Teen Mermaids

By _EuVitoria_

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Pertencente a dois mundos, Lydia, Rebeka e Luce precisam encontrar suas verdadeiras identidades. Seus c... More

Mudança
Festa na praia
Pulando na água
Poderes
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Cardume
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Capítulo especial - Morgana
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Resgate
Capítulo especial - Morgana
Primeiro beijo
Capítulo especial - Morgana
Baile de natal
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Executando o plano

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By _EuVitoria_

  Assim que o sol nasceu, Lydia foi até o quarto de seu pai, como estava fazendo em todas as manhãs após o acidente. Quando chegou sentou-se na beira da cama.

  - Se sente bem? - perguntou carinhosamente. O homem assentiu e sorriu, mas não era um sorriso verdadeiro.  Ele estava aflito e sua menina percebeu isso. - O que houve, papai?

   - Chame sua irmã para mim. - pediu após pensar um pouco e suspirar como se estivesse se preparando para algo. - Preciso que saibam de uma coisa.

  Com os nervos elevados, Lydia assentiu e foi relutante fazer o que fora pedido. Encontrou sua irmã tirando fotos na beira da piscina e pediu para a mesma lhe acompanhar, a garota fez um pouco de birra mas atendeu ao seu chamado ao ver pela expressão da mais nova que o assunto era sério. Segundos depois as filhas de Léo e Loren, cruzaram a porta do quarto. Uma sentou-se na cama e a outra ficou em pé. Ambas compartilhando da mesma curiosidade.

   - Eu preciso que saibam porque eu estava voltando para casa. - ele suspirou novamente, suas palavras eram cautelosas e o homem revisou o olhar entre as duas garotas. Lydia segurava sua mão. - Eu deveria ter contado antes, mas fiquei com medo da reação que teriam...

  - Fale logo, então. - a sua filha mais velha pediu, sem arrogância, apenas queria acabar logo com todo aquele suspense. - Por que você ia nos abandonar de novo?

  - Megan está grávida.

  Ambas as duas meninas engoliram em seco. Não era como se fosse o fim do mundo, mas realmente nenhuma esperava por aquilo. Um bebê. Entre vários sentimentos que sentiu, Lydia sentiu-se ameaçada pela criança. Podia parecer errado e imaturo, mas seu pai sequer possuía seu sangue e se a criança tivesse sua genética perfeita, seus olhos, seu sorriso, sua personalidade? Como ela iria ser digna do amor de seu pai adotivo quando ele tinha um novo ser para amar? Um ser que nem havia nascido mas já havia o feito lhe abandonar?

   - Parabéns. - murmurou, sua voz estava baixa e fria. Ela odiava ser tão egoísta. Deveria estar feliz, afinal de contas, uma criança era uma benção.

  - Quando você vai embora? - quis saber Meredith que em pé mantinha os braços cruzados e o semblante fechado. Ela parecia estar tão magoada quanto sua irmã, mas o bebê não era bem a causa de sua chateação. Era o fato de seu pai partir para construir uma nova família, sem se importar em estar destruindo a delas. Léo soltou a respiração e molhou os lábios, estava tão triste quanto as duas.

     - Hoje.

   Lydia se ergueu soltando a mão dele, aquilo havia doído nela e provavelmente em sua irmã também. Mas estava farta de ser deixada, farta de perdoar quem lhe magoava e ela não o perdoaria mais, não daquela vez. Abandonou o quarto e caminhou para fora dele, se encaminhou para a escola com uma dor insuportável no coração. Era só o que lhe faltava para completar o caos que estava sua vida.  Estava tão centrada na bolha que tudo havia se tornado, que mal viu o decorrer do dia, as aulas pouco ganharam sua atenção. Certamente a garota iria ter que tomar nota com sua amiga Luce, que apesar de estar igualmente com a cabeça cheia, prestava a atenção em tudo.

