Depois do meio dia, Yves aparece carregada com sacolas de morangos frescos e eu sempre me pergunto onde minha namorada poderia encontrar frutas tão bonitas e bem cultivadas assim, sendo que os morangos nos mercados e feiras da cidade estão sempre machucados.
Ela costuma me dizer que é porque seus dedos mágicos de fada fazem o trabalho.
Eu acreditava.
Intercalando as atividades, saía em busca de um agrado à mais ou uma troca esperta de frutas vermelhas que pudessem colorir o nosso amor com a cor ideal do sentimento.
Foi aí que passei a entender muito mais sobre as frutas e o poder do amor. Não só frutas, na verdade. Isso só faz parte da idiotice resultante.
Eu sabia. Cada noite de verão deitada na cama, sozinha, escutando os saltos de Sooyoung estalarem no andar abaixo tarde da noite. O que ela faz? Por onde anda? Por que imagino a agulha do sapato atravessando meu coração?
Logo, parece que morangos nunca foram tão suculentos assim. E não bastou uma fazendeira solar e risonha para conquistar um coração abalado e botas amarelas enormes. Claro que não! Tudo aquilo se estendia além do que eu podia um dia sequer imaginar.
Eu queria que fosse mentira.
Por favor, Yves, é melhor que esteja mentindo.
Porque, se for verdade, eu vou embora.
E não vou deixar um morango sequer para trás. O que escorre dos meus lábios agora, huh?