Teen Mermaids

By _EuVitoria_

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Pertencente a dois mundos, Lydia, Rebeka e Luce precisam encontrar suas verdadeiras identidades. Seus c... More

Mudança
Festa na praia
Pulando na água
Poderes
Salva vidas
Cardume
Uma dança
Sentimentos expostos
Doce chamado
Emboscada
Carta reveladora
Respostas
Hipnose
Visitando a vovó
Doador anônimo
O plano
Executando o plano
Livro de porções
capitulo especial - Morgana
Enfrentando tubarões
Capítulo especial - Morgana e Shelby
Evento de talentos
Malévolas
Festa na piscina
Banho de lua
Desafio
Para sempre, meu amor.
Perda de humanidade
Cupcake encantado
Recuperando a humanidade
Expostas
Uma novidade em Magic city
Concha prisão
Capítulo especial - Morgana
Encontro desagradável
Capítulo especial - Morgana
Indo as compras
Capítulo especial - Morgana
Oferta
capítulo especial - Morgana
Resgate
Capítulo especial - Morgana
Primeiro beijo
Capítulo especial - Morgana
Baile de natal
Agradecimentos
Novidades

Uma nova sereia

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By _EuVitoria_

   Lydia se livrou de sua mochila, jogando a mesma sobre o sofá e seu corpo ao lado. Tinha alguma coisa errada com seus pensamentos, não parava de pensar em James sem camisa.  A jovem não entendia muito bem como as coisas funcionavam em sua nova escola, mas conhecia caras babacas de longe e o popular era exatamente isso, um clichê que obviamente liderava o time de Lacrosse e mandava em toda School Magic. 

    Dorota surgiu dentro de seu avental limpo, seus lábios sorriam com uma ótima recepção para a menina, que havia chegada da escola exausta.

    - Fiz o seu bolo de chocolate favorito senhorita, com muito chocolate. - contou a empregada, com a expressão gentil. 

    - Obrigada, Dora. - agradeceu com carinho e educação. - Eu já vou lá me servir. Aposto que está delicioso.

    Ainda com um sorriso, a mulher acenou e se retirou do ambiente, deixando a menina sozinha com seus pensamentos, mas não por muito tempo... Seu pai entrou na sala pisando firme, parecendo irado.

    - Não acredito que se meteu em uma briga na sua primeira semana de aula! Qual o problema com você?

     - Não foi uma briga. - bufou, dando de ombros e sentando corretamente no sofá ao qual estava atirada anteriormente. - Eu apenas defendi uma amiga.

      - Talvez ela não seja companhia para você. Já que se mete em confusões... - alertou o homem, ainda muito zangado e de braços cruzados.

        Completamente incrédula, a jovem encarou seu pai. Não podia acreditar no que ouvia, não podia estar recebendo sermão porque seus colegas de classe eram adolescentes desumanos.

     - Luce é uma ótima companhia! - gritou com rebeldia, erguendo seu corpo. - Você não tem o direito de sumir por meses e voltar querendo decidir com quem eu devo ou não andar. -Ela afastou-se do homem com a intenção de lhe dar as costas e seguir rumo a cozinha.

     - Eu sou seu pai, mocinha! - lembrou com uma voz de poucos amigos, Léo não costumava ser muito sério, mas quando resolvia se irritar...

    Aquelas palavras adentraram por seus ouvidos e atingiram seu coração. Lydia se virou bruscamente para ele, soltando sua mágoa e rancor:

     - Pode até ser! Mas é também aquele que me abandonou mais vezes do que eu posso contar. E apesar de amar você, não vou permitir que finja que é um bom pai. Nunca ligou para quem eu andava ou deixava de andar. E agora quer simplesmente fingir que se importa? Desculpa, mas não vai rolar.

      Havia sido um desabafo. Sim, ela guardava mágoas do homem que amava profundamente e só o fato de ama-lo não era o suficiente para esquecer das dores que a ausência constante dele havia lhe causado.

    O pequeno discurso da filha havia o levado ao seu limite, Léo ergueu seu dedo indicador e apontou para escada, dando uma ordem:

    - Vá já para o seu quarto. Você está de castigo.

    A garota o fitou com raiva, vários protestos subiram ao seus lábios mas nenhum saiu, ela acabou por desistir e bateu o pé antes de subir correndo as escadas. Quando lá chegou, atirou-se em sua cama e dormiu por pelo menos uma hora. Após seu momento de descanso, acordou com alguém sacudindo levemente seu ombro, a mão era pesada e grande. A garota olhou por sobre os ombros e reconheceu a fisionomia familiar de seu pai. Ao ver que havia lhe desperto, o homem sorriu.  Ainda muita brava, Lydia imediatamente levou as cobertas até em cima, virando-se de costas para ele e se cobrindo até a cabeça.

     - Pare com isso. - Léo pediu, tentando revelar o rosto de sua caçula, puxando levemente o que lhe cobria.

    - Vá embora! - ordenou birrenta, ainda resistindo para manter-se coberta. - Não quero falar com você.

     Ele respirou fundo e parou suas tentativas de livrar-se da coberta, sua mão no entanto continuou pousada no ombro da menina.

