Agridoce - Bubbline AU

By TersyGabrielle

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Marceline é uma bagunça total. Ela está no fundo do poço. Não há nada em sua vida que não tenha dado errado. ... More

Capítulo 1 - Amargo & Doce
Capítulo 2 - Realeza
Capítulo 3 - Deveres Acima de Tudo
Capítulo 4 - Hierarquia
Capítulo 5 - Hétero, né!?
Capítulo 6 - Vadia má
Capítulo 7 - Por Trás Daqueles Olhos de Mel
Capítulo 9 - É hora de... Festa!
Capítulo 10 - Quem é você, Bonnibel?
Capítulo 11 - Equilíbrio
Capítulo 12 - Quando Eu Não Lembrar de Você
Capítulo 13 - Por que, Marceline?
Capítulo 14 - Tudo Permanece
Capítulo 15 - A Linha Entre Raiva e Misericórdia
Capítulo 16 - Princesa da Noitosfera
Capítulo 17 - Sob o Toque Dela
Capítulo 18 - Viva, Apesar de Mim Mesma
Capítulo 19 - Diga Que Nada Tem Que Mudar
Capítulo 20 - Eu Poderia Mentir
Capítulo 21 - Onde Você Possa Me Ver
Capítulo 22 - Ascenção ao Trono
Capítulo 23 - Rainhas do Grito
Capítulo 24 - Viva, Bonnibel
Capítulo 25 - Três Palavras Aterrorizantes
Capítulo 26 - Flores em Chamas
Capítulo 27 - Sob o Toque Dela... As Avessas
Capítulo 28 - Você Se Foi, E o Mundo Agora é Nosso
Capítulo 29 - Perdoar Não é Esquecer
Capítulo 30 - O Garoto É Um Cafajeste... O Melhor Que Você Já Teve
Capítulo 31 - Como Você Poderia Saber?
Capítulo 32 - Um Pé No Berço, O Outro Na Cova
Capítulo 33 - Eternamente Srta. Petrikov
Capítulo 34 - Não Preciso de Ajuda, Posso Me Sabotar Sozinho
Capítulo 35 - Muita Coisa, Pouco Tempo
Capítulo 36 - Nem Amargo, Nem Doce
Notas Finais e Agradecimentos
Todos Para O Jardim, Lá Tem Algo Esperando.

Capítulo 8 - Como organizar uma revolução adolescente

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By TersyGabrielle

Ainda tem alguém aí?

É, eu sei. Muito, muito tempo.

Eu não sei muito bem como explicar tudo, mas meu ano passado não foi lá muito bom. Esse aqui também não começou ótimo. Nem preciso dizer que tem ficado cada vez pior.

A boa notícia é nesse mês estou de férias do trabalho e de quarentena, então terei mais tempo. Creio que vou atualizar pelo menos mais umas duas ou três vezes esse mês. Talvez a gente tenha mais constância nas postagens de agora em diante, mas não posso prometer nada, sabe? Bloqueio criativo é uma merda. Mas espero que fique tudo bem <3

Tomara que ainda tenha alguém aí lendo, e que me perdoem a demora. Só lembrando que tem meu twitter no meu perfil, então se eu eu desaparecer de novo, aceito puxão de orelha por DM ou mention kkkk

(Mas falando sério, o feedback e a cobrança de vocês é motivador, e eu sou mais ativa por lá do que por aqui. Fica a dica hehe)

Espero que gostem, boa leitura! xoxo
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"Eu não acredito nisso, Zanne. Mas que merda!"

Marceline simplesmente rasgava passagem a sua frente, pisando duro no chão e bufando de puro ódio. As pessoas saíam de sua frente com medo. Bonnibel vinha logo atrás, tentando inutilmente acalmá-la.

E tentando não se deixar afetar pela garota estar brava ao ponto de chamá-la pelo sobrenome.

"Você precisa se acalmar, Marceline. Ficar desse jeito não vai ajudar em nada."

