pela décima vez. Continuei brincando com os fios de Becca enquanto a cabeça da mesma permanecia em meu colo.

— Achei que seu quarto seria mais exagerado. – A menina de cabelos azuis admitiu. — Ele é até bem neutro. – Me ajeitei na cama da ruiva quando Becca saiu do meu colo e se levantou do colchão. — Mas as fotos são bem exageradas. – Revelou analisando as imagens grudadas nas paredes.

Eu tinha que concordar. Acho que tinha mais fotos alí do que eu já tirei em toda minha vida.

— São todos os lugares turísticos de onde morei. – Vi o queixo de Becca cair. – Meus pais costumam viajar bastante. – Revelou vestindo uma jaqueta jeans por cima do vestido preto. — Agora preciso de uma bota. – Becc voltou a se sentar ao meu lado enquanto a ruiva bagunçava o quarda roupa.

Rimos alto quando ela tropeçou. Tess revirou os olhos e depois nos acompanhou.

— Eu vou assim. – Revelou de maneira animada. Mordi os lábios, surpresa por ter ficado tão bom. — Gostaram? – Perguntou com um sorriso radiante enquanto dava voltinhas.

Becca saiu rapidamente da cama e pulou em cima de Tess.

— Uma delícia. – Ambas sorriram maliciosamente e depois riram. Fiquei observando a cena rindo junto. É bom ver elas assim.

— Ficou ótimo. – Senti o sangue vindo para meu rosto por causa da posição que estava. Afinal, ficar de ponta cabeça na cama não é fácil. Tessa abriu um sorriso grande como resposta ainda abraçando Becca. — Que dia vai ser a festa? – Indaguei tirando o cabelo da boca. As meninas riram da cena antes de se sentarem ao meu lado.

— Amanhã. – Becca revelou. — Também está animada? – Assenti, jogando a cabeça no travesseiro e respirando devagar.

— Muito. – Mordi os lábios. — Vai ser minha primeira festa. – Admirei o teto branco sorrindo sozinha. Levantei a cabeça quando o silêncio reinou no cômodo. — Ah – Meu rosto queimou quando vi Tessa e Becca bem próximas. Elas se afastaram rapidamente e então sorriram timidamente. — Vou ver o Din. Eu já tinha combinado com ele. – Disparei de forma rápida me levantando da cama.

— Não. – A ruiva puxou meu braço. — Antes eu quero ver sua roupa. — Pediu sorridente. — Você nem nos mostrou. — Acabei rindo com o beiço que ela fez.

— Depois eu mostro. – Revelei calmamente, voltando a segurar a maçaneta. Tessa revirou os olhos e se jogou ao lado de Becca.

— Tudo bem. Vai lá cuidar do seu namorado. – Minhas bochechas queimaram quando a menina de cabelos azuis arregalou os olhos

— N-não fale besteira. – A vergonha aumentou quando não consegui completar minha afirmação sem gaguejar. Bati a porta num baque e sai daquele quarto, deixando as duas garotas rindo alto.

Quando sai daquela casa, com as bochechas quentes, me perguntei se seria estranho chegar do nada.

Respirei fundo e comecei a andar. Não seria a primeira vez que faria isso.

Toquei a campainha com o coração na mão. A porta demorou para ser aberta, mas quando Emily me recebeu com um sorriso confuso, fiquei mais aliviada.

— Lory? – Indagou tirando uma mecha de cabelo do rosto. Sorri para ela e a abracei. — Veio aqui ver o Din? – Assenti e entrei dentro da casa quando ela me deu espaço. — Estou conhecendo a mãe do Ben. – Ela passou a mão na roupa parecendo nervosa.

— Relaxe. Dona Suzana é um amor. – Garanti sorrindo e ela me seguiu. Olhei para os lados em busca da mulher de cabelos castanhos, mas ela não parecia estar alí. — Não fale para ela que estou aqui. – Pedi com o coração acelerado. — Não quero atrapalhar vocês. – Emily assentiu com a cabeça e me abraçou. Agradeci mentalmente por ela não fazer perguntas. — Boa sorte. – Desejei subindo as escadas devagar. O enorme corredor estava impecável como sempre, mas a foto do falecido pai do Din não estava mais ali. Agora tinha um quadro dele no lugar do porta retrato. Respirei fundo antes de entrar no quarto.

Meu coração se aqueceu com as lembranças de ontem. Sorri, feliz por ele estar aqui e, em silêncio, entrei no cômodo.