   Na hora do intervalo ela estava tão de saco cheio com tudo que não queria ver ninguém  apenas procurar o canto mais neutro para se isolar e tentar se neutralizar. Antes que se tornasse uma bomba atômica. Enquanto ia para um lugar não tão frequentado, uma sala um tanto oculta após subir alguns lances de escadas. Ouviu uma voz masculina soar cantando uma música com um inglês perfeito. Era uma canção linda e uma voz mais linda ainda. Mesmo sem conhecer o "cantor" ela sorriu, a música lhe tocou de uma forma inexplicável.

If i told i was perfect i'd be lying
Se eu dissesse que eu era perfeito, eu estaria mentindo

If there's something i'm not doing, girl i'm trying
Se há algo que eu não estou fazendo, garota, eu estou tentando

I know I'm no angel, but I'm not so bad (no no no)
Eu sei que não sou nenhum anjo, mas não sou tão ruim (não não não)

If you see me at the party conversating
Se você me vir na festa conversando

That doesn't mean telephone numbers are exchanging
Isso não significa que estou trocando números de telefone

I know I'm no angel, but I'm not so bad
Eu sei que não sou nenhum anjo, mas eu não sou tão ruim

  Lydia sabia que havia muito mais por de trás daquela máscara de playboy malvado, era tudo somente fachada e sua ficha havia caído no instante em que o viu sentado. Tocando as cordas de seu vilão e cantando a música com seus lindos olhos azuis fechados. Ele sentia cada nota, cada trecho. Porque era sobre ele, aquela música parecia ter sido escrita para ele. James. Agora ela entendia mais do que nunca porque todas caiam de quatro por ele. Com seus cabelos negros desgrenhado, seu sorriso impecável e uma voz de foder qualquer psicológico. Ele era um clichê completo. Além de ser o capitão de Lacrosse, cantava e tocava de uma forma tão linda e pura que era de se admirar. E foi exatamente isso o que Lydia Paker fez, ela o admirou. 

  - Uau.  - cometeu o erro de deixar escapar e então os olhos gélidos se abriram instantaneamente, lhe dando o desprazer de não mais ouvir sua voz doce e contagiante. - Você canta muito bem. - continuou ao perceber que já havia sido descoberta. Enquanto olhava-o nos olhos podia imaginar-se o abraçando novamente. Estava tão intensamente atraída por ele, se odiava por aquilo mas não havia mais como mentir.

   - O que está fazendo aqui? - perguntou com indiferença para seus elogios, o semblante tornando-se impaciente e arrogante.

   - Eu estava passando e... - sua voz sumiu ao ver o olhar frio dele. O que havia feito para ser tratada com tanta intolerância? Se alguém merecia aquilo, era ele.

   - E então o que? - questionou alterado com uma careta de desgosto. Agia como se ela o ter escutado cantando fosse o pior de tudo. - Você resolveu entrar e me espiar?

   - Eu... - travou novamente na mesma palavra. Estava nervosa de um jeito que somente ele conseguia lhe deixar. Se questionava porque havia permanecido parada ali, o escutando cantar. - Eu não queria te atrapalhar. - completou engolindo em seco. - Me desculpe.

   James arqueou sua sobrancelha, era a primeira vez que a pequena garota se desculpava por algo e não soava tão marrenta. E ela ficava igualmente bonita quando estava tímida, apesar de não demonstrar, a sereia era uma jovem frágil.

   - Tanto faz. - deu de ombros indiferente, estava agindo como um idiota propositalmente. Precisava afasta-la. A vontade que tivera de protege-la quando o pai da mesma sofrera o acidente, certamente era um sinal de que ele estava em zona de risco. Era como se ele tivesse um bloqueio para sentimentos e era melhor daquele jeito, ele havia se tornado o melhor, mandava e desmandava naquela escola, era o mais próximo que conseguia chegar de obter o orgulho do pai. - Já que me atrapalhou, poderia pelo menos fazer o favor de não contar?  - questionou guardando o violão.  Lydia engoliu as palavras duras do capitão. Podia rebater e soar extremamente impiedosa, mas naquele momento só lhe interessava uma coisa:

   - Por que não quer que eles saibam?

