Nunca fui de acreditar muito em destino, mas agora, depois de todos os momentos passados e de todas as minhas certezas infindáveis, tudo parecia fazer mais sentido. Olhando nos seus olhos, frios e raivosos, consegui perceber que nada que eu fizesse poderia mudar o que aconteceu, nada do que eu fizesse poderia evitar isso. Eu sabia que seria este o resultado, mas pensava que teria mais tempo, que eu poderia explicar o que se passou e o mais importante: poderia explicar o que aconteceu entre nós. Mas ele olhava para mim do jeito que deveria ter olhado desde o dia em que nos conhecemos, mas que por um (in)feliz acontecimento, não foi como deveria ter sido.
Claro que para mim foi perfeito, para ele também havia sido e naquelas circunstâncias, pois ele achava que eu era outra pessoa. Eu poderia dizer que tinha sido ele o culpado, que ele acabou confundindo toda a história, porém, eu estaria mentindo e ontem fizemos uma promessa.
Eu havia planejado em contar a ele toda a verdade hoje, mas não consegui, deixei que as horas do dia passassem e me carregassem junto com elas e logo já era hora do jantar. Eu sabia que teria de ter contado a ele antes, porque depois seria tarde demais. Não podia deixar chegar a esse ponto, mas quem disse que fui capaz de dizer alguma coisa? Que fui capaz de explicar a ele as minhas verdadeiras origens?
Este seria "o" jantar, conheceria os pais dele e seria apresentada a todo o reino, mas nada foi como eu esperava e também não deveria ter sido.
Mentiras que eu pensava serem ingênuas me trouxeram até aqui, a um lugar de prestígio ao qual eu nunca quis fazer parte. Não que eu soubesse o que eu queria de verdade. Tudo estava muito confuso. Só sabia uma coisa: queria ficar com ele.