FIEL

By DulciVerissimo

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Selena Cadori, após anos de estudos, consegue seu primeiro emprego. Ela recebe um aviso solene de como se por... More

Notas da Autora
Personagens
Epígrafe
⏩ Prólogo
⏩ Conquista
⏩ Aviso Solene
⏩ Olhos Brilhantes
⏩ Perguntas Sutis
⏩ Em Comum
⏩ Uma Nova Realidade?
⏩ Um Agrado
⏩ Proteção
⏩ Intentos
⏩ Um Convite
⏩ Restauração
⏩ Firme Convicção
⏩ Ciúmes
⏩ Antiga Amizade
⏩ Frustração
⏩ Espada de Dois Gumes
⏩ Coincidência
⏩ Alegria e Pavor
⏩ O Real Motivo
⏩ Ações de Graça
⏩ Favor Imerecido
⏩ Visita
⏩ Na Chuva
⏩ Compras
⏩ Tempero
⏩ Adversidade
⏩ Fraqueza
⏩ Repressão
⏩ Mercê
⏩ Cirurgia
⏩ Encontro
⏩ Amizade
⏩ Muito Melhor
⏩ Preparação
⏩ Armadilha
⏩ Defesa
⏩ Partida
⏩ Carta
⏩ Em Paz
⏩ Um Só Coração
⏩ Sem Temor
⏩ Tornam-se Um
⏩ Epílogo
VÍDEO RESUMO
TESTEMUNHO
AGRADECIMENTOS
LEITORAS!
Grupo no Whatsapp- Clube de Leitoras CQ

⏩ Coração Partido

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By DulciVerissimo

Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra”. (Sl 119:9)

O bíblia foi fechada e uma breve oração foi feita, o livro voltou para o seu lugar: o criado mudo ao lado da cama.

Ele seguiu enquanto apertava a sua gravata para a janela de seu quarto a fim de ver a paisagem da cidade. Seus olhos azuis ficavam mais claros em frente à luz do sol, parecia o próprio céu. Ele pôs o blazer cinza e estava pronto para assumir suas responsabilidades na empresa novamente. 

Danilo havia passado dois anos na Espanha fazendo seu mestrado, aproveitou para se aprofundar nos estudos em outros cursos e acabou voltando mais qualificado do que pensara. Sendo assim, o vice-presidente da empresa, seu padrinho, o colocou como supervisor do departamento de contabilidade. Ele não ansiava voltar a trabalhar naquele lugar novamente, mas depois que soube da condição de saúde do padrinho voltou sem questionar.

Saiu do apartamento e encontrou a Sra. Gracinda andando só de roupão no corredor. E então falou para a senhora de 70 anos.

– Está querendo fazer alguém se apaixonar, Sra. Gracinda? Olha que eu me candidato, hein? – ele disse sorrindo e a senhora não deixou de gargalhar.

– Eu já estou fora da pista, meu filho, mas eu tenho uma neta. – Ao ouvir aquilo Danilo caiu na risada. – Não ria, eu acho que vocês fariam um belo casal – ela disse o puxando para baixo a fim de ajustar a gravata. – Meu falecido marido fazia a gravata que nem você. – Ela deu uma afrouxada e melhorou o nó, deixando-o perfeito. – Você precisa de uma esposa.

– Ah! Mas veja como Deus é bom, Ele não me deu uma esposa, mas concedeu a senhora para ajeitar minha gravata – falou, dando um beijo nas bochechas enrugadas da velha senhora charmosa.

– O nosso Deus é muito bom, não é? – ela perguntou retoricamente.

– Ele é sim! – Danilo piscou para ela.

– Mas se você quiser conhecer minha neta, ela chega neste sábado. – A senhora bateu no ombro dele.

Danilo riu e assentiu, ao se despedir caminhou em direção ao elevador, deixando a senhora para trás.


Ao chegar ao térreo do prédio, avistou a pequena Mel caminhando em sua direção com sua grande caixa quadrada de cor rosa.

