História de uma mãe sendo mãe

By GiuliannaChristofoli

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Rotina de mãe

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By GiuliannaChristofoli


Certa vez, saindo da academia, encontrei uma amiga de colégio, uma jovem moça, casada há pouco, que sonhava em ter a sua própria família, com crianças felizes correndo pelo jardim.

Três minutos de papo furado e eu já olhava para o relógio agoniada, pois meu horário já estava se esgotando.

- Como é ter filhos? Ela me perguntou.

"Que tipo de pergunta é essa?", pensei. "Ela não vê que estou agoniada para ir embora?"

Típica pergunta sem resposta fácil. Não dá para responder com duas palavras, mas ninguém que não tenha filhos terá paciência de ouvir a resposta completa, como ela deveria ser...

-É difícil, mas é bom, eu respondi, enquanto um turbilhão de pensamentos se embaralhava na minha cabeça, e a minha rotina diária passava diante dos meus olhos como se fosse um filme.

"É difícil, mas é bom". Que tipo de resposta foi essa? Como explicar isso? Será que menti? Não, acho que não...é exatamente isso. Não, não é. Às vezes não é bom. Ah, deixa pra lá, ela não vai querer saber detalhes.

Realmente é difícil. É difícil explicar como é ser mãe, como é ter filhos. Quando eu não os tinha e me explicavam, eu dizia que entendia, mas não entendia. E você só percebe que não entendeu quando tem os filhos e é tarde demais para entender...

E não adianta dizer que é ruim ou dizer que é maravilhoso. Nunca é um dos dois apenas, e nunca é apenas os dois.

Enfim, à parte deste turbilhão, a rotina que me passava pela cabeça era mais ou menos assim:

Acordei. Que dia lindo. Olhos ressecados, cansaço da noite mal dormida (mas já? Eu mal acordei...).

Coloco o primeiro pé no chão, já preciso pensar no que fazer. Lavar a mamadeira, esquentar a água ou fazer o café? O marido já fez o café e esquentou a água. Ufa, é só lavar a mamadeira.

Lavo a mamadeira, aproveito para lavar o resto da louça de ontem que sobrou na pia. Buááá, o bebê acorda (mas já? 6h da manhã?).

Não termino a louça, seco a mão na toalha, coloco a água quente na mamadeira, o leite em pó, misturo e saio correndo para dar ao bebê.

Enquanto ele mama, aproveito para arrumar a cama de casal. Mamããããe, terminei. Pego a mamadeira, o travesseiro ficou torto, volto na cama para arrumar o travesseiro, esqueço a mamadeira no criado-mudo, porque lembro que tinha que fazer xixi.

Sento no vaso, o bebê surge na minha frente. Levo um susto, me limpo, saio do vaso, lavo as mãos, seco, pego o bebê e vamos brincar de carrinho (momentos de felicidade).

Durante a brincadeira, lembro da mamadeira suja. Pego a mamadeira, saio correndo até a cozinha, deixo na pia, pensando na hora que tenho que voltar pra terminar aquela louça, mas volto pra brincar, depois de ouvir 37 "mamãe, volta aqui". Consigo distrair o bebê pra brincar sozinho, lembro que tenho que tomar café.

Pego meu café, faço uma banana amassada com pasta de amendoim e me sento no sofá pra ver o jornal enquanto o bebê me chama loucamente e eu tento contornar os chamados fingindo que já já eu vou.

Tomo meu café ao som de "mamães" e cachorro chorando, porque quer a banana do prato.

Deixo a louça do café no sofá, o café meio tomado ("tomo o resto depois", eu penso), e vou atender o bebê. Chego e já sinto o cheiro de xixi na fralda. Troco a fralda, coloco no lixo e lembro que tenho que tirar os lixos.

Tiro os lixos dos banheiros, da cozinha, das fraldas já fedendo, e deixo na porta enquanto o bebê se pendura na minha perna.