     - Olha, filha... - seu pai iniciou algo, porém calou-se por um tempo. Parecendo escolher bem suas próximas palavras. - Eu sei que pode estar sendo difícil essa mudança, eu também estou tentando me adaptar a tantas novidades. Mas o fato de estarmos todos aqui, juntos... É algo realmente bom. Eu não quero estragar isso. - Um sorriso genuíno se estendeu pelo rosto escondido da menina, no entanto ela não disse nada, deixando que ele prosseguisse. - Pode ser que eu nunca tenha dito antes, mas... O pai ama vocês, quero recuperar o tempo que perdemos. Será que podemos tentar?

     Seus olhos se encheram de lágrimas e seu coração de emoção, não conseguindo mais resistir, a jovem jogou seu corpo sobre o dele, de forma que ficassem envolvidos em um abraço, no qual ela aproveitava para deitar a cabeça no ombro dele.

    - É claro que podemos tentar, pai. Eu também amo você.

    Quando se afastaram, seu pai ostentava um sorriso glorioso nos lábios. Ele levou a mão aos cabelos da filha, acariciando-os.

    - Sua mãe e eu achamos que seria legal fazermos algo todos juntos. - contou.  - O que acha de irmos a praia?

     Se tivesse pensando com a razão, Lydia teria recusado a oferta.  Pois a praia seria um péssimo lugar para esconder seu lado sereia, ainda mais durante o dia. No entanto, optou por ouvir seu coração, a muito não tinha uma tarde em família.

    - Claro. Vai ser ótimo. Me dê apenas alguns minutos e eu já desço. Tudo bem?

    Quando o homem aceitou sua proposta com um aceno e se retirou dos aposentos, Lydia ergueu seu corpo e escolheu uma roupa bem praiana, entrando para o banho logo em seguida.

     Uma vez que estava pronta, encarou seu reflexo no espelho.  Seu corpo estava coberto por um maiô moderno da cor preta, uma saída de praia no estilo vestido de tricô branco. A garota de cabelos crespos escuros, desceu as escadas correndo. Estava quase na porta quando ouviu uma voz lhe apressando. Imediatamente ela apressou seus passos rumo ao jardim, aonde toda sua família lhe esperava.

     Durante o pequeno percurso até a praia já bastante movimentada, a família não deixou o assunto morrer por nada nesse mundo, em conversas animadas e aleatórias.  O que os faziam parecer só mais uma família feliz e perfeita daquela cidade pacata.

   Apesar de estar em um situação gostosa e saudável, aproveitando a tarde com bom humor, Lydia temia ser atingida por qualquer mísera gota d'água, o estrago seria trágico e fatal.

    Estavam todos jogando vôlei e gargalhando, junto de outras famílias, amigos e adolescente que vagavam por ali em busca de uma diversão. Quando Meredith, a irmã desastrada de Lydia, jogou a bola na direção errada, fazendo-a se afastar do grupo e rolar na areia rumo a beira da água. Como a jovem sereia era a mais próxima da bola, fora ordenado para que ela a pegasse, era a coisa mais óbvia. Quando percebeu o quão arriscado era, uma vez que a bola já tocava na água,  arrependeu-se imediatamente de ter ido até ali.

    - Pega a bola, filha.  - ouviu mais uma vez seu pai dizer e simplesmente não sabia como negar.  Não podia dizer a eles que escondia um segredo envolvendo uma misteriosa cauda laranja.

    Sem saber o que fazer, continuou parada, vendo a bola se afastar e parar pouco antes de entrar na água. Um pé descalço havia interrompido seu avanço. Lydia respirou fundo, seus batimentos voltando a normalizar. Mais tranquila ela ergueu os olhos pelo corpo do garoto, fazendo uma avaliação completa partindo dos pés. Um corpo de dar inveja exposto, olhos azuis, lábios rosados, cabelos louros desgrenhados. Músculos perfeitos.

    A essa altura, ela devia estar babando. Ele pegou a bola na mão, com um sorriso gutural. Depois correu em direção a dona dela, encarando-a profundamente nos olhos enquanto seus cabelos se moviam com o balanço de seu corpo. Quando ele parou bem em frente a ela, Lydia já não encontrava mais seu ar, era uma imagem de tirar o fôlego. Quase como se adivinhasse os seus pensamentos de que ela não poderia tocar na bola, o rapaz a atirou diretamente nas mãos de Léo, ainda olhando para a filha do mesmo.

    - Obrigada.... Hã?  - sua voz era um sussurro. 

    - Nolan.  - respondeu com um sorriso lindo.


                                        ☀️

   Em pé em frente ao mar, Luce respirou fundo. Nesse ato, suas amigas não lhe acompanharam, mas ambas encaravam a água com o mesmo olhar perdido. Rebeka e Lydia assim como a terceira menina, também observavam os movimentos das ondas. Não era como se tivessem muitas opções, então Luce que estava no meio, disse:

   - O plano é o seguinte: iremos entrar no mar e vasculhar a maior área possível. Até encontrarmos pelo menos alguma resposta do que realmente aconteceu conosco.

     Como estavam tendo de lidar com segredos, as três adolescente haviam encontrado um lugar para elas naquela praia. Atrás das rochas que escondiam seus movimentos e suas verdadeiras origens.

