5 meses depois
Luiz
Quatro meses que eu tô em casa. Quatro meses que saí daquele hospital sã e salvo. Quatro meses que eu me julgo todos os dias por não ir correndo ver a minha menina.
Quatro meses que estamos lado a lado duplicando nossas forças pra voltar pra São Gonçalo. E estamos quase lá.
Como o Diego sempre fala, era a minja cabeça que faltava. E estamos quase prontos. Em dois dias estamos invadindo SG e pegando de volta o que é nosso. Já descobrimos o ponto dos caras, descobrimos o funcionamento das vendas e do tráfico. Mas não descobrimos quem é o chefe.
Mas vamos fazer bagunça,acabar com todo mundo até o covarde mostrar a cara.
Isabela
- Manuela, respira, já faz duas horas que você está assim - Falei segurando na mão dela - Ela estava no meu quarto totalmente paralisada olhando para a bolsa estourada e chorando de dor
- Liga pro Diego -Ela pedia chorando
fui correndo pegar o celular dela e disquei o número do Diego, eram 2 horas da manhã. Ele tinha que fazer algo, pois ela se recusava ir pra o hospital
Ligação on
- Oi mozão- Ele atendeu- Que horas são?
- Eca - Falei- tua mina tá parindo - Falei
- o que?
- Se eu fosse você vinha logo pois sua filha é meia apressadinha e quer o pai aqui a todo custo! - Falei
- Porra, como vou sair de São Paulo para ir pra aí? - Ele perguntou
- Não sei, mas dá um jeito. Manu tá com muita frescura. Esse final da gravidez deixou ela um dragão- Falei
- CARALHO, MINHA FILHA TA NASCENDO - Ele gritou-Eu vou, eu vou....e..eu...vou dar um jeito
- Calma cara - ouvi uma voz no fundo que eu conhecia muito bem
- Luiz? - Perguntei
- Oi? - Diego respondeu- O que você falou? Avisa a ela que eu tô indo. Tchau Isa...Tô chegando. Tenta leva-la pro hospital - Ele disse e desligou
Ligação off
Fiquei paralisada ali, mas depois deixei pra la. Deve ter sido coisa da minha cabeça.
Voltei a ficar com a Manu, aguardamos mais um tempo e chamamos a ambulância
- Eu queria que o Diego tivesse aqui - Ela disse chorando - Ele prometeu
-Fica calma, eu tô com você- falei
Ela realmente estava triste e preocupada porque ele não estava lá.
Chegamos no hospital e ela fez todo o processo de verificação da dilatação.
- Quem é seu acompanhante? Já está em dez, vamos entrar pro trabalho de parto se não a sua criança nasce aqui mesmo -Ele disse
Ela me olhou triste
Me ajoelhei e fui pra perto dela.
- Lembra que você me falou que a felicidade era além do Luiz? Que não dependia só dele? Que eu precisava achar minha força? Pega suas palavras pra você agora...O Diego não vem e a sua filha precisa de uma boa hora, com a mãe calma e forte que ela tem...
Manu chorava muito
- Você se esforçou a gravidez toda pra ficar bem, agora é a sua hora, a sua recompensa, talvez o Diego não mereça vivenciar isso tanto quanto você...
- Eu sei...é que eu fiquei esse tempo todo sozinha...o mínimo era ele está aqui, caralho - Ela disse
Enxuguei as lágrimas dela
- Foda-se ele, eu estou aqui. Eu vou entrar com você e essa garota vai nascer hoje -Falei
Ela assentiu e a enfermeira veio e empurrou a cadeira de rodas. Me higienizei e entrei na sala aoblado da maca com a Manu.
- Oi, sou doutora Ester - A médica disse- Hum...vamos trazer a pequena Aisha...É Aisha?
-É sim - Falei
- Vamos trazer a Aisha ao mundo. Vocês são as mães dela? - Ela perguntou
Olhei pra Manu, pois ela achou que nós éramos um casal de lésbicas, e nós rimos
-É tipo isso, doutora - Falei e a Manu gargalhou -Somos as mães dela
- Então que sorte, não sei se repararam mais, na sala de cirurgia hoje só tem mulheres, isso significa que a Aisha vai vir ao mundo num cenário de força
Sorri e olhei pra Manu que estava super emocionada
- Por isso, vamos emanar muita força e empoderamento para essa pequena, que ela seja uma mulher incrivelmente forte...- Segurei as mãos da Manu
- Tudo certo? - A doutora perguntou
- Pressão estável, batimentos estáveis, soro regulado, tudo certo - A outra médica falou
-Agora é com a mamãe, força- A doutora disse
Olhei pra Manu e assenti
- Você consegue - falei
Ela fez força mas não deu em nada
-Respira fundo e faz força, depois solta, espera cinco segundos e repete - a doutora falou
- Só tem mulheres aqui - Manu falou respirando fundo-Eu tô toda arrepiada
- Aisha merece uma cena de muita força na sua primeira aparição ao mundo. - Falei
- Mais um pouco mamãe, Aisha tá chegando -A doutora falou
Manu apertou minha mão e fez força
Alguns segundos depois ouvimos aquele chorinho
- Olha ela aqui - A doutora disse
- Eu consegui - Manu disse chorando.
Eles colocaram a Aisha no colo dela e pediram para eu cortar o cordão umbilical
Manu chorava muito com ela nos braços
- Oi filha - Ela disse
- Não sei, mas foi totalmente do destino. Uma mulher dando a luz a oitra mulher, sempre fomos consideradas de um sexo frágil, mas essa é a maior dor que uma mulher sofre mais de uma vez por amor, nenhuma oitra espécie viva no mundo faz isso. Por isso...parabéns a todas aqui e obrigada Aisha, por nos proporcionar essa sensação- A médica disse
Me emocionei demais e beijei o rosto da Manu
-Obrigada por estar aqui - Ela disse- Foi perfeito
- É nós sempre - Falei
.
Aisha foi levada para o banho e a Manu ficou finalizando e foi encaminhada para o quarto. Eu fui me higienizar e vestir minha roupa.
Em seguida fiquei super perdida e fui na recepção saber qual o quarto da Manu
Assim que cheguei dei de cara com o Diego
- Paguei carão num vôo emergencial - Ele disse-Cadê ela? como ela tá?
Ele estava todo suado e desesperado
- Ai que saudade da porra de tu - Ele me agarrou-Cadê ela?
- Se acalma -Falei
- Não tem como porra! - Ele disse andando de um lado pro outro
- Ela já nasceu - Falei- Foi lindo
- O que? Ela nasceu e eu não estava aqui?
- Não, mas ocorreu tudo bem. Foram encaminhadas para o quarto - Falei
- Porra, Manu deve está super magoada comigo, que merda - Ele começou a chorar
- Diego...- Alisei ele
- Eu perdi o nascimento da minha filha - Ele disse chorando- tem como piorar?
- Não, mas tem como melhorar. A Aisha é linda -Falei- você vai ver
- Onde elas estão?
- Acho melhor você ir na recepção e ir direto lá, ela precisa ver mais você do que eu - Falei e ele assentiu e foo na recepção.
Respirei fundo e resolvi sair do hospital para tomar um ar. Estava olhando pro céu o tempo inteiro e o dia estava lindo. Fui para o jardim do hospital que tinha CENTENAS de flores diferentes e lindas
O cheirinho era maravilhoso. Fui até elas e cutuquei todas. Cada uma maos linda que a outra. Meu coração estava tão aliviado.
De repente comecei a me arrepiar e sentir uma coisa estranha. Me arrepiei toda, e só vonha o Luiz na minha mente.
Fechei meu olhos e pude sentir o seu toque no meu ombro. Era tão real, seu cheiro, a forna dele de me tocar.
Senti ele cheirando meu pescoço e soltei un gemido baixinho.
- Abre os olhos...- Ouvi a voz dele sussurando no meu ouvindo
meu coração a celerou rapidamente
Eu não queria deixar de sentir aquilo
- Abre os olhos...- Ele sussurrou maos uma vez
- Não vou... não vou nunca - Falei sussurrando também
- Não precisa ter medo, é real...eu tô aqui - Ele sussurrou mais uma vez
- Não é...
- Confia em mim e abre os olhos...
- Que cor é a flor que está na minhas mãos? - Perguntei
- Amarelo - Ele disse
Abri os olhos devagar vendo o amarelo da flor na minha mão
- Linda igual você- Ele disse
Me virei rapidamente e comecei a chorar
Era real
Nos abraçamos e eu me despedacei de chorar nos braços dele
- É real....meu Deus, é real...É VOCÊ PORRA - Gritei
....