– Sr. Kanaski essas rosquinhas estão mais maravilhosas do que nunca.

– Não foi o que você me disse ontem, Mel? – Ele arqueou a sobrancelha.

A pré-adolescente olhou para o lado, pensativa e logo respondeu:

– Mas uma confeiteira sempre faz um dia após o outro um melhor doce. Então sempre tem que comprar porque a cada novo amanhecer tem a melhor rosquinha.

– Vou comprar só por causa do seu discurso – ele sorrindo tirou o dinheiro da carteira e comprou cinco rosquinhas açucaradas. – Mel, se eu morrer de diabetes a culpa será sua.

– Não mesmo! Por que eu serei médica e cuidarei do senhor pessoalmente! – Ela arqueou a sobrancelha.

– Eu espero – disse ele, mordendo aquele agradável doce.

Danilo olhou para o grande relógio de ponteiro que fica perto da porta de saída e arregalou os olhos.

– Estou atrasado! – declarou e saiu apressado em direção ao estacionamento. – Que grande exemplo eu sou. – Deu partida no carro e seguiu rumo ao trabalho.

***

O sol da segunda feira raiou sobre as cortinas do quarto e Selena apertou os olhos, mirando na direção do relógio que apontava às 6h30min. Ela pulou da cama em desespero. Oh, não podia ser! Havia perdido a rota!

Correu em direção ao banheiro para se arrumar e voou para fora a fim de pegar um ônibus, assustando até mesmo os pais que estavam na sala e a viram passar como se fosse um furacão ao lado deles.

O ônibus demorou cerca de 15 minutos para passar, mas finalmente chegou. O percurso durou cerca de 30 minutos. Céus! Ela chegaria muitíssimo atrasada. E para piorar, o coletivo só a deixava num certo caminho. Ou pegaria outro ou andaria mais 25 minutos até a entrada da empresa. Chegando à segunda parada, esperou pelo transporte, mas este não passou, então resolveu andar.

No começo da caminhada, enxergou uma Hilux prateada se aproximar. A jovem ficou com medo, pois não conhecia ninguém com aquele carro. O veículo parou ao seu lado e o vidro baixou. Ela imediatamente reconheceu o motorista, era o homem da festa.

– Olá!

– Oi Selena e você está atrasada – ele disse, vendo a hora no relógio.

– Isso eu sei! – declarou ela, agitada.

– Vamos, eu te dou uma carona, estou indo pra empresa também – ofereceu com gentileza.

Selena suspirou e declarou: – Você foi um anjo que Deus enviou. – Abriu a porta do carro e entrou.

– Eu sei que sou! – ele confirmou sorrindo e deu partida. – Quer rosquinhas? – ofereceu apontando para um saco de papel ao lado.

– Não, obrigada!

– Ei, não seja tímida. Sei que não tomou café da manhã e nem vai comer até a hora do almoço, então é melhor comer logo.

– Como sabe que não comi nada? – ela ergueu a sobrancelha.

– Considerando que você acordou atrasada, deve ter saído de casa que nem uma louca.  – Ele olhou para ela com um sorrisinho contido.

Ela abriu a boca para protestar, mas apenas arfou na cadeira consentindo com a sua razão. Resolveu pegar o pacote e comer algo porque, realmente, seu estômago estava pedindo por algo e ela precisava estar bem alimentada. Não que aquilo fosse o ideal, mas já ajudava.

– Obrigada mais uma vez – agradeceu, mordendo o alimento.

– Disponha! – Ele sorriu.

***

Gustavo havia chegado à empresa esperando ver Selena no refeitório, porém ela não se encontrava. Ficou pensando no que teria acontecido. Após o desjejum seguiu para sua sala e mais uma vez resolveu apreciar a visão da rua através de sua gigantesca janela de vidro.  Com seu café preto em mãos, avistou Danilo sair do carro e indo abrir a porta do carona, não deu muita atenção até perceber que a pessoa que desceu era Selena.