   Nenhuma delas disse outra palavra, estavam ciente do que fariam. Suas mãos foram dadas antes que seus corpos ainda humanos cortassem a superfície da água. O interior do mar logo foi revelado aos seus olhos, lindo como elas se lembravam. Tornarem-se sereias do dia para a noite fora assustador, mas também tinha lados encantadores....

    - Boa sorte.  - Luce murmurou para elas, soltando suas mãos e se afastando.

     Cada qual foi para uma parte, cobrindo uma maior área de busca. Seus olhos vasculharam o lugar que parecia ter sido tirado de um desenho infantil de tão perfeito que era. Olharam no meio de cada planta, dentro de cada concha, afastaram a areia com suas mãos para ter certeza de que ela não encobria nada. Mas fora tudo inútil, o que quer que tivesse acontecido com elas naquele sábado a noite, não havia deixado nenhum rastro para trás.

    - Meninas, correm aqui.  - ouviu-se Rebeka gritar, sua voz assumia uma nota de euforia.

    - Vamos nadar até ai.  - corrigiu Lydia, rindo de sua própria piada sem humor. Já se encaminhando para onde a amiga estava. 

      - Venham logo. - a voz de Rebeka soou espantada, seus olhos fixos em algo e logo suas amigas entenderam todo aquele pavor. 

     Só quando se voltaram para aonde a garota olhava com uma expressão tão assustada que perceberam a presença de mais uma pessoa... Mais uma sereia. Os cabelos eram grandes, ondulados e flutuavam sobre a água, possuíam a cor do fogo. A sereia como as outras, possuía uma cauda linda e alaranjada, assim como suas madeixas. Todas engoliram em seco ao mesmo tempo. Encarando a criatura que estava de costas para elas. Seus corpos estavam cobertos por um arbusto marinho. Elas não faziam mais ideia do que esperar, até a pouco tempo acreditavam serem únicas e agora deparavam-se com mais uma? Estavam começando a duvidar de onde "pisavam" quanto mais fundo iam naquela história de descoberta, mais e mais a merda cheirava.

   - Ei, você... - Rebeka foi a primeira a encontrar sua voz, mesmo que ainda estivesse de boca aberta com a imagem. A cabeça de longos cabelos ruivos se virou na direção delas, os olhos cor de mel ficaram confusos ao detectar as outras três sereias. Ela parecia tão assustada quanto as meninas, pois logo fugiu, nadando apressadamente.

    - Temos que alcançar ela.  - falou Lydia, ciente de que aquela podia ser a única pista, o mais perto que poderiam chegar da verdade.

    Cheias de dúvidas, curiosidade e medo, as três meninas sereias se puseram a nadar no rastro da "fugitiva".  Mesmo usando todas suas energias para manterem boa velocidade, Lydia, Rebeka e Luce não foram o suficiente para vencerem a garota de cabelos de fogo. O corpo dela parecia muito mais hábil e veloz, nadando com velocidade e graciosidade, como se fizesse aquilo a muito tempo.

   Atendendo as súplicas de seus pulmões, Luce teve que parar de nadar, mesmo sendo metade sereia, estava exausta de ter nadado por minutos em alta velocidade. Suas amigas aparentemente sentiam a mesma coisa pois também interromperam a perseguição.

    - Perdemos ela de vista.  - Rebeka reclamou passando a mão em sua testa.  - Agora sim estamos em um beco sem saída.

    - Quem será era ela?  - Lydia perguntou a questão para qual todas queriam uma resposta.

     - Eu não sei.  - Luce respondeu com um suspiro cansado.  - Mas precisamos descobrir.

       - Eu estou aqui.  - uma voz murmurou, era leve porém hesitante, até mesmo amedrontada.  - Quem são vocês e por que possuem a cor do meu cardume?

     As meninas congelaram e olharam em direção a voz, encontrando a ruiva a uma curta distância. Ela tremia e parecia nervosa, talvez assustada.

    - Nós somos... - Luce procurava as palavras em sua mente confusa, mas elas estavam embaralhadas. Haviam tantas perguntas, tantas curiosidades sobre a garota e si mesma.

    - Primeiro você diz quem é. - Rebeka interrompeu, colocando seu corpo para a frente de forma intimidante, era a única ali confiante o suficiente para assumir as rédeas da situação.

     Com olhos arregalados a ruiva recuou para trás, como se o avanço da meia humana lhe assustasse. Ela olhou desconfiada para as garotas e depois disse tentando soar firme mas não conseguindo nada além de gaguejar:

     - Me-me cha-chamo Mor-Morgana. E sou do cardume laranja, como vocês, aparentemente.

     A surpresa reinou entre as amigas, elas trocaram olhares rápidos antes de voltarem a encarar Morgana e perguntarem em uníssono:

    - Existem mais como nós?

    - Claro que sim.  - ela encarou ambas as três, como se estivesse diante de três malucas. - Vocês são engraçadas...

    Ignorando a observação da menina, Luce não resistiu em tomar a liderança da conversa, aproximando-se mais em um ato tão desesperado quanto sua voz ao pedir:

    - Você precisa nos falar mais sobre isso.

    - Mas como você não sabe? É uma de nós. Uma sereia do cardume laranja.

