Teen Mermaids

By _EuVitoria_

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Pertencente a dois mundos, Lydia, Rebeka e Luce precisam encontrar suas verdadeiras identidades. Seus c... More

Mudança
Festa na praia
Pulando na água
Poderes
Salva vidas
Uma nova sereia
Cardume
Uma dança
Sentimentos expostos
Doce chamado
Emboscada
Carta reveladora
Respostas
Visitando a vovó
Doador anônimo
O plano
Executando o plano
Livro de porções
capitulo especial - Morgana
Enfrentando tubarões
Capítulo especial - Morgana e Shelby
Evento de talentos
Malévolas
Festa na piscina
Banho de lua
Desafio
Para sempre, meu amor.
Perda de humanidade
Cupcake encantado
Recuperando a humanidade
Expostas
Uma novidade em Magic city
Concha prisão
Capítulo especial - Morgana
Encontro desagradável
Capítulo especial - Morgana
Indo as compras
Capítulo especial - Morgana
Oferta
capítulo especial - Morgana
Resgate
Capítulo especial - Morgana
Primeiro beijo
Capítulo especial - Morgana
Baile de natal
Agradecimentos
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Hipnose

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By _EuVitoria_

Lydia nunca poderia ter imaginado aquilo, entre todas as coisas do mundo, ser adotada, jamais havia passado por sua cabeça. Seus pensamentos gritavam, implorando por uma pausa, seu peito doía e seus olhos ficaram marejados. A sereia ainda precisava de respostas, agora mais do que nunca, pois haviam surgido mais e mais dúvidas. A história de Margareth havia lhe destruído, havia lhe consumido e lhe feito questionar tudo o que acreditava. Agora além de ser uma menina com cauda, era uma menina com um passado que não conhecia. Sua mãe verdadeira se chamava Alícia, suas melhores amigas eram suas primas e sua irmã, não era sua irmã, seus pais não eram seus pais, e além disso, ela fora gerada para liderar um cardume. Mesmo que quisesse, depois daquela revelação, sua vida jamais seria a mesma.

  Rebeka havia decidido por todas que seja lá para que missão suas mães haviam lhe botado no mundo, elas não fariam aquilo. Shelby não sabia de suas existências e as meninas não precisavam sair do casulo. Mas uma coisa era negarem suas origens e seus costumes, outra era ignorar a história e seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Pois tinha, sua vida toda havia virado do avesso.

   Apesar de sentir que era verdade, nunca saberia se Margareth estava sendo sincera. Pois não poderia perguntar para seus pais, não era como se tivesse o que questionar, o que diria? Não havia sequer como explicar suas suspeitas. Sentia raiva deles por terem lhe escondido a verdade, mas os amava demais para odiá-los. Caso fizesse um exame de DNA, eles podiam até não serem parentes, mas apesar de tudo, eram e sempre seriam sua família. Seus pais.

   O pior ainda estava por vir. Havia tido emoções fortes por um só dia, mas o mais difícil de tudo seria ter que encarar todos que estavam em sua casa e fingir que não sabia de nada, que seu tapete não havia sido puxado, que ela não estava desmoronando. Quando desceu do Uber em frente ao seu lar, secou suas lágrimas mas não pode esconder o rosto abatido. Levou minutos para reunir a coragem necessária e adentrar dentro de casa. Quando abriu a porta e se encaminhou para a sala, avistou sua irmã e sua mãe sentadas, ambas fitavam o chão com expressões chateadas, a mulher até continha lágrimas nos olhos.

   - O que aconteceu? - perguntou a garota, seu coração se apertando ainda mais ao se deparar com a cena.

   - Pergunte para o seu amado papai. - rosnou Meredith, a irá presente em seu tom de voz.

   O clima estava notoriamente tenso, cada qual com enormes conflitos dentro de si. Lydia as ignorou e seguiu para o andar de cima, pelo tom de sua irmã, seu pai havia aprontado alguma e a suposição lhe assustava. O que Léo havia feito daquela vez?

   Ao chegar em frente ao quarto de seu pai, viu pela porta entreaberta uma cena que terminou de partir seu coração. O homem fazia força para fechar uma mala lotada, lotada com suas roupas e memórias, pronta para uma partida.

   - Pai?  - sua voz saiu baixa e bastante deprimida. O homem se virou com um sorriso lindo, porém melancólico. - O que está acontecendo?

   Léo deu um suspiro triste ao perceber o olhar interrogatório da garota para sua bagagem. Ele empurrou a mesma para trás e se sentou na cama, dando duas batidinhas convidativas ao seu lado.

   - Eu tenho que ir embora, Lydia. - deu a dolorosa notícia sem sequer olhá-la nos olhos, ele não era corajoso o suficiente para isso.

