Feridas pungentes
Que assola
Reclamando de agonia.
Pela realidade
Ressoa os passos do menino na calçada,
sem cadarços ou sandália.
Andando descalço
Olha admirado para o outdoor de uma vitrine qualquer,
admirado pela luz.
Fazendo careta para sua imagem refletida no espelho
O dono da vidraçaria.
O vê e enxota de sua porta dizendo:
—Sai daqui pivete.
A sociedade olha o espelho
Mas para sua surpresa, não vê os Outdoors.
O dono da loja vê somente o menino maltrapido e descalço
A sua frente, sua aura refletida no espelho.
A sociedade fecha seus olhos para não ver mais,
Mas ouve o choro refletido em passos fortes de uma corrida.
No mesmo momento o dono da vidraçaria olha o espelho.
No espelho não vê nada,
Só uma alma vendida.
Perdida.