     Novamente as garotas se encararam, certas de que possuíam apenas duas opções: dizer para aquela estranha a verdade de quem eram ou jamais saberem a verdade de suas origens. Só tinha um jeito de resolver aquele enigma e Luce resolveu arriscar, depositando seu segredo nas mãos de uma quarta sereia:

    - Não nascemos com elas.  - seu dedo indicador apontou para a cauda. - Somos metades humanas. 

      Se antes Morgana estava assustada, quando Luce lhe contou então ela entrou em estado de pavor. Nadou um pouco mais para trás, como se estivesse diante de uma aberração.

    - Como?  - ela arqueou as sobrancelhas de seu rosto amedrontado, fazendo parecer que estava diante de algo impossível. Mas as meninas já não acreditavam mais naquela palavra.

    - Não tenha medo de nós. - Lydia falou pela primeira vez, ao notar o impacto que suas verdades haviam feito na outra. Seu corpo avançou com as mãos para frente, mostrando que era inofensiva. - Não queremos machucar você, apenas precisamos de sua ajuda. Algo aconteceu conosco na última noite de lua cheia, não sabemos o que e nem porquê... Por favor, ajude-nos a descobrir.

    As sobrancelhas da outra se encolheram em estranheza, ela parecia ter mais medo das outras do que elas dela.

    - Eu tenho que ir embora.  - era quase uma súplica, parecia dizer aquilo por ter medo de recusar ao pedido de ajuda.  Enquanto prosseguia com as palavras, ia afastando-se a "nadadas" de costas.  - Desculpem... Se eu não ir,  virão atrás de mim. -  Apesar da sua clara recusa e da tentativa de fuga, as outras continuaram lhe encarando com expectativas e esperanças.- Tudo bem.  - cedeu Morgana. - Estejam aqui assim que o sol raiar. 

    Essas foram suas últimas palavras antes de evaporar, nadando tão rápido quanto o flash podia correr. 

    Em questão de milésimos as garotas estavam de volta na praia, secas e com ainda mais duvidas. Preferiram tratar daqueles assuntos em terras mundanas, notaram que sereias humanas não eram comuns por ali e se realmente houvesse um cardume como Morgana havia dito, não poderiam arriscar se expor. 

    - O que foi aquilo? - Rebeka abriu espaço para que o assunto finalmente fosse abordado. Todas saíram daquelas águas ainda mais confusas do que entraram.

    - Aparentemente existe cardumes inteiros de nós. Não somos únicas como pensávamos.  - Foi Luce quem respondeu, mesmo a resposta estando óbvia na cabeça das três.

     - É e o que faremos? A situação esta ficando cada vez pior, quando pensamos que encontramos uma resposta, surgiram mais e mais perguntas... - apesar de no mar Lydia ter soado tranquila, fora dele ela se viu em desespero.

     - Eu sei, é frustrante. - Luce bufou, claramente atingida pelas mesmas coisas que afetava sua amiga.  - Mas agora temos uma partida, um início... Vamos ouvir Morgana. 
    
    - E que outra escolha nós temos? - Rebeka questionou sua sugestão, em um caminhão de desanimo. Percebendo que a sereia ruiva havia trazido conflitos internos para as outras, Luce suspirou e parou de andar.

    - Tudo bem. Esperem.  - pediu fazendo ambas também interromperem seus passos. - Eu sei que tudo isso é muito bizarro, mas encontrar Morgana foi algo bom, o primeiro passo para nos encontrarmos... E não importa qual seja o resultado final, estamos juntas. Ok? 

    Sua mão caiu no meio de seus seus corpos, convidando-as para mais aquele pacto.  Juntas... Pelo menos aquele mistério havia lhes dado umas as outras. Nunca mais estariam sozinhas. Ambas as duas assentiram e se limitaram a selar aquela promessa jogando suas mãos para os ares, só então tomando seus rumos de volta para casa.

    Durante o tempo em que seguia sozinha para sua residência, Luce tentou não fritar sua cabeça curiosa buscando resolver sozinha os últimos acontecimentos. Sabia que só obteria respostas no outro dia as seis da manhã...

    Quando finalmente chegou em sua porta, parou antes de abri-la. Engoliu em seco e tentou aparentar o máximo de normalidade possível, jogando para escanteio suas emoções e preocupações, não poderia bobear e por tudo a perder. Na hora em que levava a mão na maçaneta, a porta fora aberta por alguém que ocupava o interior de sua residência. Perto de seu visitante ela era pequena, mas já havia se acostumado com aquela diferença de altura.

    - Oi.  - cumprimentou e sorriu para seu melhor amigo, que trazia na mão um de seus muitos moletons que deixará na casa de sua amiga. Fingindo sequer lhe ver, Belamy passou reto por ela, mostrando pura indiferença para sua presença.

    - Bell? - Luce o chamou quando o mesmo insistiu em lhe ignorar completamente, indo embora sem sequer lhe dar uma explicação. - Ei.  - não se lembrando de nenhuma briga recente entre eles, a garota correu atrás do amigo, o puxando pelo braço para faze-lo parar. - O que foi?

    - Por que não pergunta para suas novas melhores amigas?  - questionou Belamy Martin, afastando-se do toque e lhe olhando seriamente. Luce suspirou, finalmente compreendendo o porquê de todo aquele drama, seu melhor amigo ciumento podia ser bem difícil de lidar as vezes.

