Desencantados - COMPLETO ATÉ...

By Carlie_Ferrer

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PLÁGIO É CRIME! OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL. É PROIBIDA A DISTRIBUIÇÃO OU CÓPIA DE QUALQUER PARTE... More

Nota da autora
Bernardo
Capítulo 02 - Elise
Bernardo
Capítulo 03 - Elise
Bernardo
Capítulo 04 - Elise
Bernardo

Capítulo 01 - Elise

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By Carlie_Ferrer

APENAS ALGUNS CAPÍTULOS DISPONÍVEIS PARA DEGUSTAÇÃO.

Do alto da macieira eu via a grama verde lá em baixo. O silêncio e a paz que eutinha ali eram coisas que me davam força para esperar meus vinte e um anoschegarem, só mais um ano e tudo aquilo seria meu. Mordi a maçã verde, fresca edeliciosa da árvore, quando meu sossego foi interrompido pelo barulho decavalgadas. Olhei para baixo e um cavalo branco se aproximava, havia um homemsobre ele, porém os galhos da macieira me atrapalhavam de enxergar seu rosto.Por um momento pensei que fosse Romeu, mas esse homem tinha o porte fortedemais para ser meu amigo magricela. Se tem uma coisa que não gosto de ver nasminhas terras é um intruso, e ali estava um.

Ele parou bem em baixo da macieira e ficou olhando ao redor, procurando por algo que eu não fazia a menor ideia, já que ali só havia grama, mais grama e a macieira. Ele avistou meu cavalo, Tempestade, e novamente girou o pescoço procurando por alguém. Peguei a maçã que estava comendo, mirei com toda precisão possível e atirei. Houve um baque quando a maçã acertou sua cabeça e ele caiu do cavalo. Nesse momento pulei da árvore e me aproximei.

— Quem é você e o que quer aqui?

Ele me olhou com uma expressão confusa. Usava uma touca que não me permitia ver seu cabelo, mas tinha a pele clara demais, obviamente não era um camponês, os olhos escuros e uma bela boca. Não sei porque disse isso, mas me veio à mente. Ele me olhou por um tempo e se sentou. Na testa dele estava uma marca vermelha causada pela maçã. Ele tocou o local e soltou um gemido.

— Foi você que fez isso? — perguntou irritado.

Abri então meu melhor sorriso.

— Minha pontaria às vezes me surpreende. Não precisa me parabenizar.

— Parabenizar?

Ele se levantou e dei um passo defensivo para trás, afinal ele era bem maior que eu. O intruso então se dedicou a arte de olhar. Olhou meu cabelo, meu corpo, meus pés e voltou para o cabelo repetindo todo o processo algumas vezes. Por fim me irritei e fiz uma careta que desviou finalmente seus olhos de mim. Tocando a testa com uma expressão de desconforto, perguntou:

— Qual o seu nome?

— Não é da sua conta!

— Nome interessante — retrucou dando dois passos em minha direção e, num gesto de puro atrevimento, levantou minha trança loura. — Você tem cabelo de menina, mas se veste como um menino. O que você é?

Quem ele pensava que era? Puxei meu cabelo de sua mão, fui praticamente marchando até Tempestade e peguei meu arco e minhas flechas, me aproximei dele já com o arco em punho, apontei para o meio de suas pernas e alertei:

— Suba no seu cavalo e suma dessa terra.

Primeiro ele arregalou os olhos, depois um sorriso apareceu em seu rosto.

— Sei, você é dessas que banca a valente. Vocês são as mulheres mais excitantes.

— Até onde eu sei ainda posso ser um menino.

Ele me avaliou de novo, preguiçosamente e com um sorrisinho debochado.

— Com certeza, levando em consideração que não tem seios.

Aquele comentário me enfureceu, no segundo em que olhei para os meus seios, ele se aproximou e tomou meu arco, contudo eu fui mais esperta e dei um chute no meio de suas pernas, que gritando de dor, abaixou-se deixando o arco aos meus pés.

— Suba no seu cavalo e vá embora daqui! — ordenei.

— Eu não tenho condições de cavalgar agora! — respondeu entredentes.

— Isso não é problema meu. Estou te avisando que minhas flechas são muito bem afiadas.

Ele se ergueu de novo e levantou as mãos em um gesto de rendição.

— Tudo bem, vamos fazer um acordo. Obviamente não conseguirei cavalgar agora, portanto deixarei meu cavalo aqui e depois eu volto para buscá-lo.

— Não quero você de novo nessas terras.