"E o que é que você sabe disso, princesa?", ela respondeu, virando para a garota com os olhos queimando de raiva.

"Ei, eu não tenho culpa disso! Só estou tentando ser sua amiga e aju-"

"Não somos amigas, Bonnibel."

A garota ficou em choque, porém durou apenas alguns segundos. Escolhendo outra abordagem, amarrou a cara e cruzou os braços.

"Ótimo, que se foda isso então. Estou tentando ser a porra da presidente de classes, e é parte da minha obrigação fazer alguma coisa sobre o que aconteceu. Então faça o favor de acalmar o caralho da sua raiva e me ajudar a pensar numa solução pra isso, porque é sua obrigação como presidente do grupo LGBQ+ também!"

Algumas pessoas ao redor pararam para observar a comoção. Bonnibel não era do tipo de falar tão alto, muito menos xingar. Marceline ficou estatística no lugar. Depois simplesmente continuou a andar, porém dessa vez calmamente e sem gritar com a outra.

Não é preciso dizer que um pedido de desculpas nunca veio.

"Só não consigo acreditar nisso. Como a diretora pode ser tão ridícula, Bonnibel? Não faz sentido. Isso é horrível."

A grande questão era o posicionamento da diretoria da escola sobre os pedidos delas. Marceline havia iniciado um enorme projeto para uma semana de conscientização sobre transexualidade na escola, e algumas possibilidades de punição para o comportamento preconceituoso com esse grupo, visando evitar novos ataques como o que Kevin sofrera.

Porém, o projeto não foi aceito pela diretoria. Com o argumento de que o tema era "demasiadamente político" para adolescentes, a direção havia determinado que a contratação de dois seguranças extras seria o suficiente para impedir novos ataques dentro do prédio da escola.

"Eu não sei, Marceline... Eu não sei."

"Eu acho que sei o que é", respondeu Marceline. A essa altura, ela já havia saído do colégio e feito Bonnibel a seguir até a área externa, num local afastado onde ela poderia fumar. Fez uma pausa para acender o cigarro, e prosseguiu: "Escola particular. Tem gente muito rica dando dinheiro a eles pra que seus filhos estudem aqui. Gente rica normalmente é bem escrota - e eu sei disso porque minha família tem dinheiro, eu conheço essa gentinha. Um bando de conservadores de merda. Se a escola achar que uma medida vai afastar esses pais pagadores, eles não vão tomá-la. Nosso bem estar não vale mais que dinheiro."

"Eu não vou nem tentar argumentar contra. Pra ser sincera, se meus pais se importassem o bastante, eles mesmos tentariam boicotar uma ação dessas."

"Não sei o que eu faço" - Marceline estava sentada em uma pedra, a mão começava a tremer em volta do cigarro. "Se eu não fizer nada, vou ter falhado com todos eles. Comigo mesma. Pra que merda é que eu sou presidente do grupo se eu não posso fazer nada? Porra, eu preciso fazer alguma coisa."

"Hey," - Bonnibel se aproximou, uma mão gentil no ombro da outra garota, que parecia prestes a cair no choro "fica calma. É uma situação de merda, mas se você perder a cabeça, não vai resolver nada. A gente precisa parar e pensar em um próximo passo."

"E que passo é que eu posso dar?"

"Bem, é isso que a gente precisa avaliar" - Bonnibel se sentou de frente para Marceline, tentando pensar em algo que fosse útil para a situação. Se concentrou na fumaça.

A fumaça do cigarro de Marceline subia pelo ar e se entranhava nos ramos das árvores. O som era somente da brisa nas folhas, um ou outro pássaro passando casualmente, os seus sapatos amassando folhas secas no chão.

Uma ideia.

"Lembra quando eu disse que você precisaria da simpatia dos alunos caso a diretora lançasse seus projetos para votação? E te liberei um show na abertura do jogo?"