Ao contemplar a cena, uma raiva subiu dos pés a cabeça. Será que ela estava tendo um caso com Danilo? Era ele o impedimento deles ficaram juntos? Ele sabia que Danilo só iria trazer mais desgosto para sua vida. Inferno!

Ele observou o envolvimento dos dois, com muitas risadas e conversas fluidas por ambos os lados. Ele não iria deixar assim tão de graça aquilo. Não mesmo. Saiu de sua sala em direção à entrada por um caminho que conhecia bem. Como premeditara, acabou encontrando com ambos no caminho. Um silêncio ensurdecedor pairou sobre os três por um momento. Gustavo rompeu o mesmo com uma saudação:

– Selena, bom dia. – O olhar dele estava atento às movimentações de ambos.

– Ah! Bom dia, Sr. Devin – ela o saudou nervosa.

Por que ela o tratara pelo sobrenome novamente? Quais motivos para tanta formalidade? Gustavo se questionou.

– Bom dia, Gustavo, como vai? – perguntou Danilo, sorridente.

– Bem – respondeu, rispidamente. – Selena, preciso conversar com você.

– Tudo bem, mais tarde passo na sua sala – o informou, entrelaçando as mãos tentando esconder seu nervosismo. – Agora se me derem licença, preciso me retirar, pois estou atrasada. – Despediu-se dos dois homens e fez menção de sair, contudo Gustavo segurou seu braço.

– Não, eu estou dizendo para conversarmos agora – ele falou, seriamente.

– Mas estou atrasada. – Tentou argumentar, contudo o que ela queria era se afastar dele.

– Você poderá dizer para o seu chefe que estava em reunião comigo. Por isso chegou tarde, será um excelente álibi.

– Eu...

– Vamos? – chamou-a com um olhar mortal.

Danilo percebendo o incômodo da jovem, disse:

– Selena, se não está bem não precisa ir.

– Ela está bem! – Gustavo alterou a voz para o jovem de olhos azuis.

– Não é o que parece e você não pode obrigá-la – retrucou Danilo no mesmo tom.

– Rapazes, não discutam! – ordenou Selena para os dois. – Obrigada, Danilo, mas é melhor eu conversar com o Sr. Devin. – Ela olhou para Gustavo de soslaio.

Gustavo começou a andar e Selena o seguiu em direção sua sala. Kanaski ao ver aquilo balançou a cabeça, sabendo que algo não estava certo entre aqueles dois, contudo não podia fazer nada no momento e se direcionou ao seu posto de trabalho. 

– Sra. Ezenete, se alguém me chamar, por favor, diga que estou em reunião. Informe à administração que a Srta. Selena encontra-se na minha sala. – Deu as devidas ordens a sua secretária particular.

– Sim, senhor. Deseja algo mais?

– Não, obrigado! – E adentrou sua sala.

O oxigênio parecia faltar dentro daquele ambiente. Selena estava ansiosa sobre a conversa com Gustavo, ela sabia que ele tinha ciúmes de Danilo, apesar de nunca ter dito era algo nítido. Além do mais, Gustavo demonstrava raiva. Será que era ainda por conta de sábado? Sentia-se perdida no mar de seus confusos sentimentos. Permaneceu calada.

– Não vai dizer nada? – indagou Gustavo, olhando friamente em sua direção. 

– Não sei o que deveria dizer, Sr. Devin. – Ela umedeceu os lábios inferiores e desviou o olhar para uma estante de livros.

– Por que está me chamando de novo pelo o sobrenome?

– É mais coerente. – O ar ficava cada vez mais escasso para ela.

– Não é nada coerente! – Ele suspirou, tentando manter o controle. – Selena, por que chegou junto com Danilo?

– Eu estava atrasada e o encontrei na entrada da empresa. Ele me deu uma carona, foi muita gentileza – explicou o ocorrido.

– Você poderia ter me ligado, eu teria ido buscá-la em casa.

– Não vou dá esse trabalho para você – disse como se fosse o óbvio.

– Por que não? – Ele começou a se aproximar.

– Não é certo... Nem tenho motivos pra fazer isso. – Ela balançou a cabeça, sentindo suas pernas fraquejar a cada passo dele para mais perto de si.

