Vida em Sonho

By vhromanov

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A história de Victor Hugo, contada por ele mesmo, cheia de mistérios e surpresas. Acompanhe! More

{Cap. 2} A Primeira Surpresa - Evolução da história.

{Cap. 1} Start.

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By vhromanov


Manhã de domingo. Especialmente hoje a manhã surgiu da forma que menos gosto: nublado, de céu branco, com tempo abafado; Costumo dizer que nesta situação, o dia está morto; Ainda mais em um domingo. Enfim, penso em procurar algo pra fazer ao invés de me queixar desta manhã, quem sabe algo mudaria a situação.

Desvio o olhar da janela à mesa de cabeceira, buscando meu celular; Sem tanta razão, presto atenção na hora: 8 da manhã. Me levanto da cama, naquela transição de querer ou não acordar de fato.

No banheiro, o mesmo ritual de toda manhã: escovar os dentes e tomar um banho; Mas desta vez, algo parecia estar caminhando de forma anormal numa manhã de domingo. Um pressentimento, talvez. Não; coisas da minha cabeça.

Debaixo do chuveiro, não somente comigo, mas creio que com muitas outras pessoas, várias idéias vêm a mente, boas e ruins. Planos principalmente. Logo aproveitei pra imaginar o que faria nesta manhã de domingo "morto", se ligaria pra alguém, ou se insistiria em ficar sozinho lendo algum livro, não sei. Continuarei pensando.

Saí do banho, procurei a roupa mais leve e suave possível dentro do meu closet; Embora quisesse mudar esta manhã pra algo melhor, não dispensaria a tranquilidade do domingo. A semana de dias agitados não tem pontos positivos comigo. A combinação perfeita foi uma bermuda comum branca e uma bata de cor creme. Enfim, vou tomar o café; mas antes, preciso falar um pouco sobre mim.

Meu nome é Victor, tenho 18 anos, gosto de musica, livros, viagens, ainda mais quando posso combinar os três. Sou uma pessoa bem paciente, mas ser paciente não significa ser calmo. Tenho meus gostos e desgostos, com certeza mais desgostos do que gostos, mas isso fica pra outra hora.

Moro com meus pais Henri e Donna, e minha irmã Laura. Meus pais são empresários do ramo da moda, controlam uma empresa que fundaram juntos e estão sempre viajando; Não significa que não temos uma boa relação, mas também não significa que sentamos à mesa todos os dias pra um almoço em família. Acredito que esteja longe do padrão da minha família, pelo menos nos tempos atuais. Minha irmã é adorável; Companheira, cúmplice em muitas histórias, boas e ruins, e está sempre do meu lado quando preciso. Tem 17 anos, e seu namorado se chama Sam, mas a história fica pra outra hora.

Sempre fui uma pessoa muito intensa, de todos os sentidos, mas principalmente quando o assunto é "sentimento". Tenho a qualidade e defeito de amar demais, me dedicar demais, consequentemente sofrer demais, mas é algo que gostaria que se auto-descrevesse, em uma situação oportuna, e espero que não seja tão cedo. Sou apaixonado por tudo o que faço profissionalmente, e dificilmente abandono meus projetos. Isso ficará evidente. Vou ao meu café, afinal preciso colocar minhas idéias em ordem, pra enfim pensar no que fazer nesta manhã de domingo, ou quem sabe neste domingo todo.

Abro a porta do meu quarto e encontro o corredor vazio, como sempre. Dificilmente encontro movimento ou barulho por aqui. Desço as escadas e vou até à cozinha, e confesso que na esperança de talvez então encontrar poucas pessoas ou ninguém à mesa, mas justamente hoje a mesa do café da manhã contava com a presença de todos.

- Bom dia.

- Bom dia. - Num descompasso as vozes dos três me respondiam.