"É, eu não tenho Alzheimer. Isso foi a pouco tempo."

"Cala a boca", seu pensamento foi brevemente interrompido pela risada fraca de Marceline. "Bem, acho que as coisas não mudaram muito. Ela talvez ainda esteja disposta a ouvir a opinião dos alunos em relação a essas coisas. O que você precisa agora, mais que nunca, é apoio popular. Por que se você tiver gente o suficiente do seu lado, você pode começar um movimento dentro da escola em prol de políticas anti-LGBTQfobia. A gente pode até se junta ao clube da Priscilla e incluir medidas anti-racismo nesse movimento."

"Bonnibel Zanne" - disse Marceline, logo após dar a última baforada no cigarro. Ela fez uma pausa, apagou a bituca com a sola do sapato, e prosseguiu, olhando nos olhos da outra: "você está sugerindo que eu ganhe confiança e inicie uma revolução dentro da escola? Tipo, um ato político?"

"Ahn... sim?"

"Hm", a garota permaneceu olhando fixo para Bonnibel. Depois, sorriu. "Garota, as vezes você me dá motivos pra gostar de você. Pra sala de música, vamos" - ela se levantou e ofereceu a mão, ajudando Bonnibel a se levantar, "acho que sei o que eu posso fazer pra essas pessoas gostarem de mim."

"Vai cantar pra elas?"

"Também." O rosto de Marceline aderiu aquele olhar voraz, perigoso. Bonnibel se arrepiou de leve. "Mas dessa vez com uns extras. E com extras eu quero dizer álcool e quartos vagos. É hora da festa, princesa."

Bonnibel sorriu pra ela. "Ótima, ÓTIMA idéia!"

Mas por dentro seu estômago afundou. Aquela sensação de taquicardia. Ela sabia que era por um bem maior.

Mas preferiria morrer.

[...]

"A PRIMEIRA FESTA DO ANO LETIVO VAI SER REGADA PELA VIADAGEM, MEUS AMORES" disse Pricilla, desfilando pela sala de música. Seus cabelos volumosos foram jogados para o ombro, enquanto ela fazia uma pose, exibindo seu vestido lilás.

"Na verdade, patrocinada pela viadagem. É uma festa pra atrair gente hétero cis e conquistar... os votos deles? Ou algo assim. Tem que ser apelativa pra eles. Nada muito... gay?" - disse Marceline, enquanto afinava seu baixo.

"E qual é a graça de uma festa que não é gay?" - disse Marshall, que estava jogado em um puff no canto.

"Sei lá. Bonnibel, você é a representante desse grupo social aqui. Qual é a graça de uma festa que não é gay?" perguntou Keila, sentada entre Marshall e Bonnibel nos puffs.

"Eu sou a pior fonte possível. Eu não gosto de festa" - disse ela, brincando com uma mecha do cabelo cor-de-rosa. Marceline a olhou como se observasse um alien.

"Como assim? Até onde eu sei, seu bondinho é basicamente a fonte das maiores festas dessa escola." - disse Guy, confuso. O restante do grupo também pareciam querer uma resposta.

"Eu só não sou muito fã de festas. Álcool, música alta, gente transando nos quartos... não vejo o apelo.

"Você é a popular mais nerd que eu conheço" disse Marceline, a analisando. "Meio que gosto disso", ele completou, um meio sorriso para a garota.

Bonnibell retribuiu o meio sorriso. Aparentemente ela vinha passando em vários dos testes pessoais de Marceline.

Verdade seja dita, a garota de cabelos negros também havia passado em alguns dos seus.

"Mas podemos contar com você pra divulgar a festa pra escola, né? Precisamos do maior número de pessoas possível."

"Ah, podem contar com isso. Eu posso não ser fã de festas, mas meus amigos são 100% experts em fazer com que elas aconteçam. Essa festa vai bombar" - ela respondeu, dando uma pequena palma.