  - Por quê? - o encarou com lágrimas e mágoa. Desde bem nova a garota estava acostumada com suas partidas, havia vezes que seu pai ficava meses distante. Mas ele parecia tão determinado em recomeçar, ela não fazia ideia do que o fizera desejar partir.

   - Megan me ligou, querida. - Léo citou o nome de sua mulher que mais uma vez o afastava dela, Lydia pensara que eles haviam terminado, mas mesmo a quilômetros de distância, sua madrasta conseguia atazanar sua vida. - Ela precisa de mim.

  - Eu preciso de você. - uma lágrima solitária escorreu por sua face. "Mais do que nunca" quis acrescentar, mas apenas abaixou seus olhos e fitou suas mãos trêmulas.

   - Eu sinto muito. - murmurou ele, suspirou e se ergueu. Pegando a mala de rodinhas ao passo em que se mantinha em pé. E o conto de fadas da família perfeita chegara ao fim, seria somente ela, sua mãe e sua irmã novamente. 
  
   Sem perceber o quão destroçada sua filha estava, Léo depositou um beijo no topo da cabeça da menina, que ainda encarava suas mãos enquanto as lágrimas banhavam sua face. Ela não estava apenas se despedindo de seu pai, estava despedindo de si mesma, de sua vida humana e feliz. Agora era uma sereia com uma família nova e um passado obscuro.

   Assim que fora deixada sozinha, Lydia recebeu uma notificação, ainda com lágrimas nos olhos a jovem desbloqueou celular e leu a mensagem enviada por seu novo amigo, Nolan. "James vai dar uma de suas famosas festas hoje, o que acha de irmos juntos? " O convite não poderia ter vindo em um momento mais inoportuno, mas a sereia estava revoltada e com mil pensamentos diferentes, considerou a ideia de sair para se distrair, quem sabe beber um pouco e esquecer. Talvez na manhã seguinte, pudesse deduzir todos os últimos acontecimentos emocionantes de sua vida. Quando percebeu, já estava aceitando e passando seu endereço. Nesse pouco tempo em que respondeu o rapaz, seu pai alcançou seu carro e o ligou. Lydia ergueu seu corpo e se aproximou da janela, secando seu rosto.

- Adeus, papai... - murmurou o vendo partir, assim como o havia visto chegar em sua antiga casa, ele viera e partirá tão derepente.

   Algumas horas mais tarde, quando se olhou no espelho encontrou uma versão diferente de si mesma, não pelas roupas atraentes e baladeiras, mas sim pelo seu olhar perdido, Lydia sempre fora uma garota determinada e controlada, tinha tudo sobre controle, mas naquele momento ela não sabia o que estava acontecendo com sua vida, tão pouco o que faria. Não queria mais ir na tal festa de James Alves, havia aceitado o convite de Nolan precipitadamente. Mas já havia combinado com o rapaz, não o faria de bobo, então apenas respirou fundo e usou todas as suas forças para se arrumar e ignorar os pensamentos confusos.

   Ainda olhando para seu próprio reflexo no espelho, ouviu o barulho da mensagem chegando. Avisando que seu acompanhante havia chegado. Tudo o que podia fazer era descer, entrar naquele carro e curtir sua noite. Pois na manhã seguinte, os problemas ainda estariam lá, sua vida ainda estaria uma bagunça entre o novo e o velho, o lado real e o mágico. Parecia um sonho, mas era a sua nova realidade, teria que se adaptar a ela e seguir em frente, e nisso, Lydia Paker era boa, ir em frente.

  Assim que abriu a porta do carro de Nolan, o cumprimentou e ele lhe devolveu com um sorriso de simpatia. A jovem se acomodou e botou o cinto, reparando discretamente no quanto ele estava bonito.

   - Você está bonita. - elogiou o garoto e a menina viu seus lábios se esticarem em um sorriso, murmurando um obrigada e o vendo melhorar sua noite consideravelmente com apenas uma palavra. Quem diria que o esquisito da turma, seria seu amigo, um bom amigo, aliás.

   - Se não gosta mais de James, por que está indo a uma festa dada por ele?  - questionou sem conseguir disfarçar sua curiosidade. Sentia que podia ficar a vontade na presença dele, diferente de quando estava na presença do capitão, ele lhe deixava nervosa e desestabilizada.

   - Bom, ele da ótimas festas.  - deu de ombros e fez uma careta, fazendo a garota ao seu lado gargalhar. - Além do mais, vamos nos divertir hoje.

Durante o trajeto a conversa foi leve e agradável, a sereia soube que estavam chegando quando a música alta e as conversas animadas começaram a invadir seus ouvidos. O encostamento estava cheio de carros, deveria haver muita gente na mansão dos Alves.

