— Sério que ele disse isso? Eu te disse que você não precisa de aulas. Já já vai estar lá ensinando no lugar dele — Chanhyuk fala.
— Seria um sonho ensinar naquela universidade, mas tem muito chão pela frente ainda — Hayun sorri, mas seu coração aperta, sabendo que essa felicidade é efêmera sob o peso do relacionamento.
— Você está sorrindo muito. Está afim do professor? — Ele fala, puxando-a para que se sente em seu colo, sua atitude controladora evidente.
— O que você acha? — Ela responde, revirando os olhos, enquanto Chanhyuk a abraça com um aperto possessivo.
— Eu acho que ninguém é melhor que eu para você — Ele sussurra perto de seu ouvido, causando uma mistura de excitação e desconforto em Hayun. — Você está afim de mim, né? Mais que tudo? — Ele desliza as mãos por seu corpo até parar nas coxas e apertá-las. Hayun sente um arrepio percorrer todo o seu corpo.
— Chanhyuk... — Diz, e ele passa a mão por dentro de sua blusa, fazendo-a se arrepiar.
— Você levou a sério quando eu disse para você se alimentar, não foi? — Ele fala com uma voz sexy, e a garota ignora seu desconforto.
Depois disso, tiveram os melhores trinta minutos da semana.
Mas mesmo assim, Hayun se sentiu na obrigação de acabar o relacionamento.
Depois de um mês pensando nisso, decidiu pesquisar ontem o significado de relacionamento tóxico, e descobriu que seu relacionamento é mais que tóxico.
Após ambos tomarem um banho, Hayun chamou Chanhyuk para que se sentasse ao seu lado.
— Você parece apreensiva. O que aconteceu? — Ele perguntou, sua expressão tensa.
— Eu quero terminar o nosso namoro, Chanhyuk. — Ela falou, lutando para conter as lágrimas, enquanto ele riu nervosamente.
— O que você está dizendo? — Sua expressão tornou-se séria.
— É sério, eu quero terminar nosso namoro.
— Hayun, eu sempre dou meu melhor para você, mas você sempre vem se lamentar e se fazer de coitada para mim, e o bestão aqui toda vez faz o favor de te ouvir.
— Podemos continuar sendo amigos... como éramos antes — Ela segura o choro.
— Eu vou estar ocupado procurando alguém melhor que você, o que não vai ser muito difícil de encontrar — Ele se levantou, parecendo prestes a dizer algo mais, mas então permaneceu em silêncio. Chanhyuk tinha os olhos marejados. — Vou embora — Ele declarou, virando as costas e saindo da casa, batendo a porta com força.
Agora Hayun quem desaba. Ela se levanta cambaleando até sua escrivaninha enquanto chora, puxa mais um papel de seu caderno e volta a escrever. "Eu não sei se fiz bem ou mal em terminar, mas eu me senti na obrigação. Foram dois anos de namoro, mas eu sentia que ele me afastava cada vez mais do mundo, sempre com a justificativa que ninguém é melhor para mim que ele. Faz três anos que estou na faculdade de letras, e há dois anos eu me afastei dos meus colegas porque sempre estava ocupada demais namorando, e só agora eu percebi a merda que eu fiz.
Eu me sinto triste, mas eu tenho que me amar mais, que se não eu vou acabar morrendo.
Ainda tenho vinte e sete dias para melhorar minha vida. Se não melhorar, manterei minha promessa de acabar com isso de uma vez por todas" — Ela dobra um avião de qualquer jeito, já que suas mãos estão tremendo tanto a ponto de não conseguir fazer um perfeitinho, logo jogando da janela.
Hayun se joga na cama e começa a chorar com o rosto enterrado no travesseiro.
Uma semana se passa, e ela só faltou um dia de aula. Foi seu recorde. Mas quem faltou por três dias seguidos foi o professor Namjoon, segundo os boatos que corriam pelos corredores. Ele só voltou para a aula na segunda-feira, o que era incomum, já que ele nunca faltava. Mesmo doente, ele costumava colocar uma máscara e dar aula.
Todos ficam em silêncio assim que veem o professor entrar na sala.
