Como eu poderia imaginar que esse lago fosse tão profundo?!
Profundo a ponto de ter um prédio enorme, completamente submerso. Engraçado que não conseguia ver muita coisa da superfície, mas ali embaixo d'água parecia ter mergulhado em outro mundo e tudo estava claro como o dia!
Martin está sendo arrastado para o fundo do lago por duas pessoas e mesmo se debatendo, não parece restar muita força nele. Ao me verem mergulhar, uma das pessoas que seguravam meu guardião veio na minha direção.
Grande erro. Se os dominadores lá de cima não tiveram chance contra mim do lado de fora, aqui dentro eles mal sabem o que posso fazer. Na realidade nem eu sei ao certo o que posso fazer, porém, o ambiente está ao meu favor!
A mulher vem nadando rapidamente na minha direção e pelo modo como seus olhos brilham em azul, provavelmente não vai ser uma coisa fácil combater uma outra dominadora de água. Só que antes que a mulher me alcançasse, uma sereia entra no caminho e agarra a dominadora, afastando-a de mim. Pisco rapidamente sem saber ao certo o que acabou de acontecer ali, porém ao que parece a sereia está do meu lado.
— Vá ajudá-lo! — a sereia grita comigo sem ao menos olhar para mim.
Meu guardião está dando o seu melhor para atrasar os avanços do homem que ainda o arrasta para o fundo do lago. Obrigada amigo.
Formo uma barreira de gelo no caminho dos dois, impedindo ainda mais o avanço deles. Ele consegue destruir minhas barreiras uma atrás da outra, mas o que eu quero mesmo é diminuir o ritmo em que eles avançam e na quinta barreira finalmente o alcanço.
Segurando com força uma das pernas do homem que nadava. Assim que minha mão encosta nele, começo a congelá-lo. O homem até que luta, mas meu domínio dentro d'água é muito poderoso.
— Martin, qualquer reserva de energia que você tiver, agora é a hora! — digo encarando meu guardião enquanto estou me preparando para usar meus domínios de água além do limite.
Ele apenas concorda, e joga com toda velocidade sua cabeça para trás, acertando certeiramente o nariz do homem que o segurava, e aproveitando um pequeno momento de hesitação e dor dele, Martin se liberta e eu cubro aquele homem com tanto gelo que nem consigo mais vê-lo dentro do bloco, mas consigo senti-lo tentando sair.
Duas novas sereias aparecem e começam a levar o captor congelado para o fundo do lago. Tenho a impressão que não vou querer saber para onde elas estão o levando muito menos o que farão com ele.
— Martin! — digo tão feliz nadando em sua direção e dando um abraço apertado no meu guardião. Um peso enorme saiu das minhas costas e estou tão feliz por ele estar fora de perigo!
— Megan eu...
— MARTIN! — uma voz feminina e cheia de emoção praticamente transborda pelo lago. Olho para o lado e vejo a sereia que me ajudou num primeiro momento nadando na nossa direção.
Eu mal tenho tempo de raciocinar e ela já está me colocando de lado e abraçando ele. Eu mal abro a boca e ela já está falando com uma voz chorosa.
— Pelos céus! Que bom que você está bem! — ela segura o rosto do Martin entre as mãos e o analisa com cuidado. — Não sei o que faria se algo acontecesse a você... Se você fosse transferido para a prisão e... — ela volta a soluçar e Martin a abraça ainda mais apertado.
— Não precisa pensar nisso. Estou aqui, não estou?
— Está — ela diz fungando (nem sei como isso é possível debaixo d'água, mas enfim, ela funga e eu escuto perfeitamente tudo). E então olha na minha direção. — Obrigada Megan! — ela me abraça e eu sem saber o que fazer fico com os braços colados ao lado do meu corpo.
— Er... Não há de quê, imagino... Ele é meu guardião, claro que eu faria alguma coisa para ajudá-lo!
— Mas mesmo assim, você se arriscou, não são muitas pessoas que fariam o que você fez. Mesmo ele sendo o seu guardião...