   Quando abandonaram seu veículo, Nolan entrelaçou suas mãos, guiando-a para dentro da festa tumultuada. Lydia deu uma olhada ao redor, sendo invadida pela visão de muitos adolescente bêbados, dançando e se beijando por todos os lados.

   - Vamos buscar uma bebida. - o rapaz ao seu lado gritou mais alto do que a música eletrônica e continuou lhe guiando para dentro da casa já familiar para a sereia, assim que adentraram na cozinha, encontram James rodeado de garotas, uma delas estava sentada em seu colo, era realmente muito bonita.

  Um sentimento ruim e desconhecido ardeu dentro da sereia, a cena lhe atingiu em cheio, junto com o olhar curioso do capitão. A obra prima sentada em seu colo se insinuava enquanto murmurava algo no ouvido dele, mas ainda assim o popular tinha seus olhos azuis e intensos focados na novata. A garota não estava mais com a mínima vontade de ficar ali, por algum motivo havia ficado realmente abalada, e James também parecia compartilhar da mesma sensação dado a forma que encarava sua mão entrelaçada na de Nolan.  Lydia não era capaz de descrever o que de fato estava rolando entre ela e o popular. Ele era um enigma, difícil demais de decifrar. 

  - Aqui.  - seu acompanhante lhe trouxe um liquido alcoólico dentro de um copo vermelho e descartável. Sem pensar direito a jovem bebeu o conteúdo em um único gole, tentando tornar aquela experiência social um pouco mais tolerável. - Vai com calma ai.  - aconselhou o rapaz soltando um risada leve, surpreso pela reação da outra.  - Vem, vamos dançar.

  Lydia concordou com um aceno de cabeça, tentando
afastar o dono da casa de seus pensamentos, dada a sua confirmação, Nolan lhe puxou para fora do local, segundos depois já estavam ao ar livre.  Outros adolescentes também se encontravam no enorme quintal, a grama estava cheia copos descartáveis e latinhas de bebidas espalhadas, além de haver muitas bitucas de cigarros.

  Após se misturar com os demais e beber mais de um copo, a garota fora capaz de ignorar suas aflições e começar a curtir sua noite, dançando até o corpo implorar por um descanso. Algum tempo se passou enquanto ela estava na pista, gastando sua energia com Nolan e as demais meninas que curtiam a noite alegremente. Estava realmente gostando da companhia de seu mais novo amigo, ele era bonito e charmoso. Apesar de ser considerado estranho e antissocial, tinha um humor e uma simpatia invejável. Não demorou muito para que a sereia percebesse nele mais do que o interesse por sua amizade, Nolan estava realmente lhe paquerando. Até podia rolar algo, mas ele não era... James. Afastou o pensamento com urgência, o álcool devia estar fazendo efeito, só podia ser aquilo. Se impedia de ser apenas mais uma garota ao cair no charme do clichê que era o capitão.

   - Eu preciso descansar um pouco. - Ela finalmente murmurou para Nolan, estava horas sem parar de mover seu corpo de acordo com a música emitida pelos enormes rádios de som.

   - Eu vou com você. - sugeriu ele, naquela altura Lydia já estava um pouco bêbada, as coisas não faziam muito sentido, mas ela sabia que não queria companhia, precisava apenas de um pouco de ar. 

  - Não precisa. - o dispensou gentilmente com um breve sorriso.  - Eu volto logo.

  - Tudo bem. - concordou, voltando a dançar. Parecia realmente feliz, embora não parecesse o tipo de cara que se divertia com festas e bebidas.

   Enquanto andava para longe do local que havia se tornado uma pista de dança. A sereia finalmente sentiu o efeito da bebida, sua cabeça rodou um pouco enquanto as pessoas sequer notavam, acostumadas com ambientes impregnados de bêbados. Seu estômago também protestou e ela se sentou em uma cadeira de plástico ao perceber que não daria mais um mísero passo sem cair ou vomitar. De onde estava, era capaz de observar boa parte do terreno, que parecia um formigueiro e os demais, eram as formiguinhas. Um pouco alterada, riu com seus próprios pensamentos.

   - Você quer que eu faça sua "mão" com ele? - um garoto ao seu lado com voz arrastada questionou, fazendo-a se dar conta de que olhava exclusivamente para um garoto, o que sequer fora a sua intenção. Apenas havia dado a coincidência de rir no momento em que seus olhos haviam pousado nele.

   - Não quero, obrigada. - a jovem se virou para o garoto, que estava claramente bêbado. Ele era bonito, mas assim como o seu amigo, não fazia o tipo de Lydia.

