Você Cresceu [✓]

By Mogridd

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Lory nunca deixou de pensar nele. Era impossível passar por aquelas ruas e não lembrar do menino magrinho com... More

A P R E S E N T A Ç Ã O
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Capítulo 29.
Aviso.

Capítulo 26.

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By Mogridd


Dias depois de sua partida

Estiquei as pernas e fiz impulso. Quando meus cabelos voaram e o vento bateu em meu rosto, percebi que estava sozinha.

Puxei o ar trêmulo e forcei o balanço parar. Ele não estava aqui para me balançar.

Lágrimas quentes desciam por meu rosto e meu peito doía mais. Me curvei, tentando amenizar a saudade, mas ela aumentava a cada minuto.

Din eu sinto sua falta.

Quando tudo ficou em silêncio e apenas o som dos meus soluços podiam ser escutados, encarei o céu laranja.

O sol estava indo embora e me deixando sozinha assim como ele.

Eu sinto sua falta, de cada detalhe em você.

Funguei, não aguentando mais chorar o dia todo. Mamãe já está ficando preocupada e eu não quero isso.

Admirei o balanço vazio ao meu lado e me arrependi logo depois, porque o choro aumentou e eu estava gritando sozinha em um parque abandonado.

Eu preciso ver seu rosto e escutar sua voz, Dilan Peterson.

...*...*...

Eu preciso vê-lo. Eu quero perguntar o que ele passou durante esses anos e o que sentiu.

Preciso saber o que ele sente por mim.

- Aqui. - Ben tocou meu ombro e colocou um copo d'água a minha frente. Agradeci ainda soluçando. No final, Ben acabou me vendo chorar. - Se você não estiver bem, pode ir para casa. Eu posso terminar sozinho. - Sugeriu timidamente. Neguei com a cabeça e bebi a água gelada ainda sentindo minha garganta doer.

- Não... - Gaguejei sem jeito. - Eu vou ficar. Já estou melhor. - O enviei um sorriso simples e me ajeitei na cadeira.

Essa situação é vergonhosa.

- Tudo bem. - Ele sentou ao meu lado. - E novamente, peço desculpa por qualquer coisa que falei. - Pediu num tom cuidadoso que tirou uma risada fraca de mim.

- E novamente, não precisa se desculpar. - Brinquei imitando suas palavras, e ele sorriu torto. - É sério. - Afirmei fazendo-o me encarar. - Você não falou nada ruim. - Declarei calmamente. Meus lábios tocaram o copo de vidro novamente e logo, o líquido gelado estava descendo por minha garganta.

Espero que meus soluços cessem.

- Estou bem. Vamos continuar. - Sorri e ele me acompanhou. Agradeço ao Ben por não perguntar porque eu estava chorando. Peguei as cartolinas e as coloquei em cima da mesa com o coração abalado. - Din está em casa? - Perguntei com os nervos a flor da pele. Engoli em seco e encarei o menino ao meu lado.

- Não. - Contou depois de enviar uma mensagem no celular. - Está no veterinário. - Assenti com a cabeça me sentindo decepcionada. Comecei a ler a proposta do trabalho quando Benjamin me interrompeu.

- Vamos fazer isso lá fora. Aqui está muito calor. - Concordei, fechando as cartolinas novamente. Rapidamente saímos daquele cômodo e descemos as escadas.

Meu coração quase parou quando vi a porta do Din aberta. Pelas poucas coisas que vi, acho que seus gostos não mudaram.

Azul-marinho ainda é sua cor favorita.

Quando chegamos no quintal, não pude evitar de lembrar daquele dia com Din aqui. Benjamin me ajudou a colocar as coisas sobre a mesa, e logo nos sentamos.

- Você acha que vai ficar bom? - Indagou me ajudando a colar as imagens. Observei atentamente o cartaz que já estava se moldando, e assenti.

- Sim, já está ficando bonito. - Afirmei sinceramente. As imagens coloridas contrastavam bem com o papel branco.

- Se eu estivesse fazendo com a Emily, ela não falaria a mesma coisa. - Comentou rindo e eu juntei as sobrancelhas. - Ela é muito perfeccionista, iria me matar por causa dessa imagem torta. - Apontou para o papel que eu tinha cortado, e eu acabei rindo.

