Nós chegamos em frente a uma grande casa de madeira, ela tem uma porta dupla e um jardim imenso, o segundo andar tem grandes janelas de vidro que estavam sendo cobertas por cortinas brancas. Eu vejo no jardim uma casinha de cachorro e logo ao lado um pequeno laguinho com peixes nadando. A casa é cercada por um portão feito de algum tipo de ferro desconhecido para mim e suas grades aparentam ser fracas,porem algo me diz que elas são reforçadas. Ele me carrega até a entrada e me solta logo ali, ou melhor me joga no chão. Ao abrir a porta eu vejo uma grande sala com prateleiras que vão do teto até o chão, grandes poltronas com algumas almofadas, além tem um lindo quadro, com duas pessoas que eu deduzi serem seus pais. Eu sento em uma das poltronas e Castiel senta no chão, na minha frente e me começou a falar:-Você esta bem?
-Agora estou,obrigada...
-Não precisa me agradecer, agora a princesa me deve um favor, talvez isso seja útil em algum momento.
-Agora eu estou sem nada, não é como se eu podesse ter dar algo.
-Eu estou brincando com você! Você pode ficar o quanto tempo quiser, não é porque eu sou um demônio que eu vou cobrar favores.
-Ta ta, agora me diz, como você tem uma casa tão grande?
-Os pais da minha mãe eram ricos e deram essa casa de presente para eles assim que eles se casaram,ela foi queimada,mas eu reconstruí o que deu sobre os destroços.
-Então você também é rico?
-Poderia ser, mas eu não quero o dinheiro sujo deles.
-Como assim?
-Meus avós eram demônios do tipo que fazem contrato, eles enganavam muita gente e ganhavam dinheiro em cima disso.
-Pelo menos eles sabiam se aproveitar de suas habilidades.
-De um jeito terrível,mas, por favor, vamos parar de falar deles, esse não é um assunto que me agrade.
-Tudo bem, então, onde eu vou dormir?
-Você tem algumas opções, tem três quartos para empregado, um quarto para hospedes, o segundo quarto, que eu usava antes, e tem o meu quarto, caso você tenha medo de dormir sozinha.
-Acho que eu vou ficar no seu quarto.
-Sério mesmo?!
-É obvio que não, eu vou querer ficar no seu antigo quarto,eu creio que ele seja o maior dentre as opções.
-Vem comigo!
Ele me arrastou por uma escada, que nos levou até um corredor com muitas portas. Ele foi em direção da ultima porta do corredor, ainda sem soltar a minha mão, ele abre a porta e revela um grande quarto. Ele tem um lindo acabamento feito com tijolos, tem prateleiras vazias e um grande armário com desenhos talhados, a grande cama esta coberta por um cobertor cinza. Nada mal, talvez eu consiga colocar a minha personalidade aqui, já imagino como eu posso fazer, um cobertor rosa e algumas flores podem fazer toda a diferença. Castiel me deixou no quarto, para que eu pudesse pensar um pouco. Eu sentei na cama e comecei a pensar em tudo novamente, e finalmente eu senti todo o peço dos acontecimentos cair sobre mim, eu não tenho família, não tenho amigos, ninguém confia em mim, eu sou como um empecilho na vida dessas pessoas e eu estou dependendo das pessoas que sentem pena de mim,isso é ridículo. Eu choro mais do que em qualquer momento da minha vida, em um momento eu paro de me importar e me deito na cama, sem parar de chorar. Depois de algum tempo Castiel entra no quarto e preocupado me senta ao meu lado e me levanta para me dar um abraço. Ele começa a sussurrar no meu ouvido:
-Tudo bem, já vai passar..
-Como? Meus pais e a minha unica amiga morreram, eu não tenho ninguém!!
-Sobre seus pais, um dia passa, eu sei que agora parece que tudo vai desmoronar, mas acredite em mim, passa, e você não esta sozinha,eu estou aqui, com você...
-Obrigada, obrigada Castiel!-Eu abraço ele mais forte.
-Você parece fraca, vamos la em baixo, eu fiz sopa, a unica coisa que eu sei cozinhar.
Eu segui ele até a cozinha e comi algumas colheres de sopa, mas logo me senti satisfeita e me retirei e voltei para o quarto. Eu não me sinto disposta para fazer nada, eu estava tentando esconder a minha tristeza, mas agora que estou com alguém que me entende eu posso ter o meu pequeno período de luto. Eu deito a cabeça no travesseiro e depois de pensar muito sobre tudo eu pego no sono. Eu acordo com o sol batendo no meu rosto pois, infelizmente, eu esqueci de fechar a grande cortina. Eu levanto e vou até a cozinha onde encontro o Castiel todo sujo. A curiosidade toma conta de mim e eu vou até ele perguntar o que aconteceu:
-Alguma coisa explodiu aqui?
-Que engraçada! Eu estava tentando fazer uma torta que eu vi nesse livro de receitas- Ele balança um livro velho- Mas isso não quer dar certo!
-Você quer uma mãozinha?
-Boa sorte em conseguir fazer alguma coisa com as receitas desse livro!
-Vamos ver.... Torta de pêssego? Ja cozinhei isso diversas vezes.
-Independente disso, eu vou sair agora para encontrar com um amigo, você esta livre para fazer o que quiser.