  - E eu, você quer me beijar? - ele mordeu seu lábio e se aproximou, em uma tentativa falha de parecer sexy. 

  - Não. - o cortou de forma seca, aquele garoto não tinha noção do quão estúpido e patético estava parecendo.

  - Qual é, gata, é só um beijo. - insistiu, passando sua mão pelo cabelo da sereia, que se esquivou de seu toque indesejado.

  Nem mesmo ele, nem Lydia havia reparado em James do outro lado do quintal, ele estava parado com uma garota grudada ao seu pescoço. Mas a atenção do jovem estava completamente sobre o desenrolar da cena que o havia enchido de ódio. Não podia intervir pois sequer ouvia a conversa, mas quando viu o garoto toca-la, chegou ao seu limite e se ergueu, aproximou-se como um foguete e deu um soco certeiro no nariz do rapaz, que caiu imediatamente. Era impossível de acreditar que havia mesmo feito aquilo, que havia perdido o controle por uma menina que sequer conhecia ou compreendia, aquela novata estava mesmo lhe fazendo mudar internamente e agora era a atenção principal da festa, ninguém entendia porque ele agira de tal forma.

  Após nocautear o garoto e parar a festa inteira por míseros segundos, James Alves abandonou o local sem sequer olhar para Lydia Paker. Mas ela não o deixaria fugir daquela vez, nunca estava preparada para as mudanças drásticas do popular, uma hora ele era um babaca e na outra o seu herói? Não mesmo, aquilo acabava ali. Ela sabia que era arriscado, bebida e alguém tão incrivelmente bonito como James, não era uma ótima combinação, ainda mais quando ela suspeitava ter uma quedinha por ele. Mas ainda assim, o seguiu para dentro da casa.

  - Por que você fez isso?  - perguntou assim que o encontrou com as mãos apoiados na pia e a cabeça baixa entre seus braços. A uns dez passos de distância a sereia estava em suas costas.

   James se ergueu bruscamente ao ouvir sua voz, ele se virou e lhe encarou com seus olhos azuis indecifráveis. Com seu jeito de menina mandona a garota ficou ali parada, esperando por uma resposta, mas seus olhos estavam cabisbaixos, confusos e perdidos. Ele perceberá aquilo. Ela estava frágil, vulnerável.

  - Eu não sei.  -  tentou ignorar o olhar ferido dela, pois tinha vontade de protege-la e aquilo significava sentimentos, o capitão fugia deles. - Não importa também.

   - Importa para mim.  - Respondeu quase sem voz. Eles estavam novamente presos naquele contato visual. Não havia dúvidas de que havia algo rolando, mesmo que oculto. O triste era saber que apesar de se atraírem feito ferro para o imã, eram como o fogo e a pólvora, não poderiam estar juntos a menos que rolasse uma explosão.

  Aquela troca de olhares tão intensa e cheia de sentimentos, não teria acabado se o celular da sereia não tivesse começado a vibrar em seu bolso traseiro.

   - Oi.  - atendeu sem nem ao menos olhar o identificador de chamadas, seus olhos ainda vidrados no capitão. Ele por outro lado havia desviado o seu, como se estivesse aliviado por não ter de sustenta-lo por muito mais tempo.

  - Filha... - a voz chorosa de sua mãe fora como um golpe certeiro em seu coração. Apesar de forçada para soar calma e não apavora-la, havia alarmado a garota que pressentia más notícias. - Estamos no hospital. O seu pai, ele...

  - Mãe, o que aconteceu? - havia um gosto amargo em sua boca, suas pernas tremiam, estava extremamente preparada para o pior.

  - Ele sofreu um acidente. - a revelação lhe fez ficar em choque, seu celular tombou pois a jovem não tinha mais forças para segura-lo. James se virou a tempo de ver sua reação, mas não a compreendeu.

- Ei novata, o que aconteceu? - o capitão correu para ampara-la quando pensou que ela iria desmoronar, naquele momento ela não percebeu, mas graças aquele gesto o amou imediatamente.

   Nocauteada pela má notícia a garota desabou, encostou sua cabeça no peito dele enquanto o mesmo pego de surpresa lhe envolvia, tentando acalma-la. Ela chorava de forma desesperada e James mantinha uma mão em sua nuca, enquanto a outra afagava suas costas.

   - Eu estou aqui com você. - o popular murmurou e naquele momento a sereia percebeu que qualquer tentativa que havia feito para não se apaixonar por ele, havia sido desmanchada por aquelas simples palavras, tentará com todas forças não ser mais uma lunática pelo capitão, mas percebeu que o queria tanto quanto seus pulmões necessitavam de ar para respirar.

