Elizabeth
Acordo e sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Meu corpo estava todo dolorido, minha memória estava péssima, apenas alguns acontecimentos da noite anterior voltavam a minha mente como pequenos flashes e uma dor insuportável no meu pé, me fazia lembrar de algumas coisas... Levanto e sinto tudo girar.
Droga! Porque bebi tanto?
Volto a deitar na cama e olho pro lado, lembro do irmão da Alice falar que ficaria comigo até que eu pegasse no sono e, creio que cumpriu sua promessa, porque, nossa senhora! Que homem é esse!
Deito de lado para admirar sua beleza, minha nossa senhora das beldades, esse homem é um atentado à sanidade de qualquer mulher! Se é toda essa tentação vestido, sem roupa... Deve ser melhor ainda!
-Gostando do que vê, linda? -Pergunta abrindo um sorriso com dentes branquíssimos.
Coro
-Mais do que possa imaginar... -As palavras saem antes que eu consiga freá-las. Afundo minha cabeça no travesseiro com vergonha, escuto sua risada e "que risada"!
-Não precisa ficar com vergonha, meu bem! -Ele diz, puxando meu rosto com cuidado em sua direção.
-Eu juro que não sou assim! -Respondo me recompondo.
Ele solta outra risada.
-Eu acredito em você. -Ele levanta e vai até o banheiro
Afundo a cabeça no travesseiro e alguns eventos dos dias anteriores voltam na minha memoria, como eu pude ser tão burra em cair na conversa de Vinicius e Lua por tanto tempo? Estou tão absorta em meus pensamentos masoquistas que mal percebo quando Eduardo sai do banheiro
-À propósito, como está seu pé? -Eduardo pergunta com o cabelo molhado.
Olho para o meu pé e vejo que está enfaixado, flashes da noite anterior passam em minha mente e realmente não lembro direito como aquilo foi parar ali, mesmo assim, minto.
-Melhor... -Digo sentando na cama. -Mas, pra ser sincera...
Eduardo vem pra perto de onde estou e se ajoelha na minha frente.
-Eu não lembro bulhufas nenhuma do que aconteceu na noite anterior! -Digo e ele me olha confuso.
-Como assim... Nada? -Pergunta confuso
Dou de ombros
-Só lembro de estar bebendo com Eli e logo depois uma confusão. -Bufo. -Eu nem mesmo me lembro de como vim parar nessa cama e ainda mais contigo.
Eduardo solta uma risada.
-Eu posso te contar um pouco do que aconteceu... -Ele diz com um sorriso malicioso.
-Porque será que eu acho que não vem coisa boa por aí?! -Pergunto com vergonha. -Mas, pode soltar a bomba! Eu aguento! -Faço drama.
Eduardo joga a cabeça pra trás e solta uma gargalhada
-Não foi tão ruim assim. -Ele se levanta e senta ao meu lado na cama. -Depois que aquele filho da puta fez todo seu show, consegui faze-lo sair a força daqui, você chorou, Eli ficou puta e chorou de ódio com você e eu fiquei sem saber o que fazer, até que consegui trazer você pra cama e coloquei Eli para dormir no quarto de hospedes.
O olho espantada, ele diz tudo como se não fosse nem um pouco trabalhoso tudo que fez, como se não tivesse custado nem um pouco de paciência, eu conheço Eli e eu quando estamos bêbadas e não somos nem um pouco fácil.
-O que foi? -Ele pergunta confuso
-Você fez tudo isso e não está reclamando... -Fico espantada e ele dá de ombros.
-Digamos que sou acostumado a lidar com situações parecidas. -Ele diz e se levanta da cama indo em direção a porta.
-Ei! -O chamo antes que o mesmo saia. -Obrigada. -Levanto e vou até onde o mesmo parou. -Por tudo! -Completo e lhe dou um beijo na bochecha, o mesmo me oferece um sorriso e sai, me deixando completamente confusa e um pouco apaixonada por sua gentileza.
Dou de ombros afastando os pensamentos impuros que de repente invadiram minha mente e vou tomar um belo banho, infelizmente minha vida ainda não estava ganha e alguém precisava trabalhar para sustentar a burguesa safada que existia em mim e, infelizmente, esse alguém era eu.
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Sinceramente, quem inventou aquela frase: "Trabalhe com o que você ama e nunca mais precisará trabalhar na vida.", com toda certeza, não trabalhava com pessoas, porque sério, eu amo o meu trabalho, mas, odeio trabalhar com o ser humano, principalmente com pessoas que se acham o centro do universo.