— Olha, além de meu guardião, ele é meu amigo. E eu não poupo esforços para ajudar um amigo quando ele necessita — sorrio e Martin segura minha mão.
— Tintin, sua protegida é um amor! — a sereia fala me olhando e eu acabo segurando uma risada... Tintin?
— Meg, deixa eu te apresentar a Felícia... Felícia é aquela pessoa que eu te falei. Lembra? Lá no aeroporto... — ele se aproxima de mim e fala apenas no meu ouvido. — Está vendo como ela não é um boi?! — então volta a falar num volume normal. — E Felícia você já conhece a Meg.
Agora que fomos devidamente apresentadas, analiso com um pouco mais de calma a sereia na minha frente. Seus cabelos eram de um vermelho e único, e pareciam refletir todo e qualquer raio de Sol. Escamas de um verde-escuro cobriam seus seios e desciam por seu corpo, evidenciando a cintura fina e formando uma cauda comprida e que parecia ser forte.
Suas feições delicadas, e olhos de um prateado impossível e mágico eram quase hipnotizantes. Ela sem sombra de dúvida é linda, e parecia ser delicada, porém, a força e agilidade que ela já me mostrou me fazem ter a certeza que ela é muito mais do que um rostinho bonito.
E claro que eu lembro da sereia por quem o Martin é apaixonado... Como eu esqueceria um detalhe tão importante desse?
— É um prazer te conhecer Megan! E mais uma vez obrigada! — ela abre um sorriso.
— Disponha Felícia. E pode me chamar de Meg — devolvo o sorriso. — Mas como você está respirando aqui Martin?! Eu entendo o meu motivo e da Felícia...
— Ah, é que finalmente estou livre das drogas que estavam inibindo a minha magia! Vê?! — ele aponta para o seu pescoço e fico aliviada ao ver pequenas guelras ali fazendo o trabalho de respiração. — Liberdade! — ele nada um pouco ao nosso redor e somos contagiadas por sua alegria.
— Sim. Mas melhor não ficarmos por muito tempo aqui. Não sabemos se ou quando vão chegar reforços e melhor não dar margem para o azar.
— Sim, claro. Mas deixa eu te agradecer Meg — Martin vem para o meu lado e segura com firmeza minhas mãos. — Não precisava passar por tudo isso apenas por mim.
— Ih... Nem vem! Claro que eu tinha que te salvar seu esquilinho cabeça-dura! Não é possível pelos momentos que passamos juntos você ainda duvidaria por algum segundo que eu não seria capaz de mover céus e terras por você! Eu faria tudo de novo se fosse preciso. Mas por favor, não precise tão cedo! — dou uma risada.
— Mas espera aí um momento... Você está aqui, então quer dizer que derrotou o Oliver?
— Olha só... Derrotar é uma palavra muito forte. Mas consegui lidar com ele o suficiente para conseguir chegar até você.
— Estou tão orgulhoso de você Meg! Você com certeza é uma dominadora muito poderosa! Aprendendo tudo tão rápido! Fico muito feliz que você conseguiu colocar em prática todo o seu conhecimento e não se deixou levar pelo nervosismo!
— E quem disse que eu não estou nervosa?
— Mas, pelo menos, o seu nervosismo não tirou o melhor de você, afinal, conheço alguns dominadores bem mais "vividos" que não conseguiram lidar com o Oliver.
O sorriso que Felícia tem no momento é tão grande e reconheço o brilho do olhar dela quando olha para o Martin. Se bem que o olhar dela sendo prateado é difícil pra mim ter a certeza, porém, é muito provável que ela também sinta algo pelo meu guardião.
O que está impedindo esses dois de se acertarem, eu não sei.
— Meg! — a voz do Adam é tão clara pra mim que mesmo distorcida pela superfície, ainda me enche de alegria.
— Acho que estão nos esperando acima da água Martin — sorrio pro meu guardião e então começamos a nadar para a superfície.