- Que coisa mais cruel de se falar. Estou dando meu melhor. - Brinquei estufando o peito, e o louro riu.

- Eu sei. - Mordi os lábios e ele continuou. - Nos conhecemos graças a esse detalhe da personalidade dela. - Seu rosto brilhava e ele parecia se lembrar de algo nostálgico. - Aquele dia foi muito engraçado. - Revelou sorrindo.

Uma brisa calma passou por nós e eu admirei a grama verde banhada pelo sol.

- Como foi? - Indaguei voltando a colar as imagens. Ben riu discretamente e tirou as imagens de minhas mãos.

- Deixa que eu faço isso. - Minhas bochechas queimaram ao perceber que estava tudo torto. Me desculpei de maneira baixa e ele apenas continuou ajeitando as imagens. - Eu estava ajudando os novatos. Estávamos colocando cartazes pela escola, quando de repente, uma menina chegou falando que estava tudo torto e saiu tirando tudo. Eu fiquei bem irritado e fui falar com ela. - Ele parou por um momento e começou a rir. - Ela é baixinha e não conseguia colar as coisas, então, eu tive que fazer isso. Lembro-me até hoje como ela ficou vermelha. - Rimos juntos. Imaginar Emily ficando na ponta dos pés para colar algo é bem engraçado. - Começamos a nós encontrar várias vezes no grêmio e eu acabei me apaixonando. - Seu olhos brilhavam e ele parecia feliz.

- Essa é um história bem exótica. - Admiti rindo e ele me seguiu. - Mas acho que o diferente sempre é melhor. - Apreciei o sol quente que banhava minha pele. Devo pegar sol mais vezes, estou muito pálida.

E então, a conversa que eu e Din tivemos sobre a praia veio em minha mente. Uma conversa a breia da praia sobre sentimos...

Sentimos do Dilan por mim.

Será que tem algo a mais que amizade? Acho que amigos também choram um pelos outros.

- Lory! - Uma pessoa abraçou meu pescoço me tirando de meus pensamentos. Segurei seus braços já sabendo quem era. - Como é bom te ver aqui. - Senhora Suzana sorriu para mim. Seus fios castanhos permaneciam perfeitamente alinhados e seu sorriso continuava lindo.

- Obrigado. - Retribui timidamente. - Não sabia que a senhora estava aqui. - A mesma se sentou ao meu lado e segurou minha mão.

- Eu estava no trabalho. - Ela me encarou e depois fitou Benjamin. - Trabalho da escola? - Perguntou apontando para o cartaz. Benjamin e eu concordamos. - Que saudades dos tempos da escola. - Contou admirando o céu e parecendo pensativa. - Bem, mas isso não importa agora. - Contou calmamente. Seus olhos correram pela mesa e ela encarou o louro incrédula. - Você ofereceu algo para a Lory? - Indagou, e Ben assentiu com a cabeça.

- Água. - Tive que morder o interior das bochechas para não rir com seus olhos arregalados. - O que foi, mãe? - Benjamin parecia assustado e eu quase deixei escapar uma risada.

Suzana semicerrou os olhos para o menino e logo se levantou.

- Vou trazer um lanche para vocês. - Afirmou sorridente. - Ah - Murmurou voltando para perto de nós. - Onde está seu irmão? - Benjamin ajeitou os fios bagunçados e mostrou o celular para a mãe.

Não pude evitar de sorrir quando vi uma foto onde Dilan brincava com filhotes de cão.

- Me manda essa foto. Vou mandar para a vó dele. - Pediu animada. - Olha como meu filhinho está fofo. - Ela tirou o aparelho das mãos de Benjamin e colocou na minha frente. - Você não acha que ele está lindo, Lory? - Pisquei, sentindo minha bochechas arderem. O pior de tudo era que ele estava incrivelmente lindo, seus olhos brilhavam e seu sorriso era como uma flecha em meu coração.

Assenti com a cabeça timidamente, e Suzana sorriu de maneira vitoriosa.

- Está cada vez mais parecido com o pai. - Disse a mulher tristemente. Seus olhos caíram na foto e logo pude ver uma sombra melancólica neles. - V-vou pegar os lanches. - Se recompôs rapidamente, e logo, tinha entrado dentro de casa.