  - Está chateado por que fiz amizades novas?  - seu tom não era surpreso, Belamy era um rapaz muito mimado, histérico até, podia ser bem cruel e impiedoso quando queria, tinha dois lados e Luce conhecia os dois. Ele era puro veneno e quando não gostava de alguém, não media esforços para deixar seu ranço nítido.

    - Estou chateado porque está me trocando por elas.  - reclamou magoado, virando seu rosto para o lado e cruzando os braços de forma birrenta.

    - Ei, deixa disso.  - soltou um riso de sua ceninha. Dando um tapinha brincalhão em seu braço.  - Sabe muito bem que eu nunca trocaria você. É o meu preferido, lembra?

    - É, não sei não...  - revirou seus olhos e bateu os pés, Luce logo notou que ele tentava fazer-se de difícil.

    - Sabe sim, seu malandrinho.  - ela deu risada fazendo cócegas em seu amigo que tentou resistir mas deixou escapar risinhos abafados. 

   - Tá, eu sei.  - cedeu, em meio aos risos que a outra lhe arrancava com a brincadeira. - Eu sou mesmo o preferido.

    - Então para de besteira e venha. - a sereia disse, parando suas cócegas e o puxando para dentro da residência. - Vamos ver um filme. 

☀️

       Para o seu azar supremo, uma chuva intensa havia começado a cair. Se simplesmente cancelasse o compromisso, sua mãe lhe faria perguntas das quais não poderia lhe dar respostas. E além do mais, estava vestida para matar, recusava-se a ficar em casa ao sábado a noite, quem estava na chuva era para se molhar... Apesar de adorar a metáfora, Rebeka esperava não seguir ela ao pé da letra, pois se uma mísera gota tocasse sua pele, ia acabar por virar um peixe.

    A única solução que encontrará fora vestir uma capa para chuva, pois até mesmo o guarda-chuva era arriscado demais. Pelo menos assim, sua roupa bonita e elegante estava protegida e não ficaria encharcada. Acelerou seus passos, pois pretendia chegar no ponto de táxi antes que a chuva se tornasse uma tempestade. O barulho de seus saltos ecoavam por cada canto da rua vazia.

     Chegando lá, não encontrou nenhum carro disponível, o que a fez amaldiçoar ainda mais sua falta de sorte. Havia outros pontos na região, então teria que caminhar até outro deles, torcendo para que o segundo tivesse motoristas disponíveis. Tudo teria sido tão mais fácil se seu aplicativo para Uber não tivesse simplesmente parado de funcionar... Até tentará ligar para Danna, na intenção de manda-la lhe chamar um Uber, mas sua melhor amiga não atendia suas diversas ligações.

    Como um presente dado pelos deuses para recompensar todo o sufoco que estava passando naquele dia, um táxi surgiu andando pelas ruas, antes mesmo que ela chegasse ao ponto. Mas óbvio que o universo não iria conspirar inteiramente ao seu favor. Assim como ela, também havia outro jovem esperando por aquele mesmo taxista que havia caído do céu. O assobio dele fez com que o veículo parasse imediatamente.

     Rebeka não estava disposta a deixar aquela oportunidade passar, apesar de não gostar da atitude que estava prestes a tomar, sabia que tinha bons motivos. Cada segundo que passava no meio daquela chuva, mesmo protegida pela capa, corria certo risco. Assim que colocou a ideia em sua cabeça, não se importou com o fato dela ser injusta, apenas correu de cabeça baixa, evitando que as gotas caíssem em sua face maquiada. Abriu a porta do automóvel e sentou-se no banco do carona. Aliviada por ter finalmente escapado de toda aquela água ameaçadora sem ter criado cauda nem escamas. Estava pronta para passar seu destino ao motorista quando a porta se abriu, revelando um segundo corpo que ignorou sua presença e adentrou no veículo.

     Era ele o dono do assobio...

    A garota foi envolvida em uma onda de vergonha, o cara devia estar lhe achando uma tremenda cara de pau, sem noção.

    - Desculpe... - se obrigou a murmurar,  sentindo suas bochechas queimarem com a vergonha, percebendo seu plano havia falhado e se preparando para abandonar o carro.

   - Não.  - o rapaz lhe impediu de descer, colocando sua mão sobre o braço coberto pela capa amarela da jovem.  - Tudo bem,  podemos dividi-lo se quiser. Acredito que possa demorar bastante para o próximo... E a chuva pode piorar.

    - Você não precisa ser gentil comigo. Eu tentei roubar o seu táxi. - Rebeka soltou um riso baixo, ainda com a mão preparada para abrir a porta.

    - Bom, eu lhe devia essa, já que molhei você. - Seu tom era divertido e somente ai a jovem reconheceu de quem era a voz familiar. O destino só podia estar tirando uma com a sua cara.

    Naquele momento, Rebeka finalmente resolveu soltar a porta e encarar seu companheiro de táxi e ali estava o garçom desastrado, com um sorriso largo nos lábios. Não conseguiu conter o seu sorriso, que venho acompanhando o dele. Não lembrava do mesmo ser tão bonito. Assim eles ficaram, se encarando por quase um minuto. Sorrisos mútuos. Até que o motorista limpou a garganta, impaciente. 