Marceline de levantou de onde estava, olhou em volta para os instrumentos e retornou o olhar para os amigos.

"Vamos mostrar a eles como se faz uma festa de verdade."

[...]

"Voce acha mesmo que isso seja uma boa ideia?" - disse Hayley, sentada na cama de Bonnibel. Ela e Lucy estavam na casa da amiga, onde anteriormente faziam o dever de casa. Agora, as duas observavam Bonnie retocar a tinta do cabelo.

"Por que não? É uma festa, oras. Não são vocês que adoram uma festa?"

"Sim, mas as nossas festas", disse Lucy, brincando um uma mecha do cabelo, que tinha as pontas coloridas, formando um arco-iris. "Essa é uma festa organizada por adolescentes LBGTQ. Não acha que pode ser meio... diferente do que o nosso pessoal está acostumado?"

"Marceline quer que essa festa seja apelativa pro público cishetero. Ela quer conquistar o apoio deles. Vai ser uma festa comum, só que num espaço maior."

"Eu não acredito que a gente vai numa festa numa boate de verdade!" - disse Hayley.

Marceline havia contado para Bonnibell que sua mãe era dona de uma rede de baladas LGBTQ+, chamada Noitosfera. Um dos prédios , num dos pontos que a mãe considerara menos atrativos e lucrativos, foi reformado com capacidade para show ao vivo e dado de presente para Marceline e Marshall algum tempo atrás, onde eles poderiam fazer shows com sua banda de acordo com a permissão e supervisão de sua mãe. Porém, Marceline havia conseguido burlar um pouco as regras, surrupiando as chaves do local e as copiando. Assim, ela tinha acesso livre ao espaço, onde ocorriam várias festas para os seus amigos (e os amigos dos amigos, e os amigos dos amigos desses amigos...). Basicamente as festas eram anunciadas com bastante antecedência, os participantes se juntavam para conseguir a bebida, Marceline "molhava" a mão de alguns seguranças que sua mãe conhecia e pronto: uma balada LGBTQ+ só para adolescentes. Ninguém de maior tinha permissão pra entrar. O público adolescente também era limitado pra evitar maiores problemas. Tudo muito organizado.

"Não sei bem por que isso é tão necessário. Se a diretora disse que não vai aprovar esse tipo de movimentação na escola, não sei por que insistir nisso", disse Lucy, agora em pé atrás de Bonnibell e ajudando a espalhar o tonalizante em uma mecha de cabelo na parte de trás de sua cabeça.

"Você diz isso por que não foi você nem nenhum amigo seu que foi espancado até quase morrer" - respondeu Bonnibel, séria. As outras duas se calaram. "Isso não é uma tentativa de fazer arruaça na escola. Alguém quase morreu por que tentou usar o banheiro. Nenhuma de nós nunca vai saber como isso é. Ninguém deveria saber como isso é. A Marceline e o resto do clube só querem garantir a própria segurança.

O silêncio prevaleceu por um tempo, interrompido somente com alguns comentários sobre a tinta no cabelo de Bonnibell. Depois o clima pesado se diluiu, elas continuaram a conversar sobre a festa, o que usariam, Hayley e Lucy comentando sobre meninos que queriam convidar (e tentar a chance com eles, é claro) enquanto Bonnibel apenas dava pequenas opiniões sobre os interesses românticos das amigas, sem realmente ter um para chamar de seu.

Com o passar das horas, agora com o cabelo já lavado e seco, o tom de rosa novamente bem vivo e brilhante no cabelo, Bonnibel agora tinha outra preocupação. Não sabia o que usar na festa.

"Você tem um mundo inteiro de vestidos aqui!" - disse Lucy, passeando pelo rio de vestidos pendurados pelo closet de Bonnibell.

O closet era do tamanho de um quarto grande, lotado de roupas, acessórios, sapatos. Um número considerável de coisas cor de rosa e em tons pastéis no geral.