   - Eu sou um jogador, pequena. - os olhos dele continuavam sem expressões, mas á bela moça ele não manipulava, havia muitos sentimentos e mágoas naquelas pupilas. - Não um mero sonhador apaixonado. Meu pai quer que eu seja o melhor do Lacrosse...

   - E o que você quer? - perguntou com suas grandes íris verdes o fitando sem medo. Ela pensou que ele fosse se abalar, talvez desabafar, mas o jovem continuou com sua postura inabalável.

   - Quem se importa?

   - Eu me importo. - as palavras pularam para fora de seus lábios com vida própria. Em seguida Lydia fechou seus olhos com força, repreendendo a si mesma.

   - Cuidado, pequena. Anda se importando muito comigo ultimamente para alguém que me odeia. - estratégia, era aquilo o que James estava fazendo, sorrindo de forma presunçosa para não demonstrar que mais uma de suas barreiras haviam sido derrubadas com aquelas palavras. Ela não se deu ao trabalho de discutir, apenas revirou seus olhos e saiu rapidamente da sala. Respirando novamente quando chegou do outro lado. James havia provado que era um tremendo babaca e nunca seria diferente daquilo. Um babaca com olhos vibrantes, personalidade marcante, sorriso perfeito e uma voz estranhamente tocante.

   Apesar das circunstâncias, Luce estava tendo um dia tranquilo. As aulas haviam sido produtivas. Por isso quando chegou a hora do intervalo e ela viu Betty Denver caminhar em sua direção com fogo nos olhos, deu as costas para a garota, querendo evitar problemas. Quase correu pelo corredor, mas não fora o suficiente pois ainda assim, as unhas enormes da abelha rainha grudaram em sua carne enquanto a mesma lhe fazia parar.

   - O que você quer? - perguntou Luce, respirando fundo enquanto suas própria unhas perfuravam sua palma. Não sabia o que havia feito daquela vez para atrair a raiva da garota.

  - O que eu quero? - ela deu uma risada amarga, apertando ainda mais o braço da outra. Seus olhos ardiam de ódio. - Eu quero destruir você!

   - O que eu fiz pra você? - quis saber, mas no fundo sabia que não havia um real motivo. Pessoas como Betty iam sempre procurar alguém para descontar seu ódio e Luce infelizmente, tornara-se a vítima preferida da loura.

   - Por sua causa Luca me deixou! - ela gritou parecendo uma mulher louca e perturbada, culpando a menina mais uma vez pelo término do casal extraordinário. - Acredite em mim, perdedora, o tombo que eu e as fênix te demos não vai parecer tão doloroso depois que eu acabar com você.

   Após fazer sua ameaça, Betty saiu de perto da garota como um tsunami prestes a afogar o primeiro que adentrasse em seu caminho. Abandonada no meio do corredor, Luce finalmente entendeu o motivo do novo ataque, ela tinha contado para Luca que o "acidente" no ensaio havia sido causado por sua namorada. Mas também havia pedido para o rapaz não fazer nada a respeito, não queria encrencas, afinal de contas havia acabado de tirar a faixa de seu braço recém recuperado.

   A ideia de ser novamente o alvo da abelha rainha de School Magic lhe apavorou. Ela não tinha cabeça nem tempo para aquele drama adolescente, em poucas horas teria que literalmente despistar tubarões assassinos para que sua amiga/prima invadisse a masmorra de uma cidade oculta e mágica debaixo do mar. Precisava pelo menos se livrar da ameaça que era Betty e só havia uma maneira de fazer aquilo. Antes que a garota desse mais um jeito de lhe atormentar ou humilhar, Luce procurou por Luca, ele havia criado o problema, então ele deteria ele.

  Caminhou com passos apressados para onde estava o seu amor platônico. Havia o observado por tempo o suficiente para saber aonde ele ia para aproveitar o seu intervalo. Desde a terceira série, Luca parecia se esconder na pracinha infantil. Aquele lugar não era frequentado se não por ele e as crianças do turno da tarde.

