DEISE © - OGG 2 [COMPLETO]

By VRomancePlus

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LIVRO DOIS DA SÉRIE OUSADAS GG Anderson & Deise CONTEÚDO ADULTO! Escreve o que eu tô te dizendo! Eu nunca mai... More

#VOCÊS#
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7.1
Capítulo 7.2
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19.
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34.1
Capítulo 34.2
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 45
Epílogo

Capítulo 44

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By VRomancePlus


Deise

Não é fácil. Os últimos meses tem brincado conosco de uma forma engraçada e dolorosa. Nos deixando confusos e saturados, eu sei mas porque isso tinha que acontecer? Eu não vou me afastar de Anderson, não mesmo. Essa merda só me mostrou que por mais que eu tente me manter distante sempre volto para ele independente de qualquer coisa. Eu o quero muito –  de verdade. E se isso significa ficar ao seu lado até que se permita abrir aqueles olhos para me fazer relembrar o quão bonitos eles são – que seja, estarei lá.

Dei uma volta tentando desnublar minha mente. Pensei em ligar para Luana e pedi qualquer orientação mas, além de ela está descansando devido a gravidez que já está quase no fim, eu é quem tenho e preciso fazer isso sozinha, não posso ficar dependendo sempre dela ou de quem quer seja.

Preciso me manter forte por nós dois.

Abri a porta de casa sentindo os olhares de alguns dos poucos vizinhos em mim. A rua em que morava não tinha muita gente e, alguns deles estavam pondo a casa a venda devido  ao barulho, eram senhorinhas e eu quero muito dizer que, a menos que se mudassem para uma fazenda ou algo do tipo, qualquer lugar que fossem teriam esse problema. É madrugada e estou surpresa de estarem acordadas enfim, fecho a porta atrás de mim, olhando o meu estado agora tenho vontade de vomitar com todo esse sangue e o cheiro forte de ferro. Assim sendo, me livro do vestido, descartando no lixo, não teria coragem de usá-lo de novo já que a cada vez que fizesse sei que me recordaria de hoje e não quero, muito pelo contrário.

Entro no banheiro deixando a água quente levar para o ralo consigo toda a sujeira que infelizmente é a única coisa que ela pode fazer

Após sair me visto com uma calça de moletom antiga e uma blusa quente e confortável, nos pés, ponho um AllStar também antigo. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo e saio de casa.

Ao chegar no hospital um frio toma todo o meu corpo e não tem nada haver com o tempo. Estou amortecida e não consigo pronunciar nada quando me junto a todos os que estão na sala de espera, ouço o suspiro de Mari do outro lado e peço a Vinícius discretamente para levá-la para casa agradecendo pelo que ele fez que não tem preço.

As horas se passam e no fim, só somos eu e Marcelo olhando as paredes brancas. A manhã nublada descreve bem como nós estamos por dentro.

Algumas horas haviam passado. O médico de plantão nos informou que Anderson teria que ficar dormindo, praticamente em coma para uma melhor recuperação e para não piorar o quadro. Tive que me segurar para não desabar quando ele disse que foi uma ferida feia devido a sujeira na faca e que tiveram trabalho tentando limpar rapidamente o lugar profundo.

— A irmã dele está vindo para cá. — Fui desperta com Marcelo pegando em meu ombro de súbito e demorei uma pouco para entender o que ele falava — Eu acabei de falar com ela e...

Ele hesitou, aparentando estar nervoso.

— Fala Marcelo. Ela o quê? — Insisto me recompondo.

As doses frequentes de cafeína tem me acompanhado desde que cheguei, contudo ainda assim o cansaço não se dá por vencido.

Gesticulo para ele falar logo e, após respirar fundo diz:

— Eu acho que seria melhor você ir para casa Deise. Ela está chegando, e em algumas horas seu Otávio e a mulher também.

Eu não tenho reação.

— Não é por mal, — ele continua — mas é que talvez esse seja um momento apenas para a família.

E ouvir isso quebra meu coração. Meus lábios tremem.

— Deise...

— Eu não acredito que ouvi isso justo de você. — Digo num fio de voz — Aquela merda era para ser comigo. — engulo um soluço — Quem entraria na frente de uma merda dessa por quem não ama?

Tenho coragem de falar em voz alta o que minha mente tem me dito desde então.

— Ninguém... — Ele murmura

— Você acha que eu queria que uma merda dessa acontecesse para eu poder enfim ver isso? — Ele não diz nada. — Eu só quero que ele acorde Marcelo.

Uma lágrima solitária faz o seu caminho pela minha bochecha.

— Você não está bem... — ele tenta argumentar.

— E quando foi que eu estive? — Encaro seus olhos — A pergunta é: você vai me colocar para fora?

Ele fica assustado.

— Não. É claro que não, pelo amor de Deus!

— Foi o que pensei. Se a família de Anderson tiver algo a dizer eu estou bem aqui. Nunca fui de correr de uma boa briga e, se eles consideram tanto e Anderson como se deve não procurarão confusão. E eu não vou sair daqui. — Enfatizo mais uma vez antes de desviar o olhar e focá-lo outra vez, na parede branca.

Ele fica me encarando por mais alguns minutos sem dizer nada, o suspiro que sai dos seus lábios antes de sentar me dá a certeza de que não tocará mais no assunto, ainda assim não me deixa menos chateada com ele. Pode até querer evitar qualquer tipo de desavença, talvez por conhecer a irmã de Anderson mas não é menos doloroso saber que tenho que sair para deixa-los com ele, é como se eu não tivesse o direito de estar aqui.

Uma porra que isso vai acontecer. Respeito muito o Senhor Otávio e sua mulher, mas estamos em outras circunstâncias agora, sou capaz de esquecer por um momento a educação que minha mãe me deu se isso significar permanecer aqui passando por cima deles.

Levanto e me afasto. Preciso de mais cafeína ou não vou ter energia o suficiente para enfrentar o que acredito que esteja por vim. Foi uma ótima decisão vestir algo confortável e calçar um tênis. Caminho por alguns corredores e sorrio envergonhada para a mulher que, antes de eu me aproximar já está com o copo de café estendido na minha direção.

Volto para a sala de espera e meus olhos saltam para fora quando vejo seu Otávio e a mãe de Anderson. Ela chora no ombro do marido que tenta acalma-la acariciando suas costas. Ele não tenta esconder a surpresa quando me vê, já ela, me olha com interesse e curiosidade, talvez não esteja lembrando já que faz algum tempo que não a vejo.

— O que está fazendo aqui? — Aperto o copo com firmeza para ter em quê me apegar.

Seu tom de voz é apenas de curiosidade mas, ainda assim, fico receosa.

— Anderson é meu chefe, tinha que estar aqui senhor. — é o que respondo.

Eles se sentam com Marcelo que conta tudo que aconteceu e as notícias que temos, mas os acalmam falando que de acordo com o médico de plantão tudo indica que ele ficará bem.

Percebo que ele oculta algumas descrições e evito olhá-lo, do lugar que estou, apenas fecho os olhos e me deixo ser levada por lembranças; pequenos momentos em que gostaria de ter agido diferente; ter prolongado mais nossas conversas, contar para ele todos os motivos de eu ser como sou...

Olhando por essa perspectiva as coisas poderiam ter sido diferentes; ido por outro caminho. Contudo entendo que antes de qualquer coisa eu precisava me entender, enfrentar meus medos e receios, me arriscar a ter decepções...

Balanço a cabeça e sorrio com a grande ironia de merda; só enxergamos as coisas realmente como elas são quando estamos em uma situação de risco onde vemos que existe a chance de perder e nunca mais recuperar, quando ficamos vulneráveis e a fachada é derrubada por que o orgulho foi vendido pelo medo.

O medo de perder.

Na manhã seguinte os nervos estão todos a flor da pele. Seu Otávio grita pelo hospital querendo transferir o filho para outro; um particular que tenha um dos melhores atendimentos.

Eu fiquei todo o tempo quieta no meu canto. Como a família dele chegou eu me tornei inexistente e, quando o médico vem com novas notícias se dirigem a eles, claro. Não me deixo abalar por isso, sou forte, sempre fui.

***

Gritos. Gritos histéricos, para falar a verdade, me fazem ter um pequeno sobressalto na cadeira desconfortável. Estava cochilando e já está quase escurecendo.

Esfrego os olhos tentando focar na mulher alta e loira diante dos meus olhos, subitamente não tenho dúvidas de que se trata da irmã dele. Em cima de um salto quinze bastante desafiador ela serpenteia o olhar por todo o local e, quando os olhos azuis pousam em mim vejo a ira tomar o lugar da tristeza rapidamente.

Ela marcha em minha direção.

— Como você tem a cara de pau de estar aqui? — Aponta na minha cara

Franzo o cenho.