- Mãe, meu celular! - Ben gritou a seguindo.

Senhor Peterson. Lembro-me como ele era gentil e como amava sua família. Din sofreu tanto quando ele morreu.

Encarei os passarinhos que estavam na grama. Eles pareciam calmos e sem medo, bem diferente de Dilan naquele época. Ele não conseguia nem dormir direito, por isso em toda madrugada, ia para seu quarto acariciar seus cabelos. Ele chorava bastante em meus ombros e sempre dizia que nunca perdoaria o ladrão que deu um tiro em seu pai.

Senhor Peterson reagiu a um assalto.

Din estava treinando comigo quando recebemos a notícia. Foi tão difícil para mim vê-lo sem vontade até mesmo de comer.

Puxei o ar com força e me ajeitei na cadeira. Logo Ben voltou e se jogou a minha frente.

- Mamãe quer conhecer a Emily. - Contou com as bochechas levemente vermelhas. - Ah, isso é muito vergonhoso. - Acabei rindo quando ele escondeu o rosto com as mãos.

- Você já conhece até os avós dela. Não vejo problema em ela conhecer sua família. - Afirmei sinceramente. Achei que senhora Suzana já conhecia Emily.

- Eu sei, mas mamãe é... Um pouco... Sabe... - Suspirou profundamente. - Ela é um pouco curiosa. Provavelmente vai perguntar tudo sobre a vida da Emily. Minha namorada é muito tímida, com certeza será embaraçoso. - Coçou o queixo e jogou a cabeça para atrás parecendo cansado. - Eu não quero que ela se sinta desconfortável. - Admitiu baixo.

Mordi os lábios o entendo, afinal, tenho uma mãe parecida.

- Não se preocupe, vai dar tudo certo. - Afirmei sorrindo e ele me seguiu.

- Espero. - E então voltamos a fazer nosso trabalho.

Dona Suzana chegou com os lanches, que eram rosquinhas feitas por ela. Foram as melhores que eu já comi. A mulher se sentou com nós quando terminamos de fazer nosso trabalho, que ficou melhor do que eu esperava. Ela nos contou várias histórias sobre sua adolescência e eu acabei descobrindo que ele era meio que uma rival da minha mãe.

Passei o tempo todo rindo com suas histórias.

Quando deu a hora, voltei para casa. Agradeci a família Peterson por me acolher. Benjamin pediu desculpa novamente, o que causou curiosidade em sua mãe.

Mudei de assunto e fui embora.

Ao entrar em casa, fui recebida por um abraço do meu irmãozinho. O peguei no colo e beijei sua bochecha.

- "Mazinha" eu também quero um gatinho. - Contou apontando para o gato que estava nas mãos de meu pai. - Me dá ele, pufavor. - Sorri encarando seus olhos esperançosos.

- Se você me ajudar a colocar um nome ele pode ser de nós dois. - Afirmei tirando um sorriso feliz de seus lábios. Noah concordou, e eu o coloquei novamente no chão. - Pai - O chamei, fazendo o mesmo sorrir e vim até mim.

Ele me abraçou com carinho e eu retribui.

- Você cresceu, filha. - Disse logo ao nos separarmos, e eu acabei rindo com sua fala dramática.

- Pai, só fazem algumas semanas. - Lembrei-o entre risadas. Papai sorriu e fitou minha mãe.

- Olha como ela está grande. - Apontou, falando para minha mãe e ignorando minhas palavras. Revirei os olhos e segui até Emma, que me abraçou.

- Eu concordo com seu pai. Você parece mais madura. - Admitiu passando as mãos por meus cabelos. Acho que foi uma ação involuntária, mas eu gostei.

- Talvez... - Sorri para ela. Eu não sei se concordo com eles, mas talvez isso possa ser verdade.

Meus olhos correram para minha mãe, que fez sinal para eu ir até ela.

- desculpa por sair sem falar. - pedi antes de levar um esporro. Meus músculos ainda estavam tensos por causa daquela mensagem. Mamãe abraçou meus ombros, me deixando surpresa.