   Assim que chegou lá o avistou sentado no balanço com a cabeça baixa e os olhos vidrados no chão. Olhar para ele e não se apaixonar cada vez mais era impossível e Luce tinha certeza que seus sentimentos por ele nunca iriam embora. Seu coração era dele.  Era apaixonada por ele desde seus onze anos e ainda assim havia conseguido aprender a reprimir o sentimento e fingir que ele não existia. Afinal de contas, quando se tornou mais velho, Luca tornou-se um dos popular, um dos inalcançáveis.

   A sereia suspirou e se sentou ao lado do rapaz. Apesar de ter notado sua presença, ele não disse nada nem virou para encará-la. Luce começou a balançar ambos, deu certo tempo para iniciar a conversa, mas não se demorou muito pois estava impaciente.

   - Por que terminou com a Betty? - havia respirando profundamente antes de perguntar.

   - Acho que ela não é o tipo de pessoa com quem eu quero estar. - ele deu de ombros ao responder, permanecendo encarando o chão enquanto aproveitava do balanço que os pés da garota proporcionava.

   - Ela acha que foi por minha causa. Pelo o que eu lhe contei... Pode desfazer o mal entendido? - Luce pediu travando uma guerra dentro de si. "Ela não é o tipo de pessoa com quem eu quero estar." seria errado demais estar feliz ao ouvir tais palavras?

   - Não. - Luca finalmente lhe encarou, seus olhos fitavam-na fixamente.

  - Por que? - novamente perdida no castanho daquele olhar, quis saber, quase sem voz.

   - Porque não foi um mal entendido Lucinda. Eu fiz isso por você, pelo o que ela fez com você... - ainda não havia desgrudado seus olhos dos dela e a pronuncia do nome da garota saia tão doce em sua voz.

   Naquela altura, Luce não se deixaria iludir por palavras. Conhecia o relacionamento deles e não acreditaria que ele havia feito aquilo por sua causa. Não o deixaria lhe usar como desculpa. Além do mais, se envolver no meio daquela relação já havia lhe trazido problemas o suficiente.

   - Vai desfazer o que fez. - exigiu ela, havia aguentado demais até ali para pagar pelas decisões de outra pessoa. - Betty não vai me deixar em paz enquanto você não assumir que o que fez não foi por minha causa. Se você não a ama, Luca, diga isso a ela, mas não me use para se livrar do que vocês tem.

   - Por que você não se defende? Por que não luta e deixa ela te tratar desse jeito? - quis saber o garoto, prestando total atenção na menina que ele percebia sentir medo. Ele falava demonstrando que não compreendia aquilo. - Você não é inferior a ninguém e quando se der conta disso, vai dominar o mundo.

   - Você não entende. - e não entendia mesmo, ele não podia lhe julgar pois não sabia como tinha sido forte, como havia aguentado mil humilhações e ainda assim, se mantido firme. - Você nunca precisou se encaixar ou ser aceito. É bonito e popular, não sabe como é terrível para muitos de nós que não somos tão privilegiados...

   Enquanto falava ela até conseguia se lembrar de como era na infância, somente ela, sempre excluída, maltratada, ignorada e sabotada. Por ser um pouco tímida e muito inteligente, Lucinda havia virado muitas vezes motivos de chacota e aquilo tudo havia acabado com a adolescência, mas ao adentrar na frente da moto de Luca, ela havia se tornado o alvo número um da namorada do rapaz. Enquanto a sereia ia falando o quanto ele não compreendia e apontando lhe por ser alguém "privilegiado" Luca ia acumulando as palavras dela em sua mente, até que chegou eu seu limite e gritou desabafando:

   - EU ENTENDO! OK? OU VOCÊ ACHA QUE É A ÚNICA QUE PASSOU POR COISAS RUINS? EU NEM SEMPRE FUI POPULAR, NEM SEMPRE TIVE AMIGOS E ME ENCAIXEI. NA VERDADE, ATÉ MEUS DEZ ANOS EU SOFRI BULLYNG POR SER QUIETO E DIFERENTE. O "ISOLADO". - ele riu de forma amarga ao lembrar-se de seu passado. - POR EU POSSUIR UM FÍSICO FRACO E USAR ÓCULOS OS CARAS ME TIRAVAM PARA SACO DE PANCADAS, EU APANHAVA EM TODA PARTE, NOS CORREDORES, NAS RUAS, ELES ROUBAVAM MINHA MERENDA, ME HUMILHAVAM... "SEU BOSTINHA" "MARIQUINHA" "ELE PARECE UMA BIXA" POR QUE? POR QUE EU NÃO AGIA COMO UM BABACA, NÃO GOSTAVA DE FUTEBOL E NÃO MALTRATAVA AS GAROTAS? - enquanto falava ele havia literalmente se tele-transportado para a adolescência. Luce percebera que ele não falava mais com ela, em sua mente falava com seus agressores. - NINGUÉM DEVERIA SER OBRIGADO A SE ENCAIXAR! OU TER QUE IR PARA CASA COM MACHUCADOS E MENTIR PARA SEUS PAIS QUE CAIU, TER QUE SE ESCONDER NA HORA DO INTERVALO E REZAR PARA PASSAR DESPERCEBIDO.

   Os olhos dele se encheram de lágrimas e a garota o puxou para dentro de seus braços, deitado a cabeça dele em seu peito e o deixando desabafar a dor que por muito tempo o corroía. O que mais poderia fazer?

Rebeka respirou fundo mais uma vez e fitou os predadores ameaçadores que nadavam protegendo a masmorra de Shelby. Ela olhou para suas amigas que possuíam os mesmos olhos arregalados, fitando o mal encarnado que teriam que enfrentar. Estavam todas paradas lado a lado, em suas mentes um filme sobrenatural passava desde o momento em que ganharam suas caudas até ali. Ainda era recente, ainda era assustador, mas não havia como negar que tudo aquilo, era real. Era duro o que estavam enfrentando, era duro saberem que não eram meras adolescentes humanas, que seus familiares não eram seus familiares de sangue e que aquelas que tinham o seu sangue eram suas melhores amigas. Era duro mas no fundo, todas elas eram garotas duronas. Fugindo de todos os seus pensamentos e sentimentos, Rebeka engoliu em seco e murmurou:

   - Vocês não podem fazer isso.

   - Temos que fazer isso, Beka. - disse uma Lucinda muito derrotada.

   - Não. - ela negou várias vezes com a cabeça, finalmente olhando para suas companheiras. - É arriscado. Se vocês não nadarem rápido o bastante, podem morrer...

   Percebendo que a jovem estava em um estado de choque e que realmente parecia estar amedrontada pelas feras a frente devorarem-nas vivas. Luce pegou as mãos de sua amiga e fitou-a nos olhos, a suas costas suas caudas se entendia enquanto ela dizia:

   - Se não fizermos isso. Se não detivermos ela... Shelby vai matar todas nós. Assim pelo menos, temos uma chance.

   - Eu não vou me perdoar se algo acontecer e eu... Eu for a única a sair daqui viva. - os olhos de Rebeka brilharam com desespero. - Vocês também são a minha família. Não suportaria perdê-las.

   A outra menina sentiu aquelas palavras adentrarem em seu coração e fechou os olhos por breves segundos, era a primeira vez que se referiam uma a outra como família, até então tinham ignorado seus laços sanguíneos.

   - Você não vai nos perder. - garantiu dando um sorriso terno ao tornar a abrir seus olhos. - Vamos conseguir.