- Victor, esta semana eu e seu pai iremos à Munique; Fecharemos um acordo com alemães e ficaremos fora por pelo duas ou três semanas, e vocês poderão contar com a presença da Claudia pra qualquer situação. Tudo bem pra vocês?

Antes que me esqueça, Claudia é governanta da casa e está de fato em todas as situações, sempre ajudando no que precisamos.

- Ficaremos bem, mãe.

Não é algo anormal quando meus pais viajam, às vezes tenho a impressão de que a casa está acostumada com a ausência deles. Laura com certeza sente falta, mas talvez esteja se adaptando.

Todos estavam encerrando seu café, enquanto eu que havia acordado minutos antes acabara de chegar à mesa; se levantaram e cada um foi pra um lado da casa.

Minha mãe sempre gostou de seu jardim, e cuida como se fosse mais um filho; Possui as mais diferentes flores que se possa imaginar, espécies de plantas que nunca ví, extraordinário. Meu pai correu para a sala de estar, aonde lê o jornal impresso sempre que pode. Tentei "modernizar" colocando um tablet em sua mão mas talvez tenha sido a atitude mais inútil que tomei até hoje. Laura correu para seu quarto; Na realidade nunca soube exatamente o que minha irmã faz naquele quarto o tempo todo, e sempre imaginei que o namorado estivesse por trás disso, mas isso fica pra depois também.

Enquanto tomava uma xícara de café amargo, meu celular tocou. Logo abrí um sorriso, imaginando que pudesse ser algum amigo me tirando de casa, me isentando completamente de colocar as minhas idéias em prática, já que todas as idéias eram compatíveis com um domingo em casa.

Corrí pra atender o celular:

- Alô?

- E aí Vic?! Algo pra fazer hoje?

- Ah, oi Diogo. Provavelmente sim, espero que não desligue o telefone sem me dizer o que vamos fazer hoje de bom. - disse rindo.

Diogo tem 19 anos, é um amigo que não gostaria de perder, sob hipótese alguma. É o amigo que se sente mais à vontade na presença dos meus pais ou de outros familiares, e talvez seja algo particular dele. Tem o hábito de chegar em casa e puxar a minha mãe pra dançar no meio da sala de visitas, ou então discutir com meu pai assuntos polêmicos, que o fazem perder o sono depois. Diogo só nunca se sentiu à vontade perto da Laura, ainda não sei o por quê mas talvez tenha entendido já. É evidente a diferença de seu olhar quando ela se aproxima. Talvez seja mais um delírio meu, mas de qualquer forma talvez não apoiaria os dois como um casal namorando. Ele é meu amigo, companheiro de todas as ocasiões, mas é muito famoso entre as garotas e seus outros amigos: o grande "pegador". Isso não me agrada muito; Não quando minha irmã está no assunto.

- Ótimo! Passarei na sua casa em meia hora, ou quarenta minutos no máximo. Imaginei que estivesse com a intenção de fugir deste dia "morto", como você diz. - disse soltando uma risada irônica que só ele tem.

- Tudo bem. É o tempo que tenho pra me vestir melhor. Até já.

- Até!

Voltei à mesa, terminei com meu café amargo e algumas torradas e fui ao meu quarto. Observei que em cima da minha cama havia algumas peças de roupas, minhas, mas não me lembrava o por quê delas estarem alí, separadas das outras. Ao sair do banho, procurei uma roupa mas não me lembro de ter tirado peças do closet, mas tudo bem. Ao pegar as peças de roupa, notei que estavam usadas. Me preocuparia com isso mais tarde, meu tempo agora é curto. Procurei uma roupa melhor, mas calcei chinelos e descí pra esperar meu amigo..

Pouco tempo depois ele chegou, e como sempre cumprimentou meus pais e logo em seguida saímos.

- Cara, tenho um lugar pra mostrar. Conhecí há poucos dias, mas achei tão legal que gostaria que conhecesse.