Só consigo vê-lo quando ultrapasso os limites da água e ele está de costas pra mim, porém ao escutar o barulho na superfície ele já olha e mesmo de longe vejo a tensão nos seus ombros diminuir. Minha avó acena para nós e está sorrindo.
— Martin! — os dois falam em uníssono ao avistarem o guardião aparecer.
— Jovem Adam. Senhora Edith! — Martin parece feliz demais em vê-los ali. Nos aproximamos da beira do lago e fico impressionada ao ver a quantidade de guardas que estão desacordados no chão. Obra desses dois com certeza.
— Sabia que você ficaria bem! — Adam diz, me alcançando e me dando um selinho discreto. — Admito que fiquei preocupado quando escutei a voz do Oliver na floresta. Mas imaginei que você conseguiria no final das contas.
— Como vocês devem ter visto pelas marcas que deixamos, não foi nada fácil. Mas consegui ganhar tempo para alcançar o Martin. A estátua dele ficou bonita.
— Estátua? — minha avó pergunta.
— Não é bem uma estátua... Mas deixei um bloco de gelo com o Oliver dentro. Vocês não viram isso?
— Não querida. Assim que conseguimos nos movimentar, só vimos os sinais da batalha, mas não havia sinal de ninguém, mesmo que aprisionado em um bloco de gelo, por perto. Nos certificamos disso, já que tivemos a nossa própria batalha por aqui.
— Sinto dizer isso, mas não deve demorar muito até que Oliver esteja livre novamente.
— Imaginamos que esse foi o caso. Vencemos essa batalha, mas a guerra ainda tem um longo caminho a percorrer. Melhor recuarmos por hora, já que não queremos ter um novo encontro com o diretor...
— Claro — concordo e vejo que Martin ainda está parcialmente na água.
Ninguém falou nada enquanto meu guardião cochichava algo com Felícia e então ele apenas se despediu, dando um beijo no topo da mão dela. Ela fica com as bochechas vermelhas, mas sorri e se despede dele e de nós também, mergulhando feliz no lago novamente.
Só pela última olhada que ela deu em Martin antes de pular, qualquer dúvida que eu poderia ter, foi embora. Ela gosta dele.
E ainda sem falar nada, começamos a sermos guiados pela minha avó dentro da província da água. Em algum momento durante o caminho, olhei para o meu guardião.
— Sabe, ela gosta de você.
— Como? — ele parece meio confuso, até tropeça numa raiz, mas não cai no chão.
— Felícia. Ela gosta de você.
— V-você acha Meg? — vejo seus olhos arregalarem. Ai minha nossa! Será mesmo que ele não tinha percebido isso antes?
— Sim! Você deve ter percebido como ela estava preocupada com você... O quanto ela lutou para me ajudar e te ajudar. O alívio nos olhos dela... Os sentimentos, sei que reconheci alguns deles.
— Reconheceu o quê?
— Olha Martin, é difícil afirmar com certeza isso, afinal, eu a conheço a apenas alguns momentos, mas acredito que está bem óbvio o quanto ela se importa com você. Para ser mais óbvio o quanto ela se importa, apenas se tivesse um letreiro luminoso na cabeça dela.
— Não sei não Meg... Pode ser apenas impressão sua.
— Você mesmo me disse uma vez que quando a gente está olhando do lado de fora da situação, conseguimos ver coisas que os mais envolvidos muitas vezes deixam passar. Então acredite em mim quando digo que tem algo a mais ali.
— Assim espero.
— Mas bem que você poderia dar mais umas dicas pra ela sabe...
— Como assim dicas? Eu deveria mudar o modo com que eu falo com ela?
— Não necessariamente sabe? Mas você pode dar mais alguns sinais de que gosta dela. Que a acha bonita, interessante e nada parecida com um boi, sei lá, algo que deixasse mais claro os seus sentimentos. Que somos apenas mulheres, podemos ser sereias, dominadoras, mas quase nunca somos adivinhas!
— E você realmente acha que eu tenho uma chance se eu insistir um pouco mais?