- Não vamos falar disso agora. O que eu quero mesmo fazer é te apresentar algumas pessoas. - Juntei as sobrancelhas, confusa com sua declaração. Mamãe me guiou até o quintal.

Fiquei em choque quando vi Molly, uma menina e um homem lá. Minha mãe andou até o homem alto e depositou um beijo em sua bochecha.

- Filha, esse é Travis Sandler, meu namorado. - Pisquei, não acreditando no que estava vendo. - E essas são suas filhas, Molly e Melanie. - Meus olhos foram parar em uma das meninas ruivas.

Eu não acredito.

Melanie sorriu sem jeito para mim e passou as mãos nos cabelos curtos, agora ruivos.

Estava tudo confuso e eu não podia acreditar nos meus olhos. O homem alto andou até mim e me cumprimentou, fiz o mesmo no automático pois eu ainda fitava a ruiva incrédula.

- Prazer, me chamo Travis Sandler e espero que tenhamos uma boa convivência. - Sua voz era calma e seu sorriso era sincero.

-Ah, você é veterinário, né? - Sorri torto. - Tenho um amigo que fala bastante de você. Ele se chama Dilan. - As palavras saíram de minha boca e eu não entendia porque estava falando aquilo.

- Dilan? Oh, o Dilan é um ótimo menino. Ele me ajuda bastante e faz companhia para minhas filhas. - Encarei seus olhos azuis, sentindo uma coisa estranha no peito.

Um sentimento amargo.

Companhia para suas filhas. Din ainda fala com Melanie...

- Principalmente para Molly, ela está muito apegado a ele. - Suas palavras foram tranquilizadoras, porém o sentimento pesado continuava lá.

- Tio Lory! - Mamãe ajudou Molly a vir até mim. Me abaixei e abracei a menina que sorria lindamente. - Nós somos irmãs agora. - Seu rosto brilhava e eu acabei sorrindo junto com ela.

- Acho que sim. - Concordei fazendo a menina ficar ainda mais feliz. Meus olhos correram para a ruiva longe de nós que me encarava de maneira estranha. - Então ela também é nossa irmã. - Murmurei para mim mesma. Eu ainda não podia acreditar no que estava acontecendo.

Senhor Sandler agora é meu padrasto, Molly e Melanie agora são parte da família. Acho que vou demorar um pouco para digerir isso.

- Quando Molly veio aqui eu ia te falar, mas achei melhor esperar. - Mamãe revelou ao se aproximar. - Fiquei feliz ao ver vocês se dando bem. - Seu sorriso era largo, demostrado sua felicidade.

- Doutor Sandler parece ser um bom homem. Espero que dê certo. - Admiti me levantando. - Vou cumprimentar a outra filha. - Contei deixando Molly com mamãe e e indo até Melanie.

Eu não podia acreditar em como ela mudou. O vestido logo e largo não é nada parecido com as roupas apertadas que ela usava.

- Oi. - Falei ao me sentar ao seu lado. - Há quanto tempo, não? - Sorri admirando seu cabelo ruivo. Acho que combina mais com ela.

- Sim. - Sua voz saiu fraca e ela fitava o chão. A mesma também está estranha. - Sua m-mãe é um amor. - Juntei as sobrancelhas ao ver ela gaguejando e com as bochechas rosadas.

Algo definitivamente aconteceu.

- Eu sei. - Cruzei as pernas e observei, de longe, Molly abraçar Noah.

Eles são meus irmãos caçulas... São tão fofos.

- Não nos vemos desde aquele dia. Você viajou? - Indaguei calmamente. Melanie se ajeitou no assento parecendo desconfortável.

- Sim. Eu fui ficar com minha avó, mas ela acabou morrendo. - Meu coração se apertou ao ver um sorriso fraco em seus lábios.

- Eu lamento. - Desejei me sentindo uma idiota. Melanie é irmã da Molly, ela também perdeu uma pessoa.

- Sem problemas. - Seu rosto estava melancólico, ela não parecia a mesma pessoa. - Tenho que me desculpar. - Falou de repente. - Eu fui uma tremenda idiota, peço desculpas. Todos cometemos erros, mas você tinha razão. Eu fui uma escrota por fazer aquelas coisas com o Din e com o cachorro dele. Desculpa. - Pediu com sinceridade. Mordi os lábios percebendo que ela realmente tinha mudado.