Ele acaricia a minha cabeça e vai embora rapidamente e eu vou fazer a torta. Após terminar a torta eu pego um livro e sento na poltrona para ler, era um livro encapado com couro com "Eterno" escrito. Eu leio algumas paginas, porém o Castiel chega junto com um homem, ele é alto, tem cabelos platinados e curiosamente tem um olho de cada cor, um verde e o outro cor de mel. Eu vou até eles para recebe-los:
-Oi Castiel,oi desconhecido, oi cachorrão!
-Oi Alice, você ficou bem?
-Sim sem problemas! Mas por que você demorou tanto?
-Eu não pretendia ficar até anoitecer, eu só ia buscar meu cachorro na casa dele, mas o Lys esta com alguns problemas familiares e eu não queria deixar ele sozinho.
-E ele é o Lys?
-A sim, Lysandre essa é a Alice que eu te falei.
-Prazer Alice!- Ele pega a minha mão e da um beijo.
-Prazer Lysandre.
-Então... você conseguiu fazer a torta?
-Consegui, só não sei se ficou comestível.
-Você deixou na cozinha?
-Sim.
Ele foi até a cozinha e seu cachorro seguiu ele e acabou me derrubando, mas aparentemente ele ficou preocupado comigo e veio me lamber e eu fiz um carinho em sua cabeça. Castiel me olhou confuso:
-O que foi? Parece que viu um fantasma!
-Não foi nada, e que geralmente ele não simpatiza com pessoas facilmente, até hoje ele só conseguiu ficar comigo e com o Lys.
-Talvez seja um bom presagio- Lysandre fala enquanto estende a mão para me ajudar a levantar.
-Eu realmente espero que sim!- Eu falo aceitando sua ajuda- obrigada.
-Você esta bem Alice?- Castiel vem até mim.
-Sim, todos os ossos no lugar!
-Então vamos provar a torta,eu estou morto de fome.
Nós vamos até a cozinha, eu pego a torta e coro um pedaço para cada pessoa.
-Agora é a hora de descobrir se eu sou uma boa cozinheira.
-Eu vou provar primeiro.-Castiel leva o garvo até a sua boca .
-Ficou ruim?
-Ficou muito bom! E eu nem gosto de doces!
-Que alivio! Mas se você não gosta de doces por que você ia fazer uma torta?
-Eu queria fazer alguma coisa para te agradar, você esta muito mal.
-Que fofo!- Eu vou até ele e fico na ponta dos pés para dar um beijo no rosto dele.
-Não precisa exagerar!
-Você esta todo vermelho! Que fofo!
-Eu não vejo você ficar assim dês da Debrah.-Lysandre ri da cara dele.
-De novo essa tal de Debrah? Quem é ela?
-Ela foi uma...-Castiel coloca a mão na boca de Lysandre.
-Eu te conto sobre ela quando estivermos sozinhos!
-Eu vou te cobrar uma explicação mais tarde!
Nós terminamos de comer a torta e fomos todos para sala conversar. Após algumas horas Lysandre vai embora e eu vou para o meu quarto dormir.Eu me deito na cama e alguns minutos depois o Castiel entra no meu quarto:
-Você esta acordada?
-Não!
-Então eu vou ter que falar sobre a Debrah em outro momento.
-Não, não! Eu estou completamente acordada!
-Então vamos la...A Debrah era uma sereia, e como você sabe, elas são extremamente lindas, mas tem o Poder de nos fazer se apaixonar somente com o seu toque. E foi isso que ela fez comigo, ela fez com que eu me apaixonasse.
-E o que ela ganha com isso?
-Poder, quando ela fica comigo ela pode sugar as minhas energias e quando acabasse é eu morresse ela iria me deixar para trás e procuraria outra pessoa. Na época um amigo meu tentou me avisar sobre o que ela estava fazendo, mas eu estava cego de amor e simplesmente cortei laços com ele.
-E o que aconteceu com ela?
- Um dia eu fiquei doente e ela falou que iria ver remédios para mim e nunca voltou e assim eu saí dos encantos dela.
- Nossa, não sabia que sereias podiam ser tão cruéis.
-Pois agora que você sabe, eu aconselho que você não se envolva com nenhuma.
-Tudo bem, vou levar isso para vida.
-Bom agora que eu já te contei sobre ela, você pode voltar a dormir
-Antes me diz, por que você vir me falar isso no meio da noite?
-Foi o único momento que eu tive coragem.
-Como assim?
-Eu não sei, eu sempre tenho medo da sua reação, agora vai dormir
Eu tenho uma ótima noite de sono, o que me faz acordar de bom humor. Eu vou até a sala e vejo o Castiel falando com alguém na porta:
-Se eu ver ela eu aviso vocês.- ele fecha a porta.
-Quem era?
-O Kentin e o Alex perguntando se eu tinha visto você, eu falei que não.
-Obrigada.
Meu dia foi completamente normal, brinquei com o cachorro do Castiel, o Dragon, chorei um pouco no ombro do Castiel e ele me consolou, eu li alguns livros e fui dormir. Meus dias viraram apenas isso, eu criei uma rotina que virou a minha zona de conforto, eu não sai de casa, não me sinto confortável ainda. A grande dor que eu sentia pela perda foi diminuindo, ainda choro, mas isso acontece raramente, eu estou sentindo felicidade por pequenas coisas, como dar carinho no Dragon por exemplo. Incrivelmente eu estou muito feliz na minha zona de conforto.