— Você pode ter todas as chances do mundo Martin! — sorrio.
— Ah, e não pense que passou despercebido por mim aquele beijo entre você e o jovem Adam... Vocês finalmente se resolveram, não foi?
— Sim! Finalmente. Depois de muitos beijos interrompidos, de muitos momentos que poderiam ter dado certo entre nós dois, nós estamos juntos.
— Que bom! Fico muito feliz por vocês dois! Espero que o amor de vocês dure além da eternidade.
— Sendo eterno agora pra mim já está valendo!
— Vamos vocês dois, não fiquem muito para trás! — Adam volta para nos alertar para permanecermos próximos, já que com a conversa, acabamos ficando um pouco atrasados.
Encerramos a conversa por enquanto e então voltamos a nos movimentar com agilidade entre os córregos rasos, e árvores frondosas. Nosso passo é firme e não encontramos nenhum problema no caminho.
Só que então paramos em frente a uma grande árvore. Seu tronco é muito largo e as raízes sobem por seu caule, ostentando folhas verdes pequenas e cogumelos de todos os tamanhos e cores. Minha avó olha em todas as direções e solta um suspiro aliviado.
— Por que paramos?
— Porque chegamos — ela diz com uma voz calma e então enfia a mão por dentro da árvore.
Só que em vez de machucar a mão, ela apenas atravessa o tronco e então o tronco começa a se distorcer, como se fosse uma ilusão, uma miragem. Meus olhos arregalaram. Quando é que Nihal vai parar de me surpreender?!
— Vamos — minha avó anuncia. — Cuidado que logo após entrar tem uma escada, então vão com cautela.
E assim que eu atravesso o tronco sou surpreendida com paredes de concreto altas, e a escada estava a poucos passos. Adam ia liderando o caminho, iluminando a escadaria com seu fogo. Descemos até o último degrau, e nos encontramos dentro de um grande salão circular.
O piso era uma mistura de preto e branco, e de onde estávamos não conseguia ver o teto do salão. Olho ao redor procurando alguma pessoa, mas só encontro algumas portas fechadas.
— Que lugar é esse? — pergunto incomodada. O silêncio ali era um pouco inquietante.
— Uma das instalações do Exército da Revolução. Aqui temos algumas salas com armas e algumas salas onde conduzimos reuniões para descobrir os nossos próximos passos.
— Incrível...
— Temos que tomar alguns cuidados com a nossa localização, onde escondemos os trincos para as portas de nossas passagens secretas. Se a pessoa não souber onde apertar ou girar, não conseguirá abrir essa passagem.
— Interessante.
— Isso só é possível por conta da magia que está em todas as coisas aqui em Nihal. Estamos em algum ponto entre o chão e o centro da Terra.
— Acho que entendo... — digo com a mente já acelerada. — Mas se aqui é uma das bases desse exército, onde é que ele está? Pois aqui está muito quieto — pergunto curiosa.
— Estão aqui — minha avó aponta ao redor e mesmo naquele momento uma porta se abre.
E a forma de um homem começa a se formar em meio a escuridão. Ele dá o primeiro passo e agora já consigo identificá-lo melhor. Não que eu o conhecesse de algum lugar, porém, as feições bonitas em seu rosto me eram muito familiares.
O homem, mesmo aparentando possuir uma idade mais avançada, ainda sim continha charme e beleza atrás daqueles grandes olhos verdes. Não havia um fio de cabelo em sua cabeça, mas de certa forma combinava com ele. Só que quando ele abriu um sorriso, algo em mim se arrepiou.
— Edith! — o homem diz. — Que prazer vê-la novamente e em tão boa saúde!
— São seus olhos Nick! — minha avó o saúda, dando um abraço apertado nele. O olhar do homem recai sobre mim.
— Essa deve ser a famosa neta, Megan White.
— Eu mesma — digo um pouco intrigada. — E você quem é?
— Você tem a força na voz assim como a sua avó. Gosto disso. Me chamo Nicky Fox, é um prazer conhecê-la — ele estende a mão e eu a sacudo.