    - Então... Quem fica e quem vai?  - ele quis saber, mostrando que havia ouvido toda a conversa e era muito rabugento. O rapaz respondeu que eles dois fariam a mesma viagem e quando disse que ela poderia dar o seu destino primeiro, acabaram por descobrir que iam para o mesmo local. 

     - Você também vai para a festa?  - a garota quis saber, chocada com as coincidências. 

   - De certa forma. - o rapaz que havia se apresentado como Eduardo, respondeu educadamente.  - Eu vou trabalhar como garçom.

     Após isso, não perguntaram muito um sobre a vida do outro, mas Rebeka se viu realmente interessada na vida dele.  Eduardo parecia diferente dos adolescentes que ela conhecia, ele era... Interessante.   

   O caminho não foi muito longo e ao fim da trajetória notaram que a chuva já não caia mais, embora houvesse deixado rastros para trás. Com isso a jovem pode finalmente se livrar da capa de chuva amarelada.

       Quando saíram do veículo, se despediram e Eduardo pagou a conta, mesmo a dama que lhe acompanhava insistindo para que pelo menos a dividissem. 

     Rebeka fora para a porta de recepção, aonde havia um tapete vermelho e dois seguranças para receber os convidados. Eduardo por outro lado, seguiu para a porta dos fundos, provavelmente por onde estavam entrando todos os empregados. 

    Com seu vestido tomara que caia dourado e brilhoso, Rebeka estava tão linda quanto uma estrela de Hollywood, até mesmo o guarda carrancudo sorriu ao lhe ver.  Ela obviamente, devolveu ao gesto e disse seu nome a ele, que logo conferiu na lista exclusiva de convidados que provavelmente eram cheios de grana. Confirmando que ela poderia entrar, o segurança passou profissionalmente seu corpo para o lado, abrindo-lhe caminho para que ela pudesse entrar desfilando sobre o glamoroso tapete vermelho, exatamente igual aos dos eventos de famosos.

    - Rebeka, aqui...  - Ouviu alguém chamar por seu nome e logo avistou sua mãe com toda sua beleza natural. Junto de um grupo de mulheres tão elegantes quanto ela. 

    Quando todas aquelas mulheres ricas lhe encararam com expectativa de que ela fosse mais uma dama da sociedade, a sereia sentiu-se anojada e exposta, apesar de ter nascido rica, não queria ser nariz empinado como aquelas senhoras. Mas sabia que Ana amava aquele mundo de poder e luxúria, então sorriu e caminhou até elas com graciosidade.

    - Queridas, essa é a minha filha. - sua mãe lhe apresentou para suas companheiras, e foi a primeira vez que Rebeka ouviu orgulho no tom de voz dela.  - Ela não é linda?

    - É sim, é uma gracinha.  - Disse uma ruiva muito bem vestida, enquanto depositava um beijo em cada bochecha da mais nova. 

   Mesmo sem querer,  Rebeka cumprimentou todas do grupo e participou da conversa de forma educada. Conhecia as etiquetas, sabia como se portar como uma dama. Só não gostava, achava tudo muito forjado e superficial, um bando de gente que se achavam donos do mundo simplesmente porque tinham dinheiro. 

      Nos minutos que se passaram, a jovem descobriu que sua mãe não somente trabalhava para a dona do evento, como também eram grandes amigas. Rebeka tentou parecer o mais comportada possível e até estava se saindo bem, no entanto não via a hora de sair correndo dali. Teve a oportunidade perfeita quando sua melhor amiga, Danna, apareceu na entrada do salão, lhe dando a chance de se afastar sem parecer rude. Os cabelos louros e lisos da menina estavam soltos e brilhavam e seu corpo coberto por um vestido chique de ceda, possuindo a cor vinho. Ela era bonita mas ao mesmo tempo discreta, uma combinação perfeita.

   - Você demorou. Elas estavam me deixando louca.  - murmurou Rebeka, segurando com delicadeza os ombros da amiga, enquanto falava discretamente em seu ouvido e beijava suas bochechas rosadas. 

    - Não seja dramática.  - Danna riu, mostrando sua fileira perfeita de dentes branquinhos, dando dois tapinhas amigáveis nas costas da outra enquanto a cumprimentava.  - Aposto que fez amizades incríveis.

    No instante em que uma música clássica e suave começou a tocar, Rebeka viu sua mãe se conduzindo até ela com passos calmos, seus saltos pretos desfilavam pelo chão reluzente.

    - É bom vê-la, Danna.  - Ana cumprimentou a jovem casualmente. 

    - Igualmente, sra. Campbell.  - em um ato automático, a menina lhe beijou a face, sorrindo com doçura e gentileza.  - Obrigada pelo convite, foi muito gentil da sua parte.

    - Sem problemas.  - respondeu-lhe, apesar de soar muito educada, não estava demonstrando nenhum afeto em especial pela melhor amiga de sua filha. - Rebeka, eu tenho que começar a fotografar.  - ela se virou para a menina em questão. - Por que você e Danna não aproveitam para se divertirem um pouquinho? Aposto que vão encontrar vários adolescentes legais por ai.

   - Claro, tenho certeza que sim... - ela forçou uma riso, suas palavras eram extremamente falsas. Duvidava muitíssimo de que em um ambiente como aquele realmente houvesse boas pessoas.

    - Ótimo. Encontro vocês daqui a pouco.  - Ana não esperou mais nada para se retirar e ir botar seu trabalho em ação.