Lembro do café, mas já está frio, então vou levar a louça pra cozinha e brincar com o bebê.

Brincamos de jogo da memória, eu dou uma olhada rápida no celular, mas tarde demais. O bebê também quer mexer no celular. Não deixo, o bebê chora, se joga no chão, eu o largo lá, falo que não vou mais brincar, escondo o celular e vou lavar a louça.

Enquanto lavo o resto da louça, lembro do lixo que eu não joguei lá fora e que tenho que alimentar o bebê para o lanche da manhã. O que dar? Maçã, banana ou melancia? Vou cortar banana com mel e aveia, é mais fácil.

Bate o peso na consciência, porque eu podia estar fazendo lanches mais nutritivos e completos, como bolinhos, omelete, mas não... só quero cortar uma banana, porque é mais fácil.

Finalmente termino a louça, dou uma ajeitada nas almofadas dos sofás, arrumo a cama do bebê, estico os tapetes dos banheiros e começo a preparar a mochila da escola.

O que fazer de lanche da escola? Todo dia um suco e alguns biscoitos. Bate o peso na consciência de novo. Podia fazer lanches mais completos, mas não consigo.

Arrumo a mochila da escola, a lancheira, lembro que não coloquei o uniforme pra lavar e saio correndo pra jogar as camisetas e bermudas na máquina. Ufa, ainda bem que ainda são 8h da manhã, dá tempo de estender e secar pra aula à tarde.

Lembro que tenho que dar banho no bebê. Meia hora pra conseguir tirar a roupa do bebê, brincamos de pega-pega, finalmente consigo pegá-lo e o levo esperneando pra debaixo do chuveiro. Meia hora pra conseguir passar shampoo no bebê e mais um sacrifício pra tirá-lo debaixo do chuveiro.

Seco o bebê, coloco a fralda, a roupa que vai usar enquanto lava o uniforme, e o rendo à TV com desenho (a mesma que eu tinha prometido, enquanto estava grávida, de não deixar o meu filho ver). Preciso jogar o lixo fora e colocar novos sacos nas lixeiras.

Enquanto jogo o lixo fora, o cachorro chora pedindo companhia (ele é paraplégico). Coloco a cadeira no cachorro (me esqueci dele, tadinho), e no caminho em direção ao bebê, já pego a escova de cabelo e o perfume dele.

Após escová-lo e perfumá-lo, lembro que tinha que alimentá-lo (puxa, devia ter dado comida antes de colocar a roupa, agora já era). Preparo a banana e enquanto ele assiste TV, me utilizo da psicologia para convencê-lo a comer.

Terminou a banana depois de meia hora, levo o prato pra cozinha, lavo e olho o relógio, 10:30 já!

O bebê enjoou da TV (esse bebê não dorme?), me pede pra brincar (tão fofo) e eu sinto um cheiro de cocô. Sim, depois do banho. Até as costas. Retiro o "fofo". Faz parte.

Pego o bebê no colo, troco a fralda e na hora de jogar a fralda no lixo, lembro que não tinha colocado os sacos novos na lixeira.

Ai meu Deus. "Fica aqui no trocador, enquanto a mamãe pega um saco", eu digo pro bebê. E o deixo lá, pensando no tanto que seria julgada se alguém visse essa cena, saio correndo igual uma louca desvairada, pego o saco e o bebê continua no trocador. Ufa!

Jogo a fralda no saco, pego o bebê, lavo a bunda, seco, coloco outra fralda, pego o saco sujo, coloco na porta e lembro que tem que colocar os sacos novos das lixeiras.

Termino o serviço, brinco de bola (tão fofo meu filho), desligo as TVs (a do jornal da manhã ainda estava ligada), estendo o uniforme (não vai dar tempo de secar, vai sem uniforme mesmo) e de repente, já são 11:30.

Depois da centésima nona vez de "mamãe, quer isso, mamãe, quer aquilo", chega a hora de preparar o almoço do bebê. Faço o prato, esquento, guardo a comida na geladeira, brinco de pega-pega (pra quê tive filho?), e finalmente alcanço o bebê para almoçar. Birra, choro, leve drama e jogada no chão, pego pelo braço, coloco na cadeira e começo a usar a segunda psicologia do dia para ele comer.

Meia hora para comer, já estou sem tempo de arrumá-lo pra escola. Pego ele correndo, lavo a boca, escovo os dentes, coloco a roupa, checo a mochila, a lancheira e percebo que ainda estou de pijama.

Coloco uma roupa (maquiagem não vai dar tempo de passar), uma sapatilha, escovo o cabelo do bebê, escovo levemente o meu, pego minha bolsa, a mochila, a lancheira, o bebê (que quer colo, porque está com sono), a chave de casa, a chave do carro e chamo o elevador.

No elevador, lembro que nem verifiquei se apaguei as luzes da casa, mas deixa pra lá. Espera aí, eu almocei?

Abro o carro com a mão em que está a lancheira e a mochila. Na outra mão, minha bolsa, o bebê e a chave de casa. Esqueci o celular, mas deixa pra lá.

Coloco o bebê na cadeirinha, jogo chave, bolsa, mochila e lancheira no banco do carro (tomo cuidado pra não jogar a chave do carro, porque já fiz isso uma vez e ao fechar a porta, o carro se trancou sozinho com o bebê dentro!).

Dirijo até a escola, pego tudo no colo novamente e deixo o bebê.

Entro no carro com sentimento misto de saudades e alívio. Vou dirigindo, pensando nos meus afazeres. Continuo arrumando a casa?

Nessa parte da minha rotina em pensamento, a minha amiga me interrompe com a observação: você trabalha em casa, né? Deve ser tão mais fácil. Dá até tempo de você ir à academia.

- É sim, bem mais fácil, respondo, já sem paciência. Corto o assunto, me despeço e vou para o carro, enquanto penso nesse tempo que tenho pra trabalhar.

É o tempo que meu filho vai para escola, ou seja, quatro horas. Podia deixar ele no integral, mas o fato de trabalhar em casa me deixa com peso na consciência.

Nessas quatro horas, eu preciso achar hora para trabalhar, me arrumar e ir à academia.

Podia arranjar tempo pra dormir, mas não consigo. E logicamente, muitas vezes, não termino o trabalho, o qual devo continuar na madrugada, enquanto o bebê dorme. Daí as noites mal dormidas.

Mas para a academia, eu preciso ir. Meu tempo de "descanso".

Saio da academia, pego o bebê na escola, quando não dá tempo de o pai pegá-lo. Chego em casa, me encontro com o pai, que reclama do saco de cocô fedendo na porta de casa (me esqueci de jogar fora, mas é difícil explicar).

O pai precisa ir ao jiu jitsu depois trabalhar o dia todo na firma, e na volta, quer namorar.

Mas nessa hora do dia, já não sinto as minhas pernas e minha alma está confusa. Namorar? O que é isso??

Fico arrependida de não ter disposição para o marido e prometo não ir à academia no dia seguinte. Às 20h, já estou com os olhos fechando involuntariamente e me rendo, deixando o bebê na minha cama vendo TV para o marido levá-lo mais tarde ao quarto dele, já pensando na hora que devo acordar para terminar o trabalho e como será minha rotina de amanhã.

Acabo só acordando pela manhã, sem fazer o trabalho, e um novo dia se inicia, mas com trabalho acumulado.

...

Essa é a resposta que eu deveria dar, mas essa é a resposta que ninguém gostaria de ouvir.

Porém ser mãe é isso.

É um mix de amor, tristeza, felicidade, preocupação, gratidão, arrependimento, cansaço, vontade de ter outro filho, desespero, coração derretido e culpa, tudo em um dia só!

Mas como é ter filhos?

É difícil, mas é bom!

História de uma mãe sendo mãe.

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