Vinte minutos depois do início do quinto período, e Jimin acha que ele foi feito de idiota.
E realmente, ele deveria ter suspeitado que Jungkook iria interpretá-lo por um. Por que não? Jimin é um alvo fácil.
Não há sinal de Jungkook em qualquer lugar, e não parece que ele está vindo. Jimin está pendurando os braços e os ombros sobre a borda da sacada novamente, olhando para abaixo enquanto todo o sangue corre para sua cabeça, deixando-o confuso e estranho. As pessoas parecem pequenos insetos, embora sejam apenas dez andares.
Dez histórias. Jimin se pergunta, subconscientemente, como seria uma queda dessa altura. Parece que você morreria no impacto. Mas e se você caiu em suas pernas? Você seria aleijado e em terrível agonia até que o choque o fizesse desmaiar? Então você acorda em uma cama de hospital dois dias depois e o médico diz que você nunca pode andar de novo e Deus, não seria tão ruim assim. Não, se Jimin caísse, ele tentaria pousar em sua cabeça. Não deixe espaço para erros. Iria se certificar de que a ação seja feita. Sem dor, sem agonia, sem desfiguração incapacitante.
Ele pensa mais sobre isso. Se ele pousasse em suas pernas, quem estaria ao seu lado quando ele acordasse? Não sua mãe, especialmente não se seus dramas estão ligados. Seu pai estaria em um bar e inacessível, a menos que o hospital tenha os telefones fixos para aqueles bares na discagem rápida. Mesmo assim, ele poderia reunir a sobriedade e fodidamente chegar lá? Não, Jimin pensa. Quando ele acordar, ele estaria sozinho. Sem pais, sem professores, sem amigos.
Então, e se ele pousasse de cabeça? E se ele morresse? Quem estaria no funeral dele?
Seus pais certamente seriam forçados a vir, certo? Eles não podem forçar os pais a comparecer? E os colegas dele? Não seria em todos os noticiários se ninguém aparecesse no seu rastro? Eles teriam que salvar a cara, de alguma forma. Eles teriam que vir e fingir que tinham se importado e conhecido sobre Jimin. As meninas teriam que escrever elogios, seus pais teriam que falar sobre como ele era um jovem brilhante com um futuro pela frente. Seria forçado a tentar lembrar quem ele era e o que ele fez. Os meninos da escola dele - eles seriam forçados a fingir? Jimin lambe os lábios com o pensamento.
Eles estariam nos jornais quando a morte trágica de Jimin fosse relatada. Ali mesmo, na primeira página, rostos pingando em falso remorso e culpa. Eles teriam que admitir todas as coisas que haviam dito e feito para as câmeras de notícias depois que encontraram Jimin quebrado e seus cérebros espalhados por toda a calçada na frente da escola?
Deus, o pensamento sozinho é como eletricidade para Jimin. Ele lambe os lábios novamente.
E o que dizer de Jungkook?
Jungkook estaria em seu funeral? Jungkook levaria o caixão? Jungkook faria um discurso? Jungkook choraria?
Jungkook se importaria?
Jimin sente seu corpo sendo puxado firmemente para trás, pela bainha de sua camisa de uniforme solto, e ele é surpreendido por sua fantasia. Seu primeiro pensamento é olhar para baixo dele, e ele está alarmado por não encontrar o concreto branco e vazio que ele está esperando - mas, ao contrário, ele encontra a paisagem urbana, movimentada de vida e despreocupados para pedestres e carros, lá embaixo.
De alguma forma, sem ele perceber, toda a metade superior de seu corpo está agora pendurada livremente na borda do prédio. De alguma forma, ele está de joelhos na sacada, com os pés completamente abandonados no chão. Uma perna é balançada completamente para o lado - balançando no vento quente do verão. Ele engasga de susto - quando ele subiu a borda? Quando?
Ele se vira para a força que o segura firmemente na borda sem passar por cima. Há uma mão grande e musculosa segurando forte e resolutamente em sua camisa. Está em punho na mão, não deixando espaço para Jimin ir em frente. Seus olhos percorrem o braço, ensinados com o esforço do músculo contra o peso de Jimin, e seus olhos travam com o dono.
Jungkook olha para ele com os olhos arregalados, mas resoluto. Ele não parece assustado, mas sim... bravo. Calmamente bravo. Determinado. Faz Jimin estremecer de onde ele se senta na borda.
Eles olham um para o outro por um longo tempo. Minutos, até; nunca quebrando o contato visual. Jungkook se recusa a soltar a camisa de Jimin, se recusando a deixar Jimin ser o decisivo de seu próprio destino, assim como Jungkook faria.
Jimin olha para ele, horrorizado e talvez... talvez. Talvez até um pouco ...
Assustado.
Há uma imagem na mente de Jimin. De Jungkook em um banco no seu funeral, vestido com um terno preto. De Jungkook preocupadamente mordendo as unhas ao lado de uma cama de hospital. De Jungkook esperando do lado de fora das cortinas do consultório da enfermeira. Do jeito que os olhos preocupados e molhados de Jungkook tinham encontrado Jimin quando eles se encontraram juntos ali.
Uma brisa forte chicoteia o cabelo de Jimin em torno de seu rosto, e ele observa o uniforme de Jungkook. Um estranho som estrangeiro escapa dos lábios de Jimin e está quebrado.
Ele estende a mão e agarra o pulso de Jungkook, hesitante.
Jungkook usa a chance que lhe foi dada; ele imediatamente levanta a outra mão para pegar a mão que Jimin ofereceu, e Jimin grita em choque quando Jungkook o puxa sem cerimônia para fora da varanda de volta para a calçada do telhado. Ele não apenas deixa Jimin lá, não apenas deixa ele mergulhar em sua autopiedade e deixa suas lágrimas que ele nem percebeu que estava chorando, bater na calçada.
Não, Jungkook está arrastando-o para trás, longe da beirada, e Jimin só pode soltar um suspiro alarmado enquanto é empurrado para trás em direção à porta do telhado.
Ele é jogado contra ele como uma boneca de pano, e o impacto faz Jimin cerrar os dentes. Ele tenta dizer alguma coisa, qualquer coisa - tenta amaldiçoar Jungkook ou chorar ou gritar? Ele não tem certeza. Mas ele não tem a chance de dizer nada ou deixar escapar qualquer tipo de ruído.
Assim que a parte de trás de seu crânio atinge a parede de concreto atrás dele, duas mãos impossivelmente grandes e fortes envolvem seu rosto em um aperto suave, mas firme, e Jimin está apenas ganhando o estado de espírito para poder puxá-las quando ele sente isso. Lábios secos, rachados e quentes.
No seu.
Ele solta um suspiro que é devorado, e ele tenta puxar as mãos segurando seu rosto em seu lugar. Suas mãos enfaixadas estão em chamas, ardendo com o esforço, enquanto puxam, arranham e acertam. As mãos segurando-o simplesmente agarram seus braços e fixam suas mãos na parede atrás dele pelos pulsos, bem em sua cabeça.
Ele abaixa a cabeça, fora do alcance da boca ofensiva, e chora. Ele chora e chora. Ele soluça, e eles saem destruídos e quebrados, e ele nem sabe por que, porque ele está fazendo isso. Ele está lotado com o esforço dela, baixando a cabeça e tentando o deixar de ser a porra de uma bicha por um maldito minuto. Pare de ser um viado, ele ouve em sua cabeça. E parece que os garotos da escola. Soa como seu professor, como seu pai, como um amigo de muito tempo atrás. Ele puxa as mãos que o prendem mais uma vez e, para sua surpresa, soltas - apenas para agarrar imediatamente a junção de sua mandíbula e garganta, forçando o queixo e os olhos para o céu, em direção a Jungkook novamente. A boca está de volta, mas não na dele - está em sua bochecha, em suas têmporas e depois em seu cabelo, e Jimin percebe que Jungkook o tem em um vício como abraço agora, mãos de Jimin livres para fazer o que quiserem. mas Jimin ainda os mantém contra a parede, mesmo neste abraço, onde Jungkook os deixou. Jungkook tem aqueles braços, os que Jimin sentiu sob o guarda-chuva, enrolados firmemente em torno de seus ombros e costas, e ele está sussurrando para Jimin:
Está bem. Você está bem. Você está bem.
Jimin não acha que ele está bem. Deus, e talvez seja o calor que o está fazendo agir assim. Aja maluco.
Então, é assim que o mundo acaba, ele pensa. Com lágrimas e paranóia, e ideações de hospitais e funerais - e afeição imposta a ele. Ele tem certeza disso. Ele não consegue parar de soluçar, não consegue parar de respirar como se não conseguisse respirar há anos, não conseguia parar de hiperventilar e não conseguia parar as lágrimas que se formavam no canto dos olhos.
Como ele chegou a esse ponto? Como ele chegou aqui? Isso é outro sonho também?
Ele já está morto? Espalhou na calçada e em cem pedaços para todo mundo ver?
Demorou dez minutos para Jungkook acalmar Jimin. Dez minutos dele segurando os dois juntos no impossível, pressionando o calor sob o sol. Dez minutos de silêncio, acariciando e balançando. Dez minutos de paciência. Jimin não é paciente.
Mas Jungkook é.
"Eu vim até aqui e vi você", Jungkook finalmente oferece, depois que os soluços de Jimin diminuíram, e ele recuperou a compostura. Ele está quieto, agora, e suas mãos vestidas de branco estão apertadas na parte de trás da camisa de Jungkook tão duramente, que ele tem medo de rasgar.
"Eu vi você na borda. Eu me assustei ", continua Jungkook. Não é acusatório, nem severo ou cansado. É declarado como um fato. "Eu não sabia o que fazer. Eu não queria assustar você."
Jimin está olhando para nenhum ponto fixo ao redor do ombro de Jungkook. Acima da beira do telhado, provavelmente. Ele não diz nada, apenas olha para qualquer lugar que não seja Jungkook. O cheiro forte e agressivo de cigarros envolve Jimin, e seu rosto se contorce em uma careta. Ainda assim, ele enterra o rosto no meio do braço de Jungkook.
"Eu só queria ver você. E falar com você. Como eu havia prometido."
Jimin espera, com expectativa. Seu aperto aperta ainda mais na parte de trás da camisa de Jungkook.
"Eu não aguentei mais. Eu tive que te dizer. Você merecia saber. Estava errado mantê-lo quando eu soube disso há muito, muito tempo." Jungkook solta uma tosse rouca, e Jimin acha que Jungkook está ele mesmo à beira das lágrimas. Talvez não a histeria completa como Jimin, não - mas alguma coisa.
"EU--"
Jimin se segura. Jungkook limpa a garganta.
"Estou me mudando."
Jimin estava errado.
Isso , certamente, é como o mundo acaba.