Din estava coberto dos pés a cabeça por um endredom. Mordi os lábios observando o mesmo dormir. Me sentei no chão, encostando minhas costas na parede azul-marinho.

Ele respirava com dificuldade e aquilo estava me preocupando. Com cautela, tirei o cobertor de seu rosto. Ele estava vermelho e suado. Preocupada, levei minha mão até sua testa, estava fervendo.

Engoli em seco sem saber o que fazer. Meu coração se despedeçou quando ele começou a tossir freneticamente e depois ficou mais ofegante ainda.

Resolvi chamar dona Suzana, mas uma mão quente em meu pulso me impediu.

— Você veio. – Sua voz estava mais rouca que o normal. — Achei que não viria. – Meu peito latejou com o sorriso alegre que apareceu em seu rosto.

Me sentei na beirada da cama e passei a mão por seu cabelos, sentindo meu coração dar batidas leves.

— Eu não podia deixar você sozinho. Eu disse que não faria isso. – Ele fechou os olhos como resposta e eu sorri com aquilo. — Ontem você estava bem. – Me deitei ao seu lado, apreciando seu calor. Outras pessoas provavelmente ficariam com medo de pegar a gripe dele, mas eu não tenho esse medo. — Foi do nada? – Brinquei com os fios em meus dedos, gostando da sensação.

— Ontem eu já estava com dor de garganta e febre. – Contou tossindo. — Por isso não fiz o que queria fazer. – Ele se virou para a parede e voltou a se cobrir dos pés a cabeça.

Tirei as mãos de seus cabelos, confusa com sua declaração.

— Tudo bem. – Fitei o quarto ao meu redor. É a primeira vez que entro aqui de dia. As coisas são arrumadas e não tem muita decoração, não que eu esperasse algo de algum filme ou desenho como antes.

Sai dos meus desvaneios quando Din começou a ofegar ao meu lado. Meu peito se apertou e eu me levantei da cama. — Vou pegar algum remédio. – Disse me levantando e deixando seu calor, mas fui impedida novamente por suas mãos quentes.

— Fica. – Seu rosto estava vermelho, e foi impossível controlar meu coração naquele momento. — Eu só preciso descansar um pouco. – Revelou com a voz baixa. Engoli em seco, sentindo meus músculos tensos. — Eu só quero dormir um pouco com você aqui. – E então voltou a se cobrir, me deixando com o coração descontrolado e bochechas vermelhas. — Pode mexer nos meus cabelos, se quiser. – Afirmou de maneira abafada depois de eu ter ficado um longo tempo em silêncio e paralisada no meio de seu quarto.

Atordoada e confusa, voltei a me deitar em sua cama. O colchão continuava quente, macio e cheiroso. Era muito bom deitar nele.

Din estava de costas para mim e seus cabelos estavam a minha frente. Com cautela, levei minhas mãos aos mesmo. Eles estavam um pouco úmidos e isso me surpreendeu.

— Você tomou banho agora? – Sussurrei calmamente. Din negou de maneira lenta com a cabeça. Então isso é por causa do suor, a febre dele deve estar abaixando. Suspirei aliviada e continuei brincando com os finos fios.

— Lembra de quando eu cuidava de você? – Indagou de repente, me deixando surpresa. — Eu gostava de cuidar de você. – Um sorriso feliz se apossou de meus lábios e encostei minha testa em suas costas.

— Eu lembro. É impossível não lembrar dos seus esporros. – Comentei rindo discretamente e ele me seguiu. Um silêncio agradável caiu sobre nós e eu pude escutar as batidas leves do meu coração.

— Mas é melhor agora, que eu não cuido mais dos seus ferimentos. Isso significa que você não anda toda machucada como antes. – Respirei devagar em suas costas, sentindo seu calor bater em meu corpo. Para minha surpresa, ele se virou. — Você não acha? – Um vento frio entrou no quarto, fazendo a cortina balançar. Admirei seus olhos castanhos com o coração acelerado.

— Acho. – Concordei por impulso. Din sorriu lindamente e voltou a ficar de costas para mim. Encarei o teto, me perguntando o que estava acontecendo entre nós.

Desde de quando Ben me falou aquelas coisas eu não sei o que pensar. Dilan chorava por mim, ele chorou em meus ombros ontem, e nesse ponto, eu não sei se devo me impedir de fazer as coisas que quero.

Suspirei frustada e voltei a apreciar seu calor ao meu lado.