   Lydia até então havia permanecido muda, não havia conseguido dizer nada. Mas ao vê-las agindo pela primeira vez como primas, como família... Ela se emocionou tanto que nadou até ambas e as abraçou. Por Rebeka, ela teria as mantidos seguras em seus braços por décadas. Não as teria soltado nunca mais, não sabendo o que as esperava do outro lado daquela rocha na qual se escondiam. Mas as outras garotas estavam esperançosas e elas não iriam desistir. Não sabendo que Shelby tinha como manipular humanos para irem atrás delas e destruírem a vida que ambas tanto amavam.

   - Vão. - murmurou finalmente as soltado, seu rosto estava molhado por lagrimas. Provavelmente em breve os tubarões farejariam seu medo, como excelente cães de guarda. - E sobrevivam.

   Luce suspirou, também amedrontada. Então sentiu os dedos gelados de Lydia segurarem os seus e guiarem-na com cautela para longe do que as mantinha seguras, levando-as para a linha de fogo com muita coragem e valentia. Apesar de estar com medo, aquela sereia marrenta o estava escondendo bem, dado ao fato que ela parou a poucos metros de distância dos perigosos tubarões e os chamou atenção com um sorriso provocativo:

  - Ei peixinhos, venham nos pegar.

   Os monstros notaram suas presenças e mostraram suas presas antes de cortarem a água nadando em uma velocidade sobre mundana até as sereias, que imediatamente se afastaram uma da outra, indo cada qual para uma direção.  A velocidade na qual as duas garotas se puseram a nadar, não escondia o quão amedrontadas estavam com a hipótese de que eles pudessem lhes capturar.  Uma vez que quatro tubarões nadaram atrás de suas amigas que no momento serviam de iscas, desconfortável por estar com a parte mais fácil, Rebeka entrou na masmorra. Assim que atravessou a abertura naquela enorme construção feita de pedra, a menina começou com cautela encarar cada mísero detalhe do lugar sombrio. Havia muitas celas, parecia literalmente com uma cadeia e cheirava de forma repugnante e nojenta, ela que estava a minutos ali, já queria sair correndo diante de tanta tortura, imagina sereias que ali se encontravam por anos?

   Uma vez lá dentro, Rebeka se viu perdida sem saber para onde ir, reconhecer a dona da voz seria como procurar por uma agulha no palheiro já que não conhecia nenhum traço físico da fulana. Suas mãos tremiam de pavor enquanto ela atravessava o enorme lugar.

   - Olá. - sua voz ecoou de forma sombria assim que a jovem ousou pronunciar, talvez se lhe ouvisse, a sereia misteriosa iria lhe encontrar. Gritos aterrorizantes vieram, de sereias detidas que imploravam por ajuda. Mas nenhuma sequer se parecia com a voz melodiosa que havia atraído Rebeka.

   Finalmente encontrou celas ocupadas, desfilava em frente a elas enquanto suas expressões de pena variavam de medo para angústia e desespero.  Todos os presos em sua celas pulavam tentando agarra-la pela grade, enquanto se mantinham a implorar por socorro. A menina sereia estava tão assustada com toda aquela dor imposta a outros seres que estava prestes a cobrir seus ouvidos, porém alguém lhe interrompeu:

   - Rebeka, você me achou, querida, venha até mim.

   Qualquer um que olhasse para Beka, diria que ela era uma garota forte, ousada e cheia de coragem. E de fato era, mas naquele momento por debaixo havia uma menina amedrontada e muito apavorada. Pois ela temia que suas amigas naquele momento estivessem correndo risco de vida, ou pior, mortas. Mas mesmo assim nadou rumo ao chamado, por um caminho completamente desconhecido. Medo a parte, ainda assim ela conseguiu enfrentar aquele inferno e chegar no fim das celas, e diante da última, sentiu um estralo e soube imediatamente que á havia encontrado.

   - Quem é você? - se viu perguntando assim que se encontrou diante da sereia que havia lhe chamado, a sereia que podia possuir a resposta para elas deterem Shelby e por mais incrível que pudesse parecer, a não ser pela cauda, não havia nada de anormal naquela mulher de uma beleza estonteante. A outra meio que esperava um bicho de sete cabeças.