Por um instante imaginei em algum lugar com a cara dele: uma casa de mulheres dançarinas que funciona durante o dia. Não significa que eu não tenha minhas malícias, mas se eu sou malicioso, Diogo acaba sendo a pura malícia em pessoa. Mas desta vez me surpreendi quando chegamos ao lugar.

É um lado da cidade que eu ainda não conhecia; Uma praia, deserta, e em alguns lugares da areia havia muitas pedras. Uma praia suja de forma natural, com galhos, pedras e outros objetos que a água havia trazido. Ao longo da costa avistava-se uma casa, inteira de madeira, aparentemente abandonada. Logo ele me fez tirar os chinelos, e fez o mesmo; Me puxou pelo braço e corremos na areia, até alcançar a casa que não estava nem um pouco perto de onde haviamos estacionado.

Chegando à casa, era notável a ação do tempo. A madeira já mostrava sinais de sofrimento com sol e chuva, e o verniz já não protegia tanto. A casa parecia ter sido habitada, mas não por longo tempo, e sim como uma casa de férias. Pelo menos que eu saiba, casa de praia é assim.

A porta estava destrancada, abrindo e fechando conforme o vento a balançava; Enquanto Diogo estava andando em volta, entrei e observei os comodos. Todos eram pequenos, mas o espaço estava muito bem distribuido. A madeira das paredes estava cheia de detalhes feitos à mão, minimamente e cuidadosamente desenhados. Tudo aquilo me fez pensar no motivo daquela casa estar abandonada daquele jeito, sem qualquer rastro de que os donos pudessem voltar.

Diogo entrou na casa no silêncio, e enquanto minha imaginação passeava pela casa habitada pelo ruído do vento, me deu um susto terrível.

- Ei cara, relaxa! Te ví aqui tão concentrado, até estranhei. Mas estive pensando; Poderiamos dar uma arrumada nesse lugar e fazer alguma festa, algum evento à noite, o que acha?

Ele não sabia, mas mesmo depois do susto que me deu e da bronca que levou, minha imaginação ainda seguia pelos comodos da casa, e todo aquele passeio me fez regredir à momentos do passado, momentos que ainda não sabia se gostaria de voltar ou não. São lembranças tão fortes, que chegam a trazer cheiros, paladares, sons, de forma tão fantástica que nos faz reviver tudo.

- Vic? Está me ouvindo?

- Oi. Desculpe. O que dizia?

- Que poderiamos arrumar este lugar, e fazer alguma festa à noite. Você está bem?

- Sim, estou. Achei interessante a sua idéia, mas depois pensamos. Vamos procurar algum lugar melhor pra ir, preciso respirar um ar melhor.

- Tudo bem. - ele disse com uma expressão de espanto, parecia não entender, mas concordou ainda assim.

Na saída da casa, parei na escada de madeira da casa e por alguns instantes observei o horizonte dalí, que me parecia bem interessante. As nuvens de chuva começavam a surgir, mas bem distantes, aparentemente demorariam a chegar até à cidade. Quando me dei conta, Diogo estava bem distante de mim, havia percorrido um bom caminho enquanto eu observava a vista, me deixando pra trás. Descí as escadas pisando novamente na areia. Estava de bermuda, camiseta branca, fina, e uma camisa de mangas compridas por cima. Enquanto vinha na direção do carro, um vento muito frio conseguiu me alcançar, e batia de frente, cortando meu rosto. Fechei a camisa cruzando os braços, e caminhei um pouco mais rápido até chegar à calçada. Entrei no carro e tratamos de sair dalí.

Enquanto o carro andava, apanhei meu celular que estava no porta-luvas e corrí os olhos no relógio: 10:30 da manhã. Relativamente cedo.

Diogo tirou o celular do bolso, procurou um nome na agenda e telefonou:

- Andy, eu e Vic tivemos uma idéia sobre aquele lugar que te falei. - ele disse fazendo caretas - podemos passar aí pra discutir sobre o assunto? Ótimo, até daqui a pouco.

Anderson, ou Andy, como o chamamos, é nosso amigo que coloca entusiasmo em qualquer coisa que pensamos em fazer, e a maioria dos projetos que o chamamos pra participar, funcionam e são um sucesso.

Andy tem 18 anos e mora com os pais, é estudante de Publicidade e Propaganda e, como eu, é apaixonado pela profissão.

Chegando na casa dele, desci do carro e o frio me consumia. Entrei e a mãe dele, que parecia ter entendido o motivo dos dois de braços cruzados, tratou de trazer algo quente pra tomarmos enquanto a reunião sobre o evento era organizada.

- E aí Diogo, que lugar é esse que me disse? Me contou pouco à respeito dele. O que vamos fazer desta vez?

- É uma casa na praia, cara. Não é muito grande, tem bastante espaço mas não é um lugar pra muitas pessoas. Acho que dá pra fazer uma festa bem montada, se decorarmos tudo. Podemos fazer algo em algum estilo único, o que acha?

- É! Podemos pensar. E você Vic? Pensou em alguma coisa? - Andy perguntou, virando o copo de chá quente na boca.

- Bem, ainda não tive tempo. Mas, acho que pra isso o melhor seria visitarmos a casa novamente, mas desta vez os três juntos. Assim podemos observar com mais cuidado a estrutura da casa, pra pensar no que dá pra fazer nela.

- Ótima idéia! - exclamou Diogo. - Vamos combinar um dia ainda nesta semana, vamos até lá e passamos algumas horas pensando.

- Você tem certeza de que aquele lugar está abandonado, Diogo? - Andy, sério, expressou preocupação. - Isso pode dar um problema muito grande.

- Fiquem tranquilos. Ninguém procura aquele lugar há muito tempo. - respondeu.

Conversamos muito tempo, acabamos almoçando na casa do Andy e passamos a tarde rindo de outros assuntos; De qualquer forma, ficou combinado naquele dia que visitaríamos o mesmo lugar pra observar um pouco mais, e talvez descobrir de qual forma seria feito aquele evento, qual a decoração e quais pessoas convidar. Confesso que no início não estava muito animado pra essa festa, mas depois daquela tarde acabaram me convencendo de que seria bem divertido, e acredito que reunir os amigos nunca é demais. Aliás, meus pais viajariam e ficariam mais de duas semanas longe de casa, precisaria de alguma coisa pra passar o tempo; A idéia de organizar um evento, e no final aproveitar do evento organizado foi perfeito. Duas semanas era o tempo que precisávamos.

Já anoitecido, voltei pra casa e encontrei meus pais conversando, acertando os ultimos detalhes da viagem. Fui ao meu quarto, ainda com frio, joguei a camisa em cima da cama e corrí ao banheiro pra tomar um banho quente. Em baixo d'água, agradecí pelo dia "morto" ter sido produtivo e ter acabado mais rápido que esperava. Saí do banho, vestí uma roupa mais quente e descí pra jantar.

Na mesa, os três já estavam se aprontando enquanto traziam a comida. Sem muito diálogo, jantamos todos; Ainda assim surgiu algum assunto relacionado à viagem, o que meus pais fariam durante esses quinze ou vinte dias que ficariam fora, se haveria algum benefício, pois algumas vezes que viajaram, retornaram com prejuízos, e isso os desanimava. Mas algo dizia que tudo daria certo nesta viagem. Então todos se retiraram pra dormir; Fui ao meu quarto, escovei os dentes e deitei na cama. Talvez seja a coisa mais natural do mundo, pra todos os seres humanos, deitar-se e sonhar acordado ainda. Ao colocar a cabeça no travesseiro, todas as idéias, planos, tudo vem à mente de uma só vez. Mas algo me chamou muito a atenção aquele dia, me fazendo pensar na cama também: a casa na praia.

Pensando muito, acabei pegando no sono de verdade.

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