— Você vai para a festa da amiga da Tess? – Encarei suas costas largas, pensativa sobre o assunto. — Eu acho que não vou poder ir. – Poussei a mão em suas costas quando ele começou a tossir. — Mas aproveite por nós dois. – Pediu depois de parar de tossir. Me sentei no colchão, o encarando logo em seguida.

— Eu posso ficar com você, se você quiser. – Comentei sem pensar. — A-ah, quer dizer – Fui impedida de continuar a frase quando suas mãos quentes me puxaram contra seu corpo, me forçando a deitar novamente ao seu lado.

— Por que você faria isso? – Seu olhar estava tão intenso e sua voz tão diferente, que meu corpo paralisou. Engoli em seco, sentindo meu peito latejar com força. — Você trocaria uma noite de festa para ficar comigo? – Indagou sem deixar meus olhos. Seus dedos mornos acariciavam a pele do meu pulso com carinho, fazendo um arrepio subir por meu corpo.

— Trocaria. – Resolvi fazer as coisas sem medo, mesmo minha respiração estando acelerada e minhas veias cheias de adrenalina, eu ainda queria fazer isso. Seu rosto se aproximou ainda mais do meu e eu já podia sentir a respiração que saia de seus lábios entre abertos batendo em minha pele.

O colchão estava quente, assim como nossos corpos. Quando seus lábios se aproximaram mais dos meus, minha mente torrou e eu não conseguia pensar em mais nada além dos lábios vermelhos a minha frente.

Levei minhas mãos até suas costas e segurei o tecido de sua camisa. Sua pele queimava contra a minha.

A ansiedade já me dominava, e eu queria logo sentir aqueles lábios cheios contra os meus em uma dança de desejo e amor.

Porém, para minha vergonha, Din murmurou algo e se afastou, causando uma onda de humilhação em mim.

— Vou tomar banho. – Revelou, rapidamente saindo da cama e indo para o banheiro. Fiquei longos minutos encarando o teto e tentando racionar o que tinha acontecido. Seu calor ainda permanecia no colchão e me peguei passando a mão pelo o mesmo, em busca de mais.

Puxei o ar trêmulo me sentindo estranhamente triste. Eu realmente achei que iríamos nos beijar, mas é claro que isso não iria acontecer. Afinal, por que ele faria isso? Deve ser efeito da febre.

Levantei da cama sentindo um peso no peito. Observei uma última vez aquele quarto antes de sair dele.

Desci as escadas atordoada.

— Lory! – Senhora Suzana e Smuff pularam em cima de mim ao mesmo tempo, me deixando completamente surpresa. — Quando você entrou que eu não vi? – Ela me abraçou e depois segurou meus ombros. Meu estômago embrulhou quando ela olhou para as escadas. — Você estava lá em cima com o Din? – Ignorei seu sorriso malicioso e me sentei no sofá, colocando Smuff em meu colo.

— Vim ver como ele estava. Tess me contou que ele está doente. – Mordi os lábios, tentando me livrar da vergonha que me enchia.

Será que eu não sou beijavel?

— Sim. Aliás – Ela tocou minha mão. — Ele está melhor? – Minhas bochechas queimarem ao lembrar do jeito que ele estava mais fofo e carinhoso.

— Ele ainda está com febre e tossindo bastante. – Revelei brincando com os pêlos de Smuff. — Espero que ele melhore logo. – Admiti sinceramente. Dona Suzana tirou uma mecha de cabelo de meu rosto e me fitou com preocupação.

— O que foi? – Indagou com a voz macia. Sorri para ela e neguei com a cabeça.

— Não é nada. – Menti ainda sorrindo. — É só uma coisa fútil. – Smuff lambeu as pontas dos meu dedos, tirando um sorriso de mim. — Não se preocupe. – Dona Suzana passou a mãos por meus cabelos, e logo, Ben e Emily invadiram a sala.

— Olá, Lory. – O louro me cumprimentou sentando ao meu lado, e Emily fez o mesmo.

— Lory. – A menina cantarolou. — É amanhã. – Voltou a cantar e eu acabei rindo. — Você também está animada? – Assenti com a cabeça, deixando Benjamin pegar Smuff e colocar em seu colo. — Eu também! – Ela sacudiu meu braço. Nunca tinha visto Emily tão animada assim, acho que ela está perdendo a timidez.

— Não vejo graça em ver vários adolescentes fazendo coisas idiotas. – Ben afirmou sem animação. Emily e Suzana fizeram careta e se olharam.

Acho que tudo ocorreu bem com elas.