- Não se preocupe tanto, afinal, agora somos irmãs. - Afirmei tirando um sorriso dela. Nos levantamos e entramos dentro de casa. Encontrei mamãe arrumando o cabelo de Molly enquanto ela devorava uma maçã.

Sorri com a cena e me sentei á mesa, onde os outros estavam. Emma tentava fazer Noah beber água, e papai ajudava.

Encarei o homem que olhava de maneira carinhosa para minha mãe. Acho que ele gosta mesmo dela. Me pergunto como eles se conheceram.

- Agora eu tenho uma família bem grande. - Melanie murmurou ao meu lado. Acho que não era para eu escutar, mas foi impossível quando o sorriso em seu rosto era tão feliz.

- Temos. - Segurei sua mão por baixo da mesa. Ela pareceu surpresa, mas sorriu docemente para mim.

Se alguém falasse que isso aconteceria algumas semanas atrás, eu chamaria a pessoa de doida.

Todos comemos e foi a maior animação. Mamãe contou que gostava de Travis no colegial, mas não deu certo, então ambos seguiram suas vidas. Acabou que o destino juntou eles novamente em uma fila de supermercado.

Molly não saia de perto de Noah, dizendo que cuidaria dele. Todos no cômodo acharam muito fofo.

Por incrível que pareça, eu e Melanie temos muitas coisas em comum, principalmente por amarmos a Lady GaGa.

- Então, filha - Papai me chamou. - Você já usou as luvas que eu te dei? - Seus olhos brilhavam, e eu fitei minha mãe, em busca de uma resposta do que falar.

- Eu a proibi de treinar. - Revelou mexendo com a comida. - Isso estava causando muito problema para nós. - Vi o brilho nos olhos de meu pai ir embora, dando espaço para uma expressão decepcionada.

- Você não treina mais, filha? - Indagou com a voz fraca. Engoli em seco, preocupada com sua expressão.

- Estou dando um tempo, pai. - Seu olhar caiu para o prato em sua frente e ele assentiu calmamente com a cabeça.

- Tudo bem. Você pelo menos sabe se defender se precisar. - Sorriu fracamente. Assenti com a cabeça, sentindo um peso na garganta.

Acho que foi um choque para ele.

Depois disso o clima voltou a ficar leve quando Molly disse que ama todos.

Todos sorrimos e falamos que também amamos ela. Para minha surpresa, papai e Travis começaram a conversar sobre o passado. Eles eram melhores amigos, mamãe, papai e Travis.

As histórias eram as mais loucas possíveis, desde bater em um policial á invadir um clube de piscina a noite.

Todos caímos na risada quando Melanie tapou os ouvidos de Molly, e Emma os de Noah.

Quando todos foram embora, já se passavam das dez da noite.

- Tchau, irmãozinhos. - Abracei com carinho Molly e Noah, que retribuiram docemente.

- "Mazinha", olha. - Noah apontou para as estrelas no céu. - Que tal o nome do gatinho ser "estela"? - Pisquei, não acreditando como aquele nome era perfeito para ele.

Estrelas são muito importantes para mim.

- Eu gostei. - Molly admitiu sorridente. Acompanhei ela e assenti com a cabeça.

- Eu também. - Voltei a abraçar meus irmãos que riam de maneira gostosa. - Vai ser esse. - Revelei fazendo eles sorrirem.

- É um excelente nome. - Papai disse ao se aproximar. Me levantei e o abracei.

- Foi Noah que deu a ideia, ele é um gênio. - Brinquei tirando uma risada de meu pai.

- Puxou a irmã. Nessa idade você já sabia ler. - Fiquei surpresa. Jurava que era meio lerdinha quando menor.

- Uau. - Foi tudo que falei, e papai riu.

- Nós já estamos indo. Tome cuidado, filha. - Pediu voltando a me abraçar. Sorri e retribui.

- Te amo, pai. - Contei com o coração leve.

- Eu também. - Sorri ao escutar tais palavras. Estou feliz com tudo que está acontecendo, mesmo sendo tão repentino.