-Senhorita... -Chamo a atenção novamente da moça que contratou meus serviços. -Você tem que escolher qual a logo você...
Sua atenção volta pra mim como se ela não tivesse me ignorado boa parte da explicação que eu pacientemente lhe dei.
-Desculpe, moça, só estava... Um pouco distraída! -Ela diz e dá um sorriso, retribuo seu sorriso sem paciência. -Mas, esse aqui tá bom! -Ela aponta para a logo da esquerda sem fazer muita questão. Desculpe, mas, preciso ir embora. -Ela levanta. -O resto você pode fazer como o combinado.
-Mas... Nós não chegamos a combinar nada. -Digo ficando mais sem paciência ainda.
-Desculpe mesmo, mas, preciso ir! -Ela diz já da porta. -Marcamos outro dia então. -E então sai batendo a porta.
Bufo irritada.
Odeio quando pessoas desse tipo, do tipo, "Eu so estou aqui porque sou obrigada e se vira que estão te pagando pra isso", aparecem como minhas clientes, porque não vão atrás de outra profissional?! Ah claro, eu sei essa resposta, porque ninguém faz o trabalho tão impecável como a trouxa aqui.
Trim... Trim... Trim...
Pego meu celular que estava jogado dentro de uma das gavetas da minha mesa e atendo sem olhar quem é.
-Esta ocupada? -Uma voz masculina e profunda indaga do outro lado da linha.
-Depende. -Digo tirando o celular do ouvido e olhando o número, desconhecido. -Se você for o Caio Castro, pra você nunca estarei, agora... Se você for algum mala sem alça que meu ex, esta gentilmente pedindo ou pagando pra me ligar e chamar pra sair, estou ocupada e até fora do país!
Ouço a risada do outro lado da linha.
-Sinto muito decepcionar você, mas, não sou nenhuma das alternativas citadas anteriormente... -Porra, que voz é essa, Jesus! Me segura que eu tô tendo um mini ataque cardíaco. -Só sou o pobre e entediado irmão da sua amiga, que não conhece ninguém na cidade e não está muito afim de almoçar sozinho.
Dou uma gargalhada
-Isso é um convite? -Pergunto guardando o restante das minhas coisas que estavam espalhadas na mesa dentro da bolsa e fechando tudo.
-Você aceitaria? -Ele pergunta dando uma risada.
-Até parece que eu dispensaria o convite de um homem bonito! -Digo dando uma gargalhada.
-Então te espero no shopping? -Ele pergunta
-Não, conheço um restaurante maravilhoso, te mando a localização! -Respondo fechando a porta atrás de mim.
-Então, até lá! -Ele responde desligando em seguida.
Podia até ser errado, em menos de 48 horas ter terminado com meu noivo, e já estar indo almoçar com outro, mas, eu estava cansada demais de ser a pessoa certinha que seguia todas as regras e padrões que me eram impostos.
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-Não acredito! -Digo rindo
-Uai! -Ele diz terminando seu refrigerante em meio a uma risada e outra. -Homens não podem gostar de filmes de comédia romântica?
-Claro que podem! -Digo. -Só não é muito comum.
-Pois vamos pra casa e vou te mostrar como homens também podem gostar de um belo clichê! -Ele diz chamando o garçom e pedindo a conta.
Pego minha bolsa e quando pego minha carteira, ele me impede.
-Eu convidei, eu pago. -Ele diz me olhando sério dessa vez.
-Quem sou eu pra contrariar um homem desse tamanho! -Digo com humor e o mesmo só balança a cabeça enquanto entrega o dinheiro ao garçom.
-Vamos, senhorita! -Diz levantando da cadeira e estendendo o braço que aceito de bom grato.
Vamos embora conversando sobre amenidades da vida, minha mente viaja para longe, percebendo as diferenças entre Eduardo e Vinicius. Os almoços com Vinicius sempre foram tão... Calados, sempre que ele me convidava para almoçar cada um comia calado com seus próprios pensamentos e quando não era assim, ele estava conversando sobre o trabalho ou no celular, sobre trabalho.
Já Eduardo, fazia tudo ficar mais leve, ele aparentemente, se importava com as amenidades que acontecia ao nosso redor, apesar do pouco que nos conhecemos, ele me parecia... Interessante!