– Mas...

– Sr. Devin, preciso ir. – Virou-se em direção a porta.

– Pare de me chamar assim! – vociferou e ela parou no mesmo instante, virando-se para ele não entendendo aquele surto de raiva. – Selena, eu não sei o que fazer – declarou sua aflição, após ver o olhar assustado dela.

– Não compreendo!

– Eu não paro de pensar em você – ele revelou. – Sabe, é mais forte do que eu, contudo não sei dizer se é paixão, amor ou só atração, mas eu só sei que você está constantemente nos meus sonhos – confessou e soltou o ar que prendia nos pulmões.

As palavras tiveram um som de doce música para Selena. Ele havia se declarado. Não foi exatamente como ela imaginara, mas era real. Mas isso só demonstrava como as coisas só pioravam para ela. Céus! O que ela faria agora? O que diria? Contaria toda a verdade? Exporia todos os seus sentimentos assim? Não, não deveria.

– Fale alguma coisa – pronunciou Gustavo, vendo a inexpressão no rosto dela.

– Não sei o que dizer neste momento. – Foi o que ela conseguiu dizer. Porque talvez se falasse mais, simplesmente se renderia a ele.

Ele a segurou pelos ombros levemente.

– Selena, ver você com Danilo ou qualquer outro é doloroso pra mim.

– Não sou sua propriedade. Nem temos compromisso nenhum. – Tentou se afastar dele, pois ao senti-lo tão perto percebia a guerra dentro dela em grande dimensão.

– Por que foge de mim? Será que eu sou tão indesejado por você? – Os olhos verdes dele carregavam tanto pesar.

O QUÊ? Ela reunia uma força descomunal para se permanecer longe dele. Reprimir todo o sentimento dentro de si não era fácil, na verdade doía profundamente. Uma lágrima desceu sobre sua face. Gustavo viu aquilo e perguntou:

– O que está acontecendo, Selena?

– Nada. – Ela fungou e procurou se recompor. – Só não podemos – Balançou a cabeça em negação.

– Mas, por que não? Somos adultos, livres, não temos impedimentos.

– Temos sim, todavia você não entenderia. – Desprendeu-se dos braços dele. – É melhor nos afastarmos de vez.

– Não, Selena, eu não posso ficar longe de você. – Ele acariciou a bochecha dela. – Eu esperei anos por alguém como você, por favor, não me peça isso. – Lágrimas caíram do rosto dele.

– Desculpa, mas é o melhor a se fazer. – Selena tirou a mão dele do seu rosto, segurando as intensas lágrimas, que não demorariam descer em seu rosto, caminhou em direção à porta.

Quando ela estava prestes a girar a maçaneta, ele declarou com a voz embargada:

– Fica comigo! – Aquelas palavras esmagaram seu coração. – Vamos namorar por um tempo e ver como as coisas se desenrolam. – Ela sentiu em sua nuca a respiração dele, um arrepio percorreu todo seu corpo. – Eu quero você, Selena. Eu sei que gosta de mim, nunca declarou isso, mas eu percebo.

Ah! Aquele pedido quantas vezes ela também o havia imaginado. Senhor, por que as coisas ficaram mais difíceis? O que ela mais queria era correr para os seus braços e aceitar. Seria tão mais fácil. Sempre quis ser correspondida, mas não era e agora não podia.  No meio de seu silêncio interno, um versículo ressoou: “Que união tem a luz com as trevas? O crente com o ímpio?”.

A batalha na mente e no coração dela era massacrante. Ela sabia o que Deus queria e qual era a relação dele para com aquele namoro, ou seja, não seria aprovado. Apesar de ser extremamente doloroso, com a graça do Senhor ela escolheu as escrituras.

– Nós não podemos ficar juntos. – pronunciou por fim. – Eu sinto muitíssimo. – O abraçou rapidamente e partiu. Deixando para trás um coração partido, sendo que o dela havia se quebrado em milhões de pedaços.

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