Papai saiu, e Emma veio até mim.

- Até mais, querida Lory. - Ri com sua maneira de falar e a abracei.

- Até mais, querida Emma. - Brinquei, roubando uma gargalhada dela.

Noah veio até mim e me abraçou, antes de ir embora com papai e Emma.

- Filha. - Mamãe me puxou para um canto. - Hoje eu vou passar a noite fora. Vou sair com o Travis. - Cochichou no meu ouvido de maneira discreta. - Você iria se comportar se ficasse sozinha em casa? - A olhei com os olhos semicerrados.

- Mãe, eu não tenho mais oito anos. - Afirmei fazendo a mesma revirar os olhos. - O que foi? - Indaguei a observando.

- Você sabe muito bem do que estou falando, Lory. Não quero que você saia de casa a noite, é muito perigoso. - Com suas palavras, lembrei as de Din naquele dia.

Eu quero vê-lo, conversar com ele.

- Tudo bem. - Menti com cuidado para não ser pega. - Vou ficar em casa. - Sorri genuinamente.

Como papai falou, eu sei me proteger.

- Vou confiar em você. - Mordi os lábios, me sentindo mal por fazer o que irei, mas é preciso.

- Ok, mãe. Se divirta. - E então fomos até a porta onde Travis e as meninas estavam.

Molly me abraçou e me surpreendi quando Melanie fez a mesma coisa.

- Muito Obrigado. - Agradeceu me deixando perdida. - É bom saber que tenho uma irmã mais velha tão acolhedora. - Sorri com suas palavras e a abracei.

Travis se despediu de mim e saiu com minha mãe. Caminhei até a cozinha comecei a encher um copo de água.

- Estou sozinha em casa. - Olhei para os cômodos vazios e suspirei. Bebi lentamente o copo de água, molhando minha garganta.

Eu não sei se vou ou não...

Eu vou. Ele já sofreu tanto. Din precisa de alguém para conversar ou apenas alguém para fazer carinho em seus cabelos.

Eu quero ser essa pessoa.

Fiz um coque apertado em meu cabelo e segui até a porta de entrada.

Sorri sozinha ao perceber que minha mãe me conhece muito bem.

A porta está trancada por fora.

Meu sorriso aumentou e eu caminhei até às escadas, indo em direção ao meu quarto. Observei o gatinho que dormia tranquilamente em minha cama.

- Você se chama estrela. - Dei carinho em seus pêlos. O animal se espreguiçou, apreciando o carinho. - Mas eu não sei se você é fêmea ou macho. - Suspirei e encarei sua tigela de comida. Está cheia. - Não saia de casa. Mamãe já volta. - E então forcei minha janela a abrir.

Pulei para a árvore perto da mesma sem dificuldade. E então cai em pé no chão.

- Anos de prática. - Cometei para mim mesma, rindo com minha próprias palavras.

A lua estava grande e me banhava com sua luz. Comecei a andar, apreciando o vento frio da noite.

Puxei o ar com força, me sentindo mais viva do que nunca. E depois o soltei lentamente.

Uma brisa gelada passou por mim, batendo em meu rosto. E só então percebi como eu preciso da noite nos dias frios.

...*...*...

Torci com todas as força que a janela estivesse aberta, e então a puxei.

Sorri aliviada ao entrar na casa dos Peterson's. Ela é bonita de dia, mas de noite, com a luz da lua banhando os móveis, ela fica mais charmosa.

Senti minha cabeça girar e a adrenalina subir por meu corpo assim que coloquei o pé no primeiro degrau.

Eu não invadi o quarto do Din de manhã, mas nada me impede de fazer isso de noite.

Quando pisei no corredor, pude soltar a respiração que estava segurando.

Admirei as portas de madeira com o coração acelerado. Mesmo fazendo isso há muito tempo, sempre fico nervosa. Mas agora seria bem mais estranho se dona Suzana me pegasse de noite no quarto de seu filho.

Deixei de pensar tanto e abri a porta do quarto de Din com cuidado. Quando entrei no mesmo meu peito latejou.

O lugar tinha o cheiro dele. Me surpreendi ao ver que o cômodo era tão arrumando. Fechei a porta atrás de mim com cautela e admirei o menino que, talvez, estivesse dormindo.