Só que então percebo. Fox. O mesmo sobrenome que o Oliver. Agora eu entendi o motivo de ter me arrepiado quando ele sorriu. Aquilo com certeza não é uma coincidência. Não tem como ser, os sorrisos dos dois são muito parecidos.
— Pelo modo que você retraiu o corpo agora, acho que já deve ter ligado os pontos. Já deve ter conhecido o meu filho então.
Filho... Certo, então ele é o pai daquele homem maldoso. E ele faz parte do Exército da Revolução. E o filho dele é diretor de uma prisão de torturas. Algo não clica aqui. Não pode ser. Será que ninguém percebe o quanto isso parece errado?
— Parece que estou vendo as engrenagens rodando em sua cabeça. Mas quero lhe assegurar que não acredito nas mesmas coisas que o meu filho acredita. Nem apoio as atitudes que ele tem. Por isso que estou aqui, para lutar e alterar essas ideias dele, essas atitudes.
— Senhor Fox. Sinto muito em lhe dizer isso, mas não acredito que isso será possível. Oliver parece estar com uma ideia muito bem formada em sua cabeça — Martin fala, dando um passo à frente, mas permanecendo de cabeça baixa.
— Ah Martin... Sei bem que você também está tentando mudar a cabeça do Oliver. E agradeço demais por isso, e nem posso julgar ninguém que o despreze e desista de tentar fazer com que a bondade aflore nele. Ele só gera o medo e o desespero de outras pessoas. Porém tenho muito medo que se eu desistir dele, ele não terá mais ninguém nesse mundo que queira o bem dele. Eu sou o pai dele, e por mais que ele tenha me dado todos os motivos do mundo para lhe dar as costas, eu o amo e quero apenas que ele fique bem.
— Muito bonito que você ame o seu filho assim a esse ponto senhor. — digo. — Mas o que eu posso dizer sobre ele não é nada bom, afinal, ele prendeu e torturou meu amigo e guardião, tentou me capturar e ainda desacordou minha avó e namorado. Sinto muito, mas meu pé atrás não vai embora tão cedo...
— Oliver já foi uma pessoa boa Megan — Martin diz com uma voz embargada. — Não foi sempre assim. Nós já fomos melhores amigos. Ele era meu confidente. Não sei ao certo o que aconteceu, mas algo, com certeza, aconteceu. Ele mudou numa velocidade assustadora.
— Tenho tantas teorias em minha mente que não sei como ainda não enlouqueci explorando cada uma delas — Nicky diz. — Eu já revivi cada momento, e só dei a ele amor e atenção. Nunca consegui ver o ponto que eu errei para ele ter esses sentimentos dentro dele.
— Você não tem culpa Nicky — minha avó fala, se aproximando um pouco dele e colocando a mão em seu ombro. — Às vezes só podemos esperar bons resultados quando damos o nosso melhor, porém, quando lidamos com pessoas, é só o que podemos fazer, é torcer. Muitas coisas estão além do nosso controle, das nossas expectativas.
— Obrigado pelas palavras Edith. Espero demais que a teoria que estou trabalhando no momento tenha fundamentos. Se ela se provar verdade, nem Oliver tem culpa — ele abre um pequeno sorriso.
— Vamos ficar na torcida por isso senhor — digo, sem pensar demais. Eu só queria melhorar um pouco o humor dele. Nicky parece ser uma pessoa do bem, e a sinceridade do sorriso dos dois era algo que eu não podia ignorar.
— Agradeço... Estou olhando aqui para vocês, e acho que querem descansar um pouco, não é mesmo? Vou providenciar um banho quente, algumas roupas limpas e secas para vocês. Por favor, me acompanhem.
Ele mudou de assunto com maestria e realmente eu gostaria bastante de um banho e me trocar. Nós o acompanhamos e ele nos acomoda em um quarto grande, e nos indica a direção da casa de banho. Ele pede licença para conversar com minha avó e nos deixa ali no quarto.