— Você não tem a essência de um adolescente. – Censurou, e a menina concordou. — Eu, quando era da idade de vocês, era a pessoa que sempre estava nas festas. – Se gabou, e naquele momento vi minha mãe falando. Fiz uma careta pela comparação.

— Continuo não gostando. – Murmurou mexendo com os fios de Emily, que parecia triste.

— Não precisamos ir se você não quiser. – Revelou com a voz fraca, porém com um sorriso nos lábios. — Podemos apenas ficar em casa vendo um filme. – Sugeriu segurando suas mãos com carinho. Ben passou a mão por seu rosto e negou.

— Nós vamos. – E então a abraçou. — Vamos sair agora, mãe. – Declarou se levantando do sofá e colocando Smuff em meu colo. — Tudo bem? – Senhora Suzana assentiu com a cabeça e foi deixá-los na porta de entrada.

Fiquei encarando a sala vazia com os nervos a flor da pele. Meu coração perdeu as batidas quando Din desceu as escadas com os cabelos molhados. Me ajeitei no sofá e desviei minha atenção, dando carinho em Smuff.

— Você – Ele ia começar a falar, mas eu o impedi.

— Tenho que ir. – Revelei tirando Smuff de meu colo e me levantando. — Melhoras. – Me apoiei em seus ombros, e por algum motivo beijei sua bochecha. Din me encarou com uma expressão confusa, e sem dizer nada sai daquela casa.

Quando já estava em uma distância segura da casa, parei de andar. Olhei ao redor para conferir que ninguém conhecido estava por perto e então segui até o Candy's. Eu preciso de rosquinhas agora.

O céu já tinha cores laranjas, revelando o final de tarde. Passamos mais tempo que o esperado naquela loja de roupas. Me pergunto se está acontecendo algo entre Tess e Becca.

Acho que sim.

Suspirei aliviada e faminta ao ver o letreiro chamativo do Candy's. Entrei no lugar bem decorado e com um bom aroma, logo me sentando no lugar de sempre. A mesa da frente, perto da janela.

Foi impossível impedir de lembranças nostálgicas invadirem minha mente. O dia que vim aqui com Din e Molly, foi a primeira vez que fui expulsa de uma lanchonete.

Acabei rindo por causa do que aconteceu. Guardanapos amassados...

Mordi os lábios para parar de rir quando uma menina de cabelos platinados veio me atender. Ela parecia simpática e logo disse que minhas rosquinhas iriam chegar.

Fiquei esperando ansiosamente.

Meus olhos caíram no menino que entravam na lanchonete. Trevor usava roupas mais leves, porém pretas e isso acabou me fazendo rir.

— Loryzinha. – Fiz uma careta pelo o apelido e ele se sentou ao meu lado. — Sempre aqui? – Indagou sorridente e acabei sorrindo com ele.

— Todas as tardes. – Trevor tinha um cheiro bom, diferente do cheiro do Din, porém bom. — E você? – Brinquei com os guardanapos a minha frente, sentindo um peso no peito.

— Não muito, mas a Emy gosta daqui. – Revelou ajeitando os cabelos desgrenhados. — Já pediu algo? – Indagou ao ver a menina se aproximar. Assenti com a cabeça.

— Cinco rosquinhas. – Passei a língua entre os lábios quando a garota colocou a bandeja sobre a mesa.

— Aproveitem – Desejou e eu agradeci. Bati na mão do Trevor quando ele tentou pegar uma das rosquinhas.

— Nem pense. – Dei uma mordida no doce, apreciando o sabor delicioso se desmanchar na minha boca. — São minhas. – Declarei de boca cheia e ele acabou rindo. — Mas se você quiser, eu pago as bebidas. – Seus olhos me analisaram e um sorriso se formou no canto de sua boca.

— Uma menina nunca pagou nada para mim. – Revelou apoiando o braço na parte de cima da cadeira. Seus olhos não deixavam os meus, e isso já estava me deixando envergonhada.

— Se não quer é só falar. Não vou comprar nada para alguém mal agradecido. – Cruzei os braços e desviei o olhar, porém minha atenção voltou para ele quando o mesmo começou a rir.

— Eu não falei isso, só fiquei surpreso. – Encarei seu sorriso sincero. – Eu quero refrigerante. – Revelou com a voz macia, e logo chamei a menina novamente. — Obrigado. – Agradeceu assim que a moça colocou duas latas de refrigerante em nossa mesa.