— Então, turma, me perdoem por ter faltado a aula da sexta-feira. Divórcio é mais difícil do que eu imaginei. Não faltarei mais uma aula sequer, eu prometo.
Todos fizeram questão de se levantarem e se reverenciarem com um "obrigado" em coral.
E ele parece se emocionar com isso.
"Que coincidência..." — Hayun pensa, sobre o término.
(...)
Um tempinho antes da aula acabar, Namjoon encerra a lição para dar um aviso.
— Eu quero que vocês saibam que se estiverem passando por algum problema, podem me procurar. A vida de cada um de vocês é importante. Eu sei que essa fase perto do TCC é complicada, mas eu quero ver todos, sem exceção, se formando. Vocês são minha turma favorita.
Hayun só se lembra dos seus dias restantes de vida. Nada está melhorando... e agora sente que está completamente sozinha.
Ela sente que se arrepende de ter terminado o namoro... e o que a fez perceber isso foi quando viu um post do Chanhyuk hoje de manhã no Instagram em uma balada beijando uma garota. Ela não consegue segurar o choro ao se lembrar disso.
Abaixa a cabeça sobre seus braços assim que sente a primeira lágrima cair.
"Só vou levantar quando todo mundo já tiver saído da sala." — Pensa tentando conter o choro.
Namjoon avisa o término da aula para a turma mais uma vez, e a garota ouve todos guardando o material. Minutos se passam, e a conversa das pessoas vai ficando mais distante, até ficar um completo silêncio ali.
Hayun pretende continuar esperando um pouco na sala até os corredores esvaziarem, já que não gosta que a vejam chorando, mas assim que levanta a cabeça, percebe que ainda não está sozinha ali. O professor Namjoon está olhando fixamente para si.
"Porra, mentira que ainda não estou só. Ah, não, que vergonha, meu deus!" — Ela pensa — "O que eu faço?!"
Hayun coloca as mãos no rosto e passa a correr para fora da sala sem sequer pegar seu material, só quer enfiar a cara em um buraco agora, mas Namjoon a impede. Ele segura sua mão para que ela pare de correr, e pede para que ela espere.
— Calma, não corre. Eu posso te deixar em casa, estou com carro. Você não parece estar em condições para ir sozinha para casa agora — Namjoon fala e solta sua mão, mas a garota está muito triste para responder alguma coisa, e ele parece entender, já que fica em silêncio e afaga seu ombro — Calma, não sei o que aconteceu, mas você quer um abraço?
— Obrigada — Fala olhando para o chão, e Namjoon a abraça, passando a afagar as costas da garota até que ela se acalme.
Eles ficam em silêncio por pelo menos cinco minutos, e é o tempo que a respiração da Hayun parece normalizar.
"Ela deve ter parado de chorar" — Namjoon pensa, preocupado.
— Você está bem?
— Não, mas também não quero falar sobre. — Hayun responde, sua voz tremendo, suas emoções à flor da pele.
— Não tem problema. — Namjoon responde empático, e Hayun solta o abraço. — Você quer ir para casa agora?
— Quero... — Hayun responde, a tristeza em sua voz.
— Beleza, vamos — Ele anda até a porta e se encosta nela, esperando que Hayun termine de guardar seu material e pegar sua mochila. Os dois caminham pelos corredores vazios até chegar no estacionamento.
— E se eu morar longe de você?
— Eu moro ao lado do Lake Park.
— Eu moro bem perto de lá também.
— Tranquilo — Namjoon diz e liga o carro, passando a dirigir.
Hayun explica as direções e agradece várias vezes pela carona ao longo do caminho. Quando chegam, ela pergunta se o professor quer entrar para comer alguma coisa ou tomar um chá, mas ele diz que tem muitas atividades para corrigir, então Hayun agradece, se despede e sai do carro.
Ela agradece mentalmente pelo seu professor ter recusado o convite, aliviada por não ter que enfrentar uma socialização e a ansiedade de Chanhyuk poder ir à sua casa há qualquer hora, já que conhece seu ex namorado e sabe muito bem que ele é bem imprevisível.
No elevador, Hayun reflete a possibilidade de Namjoon ter lido algum aviãozinho que jogou da janela, e esse pensamento lhe deixa totalmente desconfortável. A dúvida a consome enquanto ela se afasta do carro.