Não demora muito até que um rapaz venha entregar nossas roupas para trocar e toalhas limpas, Adam sugere que eu vá logo tomar meu banho e nem discuto com ele.
Assim que fecho o box e ligo o chuveiro, sinto a água quente amornar meus músculos, percebo o quanto aquela batalha exigiu de mim. As forças estavam retornando aos poucos, porém precisava descansar por, pelo menos, uma noite inteira.
Quando a adrenalina finalmente foi toda embora, senti músculos doloridos que nem sabia que existiam. Tentei alongar e esticar o máximo que consegui, e de algum modo aquilo ajudou. Saio do banho renovada e estou confortável com a camiseta e calça de moletom que me forneceram.
Mal fechei a porta do quarto quando escuto uma voz que estava saindo de algum lugar que não consegui identificar.
"Olá Megan White".
Meu estômago afundou na hora. Algo no tom me fez reconhecer imediatamente o dono dela. De onde estava vindo aquela voz e o que diachos Oliver quer comigo?
"Poderia pedir desculpas pela intromissão, mas não farei. Graças a você, toda Nihal está escutando essa conversa. Quero muito saber em que buraco você se enfiou e o que está fazendo nesse exato momento. Pois preciso demais compartilhar os meus sentimentos. Já que estou muito, mas muito bravo com você. Pode continuar a se esconder, pode continuar a fugir. Quero que tenha a certeza em seu coração que eu vou lhe encontrar, nem importa que isso seja a última coisa que eu faça. E quando eu finalmente colocar minhas mãos em você... Ah, fico feliz que descobrirá um novo sentido e nível para a palavra tortura".
Esquilinhos falantes! Meu coração quase para de bater e o frio desce, fazendo com que as minhas pernas tremam e a tarefa de ficar de pé se torne bem difícil.
"A brincadeira acabou coração. E estou planejando um jeito muito especial para fazer com que você saia dessa sua toca".
Nem sabia que estava prendendo a respiração. Só consigo sentir o chão frio e um silêncio que só foi quebrado por uma risada horrenda.
"O que está acontecendo? Quem é você e o que quer da gente seu maluco?". Reconheço aquela voz. Estava com tanta saudade dela, só não queria matar a minha saudade assim.
"Sarah, não vamos conseguir nada falando assim com ele. Calma amor". É, não há mais espaço para dúvidas. Oliver está com os meus amigos. O nervosismo atingiu um nível que não achei ser possível. Só que então eu escutei outra voz.
"Já te disse pra soltar a minha mulher!". Aquela voz eu reconheceria em qualquer lugar. A voz do meu pai era tão clara. Tão única. Não sei ainda como meu coração permanece batendo. Minha cabeça rodou por uns segundos e tudo parecia longe e desfocado.
Ele também está com os meus pais.
"Não, eu não estou usando magia para recriar as vozes deles. Até poderia, mas concorda que é muito mais divertido ter as pessoas reais do que apenas um fingimento de magia? Se você ainda não imagina do que eu sou capaz, pergunte a qualquer um. Então coração, não demore a sair seja lá de onde você estiver. Meu humor está bom, então você tem até a meia-noite de amanhã para aparecer. Nem um segundo a mais".
E silêncio.
Como perceberam meus queridos dominadores, ainda não é nesse capítulo que vamos poder respirar aliviados... Eu tô querendo rir, mas talvez não queira apanhar nesse momento (:
Mas vamos seguir em frente, que as coisas não ficarão assim!!
Deixa eu colocar aqui muito carinho a todos vocês dominadores que estão movimentando essa repostagem e permitiu que esse livro alcançasse a linda marca de mais de 450K de leituras! Estou querendo pensar positivamente para que até o final da leitura o meu tão sonhado meio milhão? Não custa nada sonhar #OODrumoa500K
Se gostou, não se esqueça de conferir se a sua estrelinha está aqui e de deixar seu comentário ♥ Ah, e cuidado com os spoilers (: