As Três Irmãs #ContestLetters

Por GabrielleMarques994

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(PRIMEIRA VERSÃO, NÃO REVISADA) O reino está em jogo. A coroa também. Uma profecia. Uma rainha. Três princesa... Más

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10

Capítulo 11

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Por GabrielleMarques994

À medida que iam se aproximando da fronteira entre os reinos, apenas construções vazias podiam ser vistas, seus antigos donos há muito se afastaram fugindo para o mais longe do centro da batalha. A dupla parava de vez em quando para comer, tomando abrigo do vento que vinha cada vez mais forte do sul em alguma dessas casas.

Ravenna sentia-se tão leve quanto uma pluma desde que ficara livre do ladrão. Não era a melhor das opções deixá-lo lá, mas era a única que tinha. Melhor que nada, pelo menos você deixou um pouco de comida para ele. Se fosse alguém menos misericordioso não faria nem isso.

Alexandra estava emburrada desde o momento em que eles viraram as costas e seguiram em direção à fronteira com os Lordes do Sul. A moça não aguentava mais os suspiros exasperados da mãe no seu ombro.

— Você devia se envergonhar de si mesma – finalmente ralhou a matriarca. – Deixar um rapaz no meio do nada, amarrado daquele jeito!

A jovem se superara com aquele arranjo de nós, precisava dar-se o devido crédito. Nunca amarrara ninguém, mas tinha que admitir que fora divertido quebrar a cabeça tentando descobrir qual era o melhor jeito de prendê-lo. E o fato do ladrão ter um porte bem... robusto não tinha nada a ver com aquilo.

— Ele não está no meio do nada, está próximo de uma rota comercial. Provavelmente já devem tê-lo encontrado e agora ele deve estar retornando para a floresta de onde não devia ter saído.

A mãe bufou.

— É, sei. – a menina conteve um riso.

Björn observava a jovem mais afastado. Desde que ela gritara com ele dizendo que deixaria comida para o homem, sem que tivesse perguntado nada sobre aquilo, o incomodava. Ele vinha percebendo que Ravenna tinha a tendência de falar consigo mesma e de gesticular em alguns momentos, mas achara que era apenas um hábito e por isso nunca se pronunciara sobre o assunto. Ele soltou um pigarro, que mais pareceu um urro, e a jovem o olhou.

— Está tudo bem?

— Estou ótima, por quê?

— Você fala sozinha sempre... Tem algo te incomodando? – Imediatamente o grito de Ravenna na pradaria surgiu em sua mente. De fato, não devia ter soado uma pessoa sã naquela hora. Bom, acho que talvez esteja na hora de avisá-lo sobre minha acompanhante.

— Pode aparecer, mãe. – Assim que as palavras saíram de sua boca, Alexandra se fez vista no ombro da guerreira, próxima de Björn.

Um espírito, quando chamado por um necromante, só pode ser visto por aquele que o invoca; e só pode ser visto pelos outros com a permissão do bruxo ou bruxa. Ela se lembrava de conjurar animais dos mortos nos seus estudos, mas normalmente quando ela tentava um cachorro surgia um lobo gigante do Norte, criaturas que serviam de única montaria para os borgs, tamanha sua força e tamanho.

Ao ver a diminuta figura próxima da moça acenar para ele, Björn pareceu pular pelo menos uns dois metros de distância, em surpresa. Ravenna se passara por uma guerreira normal, mesmo sendo da realeza. Nunca ocorrera ao borg que ela poderia ter poderes como sua mãe e antepassadas antes dela.

Ela era uma Necromante. Jamais ele vira uma tão perto! Normalmente pessoas que tinha aquele poder não eram tão simpáticas como a rainha, e eram evitadas a todo custo justamente porque sua força era perigosa demais.

— Faz quanto tempo que ela estar aqui com a gente?

— Minha mãe? – Ravenna olhou para o espírito sentado. – Desde que saí de Cittanova. Não é uma coisa normal eu chamar alguém de volta, na verdade nunca havia tentado com uma pessoa... Mas deu certo então... – ela deu de ombros.

— E como mantém ela aqui? – ele sabia que para sustentar um espírito que já atravessara no plano dos vivos demandava muito poder mesmo. Se ela estava desde a capital com a mãe, isso dava mais de um mês! A jovem lhe lançou um olhar interrogativo.

— Nunca parei para prestar atenção nisso. Ela simplesmente fica aqui. Às vezes adoraria que não ficasse tanto. – A matriarca fungou dramaticamente e a menina abriu um sorriso de divertimento. Ela nem tem noção do poder que possui. Ele percebeu o colar no pescoço de Ravenna e mais uma vez se surpreendeu. Estava já fazia duas semanas na comitiva e nunca parara para reparar nas coisas que ela portava, além da armadura brilhante.

— Onde conseguiu isso? – ele apontou para a gargantilha e ela pousou a mão no pingente, sentindo a pedra. Ela tinha ganhado vários pequenos quebrados em sua superfície, apesar da jovem nunca tê-lo tirado do pescoço desde que a ganhara do ancião. Como era um presente dos deuses, não ia ser Ravenna que questionaria o "comportamento da pedra".