— Desde que te vi sabia que você era a merda de — Ela pausa — como vocês chama mesmo? Ah, lembrei! Chave de cadeia!

— Querida, se acalme. — Seu Otávio vem atrás dela e tenho a impressão de que ele sabe de algo já que evita olhar para mim. — Por favor...

A garota que suponho ter quase a minha idade ainda me olha com fúria estampada nos olhos, bufando e respirando fundo, as vezes eu esqueço que eles viajam muito porque, mesmo não morando aqui no Brasil seu português é impecável.

—  Você vai sair daqui. — Diz ameaçadoramente — Meu irmão não vai querer te ver.

Tremo com a possibilidade mas não deixo transparecer nada que a faça se sentir com razão.

Eu estava quieta tentando ao máximo evitar qualquer escândalo. Torcendo para que o pai conseguisse levá-la para longe, tentei me manter assim.

— Eu não vou sair daqui. — Digo com calma.

— Você só pode estar brincando! — Balança a cabeça rindo incrédula — Amanda me avisou que você não presta, que veio de uma favela e afundou as garras em Anderson na primeira oportunidade. Eu não duvido de que isso tenha sido culpa sua.

Fico tensa. Minhas mãos fechadas ao lado do meu corpo é a prova de que estou me segurando muito para não cometer um ato de violência e perder a postura.

— Não seria uma surpresa se descobrissemos que foi você que armou para aquele verme imundo esfaquea-lo e agora está aqui esperando a oportunidade de terminar o que não conseguiram!

As lágrimas escorrem sem controle, ela limpa furiosamente ainda me encarnado ou esperando eu falar alguma coisa.

Estou tão esmorecida que nem essa acusação digna de processo me faz ter outra atitude.

— Isso é uma acusação grave. É muita coragem sua está aqui, justo aqui na minha frente. Quem te garante que não estou com uma faca e que, não hesitaria em enterrar no seu peito agora mesmo?

Ela vacila um instante. A pose muda quando me encara de cima a baixo e penso que talvez esteja se perguntando se estou ou não com uma faca.

— Vou fazer proibirem você de vê-lo. — E, dizendo isso ela se vira me deixando em paz.

Minutos depois eles saem quando Marcelo irrompe a porta, cochicham com ele e em seguida se vão.

— Você parece preocupado. — Comento ao notar sua tensão.

— É só que... — para e balança a cabeça — nada.

Desvio o olhar quando o médico passa pela porta e para a procura de alguém, quando não encontra se dirije a nós.

— Anderson irá despertar a qualquer momento. Os remédios que estavam mantendo-o assim já foram suspendidos.

Suspiro fundo, aliviada.

— Podemos entrar para vê-lo? Vocês já o mudaram de quarto? — Questiono rápido a ele que ri e me pede calma.

— Só podem entrar quando ele for posto em outro quarto e isso só acontecerá quando acordar, então tudo depende dele a partir de agora. — Sorri amistoso antes de se afastar.

Estou tão aliviada e feliz que abraço Marcelo esquecendo do episódio entre nós.

Horas mais tarde estou observando o rosto sereno deitado na cama. Um homem vulnerável e ferido, que em um ato heróico e até estúpido se feriu para salvar alguém como eu. Sorrio sentindo o gosto salgado das lágrimas quando as capturo com a língua.

Anderson acordou e, o primeiro nome que chamou foi o meu antes de adormecer outra vez, então foram me chamar, mesmo com a relutância da família aqui estou eu velando a sua inconciência e admirando-o.

Não me aproximo muito mas de onde estou tenho a vista de todo ele

É loucura dizer que quero beijá-lo? Pode ser até um encostar de lábios  para mim estar tranquilo, só quero sentir-lo.

— Senhorita?

Desvio o olhar para a enfermeira que abre a porta e por só metade do corpo para dentro.

— Sim?

— Os familiares pediram para você sair que eles querem ficar com o filho. — Engulo seco, olho mais uma vez para Anderson e miro a enfermeira.

Fico de pé e me dirijo a porta. Eles são a família a final de conta.

Deise? — Paro no lugar e meu corpo inteiro entra em estado de inércia — Onde... você vai?  

Meu coração salta no peito quando a voz baixa e rouca penetra meus ouvidos, quando me viro tenho noção de que estou trêmula e suando. Seus olhos estão fechados mas o movimento dos lábios quando me chama é a resposta para todas as minhas dúvidas.

Então respondo sem hesitar:

— Não vou a lugar algum. Não mais.

 



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