— De nada, Trevoso. – Comentei rindo, e ele me seguiu. — Gostei, vou te chamar assim. – Brinquei com o canudo de papel em meus lábios e ele riu.

— Tudo bem. – Ele me seguiu rindo. – Pode me chamar assim. – Tomei o líquido gelado sentindo o mesmo descer por minha garganta. Ri alto quando ele foi abrir a lata de refrigerante e a mesma transbordou.

— Merda. – Blasfemou pegando um monte de guardanapo e limpando a roupa molhada enquanto eu tentava parar de rir, mas não conseguia. — Pare, Lory. – Mordi os lábios quando vi suas bochechas levemente vermelhas.

— Desculpa. – Pedi ainda rindo discretamente. Comi a rosquinha tentando me controlar. Tenho que parar com esse costume horrível de rir das pessoas quando algo ruim acontece com elas.

Trevor suspirou profundamente, frustado por não conseguir tirar a mancha de refrigerante de sua blusa. Resolvi ser um pouco solidária e ofereci uma rosquinha a ele.

— Eu não gosto, obrigado. – O fitei incrédula. — O que foi? – Indagou bebendo o pouco do refrigerante que tinha sobrado.

— Como alguém pode não gostar de rosquinha? – Observei seu rosto em busca de resposta. Era impossível não gostar dessa massa deliciosa que derrete na boca.

— Eu não gosto de doce. – Contou sem drama, me deixando ainda mais em choque.

— Você não é um ser humano decente. – Cruzei as pernas, balançando as mesma por baixo da mesa. — Seres humanos descentes gostam de doce. – Apontei falando seriamente.

— Então quer dizer que todo mundo precisa gostar de doce? – Indagou, e eu assenti com a cabeça. — Entendi. – Afirmou com a voz calma me deixando satisfeita.

— Mas agora eu não quero mais te dar minhas rosquinhas. – Passei a língua entre os lábios, vendo a movimentação no Candy's diminuir.

O sangue rapidamente subiu para meu rosto quando vi seus olhos verdes admirando meus lábios.

— Trevor! – Chutei sua perna por baixo da mesa, e ele fez um barulho estranho com a boca, para logo começar a rir. Bufei, sentindo meu rosto arder.

Quando terminamos de comer, saímos da lanchonete.

— Você quer uma carona para casa? – Indagou se apoiando no Mustang preto. O observei com cuidado, sua expressão era calma e seus cabelos estavam desegrenhados. Meus olhos caíram em suas roupas escuras, e logo ri quando vi a mancha de refrigerante.

— Só se eu for dirigir. – Afirmei cruzando os braços, e ele juntou as sobrancelhas.

— Isso não seria uma carona. – Ele passou as mãos pelos cabelos, me olhando com os glóbulos semi cerrados.

— Vou me dar uma carona. Então é uma carona. – Declarei de forma firme, fazendo ele parar de se apoiar no carro e rir.

— Algo como se levar para casa, certo? – Indagou tirando uma risada de mim. Assenti com a cabeça e ele me deu as chaves.

— Banco dos passageiros. – Falei assim que vi ele abrindo a porta da frente. Trevor me olhou por alguns segundos e depois cedeu, indo se sentar nos bancos de trás.

Mordi os lábios me sentindo vitoriosa e logo entrei no carro.

Respirei fundo ao sentir o cheiro que apenas aquela carro tinha. Me perguntava como os bancos podiam ser tão macios.

— Qualquer dia desses eu roubo esse carro. – Brinquei, o encarando pelo retrovisor. Trevor riu junto comigo e depois colocou o cinto.

— Chamo a polícia se você fizer isso. – Comentou de maneira divertida. Revirei os olhos e coloquei o cinto.

— Posso nem roubar as coisas mais. – Murmurei ligando e dando partida. O vento rapidamente entrou pelas janelas abertas, causando uma onde de liberdade em mim.

Eu preciso urgentemente de um carro. Apenas sair pelas estradas sem direção para pensar um pouco.

Saímos do estacionamento em silêncio. A noite tinha chegado e as ruas estavam menos movimentadas. A lua resplandecente estava lá em cima nos observado, e foi impossível não pensar em Din naquele momento.

A noite sempre me lembra dele. O sentimento de paz e amor, esses sentimentos eu só tenho com ele quando estamos no telhado de sua casa ou em sua cama. Só ele me faz sentir assim.

Puxei o ar com força, me sentindo perdida. Toda vez que estamos juntos eu não sei como agir, e quando estamos longe eu só quero tê-lo.