    Quando ela se afastou, as garotas não puderam evitar e tiveram que dar uma circulada pelo lugar, caminhavam de braços cruzados uma com a outra e atraiam muitos olhares. Ambas já se afogavam no tédio, quando o garçom surgiu trazendo uma bandeja que continha champanhes caros. Para o alívio das garotas, pois sempre foram festeiras, adoravam baladas, mas aquela festa estava parecendo "velha" demais.

    Sem precisar trocarem uma palavra, as amigas decidiram em silêncio o que fariam, caminharam até o garçom que para a surpresa de Rebeka, era Eduardo. De repente sentiu-se nervosa e com borboletas no estômago. Ele estava lindo dentro de um terno preto, uma camisa social branca por baixo e uma gravata borboleta dependurada em seu pescoço. Típica vestimenta para garçons de um evento chique. Percebendo que ela o olhava com um brilho diferente nos olhos, Danna sorriu de lado, sua amiga havia pela primeira vez ficado vermelha diante de uma presença masculina.

   Eduardo sorriu ao vê-la novamente, a menina agiu rapidamente pegando a taça com suas unhas tingidas de vermelho sangue. Ela bebeu um gole do líquido, Danna também pegou uma para si e assim que serviu as amigas, Eduardo se afastou e continuou oferecendo bebidas para o restante dos convidados. Enquanto ele se locomovia pelo salão, Rebeka o acompanhava estática, seus olhos fixados no garoto bonito que o destino havia colocado em seu caminho.

   - Quem é o gato?  - quis saber Danna em um tom malicioso, fazendo-a ter que desviar o seu olhar para encara-la. 

   - Ninguém importante. - garantiu, dando de ombros com indiferença. - Vem, vamos dançar. 

     Como se ouvindo os seus pensamentos, a música logo mudou para uma mais agitada, fazendo com que Rebeka animada pegasse a mão de sua melhor amiga e lhe arrastasse até a pista de dança. Logo haviam se enturmado com os demais adolescente daquele lugar, que não se pareciam em nada com os pais, eram almas livres e algumas até mesmo boas, gostavam de festas e gostaram das garotas. Beberam e conversaram muito ao longo da noite, em nenhum momento pararam de se divertir, Rebeka supôs que os havia julgado mal por serem ricos e bem vestidos. Mas assim como ela, aqueles jovens só queriam aproveitar a vida, sem deixar o dinheiro subir para a cabeça.

   Todos estavam alegres, festejando em grupo e dando altas gargalhadas. Em determinado ponto, ela abandonou a pista e deixou sua melhor amiga e seus novos amigos se movendo ao ritmo da música eletrônica, enquanto ia ao banheiro. Enquanto desfilava até o toalete, se sentiu sendo observada. Olhou para trás e encontrou um homem encostado em uma mesa, ele lhe avaliou de cima abaixo com um olhar malicioso e então mordeu seu lábio tentando parecer sexy, mas se tornando nojento. 

     Ela revirou seus olhos e o ignorou, farta desses homens idiotas que acham que as mulheres são pedaços de carne suculentos.  Podia sentir perfeitamente que os olhos predadores daquele homem vestindo terno, lhe acompanhavam até a porta do banheiro feminino. 

   Uma vez que suas necessidades estavam feitas, Rebeka utilizou o enorme espelho que cobria toda a parede acima das pias, para poder checar sua aparência. Estava arrumando alguns fios de seus cabelos, quando percebeu no reflexo do espelho, um par de olhos lhe encarando com malícia e um sorriso um tanto quanto perverso.

    - É o banheiro feminino, senhor.  - disse rude, sem se virar. - O masculino fica ao lado.

    O sorriso nos lábios daquele que havia lhe perseguido do salão até ali, alargou-se ainda mais com a ousadia da jovem. Ele se aproximou com passos largos e olhos fixos nos dela, apartir do espelho de vidro. O homem estava prestes a lhe encurralar entre o balcão das pias e seu corpo, percebendo que esses eram os seus planos, a sereia se virou e foi mais rápida do que ele ao se afastar e tentar alcançar a porta.

    - Por que a pressa?  - ouviu a voz dele no mesmo instante em que a mão grande do mesmo pegou em seu pulso com violência e a puxou de volta, colocando-a no mesmo ponto em que estava anteriormente. Para logo em seguida ir fechando a porta do banheiro, deixando-os completamente sozinhos.

    - Estão me esperando lá fora, se eu demorar, virão atrás de mim.  - Em meio ao seu desespero, foi a única frase que conseguiu formular, não precisava saber ler mentes para perceber quais eram as intenções daquele sujeito. Seu corpo foi empurrado com força contra o balcão, suas costas arderam com o baque e uma mão pesada foi jogada sobre seus lábios, já lhe impedindo de soltar possíveis gritos por ajuda.

    - Só vamos nos divertir um pouquinho. - sua voz era insana, como seus olhos e seus atos. Enquanto uma de suas palmas controlavam os gritos da menina, a outra subia com violência pela cocha coberta pelo vestido, aos poucos despindo-a. A garota se debateu, tentou empurrá-lo, mas seus movimentos não surtiam efeitos e ela não pensava claramente em meio a tanto medo e desespero, estava em pânico.