"Não sei bem o que usar. É uma festa de escola, mas é numa balada. A gente deveria de vestir diferente quando a festa não é numa casa, e sim numa balada?" - perguntou Bonnibell, segurando nas mãos uma regata cor de rosa, um par de jeans brancos. Procurava por um par de all stars.

"Você não vai de calça" disse Hayley, tomando a peça de suas mãos.

"Não mesmo", disse Lucy. "Sim, você deveria ir com algo mais... Impactante."

"O que você quer dizer com isso?" - disse Bonnibell.

"É a primeira festa do ano letivo, Zane" - disse Lucy, procurando entre vestidos de Bonnie algo que considerasse adequado. "Mesmo que só vá ter adolescentes da escola, provavelmente as turmas do último ano estarão lá. Você vai ser vista. Essa festa é, em parte, sua também. Foi sua ideia, não foi?"

"É, foi sim. Mas onde você quer chegar?"

"Esse momento é importante, sim, pras causas da Marceline" - disse Hayley, já entendendo onde Lucy estava indo com a conversa - "mas você ainda é a representante de classe, a chefe das líderes de torcida, a queridíssima Bonnibell. Sabe, essa festa pode colocar a Marceline num patamar... que não é bem o dela."

"Eu... eu não acho que isso seja uma questão de popularidade agora. É uma causa maior, não é? Eu não quero ser mesquinha e..."

"Não seja boba, Bonnibell." - disse Lucy, decisiva - "Mesmo que não seja a intenção dela, Marceline VAI fica popular com isso. Mesmo que intenção dela seja só ter influência o suficiente pra ter apoio das pessoas, você acha mesmo que essa influência não vai colocar ela em um determinado patamar de popularidade geral? Ela vai entrar pro nosso meio. O seu papel é deixar claro pra todo mundo naquela festa que Marceline e sua tropa podem até entrar pra nobreza, mas o trono é e vai ser sempre seu. Você tem que arrazar nessa festa."

Ela finaliza seu discurso entregando seu vestido escolhido para Bonnibell, levando-a até um dos espelhos, onde a garota segura o vestido em frente ao seu corpo.

Bonnibell não quer ser vista. Não quer desfilar pelo evento em um vestido glaumuroso. Não quer tomar o holofote de Marceline. Mesmo que no fundo esteja levemente preocupada com sua posição no colégio, essa preocupação vinha de dissipando ao acompanhar a recuperação de Kevin, principalmente após visitá-lo no hospital. Havia coisas mais importantes com que se preocupar.

Mas essas decisões não lhe cabiam, nunca couberam. Era sempre uma das outras duas que decidiam onde ela iria. Como iria. O que ela vestiria (como estavam fazendo naquele momento). Como se comportaria e o que deveria ser importante.

Outras pessoas davam as regras, ela seguia. O sonho de popularidade era muito mais de Lucy e Hayley do que dela, mas ela é quem tinha o perfil de rainha do baile. Ela conseguiria facilmente chegar lá, e assim elas poderiam vicariamente viver aquela vida agitada de ensino médio.

Estava acostumada a ser um veículo para que outros vivessem suas próprias fantasias.

[...]

Marceline estava finalizando os preparativos do bar. O bartender já havia sido pago (muitíssimo bem pago pra não dedurar nada para sua mãe), e estava a postos. As pessoas começavam a chegar, primeiro o seus convidados de sempre, ainda temerosos com a presença de alunos não-queers na festa. Mas Marceline fizera questão de gastar um pouco mais com seguranças, fazendo questão de convocar os maiores e mais mal encarados que encontrasse. Um aviso escrito "COMPORTAMENTO PRECONCEITUOSO RESULTARÁ EM EXPULSÃO IMEDIATA" estava na entrada da festa (que nada verdade estava acontecendo pelos fundos para evitar chamar a atenção da polícia, como sempre) e espalhado pela boate.

Depois de passar a mão nas chaves da boate, Marceline e Marchall deram uma mexida na decoração com o passar do tempo. Uma das mudanças foi feita no camarote principal. Ele era reservado especialmente para a banda e poucos convidados mais íntimos. O ligar era bem espaçoso e luxuoso, mas o que chamava mesmo a atenção era outra coisa.

Marceline havia levado para lá uma cadeira grande e antiga que sua mãe havia lhe dado como presente quando ela tinha 14 anos. Era enorme, com estofado vermelho, madeira forte pintada de negro, com desenhos imponentes talhados no encosto. A cadeira mais parecia um trono, e foi colocada ali justamente com esse propósito.

Era o trono da rainha da Noitosfera. A rainha das festas escondidas de um grupinho restrito de adolescentes queer em Nova York.

Ela amava aquele lugar. Dali, ela observava o movimento da festa, as pessoas vivendo loucamente por uma noite. Podia ver todas as pessoas.

Podia ver as garotas.

Certo, vamos incluir você no universo que eram as festas na Noitosfera:

Por algum tempo, Marceline estaria ali, no meio das pessoas, curtindo, bebendo e dançando. Talvez beijasse uma boca ou duas. A um certo ponto, ela subia ao camarote, sentava em seu trono, e observava. Ficaria ali o tempo que fosse necessário para tomar sua decisão. Uma vez tomada, ela pedia que o som fosse abaixado um pouco. As pessoas sabiam o que era, olhavam para ela em expectativa. Ela então apontava o dedo, ele mostraria uma pessoa. Uma garota. Ao som dos gritos e aplausos das pessoas, a sortuda iria até seu prêmio: acesso ao camarote de Marceline. Seu trono, seu colo. Havia um quarto logo atrás do camarote, montado por ela no decorrer do tempo.

Mais tarde, a sortuda teria acesso ao prêmio final ofertado por Marceline.

Sua cama.

[...]

Agora a festa estava esquentando, todas as pessoas chegando. Os alunos que não estavam habituados a esse universo de boate pareciam impressionados. Os que já eram da casa os recebiam de braços abertos, uma aliança parecia ser firmada.

Nessa noite Marceline ficou pouco na pista. Recebeu as pessoas, conversou um pouco, mas logo já estava em seu local de destaque. Queria ser vista, queria mostrar a eles que era a dona do evento. Fazia parte do plano, afinal. Mas principalmente por que estava sedenta por escolher quem seria a "princesa" da noite. Já tinha uns dias que não ficava com ninguém. A situação toda em que se encontrava a deixava estressada e aflita. Tinha que descontar em algum lugar.

Bonnibell e o seu grupo estavam atrasados. Ela estava um pouco inquieta, reclamando com Keila, que ao seu lado dividindo uma garrafa de tequila. Estava a ponto de mandar uma mensagem quando a viu entrando na pista.

Bonnibell estava com o cabelo ondulado, cascateando pelos ombros. Os olhos tinham uma maquiagem clara, com um delineado forte e marcante. Os lábios em um tom vermelho chamavam a atenção a distância, mas o principal era o vestido.

O tecido descia justo pelo corpo da garota, revelando mais curvas do que se esperaria de uma líder de torcida. O decote era delicado, mas ainda podendo provocar, e uma fenda na perna esquerda, iniciando no meio da coxa. O vestido terminava antes da batata da perna, não muito curto. O tom era um rosa escuro, meio sedutor.

Marceline se ajeitou no acento. Mal reconheceria a garota, não fosse o tom forte de seu cabelo rosa. Ficou parada, olhando a garota, perdendo um pouco a noção de onde estava.

Seu olhar cruzou com o de Bonnibell, o mundo ficou em silêncio.

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E então??? Ainda mereço um voto? Um comentário? Um cafuné? (sim, eu sou carente)

Por favor, seu feedback é importante! Espero ter te entretido na sua quarentena.

Fiquem em casa, lavem as mãos, e até a próxima!!

- Tersy ❤



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