— Emy quer te ver novamente. – Falou de repente, me tirando de meus pensamentos. — Ela quer agradecer pelo curativo. O machucado cicatrizou rapidamente por causa dele. – Sua voz era macia, assim como todas as vezes que ele falava da irmã.

Irmã... Agora eu tenho duas.

— Trevor! – Exclamei sem tirar os olhos da pista, mas pude escutar um palavrão saindo em forma de murmuro por causa do susto. — Eu quero apresentar uma pessoa para sua irmã. Acho que elas vão se dar bem. – Me senti uma tola por não ter pensado nisso antes. Molly e Emy seriam boas amigas.

— Quem é? – Ele apoiou o braço no banco ao meu lado e fitou meu rosto. — Emy não precisa de mais meninas mimadas para falarem merda com ela. – Fitei seus olhos verdes, me sentindo irritada pelo jeito que ele falou de Molly.

— Você nem sabe quem é, seu idiota. Não vá deduzindo as coisas. – Cuspi no mesmo tom que o seu, sem parar de sustentar seu olhar irritado.

— Sim, eu não sei. Mas provavelmente é mais uma menininha padrão que só sabe falar merda e brincar de Barbie. – Mordi os lábios, sentindo meus músculos tensos.

— Se uma menina cega que só brinca com animais é padrão, então sim, você está certo. – Rapidamente o semblante irritado sumiu de seu rosto, dando espaço para um surpreso. — Esse é o seu problema, Trevor. Você julga sem conhecer. Pare de generalizar tanto. – Segurei com força o volante, me negando a voltar a encará-lo. Estava muito irritada para isso.

Um silêncio desconfortável caiu sobre nós, então liguei o rádio para tentar aliviar a tensão que estava sobre mim.

— Desculpe-me. – Sua mão tocou meu ombro, mas logo fugi de seu toque. – Eu não sabia. – Escutei ele se acomodar no banco atrás de mim ainda com seu olhar queimando minha pele.

— Exato, você não sabia. Então não devia ter falado tanta merda. – Mordi os lábios, tentando me acalmar. — Não é só porque crianças idiotas fazem bullying com ela que todas são assim. – Me concentrei na melodia da música que tocava, me sentindo um pouco mais calma. — E nunca mais fale isso da minha irmã. – Comentei por fim, fazendo o silêncio reinar sobre nós.

O céu agora estava escuro e a brisa gelada, secando minha garganta.

Foi difícil passar o restante da viagem sentindo seus olhos queimarem minha pele, porém não me virei em nenhum momento para olhá-lo.

— Tchau. – Disse assim que cheguei em frente a minha casa. Tirei o cinto e já iria sair do carro, quando sua mão me parou.

— Tirando a parte que você riu de mim por eu ter manchado a blusa, hoje foi legal. Quero passar mais tempo com você amanhã na festa. Tudo bem? – Senti seus dedos acariciando meus ombros. Não soube como reagir quando meu corpo se arrepiou com aquilo.

— Tchau, Trevoso. –  Afirmei fugindo de seu toque. — E pare de julgar tanto. – Sai do carro, perdendo o cheiro bom que o mesmo possuía.

— Ei! – Me virei para encará-lo assim que o mesmo gritou. — Minhas chaves, Loryzinha. – Fitei minha mãos, perdida por as chaves estarem nelas. Nem percebi que estava com elas. As arremessei e o mesmo as pegou no ar. — Até amanhã. – Comentou sorridente, e eu apenas revirei os olhos e segui até a entrada de casa. — Ei! – Parei de andar, mas não me virei para encará-lo. — Também é muito feio falar que vai roubar o carro dos outros. – Mordi os lábios, tentando me impedir de rir com aquilo. O carro deu partida, e eu observei o mesmo sumir do meu campo de visão.

Talvez eu pense melhor em ir para essa festa.

"Eu não podia deixar você sozinho. Eu disse que não faria isso."

Estou me sentindo horrível por ter demorado tanto para postar. Eu simplesmente entrei em um imenso bloqueio criativo nesse capítulo, não estava conseguindo terminar ele e tudo que escrevia parecia ruim.

Peço perdão ❤

Então esse foi o cap 28! Espero que vocês tenham gostado😳

O que vocês acham que vai acontecer nessa festa. E coitado do nosso Din💔 Vamos desejar melhoras para ele.

Muito obrigada por tudo e amo vocês 😊

Próximo cap sem data marcada.

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