    - Mila. - se identificou abrindo seus olhos que até então estavam fechados, parecia que estava meditando. Ao ver a expressão de reconhecimento no rosto da outra, questionou: - Sabe quem eu sou, não sabe?

  - A amiga vidente da minha mãe. Mãe de Maila e Morgana.- respondeu prontamente, tentando não demonstrar emoção mas lutando contra tsunamis dentro si. Sua avó havia lhe falado daquela sereia e suas amigas marinhas também. Rebeka só não pensou que ela estivesse... Viva.

   - Minhas filhas... Como elas estão? - A garota não precisou focar nos olhos dela para perceber a emoção e as lágrimas. Devia ser realmente torturante ficar presa enquanto o mundo lhe esquecia, enquanto o seu próprio sangue achava que estava morta. - Elas se lembram de mim?

   - Elas acham que você está morta. - queria ter soado mais sensível, mas no meio da montanha russa de emoções, já não controlava suas palavras ou atos, queria apenas acabar com Shelby e voltar para sua realidade mundana. No início a ideia de ser uma sereia havia soado tentadora, mas isso antes dela saber tudo. De primeira os olhos da vidente tornaram-se magoados, mas logo se preencheu de ódio e sua voz surgiu sedenta por vingança:

  - Aquela aberração vai me pagar por isso. Por ter tirado tudo de mim.

   - Você me chamou porque sabe como detê-la? - fez a pergunta que provavelmente era a mais importante de todas até então. Afinal, estava ali por aquilo.

   - Eu tive uma visão. - explicou parcialmente calma, mas o ódio continuava estampado em seu rosto que analisando bem, recordava muito o de Morgana, tal como os lindos cabelos alaranjados. - Ela está indo atrás de você e suas primas. Assim como venho atrás de suas mães.

   - Ela não pode nos alcançar na terra. - retrucou tentando parecer confiante. Mas a coisa toda estava lhe dando nos nervos, pois sabia que assim como Shelby havia hipnotizado aquele homem para lhe mandar uma mensagem, ela podia hipnotizar qualquer outro para lhes matar.

   - Na minha visão eu vi claramente, Rebeka. - a voz da sereia tornou-se séria, tirando a pouca calma que ainda restava na menina. - Quando você segurou a pedra da verdade, ela conseguiu suas digitais e agora pode localizar você aonde quer que esteja. Ela tem uma bola de cristal que sempre mostra aonde você está, ela acompanha sua vida, tudo, exatamente tudo. Ela vê o que você faz, houve o que você diz, e consegue ver e ouvir tudo o que se passa ao seu redor. Você é os olhos infiltrados dela.

   Mesmo ainda não tendo absorvido sem por cento de noção do qual ruim aquilo era, a jovem sereia sentiu seu coração gelar, sua cauda perder as forças enquanto as perguntas saiam com um gosto amargo:

   - Então ela sabe que eu estou aqui? Ela sabe que estamos armando para ela? Isso pode ser uma armadilha?

   Quando a outra assentiu lhe olhando com certa pena, Rebeka finalmente entendeu o que aquilo queria dizer, havia sido ela a por suas amigas na linha de fogo, se Shelby sabia como as encontrar na terra, era graças ao seu terrível erro de ter tocado na maldita pedra.

   - Eu-Eu preciso ir. - gaguejou sabendo que precisava sair dali antes que o mal encarnado surgisse, até onde sabia sua tia insana e os perigosos tubarões, podiam estar indo lhe comer viva.

   - Vocês tem que encontrar e destruir a bola de cristal. Somente assim terão a vantagem. Somente assim conseguirão destruí-la. - Mila logo disse antes que a menina fugisse, não podia perder a chance de finalmente poder descansar sabendo que aquela que havia lhe arruinado, havia caído nas graças da justiça. A conta sempre vinha e a conta de Shelby era suas sobrinhas, não era atoa que elas haviam sido geradas, eram elas a queda da rainha

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