    - Não, pare... - murmurou com súplica, sua voz saia abafada e ela estava cada vez mais encurralada. Seu agressor parecia sentir prazer ao ouvir seus apelos, distribuindo beijos nojentos por seu pescoço, subindo a mão para alcançar suas partes íntimas. Era uma situação tão desprezível e nojenta que deu ânsias de vômito em Rebeka, quando a garota teve quase certeza de que iria vomitar, a porta do banheiro foi arrombada por um chute e ela salva por um garçom.

     - Tire suas mãos imundas de cima dela!  - gritou Eduardo, sua presença e voz masculina, fizeram com que o maluco desumano, parasse seu ato insano. Libertando a jovem de seu toque indesejado.

     Sem dar tempo para que o homem falasse, o menino o grudou pelo colarinho de sua blusa social o atirou contra uma parede, desferindo diversos socos e chutes violentos em seu corpo. Rebeka observou tudo com a respiração acelerada e o nervosismo correndo solto em suas veias. Ouvia o garoto que havia lhe salvado da possível situação, ele gritava xingamentos e palavrões enquanto agredia cada vez mais e mais o outro, não parecendo pretender parar. Esse foi o trabalho de quatro seguranças. Eles entraram correndo e dois deles puxaram com um pouco de esforço, Eduardo, tirando-o de cima do homem já inconsciente e os outros dois já saíram arrastando o mesmo para fora do ambiente.

     Rebeka continuou congelada, suas pernas que tremiam só voltaram a possuir movimentos quando ela avistou o rosto de sua melhor amiga. Em um impulso aleatório, correu para a garota e afundou seu rosto no peito da mesma, que lhe abraçou de forma protetora.

    - Foi horrível, Danna... - murmurou, tentando se recuperar da situação. - Eu fiquei com tanto medo... 

    - XII,  tudo bem. - Danna lhe abraçou ainda mais forte. - Agora está tudo bem.

    Rebeka não era uma garota frágil e não gostaria de ser. Sendo assim, após segundos de conforto, se afastou da amiga e disse:

    - Graças ao Eduardo, ele me salvou.

     - Como você sabia o que estava acontecendo?  - a loura questionou o rapaz que estava parado, parecendo furioso.  A mesma tornou a envolver sua amiga em seus braços. 

     - Eu o vi de olho nela a noite inteira.  - em sua voz ainda havia vestígios de uma raiva que ele tentava de forma falha, controlar. Seus punhos estavam sujos com o sangue do homem que havia espancado. - Vi quando ele a seguiu até aqui. Pedi para que um dos outros garçons chamassem os seguranças enquanto vinha na frente.

    Enquanto a boca dele se movia lentamente, Rebeka se pegou admirando o garoto estressadinho em sua frente, ele havia lhe salvado e deixado escapar um detalhe: Se prestará atenção no fato de que o homem estava observando-a, então ele também a observava. Involuntariamente deixou escapar um sorrisinho.

   - Obrigada.  - agradeceu.

   - Filha?  - sua mãe entrou como um foguete no banheiro, roubando a menina dos braços de Danna e apertando-a contra si mesma, parecia pela primeira vez, carinhosa e preocupada. - Como você está querida? Fiquei sabendo do acontecido, eu sinto muito...

    - Eu estou bem, mãe... - saiu tudo engasgado, pois Ana lhe sufocava com aquele abraço. Abraço do qual ela tentava se soltar. - Eduardo chegou antes que algo pior acontecesse.

    - Obrigado por isso, meu rapaz.  - disse-lhe a mulher, soltando sua filha e remexendo em sua bolsa cara. - Quanto eu lhe devo? Pode dizer o seu preço.

    A expressão de Eduardo mudou drasticamente, sua face ficou completamente dominada pela ofensa, ele estava claramente ofendido com a oferta da bela dama. 

   - Eu não quero o seu dinheiro.  - rosnou entredentes.  - Eu fiz o que fiz porque era a coisa certa.

     Saiu batendo a porta, denunciando ainda mais sua raiva. Rebeka logo percebeu e entendeu o porque daquilo tudo, pessoas ricas achavam que todos os atos bons que as pessoas de baixa renda faziam, eram com interesses na grana para quem prestavam os favores.

     - MÃE! - Repreendeu-a antes de sair correndo atrás do garçom. - Correu pelo salão, atrás do jovem que andava a passos rápidos, se afastando cada vez mais. - Eduardo, espera! - pediu, tendo que parar pois mesmo que quisesse, não podia mais acompanha -lo. - Suas palavras fizeram com que ele parasse de andar e após pensar um pouco, se virasse para lhe encarar.  - Ela não quis ofender você. - murmurou assim que teve sua oportunidade. Ambos estavam a passos de distância, se encarando com os braços caídos ao lado de seus corpos. - Ela só...

    - Achou que devia me pagar simplesmente porque eu sou um mero garçom? Porque para ela, e para os outros do mundo de vocês, tudo o que nós fazemos é por dinheiro? Pois diga para sua mãe guardar a droga do dinheiro dela para comprar mais saltos caros para você.

    Cuspiu suas palavras e lhe deu as costas, lhe abandonando com centenas de pensamentos torturantes. Ele era interessante para ela, mas para ele,  Rebeka era somente mais uma garotinha superficial.    

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