   - Meu pai sofreu um acidente. - ela se afastou com a maquiagem borrada e a voz embargada por lágrimas. - Eu preciso ir para o hospital... - estava aflita, agindo de forma agitada e movendo seu corpo freneticamente. Estava preparada para sair quando seu rosto foi pego por mãos macias e delicadas, James segurava sua face entre suas palmas e olhava de forma tranquilizadora em seus olhos.

   - Calma. Eu te levo.

  Olhando dentro dos olhos dele, ela assentiu com o coração acelerado. Parecia loucura, mas o popular iria mesmo abandonar sua festa badalada para ir com ela a um hospital. 
 

                                        ☀️

   Luce havia ido para a escola um pouco mais cedo, pois aquele era o dia para os testes finais das próximas garotas que seriam membro das líderes de torcidas. Seria complicado fazer o teste, dançar e lidar com mais uma manhã normal, porque nada na sua vida estava normal. Mas enquanto não sabia o que fazer, sua única opção era seguir em frente e agir normalmente, como se não tivesse descoberto que sua vida era uma vida dupla.

   Não seria fácil fazer o teste, ainda mais quando a jurada seria Betty Denver, não era novidade que a abelha rainha lhe odiava e que faria sua entrada nas Fênix impossível. Mas mesmo assim Luce iria fazer, pois aquilo era tudo o que lhe mantinha em sua realidade de humana.

   Assim que entrou na quadra aonde tudo estava preparado para as apresentações, encontrou uma cena que lhe fez perceber que ainda não estava triste o suficiente mas acabara de ficar, pois o amor de sua vida beijava outra garota. O casal sensação havia voltado e ela havia sido descartada como qualquer um que havia ousado ficar entre Luca Drummond e Betty Denver.

  Quando finalmente se desgrudou do beijo carinhoso que dava em seu namorado, a abelha rainha se virou e encarou Luce com faíscas e maldade nos olhos. Apesar de saber que aquilo seria uma prova que passaria pelo inferno, a outra respirou fundo e tentou manter-se neutra.

   - Você está atrasada. - Betty avisou em tom de alerta, mesmo sabendo que o atraso da menina girava em torno de dois minutos ou menos.

   - Desculpe. - pediu a sereia, seus olhos imediatamente se focaram em Luca, que não conseguiu sustentar seu olhar por muito mais tempo e abaixou sua cabeça. A sereia sabia que ele se sentia mal com as atitudes mesquinhas e cruéis da namorada, mas em momento algum fazia alguma coisa para impedi-la. Aliás, seu grupo todo jogava do lado negro da força. Ele não era cruel mas não era santo, pois via as coisas ruins que seus amigos faziam e apenas observava, era facilmente manipulável.

   - Não é como se você fosse passar mesmo... - Betty deu de ombros soltando um riso debochado e indo se sentar na cadeira que mais parecia um trono. - Vamos lá, escolha uma emoção e deixe ela guiar você.

  - Ele vai ficar aqui? - questionou baixinho, elevando seus olhos para a figura masculina que aparecia em todos os seus sonhos. Luca era o típico garoto ideal, jeito de príncipe encantado, mas naquele momento ele odiava Luce, ele havia deixado isso bem claro no último encontro que tiveram e só de imagina-lo lhe vendo dançar, seu rosto já corava de vergonha.

   - Não é como se ele nunca tivesse visto antes. - A loura olhou para aquela que detestava, seus olhos transbordaram ódio e desprezo. - Fique aqui do meu lado, amor. - sua voz mudou de tom ao se referir ao seu belo namorado.

   O garoto obedeceu e a sereia engoliu aquilo em seco, ele parecia um cachorrinho mandado pela abelha rainha e apesar de ser completamente apaixonada por ele, ela desprezava que o mesmo se diminuísse tanto para caber no mundo daquelas pessoas tão egocêntricas que nem os populares bilionários que viviam por poder.

   Apesar de saber que Betty estava tornando as coisas difíceis propositalmente e que mesmo que dançasse muito bem, ela não lhe aceitaria no grupo, Luce escolheu sua emoção e se preparou para dançar, acenando com a cabeça para que a música fosse solta.  Naquele momento foi como se um filme dos últimos dias passasse diante de seus olhos e tudo o que nele a garota viu foi assustador, sua emoção não podia ser outra se não desespero.

   Uma cauda. Um vídeo humilhante. Uma vida dupla. Duas primas. Uma carta. Adotada. Uma tia psicopata. Uma vó. Um amor não correspondido.

   Canalizou todas suas frustrações e bailou pela quadra. Seus passos eram lentos e emocionantes, para logo em seguida ganharem força e se tornarem frenéticos e desesperados. Em uma só dança Lucinda Forbes desabafou magoas e dores de um mês inteiro e ao julgar pelo fascínio nos olhos de Luca que não parava de lhe encarar e a inveja afetada nas pupilas de Betty, ela não tivera duvidas de que todo o caos que passou, havia sido transmitido em arte e o seu papel nas Fênix estava garantido. Quando a música lenta ameaçou chegar ao fim, a sereia jogou seus braços para cima e os abaixou lentamente, juntamente com seu corpo, passando a imagem de uma flor murchando. Era isso que era, era assim que se sentia, uma flor murcha. Ergueu sua cabeça lentamente e fitou os olhos rígidos e reprovadores da jurada, ela estava quase soltando fogo pelas ventas, era como se Luce tivesse lhe feito algo realmente grave, quando na verdade, a garota apenas havia lhe surpreendido.

  Apesar de saber que havia dado o seu melhor e que havia dançado bem, a sereia não ficou surpresa quando a abelha rainha deu o seu resultado o levando para o lado pessoal.

   - Você não passou no teste. - declarou secamente, sem nenhum pouco de empatia em sua voz. Ela tinha o poder e estava abusando dele. - As Líderes de torcidas são por natureza, alegres, Lucinda, o que me mostrou aqui foi deprimente. Não posso permitir que passe essa visão quando estiver torcendo para o nosso time.

   - Mas você não me mandou usar nenhuma emoção especifica. - ela se levantou e foi tentar se defender, aquela vaga nas lideres de torcidas era importante para Luce, ela amava dançar e não iria permitir que Betty lhe tirasse aquela oportunidade por pura implicância.

  - Sinto muito, querida. - fez um beicinho de falsa pena, sua voz em uma falsa inocência. Para logo revelar sua verdadeira face e murmurar para sua rival: - Mas sou eu quem decido quem entra e quem sai. Não temos lugar para perdedoras nas Fênix.

  O desânimo se espalhou por cada célula do corpo da garota, ela engoliu sua raiva e assentiu com a cabeça, não seria humilhada novamente, sairia dali de cabeça erguida. Quando passou pelo banco das arquibancada, a treinadora das líderes de torcida anotava algo em seu celular. Era ela quem realmente mandava em tudo, mas como a melhor da equipe, havia titulado Betty como titular.

- Você foi muito bem garota, parabéns. - ela guardou seu celular e lançou a Luce um sorriso.

   - Não bem o bastante para passar no teste. - resmungou, aborrecida.

   - Você não passou? - perguntou erguendo sua sobrancelha com surpresa. - Mas eu vi sua coreografia, estava realmente fascinante.

   Sua frustração era tanta que ela queria gritar e chorar, mas apenas mordeu seu lábio inferior e negou com a cabeça.

   - Vem comigo. - a mulher pediu após fazer uma expressão de negação, desceu as escadas e se dirigiu ao lugar aonde Betty estava com seu namorado, ela o abraçava com entusiasmo, mas o garoto não parecia compartilhar do mesmo sentimento.

- Podemos conversar um instante? - a treinadora chamou a atenção da abelha rainha, limpando sua garganta.


   - Sim? - Betty estava claramente surpresa por ver Lucinda parada ao lado de sua superior.

   - Por que Lucinda não passou no teste? Eu vi a coreografia dela e foi realmente fascinante.

  Os olhos da garota quase soltaram para fora, e a sereia se preparou para ouvi-la gritar histérica, como faria em qualquer situação. Mas a menina simplesmente se forçou para parecer ofendida, mantendo aquela sua falsa pose de boa moça.

  - Ela não tem o que precisamos, Daiana. Você me colocou em primeiro lugar porque eu tenho talento, por isso me deixa decidir quem entra e quem sai. Achei que confiasse em mim.

   - E eu confio. Por isso nunca questionei suas decisões, mas creio que dessa vez você se equivocou, Betty, pois ela realmente tem potencial. - se virou para Luce que até então fitava seus pés, desconfortável com o confronto que havia criado. Queria na verdade que Daiana deixasse aquilo para lá e lhe deixasse sair dali, mas receberá a melhor notícia do seu mês: - Você está dentro, querida. - Logo tornou a olhar para a sua número um. - Eu e você conversaremos depois.

   A abelha rainha bateu seu pé, faiscando de raiva e abandonou a quadra como um furacão.

  - E-Eu passei?  - questionou Luce, assim que a loura desapareceu. Estava tendo um pouco de dificuldades para acreditar que enfim algo bom estava acontecendo. Daiana concordou com a cabeça, um sorriso enorme se abriu nos olhos da sereia e tomada pela alegria ela pulou nos braços da treinadora, em êxtase.- AI MEU DEUS. EU PASSEI! SOU UMA FÊNIX!

  - Bom, a primeira regra é que eu não gosto de muita demonstração de afeto. - a voz doce da mulher mudou de forma drástica para rígida. Lucinda ficou envergonhada com sua comemoração exagerada. Já havia começado cometendo um gafe.

  - Desculpe. - murmurou corada, sem saber o que fazer. Até que uma risada calorosa cortou o ar, fazendo a erguer seus olhos e tornar a encarar a treinadora.

  - Estou só brincando, tolinha. - os ombros da garota relaxaram ao ver a face da mulher tornar a ser suave e gentil. - Eu sou quase o Olaf de frozen. Adoro abraços quentinhos.

  - Fico feliz em saber. - entrou na brincadeira com um sorriso de alívio, mas logo ficou séria e acrescentou de forma sincera. - Muito obrigado por ter me colocado no grupo, você não vai se arrepender.

   - Eu sei que não. - Daiana deu um tapinha no ar, como se pedisse para deixar pra lá. - Você é ótima. - Luce sorriu e a treinadora lhe deu breves beijinhos na face, em uma clara despedida. - Agora eu tenho que ir, preciso muito conversar com Betty.

   Quando ela saiu da quadra, Lucinda deu um grito de felicidade, o primeiro que dava naquele mês, seu corpo começou a pular com animação, enquanto ela falava "eu consegui, eu consegui" repetidas vezes, completamente entregue a sua conquista.

  - É, você conseguiu. - a voz masculina lhe fez lembrar de que não estava sozinha.  A sereia se virou completamente corada e viu Luca parado com suas mãos enfiadas nos bolsos, ele sorria levemente, era tão meigo e tinha uma aparência tão angelical. - Meus parabéns.

   - Obrigada. - murmurou tímida, um sorriso espontâneo e pequeno. Havia fascínio nos olhos do jovem, ele parecia perdido enquanto a examinava, deu um passo a frente e colocou uma mecha dos cabelos dela para trás da orelha da mesma.

   - Por nada. Você merece.

  Os olhos de Luce brilharam, seu coração se encheu de ternura e involuntariamente sua mão se ergueu, ela segurou a dele e fechou seus olhos, aninhado seu rosto naquele toque. Estava tomada no mais profundo sentimento de entusiasmo e paixão, queria tanto que ele lhe beijasse, mas aquilo era errado pois Luca estava com Betty.

   - Desculpe. - pediu abrindo imediatamente seus olhos e recuando alguns passos, olhando novamente para seu amor platônico e fugindo pela segunda vez.

                                        ☀️

   Enquanto crescia, Rebeka nunca havia notado as diferenças na fisionomia dela e de sua mãe. Mas ali sentada de frente para ela, notava que de fato, não pareciam possuir o mesmo DNA. Ela amava sua mãe, mas não possuíam um relacionamento muito saudável. A sereia não compreendia porque a mulher havia adotado uma criança sozinha, já que tudo o que fazia era lhe cobrar disciplina e tantas outras coisas que sua filha adotiva não tinha. Ali mesmo naquele restaurante chique, já havia lhe exigido mais de mil vezes para que parasse com as festas e as burradas e prestasse mais atenção aos estudos.

   - Eu preciso ir ao toalete.  - Rebeka disse com falsa educação, se erguendo e colocando o guardanapo sobre a mesa com elegância. Estava bastante entediada com a forma que sua mãe falava sem parar de como queria para ela uma vida monótona. Na verdade, a garota a muito havia parado de prestar a atenção na conversa.

  - Oi, bela dama. - a voz ecoou a suas costas e ela reconheceu de imediato se virando com um sorriso de saudação nos lábios, mas ainda trazia suas mágoas.

   - Oi, cavaleiro. - cumprimentou Eduardo, adentrando na brincadeira e fazendo uma pequena reverência em referência aos séculos passados, aonde o romance ainda era valorizado. - Está trabalhando aqui? 

   - Na verdade acabei de terminar meu turno. E você, venho a um jantar de negócios? - mordeu o lábio para não soltar um riso, indicando o traje formal dela, parecia uma advogada ou uma super empresária.

   - Minha mãe não seria uma boa sósia. - revirou seus olhos demonstrando o quão descontente estava com aquele jantar entediante. - Na verdade, estava indo matar o tempo no banheiro.

   - Podemos matar um tempo ali fora, se quiser. - sugeriu como um bom amigo, apesar da garota ter visto duplo sentido em sua frase, não havia malícia e ela não viu problema. O acompanhou para fora do estabelecimento, sendo recebida pelo ar livre.

   A jovem sereia se encostou na parede exterior do restaurante, e envolveu se corpo com os braços, enquanto o via tragar a fumaça de um cigarro. Estava afetada por tê-lo visto beijar outra garota, mas ainda estavam jogando o lance da amizade, então tratou de agir normalmente.

   - Tenho uma festa para irmos juntos. - O garçom falou, jogando o que estava entre seus dedos no chão e o apagando com um pisão. Para logo em seguida cruzar seus braços e se escorar de lado na parede, encarando-a.

- Pra acabar como a última? - ela cruzou seus braços emburrada, não conseguindo daquela vez disfarçar.

   - Que bonitinha você com ciúmes. - provocou, gargalhando.

   - Não estou com ciúmes, seu idiota. - revirou seus olhos azuis para ele. - Por mim pode beijar quem você quiser.

   Os lábios de Eduardo sorriram ainda mais abertamente. Estavam a apenas alguns centímetros de distancia e aquelas simples palavras foram o suficiente para ele grudar sua mão na cintura dela e puxa-la para seus braços, beijando-a intensamente. Ela não resistiu nem um mísero segundo, perdia completamente a noção e a sanidade quando estava com ele, seu beijo era doce e selvagem ao mesmo tempo, fazendo-a se esquecer completamente de que seriam apenas amigos, seus corpos se completavam em um encaixe perfeito, não havia como resistir e ela não queria.

   - E eu quero beijar você. - murmurou ele com sua testa colada a da jovem, suas respirações agitadas.

   - Você é um idiota. - riu de forma espontânea, sua boca ainda próxima a dele, o mesmo a fitava e ria em sincronia. Eis ai, a paixão adolescente, faz com que você se sinta nas nuvens, e ria das besteiras mais aleatórias.

  Ficaram mais alguns minutos se beijando e trocando risadas, até que Rebeka se deu conta que sua mãe ia literalmente lhe fazer um interrogatório quando voltasse, Ana deveria estar louca a sua espera.

   - Eu tenho que ir, cavaleiro. - fez beicinho, retomando a brincadeira inicial.

   - Vagabundo. - corrigiu ele, ainda exibindo um largo sorriso em seus lábios avermelhados por conta do amasso. - Eu seria com certeza o vagabundo.

   - Você é mesmo um idiota. - ela riu, típico sorriso bobo e apaixonado. Mas nem ela, nem ele perceberam que aquele beijo era o início do sentimento mais profundo que ambos nunca haviam sentido antes. Eram o tipo que pegavam e não se apegavam. Até que se encontraram. - Te vejo por ai, vagabundo.

  Sem perceber o quão pareciam um casal, Rebeka deu um selinho rápido de despedida nele e tornou a adentrar no estabelecimento. Estar nas nuvens era pouco para como ela se sentia, enquanto andava só conseguia sorrir para todo mundo, as borboletas batendo asas em seu estômago. Foi estando tão distante que esbarrou em um homem alto, magro, de olhos incrivelmente cinzas.

  - Desculpe. - murmurou e se afastou, mas o mesmo cravou seus dedos no braço dela, a puxando de volta para seu posto anterior. Os olhos dele estavam extremamente parados, fixos em um ponto qualquer, sua voz saiu como a de um robô programado para ditar aquelas palavras bastantes sombrias:

   - Ela já sabe que vocês estão aqui, e ela está vindo, vai mata-las, não há como fugir.

  Naquele momento Rebeka não podia estar mais apavorada. Sabia quem era "ela" e quando os dedos do estranho soltaram seu braço, e os olhos dele receberam uma tonalidade castanha e sua face uma expressão perdida, ela compreendeu que o tal robô estava hipnotizado.

  - Desculpe. - murmurou o homem, provavelmente sem saber o que fazia ali e porque havia dito aquelas palavras sem sentidos para uma jovem. Ela por sua vez começou a olhar desesperada ao redor, procurando por qualquer coisa fora de seu normal, mas se sua tia Shelby estivesse por ali, provavelmente estaria infiltrada entre os outros mundanos. Irreconhecível. Ainda em pânico a sereia retomou para junto de sua mãe que logo perguntou com autoridade, sem perceber a aflição de sua filha.

  - O que aconteceu? Aonde você estava?

  - Não estou me sentindo muito bem. - estava quase sem fala, ainda tentando encontrar a rainha do cardume laranja. - Fui tomar um pouco de ar. - conseguiu mentir.

   - Você está mesmo um pouco pálida. - Ana observou preocupada, já se inclinando sobre a mesa para checar melhor o estado de sua filha. - Quer que eu a leve para casa?

   Assentiu com sua cabeça, ainda muito distante. Sentiu seu corpo ser erguido pelas mãos macias e maternas da fotografa e tudo o que conseguiu foi lhe acompanhar para fora do estabelecimento, ainda espiada.   

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