Ele fez uma careta e olhou em volta. Depois deu de ombros e disse:

— Ou isso, ou terei que esperar que algum criado sinta minha falta, saia à minha procura e me encontre aqui. E não acho que alguém pensará em me procurar aqui.

Então ele realmente não era camponês. Era um membro da sociedade. Sua ladainha durou ainda mais dez minutos e, audivelmente esgotada, por fim permiti que ele amarrasse o cavalo junto a Tempestade, na macieira. E com a flecha apontada para seu traseiro, o escoltei até a saída.

Quando nos aproximamos da vila, onde viviam os arrendatários de Barselhes, parei e deixei que ele seguisse seu caminho. Dali ele só poderia dar na aldeia, fora da minha terra.

Quando ele sumiu de vista me virei para ir embora e ouvi o grito de uma criança. Voltei para trás e fui até o tumulto, e lá estava ele: o idiota que invadiu minhas terras estava comendo uma maçã, que aparentemente havia tomado de um menino. Que espécie de homem toma uma maçã da mão de uma criança? Rapidamente apontei a flecha para a maçã e atirei mirando algo melhor. Num segundo ele levava a maçã até a boca, e no segundo seguinte gritava desesperado com a flecha fincada na mão. As crianças riram quando eu me aproximei. Ele me olhou possesso e estendeu a mão diante dos meus olhos.

— Muito bem, eu já vi que você é ótima com essa coisa! Tire essa flecha da minha mão agora mesmo!

Ele tinha um dom para dar ordens, já que por um momento me senti tentada a obedecê-lo, mas voltei a mim e apontei a flecha em direção ao seu peito.

— Eu tentei ser legal, mas já que insiste, quero fazer umas perguntas.

— Ótimo, tire isso da minha mão e respondo o que você quiser.

Neguei com a cabeça.

— Nada disso. Responda a minha pergunta e eu retiro a flecha da sua delicada mão.

As crianças riram e ele parecia ainda mais bravo.

— O que você queria em Barselhes e como entrou lá?

Ele piscou os olhos e fingiu inocência

— Uma maçã, era isso o que eu queria.

— E não podia ter ido a uma quitanda?

— Ouvi falar que as maçãs de Barselhes são as melhores da região.

— O que não te dá o direito de invadir uma propriedade privada e roubar.

Um sorrisinho debochado brotou de novo em seu rosto.

— Você não faz ideia das coisas que eu tenho o direito de fazer.

A ameaça em seu tom de voz não me passou despercebida, quem ele pensava que era? Invadiu minhas terras e ainda me ameaçava?

— Vou dizer só uma vez, volte a botar os pés em Barselhes e nem o idiota do príncipe será capaz de salvar sua miserável vida. Fui bastante clara?

Esperei que se sentisse ultrajado pela minha ameaça, ou que me ameaçasse de volta, mas ele apenas sorriu.

— Claríssima. Agora tire essa coisa da minha mão.

Aproximei-me cautelosa, afinal ele ainda era muito maior e mais forte do que eu, e puxei a flecha de uma vez. Ele gritou e com todo um drama ficou segurando a mão. Nem estava sangrando tanto assim, eu tinha certeza que não havia acertado nenhum osso. Percebi que o bolso dele estava cheio de algo, e com a ponta da flecha, enquanto ele resmungava pela mão, puxei um pacotinho do seu bolso. O pacote caiu no chão e rapidamente eu o peguei. E ao abrir quase caí para trás, era ouro. Muitas moedas de ouro. Aquele cara irritante era rico. Ele arregalou os olhos ao me ver com o pacote nas mãos.

— O que está fazendo?

— Se você acha certo entrar em uma propriedade privada e pegar uma maçã, eu acho certo pegar o ouro que encontrei no chão e distribuir entre o povo.

As crianças bateram palmas e os olhos dele se arregalaram.

— Acontece que você o encontrou em meu bolso, não no chão. Logo, ele pertence a mim.

— Ah, foi? Mesmo? Então prove.

Seus olhos buscaram os meus, os meus sustentaram os seus, e ele perdeu a batalha porque não tinha argumentos. Nenhuma das crianças assistindo a cena ousou defendê-lo quando eu tinha meu arco, flechas e determinação evidentes. Ele veio em minha direção e nessa hora, avistei Romeu montado em Dorian, seu cavalo, aproximando-se. Antes que ele me perguntasse o que estava acontecendo, subi atrás dele no cavalo e mandei que ele seguisse. Saímos galopando e quando adentramos a vila, joguei o ouro paro o alto. Os camponeses correram em direção ao ouro sorrindo e dando vivas pelo presente.

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