Sua respiração calma era o único som escutado. Meu coração dava batidas pesadas, porém lentas. Podia sentir meu rosto queimado e um desejo enorme de tocar seus cabelos macios me dominando.

E foi o que fiz.

Suspirei quando meus dedos tocaram os fios finos. Din estava dormindo com o rosto do lado da parede, então eu podia tocar seus cabelos mais facilmente.

Me ajoelhei ao lado da cama e continuei os acariciando. Era como se meu ser precisa-se disso.

- Eu sei que você está acordado. - Sussurrei quando ele se arrepiou. O menino se virou para mim e sustentou meus olhos. Eram castanhos tão lindos, ainda mais por causa do brilho da lua que entrava pela janela.

- Pensei que você não viria, mestra. - Sussurrou segurando minha mão. Tentei evitar de deixar aquele toque mexer comigo, mas foi inevitável. Eu gosto de suas mãos quentes e de sua voz rouca sussurrado esse apelido.

- Você não sabia que eu viria. - Comentei com o coração descontrolado. Era impossível não ficar embriagada olhando para ele.

Os fios que caiam em sua testa, seu rosto fino e seus traços maduros, tudo isso mexia tanto comigo.

- Eu sabia. Eu sei que você é muito curiosa para deixar algo que não sabe passar. - Sussurrou com a voz brincalhona. Aprecie seu toque quente e sustentei seus olhos brilhantes. Nossos rostos estavam tão perto que eu podia sentir sua respiração batendo em minha bochecha.

Eu estava perdendo a sanidade.

- Você não me conhece tão bem assim, Dilan Peterson. - Meu coração perdeu uma batida para logo acelerar quando ele se afastou, dando espaço para me deitar ao seu lado. Foi o que fiz.

Eu sentia falta disso.

O colchão era confortável, mas eu não conseguia prestar atenção nisso quando nossos rostos estavam tão perto e seu aperto em meu braço aumentou.

Seus lábios estavam entre abertos e foi impossível não admirá-los.

- Você não devia deitar na cama de um adolescente, principalmente a minha. - Sussurrou com a voz abalada. Senti uma coisa estranha dentro de mim com aquela declaração.

Não somos mais crianças.

- Eu sei. Mas você não vai fazer nada se eu fizer isso. - Eu não sabia o que estava fazendo nem falando, mas vi que fez efeito quando ele soltou meu braço. - Não é? - Levei minhas mãos até seus cabelos sem deixar de sustentar seu olhar intenso.

Nossa respiração acelerou ao mesmo tempo e pude sentir meus músculos ficando tensos.

Brinquei com os fios em meus dedos esperando uma resposta vinda do garoto.

- Acho melhor a gente ir para o telhado. - Afirmou tropeçando nas palavras. Quando ele ia se levantar puxei sua camisa.

- Não. - Falei sem pensar. - Vamos fazer como os velhos tempos. - Pedi ainda com a mão em seu peito. Meu corpo inteiro queimava e eu podia sentir a aquela coisa estranha crescendo.

- Não podemos. - Ele colocou sua mão por cima da minha. - Eu não sou mais um menino de doze anos, não sei o que pode acontecer se você continuar me tocando assim. - Sua voz estava rouca e seu peito queimava contra minha pele. Engoli em seco, e só então percebi que o mesmo valia para mim.

Perderia a sanidade se ele continuasse me encarando de maneira tão intensa.

- Tudo bem, vamos. - E então sai do colchão quente e fui até o telhado gelado. - Precisamos conversar. - Admiti logo ao me sentar. Din admirou meu rosto e depois concordou.

- Precisamos.


"Não somos mais crianças."

4606 MIL PALAVRAS PARA VOCÊS❤❤

Esse foi um capitulo 26! Espero que vocês tenham gostado❤

Peço perdão por não ter publicado ontem. Esses dias ando muito ocupada.

O que vocês acharam da nova Melanie?

Por um tempo os capítulos não serão em dias combinados pois, como falei, ando ocupada. Mas farei o possível para não sair do prazo (quarta e sábado).

Muito obrigado por tudo e amo vocês❤❤❤❤

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