— Ganhei da entidade que protege Cittanova, por quê?

— Isso ser pedra de obsidiana. Muito rara. E muito perigosa. – Um borg que fora deixado na fronteira de Ogur e destratado toda a sua vida, não me surpreende que ele seja tão desconfiado.

— Foi um presente dos céus. Dificilmente seria perigosa. – Ela dispensou o pensamento com um gesto, mas Björn continuou encarando a pedra. – Björn, eu confio nos deuses, se eles me deram isso, não acho que quereriam meu mal.

Mas se tem uma coisa que o borg aprendera em sua vida é que nunca pode se confiar muito nos deuses. Eles nunca se mostraram muito simpáticos ou favorecedores da criatura. E, de qualquer forma, ele já ouvira falar de obsidiana e elas só tinham um objetivo.

— Como faremos com os soldados? – Ele mudou de assunto bruscamente. Esse era um ponto que a moça evitava confrontar até então.

Os soldados sulistas montaram trincheiras por praticamente toda a fronteira com Therissa, e eram vigiados por arqueiros com flechas envenenadas. Sistemas caseiros de alarme foram colocados para que qualquer pessoa que tentasse passar por ali à noite o fizessem soar e acordasse o exército. Ravenna vira com os próprios olhos quando fora se encontrar com um dos lordes em busca de um cessar-fogo. Cada dia eles adentravam mais o território therissiano, num desafio, e mais pessoas inocentes eram obrigadas a abandonar suas casas na divisa. Venha nos enfrentar. Era o que eles diziam. Alexandra II, quando viva, queria mandar os exércitos sem hesitar, mas fora a princesa que a convencera a primeiro tentar resolver diplomaticamente a questão.

E agora Ravenna se questionava como as irmãs tinham conseguido passar pelas trincheiras. Se eles bloqueavam carroças com mercadorias ou comerciantes itinerantes, queimando seus produtos e destruindo seus veículos – e por vezes seus donos – , o que poderiam fazer com duas jovens desarmadas? Nenhuma delas nunca saíra do castelo; o mais distante que Titania fora era até os limites da floresta que cercava Cittanova e o mesmo valia para Aura. Mais uma vez a imagem da caçula surgiu, e a guerreira rezou para as deusas para que ela estivesse bem.

— Ainda não sei, Björn. Tem alguma ideia? – ela disse, se virando para ele.

— Não tem como eles simplesmente nos deixarem passar? – pronunciou-se a mãe, e o borg mais uma vez se surpreendeu com a presença do espírito ali. A jovem sorriu amargamente.

— Agora que eles têm certeza que nenhum acordo será cumprido? Duvido muito.

Todos ficaram em silêncio, cada um montando planos novos. A maior chance deles era à noite, quando Ravenna teria a sua disposição toda a escuridão que quisesse para dar um jeito nos alarmes. Mas ainda assim havia os guardas e duas pessoas não eram páreos para um exército. Ademais, sombras tinham um limite de ação, e até agora não descobrira qual era o seu. E ela queria usar o mínimo possível desse poder que ela explorava cada dia um pouco mais, mas que ainda não a agradava.

— Com licença, mas terei que pegar seu cavalo emprestado – disse Damien antes de acertar uma pedra num homem que vinha pela estrada. Ele caiu no chão com um baque, e o rapaz o arrastou até tirá-lo do caminho. Assim que se garantiu que a vítima estava escondida perto da árvore em que estivera amarrado, regalia que ele não tinha recebido quando fora nocauteado, o ladrão subiu no lombo do animal e o incitou para uma cavalgada veloz.

Demorara quase sete horas até que ele finalmente acertasse o nó certo. Damien ficou entre cortar as cordas aleatoriamente – e restringir seus movimentos ou sua respiração a cada erro, o que lhe garantira um traço levemente arroxeado na garganta – e calcular qual seria o lugar mais acertado para cortar suas amarradas. E por ter ficado no sol todo aquele tempo e amarrado, estava com não apenas um roxo como uma coleira, mas cheio de desenhos da corda onde o sol não queimara. Ele se sentia uma estranha e horrorosa zebra. Só depois que se soltou, com ódio e irritação, que percebeu que haviam deixado comida ali. Uma maçã e um pedaço de pão foram seus únicos alimentos até que alguém aparecesse. Isso já era um total de mais de doze horas. Com apenas uma merda de uma maçã e um pedaço de pão velho e duro!

Sentir o vento no seu rosto era gratificante e ele se permitiu sorrir. Você vai se arrepender quando eu chegar Majestade..., cantarolou o rapaz enquanto acelerava mais o animal. Ele sabia exatamente para onde a mulher ia, ele ouvira ela perguntando para os homens na taverna. E tivera tempo suficiente, enquanto se desamarrava, para analisar o tempo que ficara na presença dela e só teve mais certeza de que ela e as outras duas moças eram irmãs. Só podiam ser. E era mais um motivo para ir atrás dela.

Se ela ia para Baía Quebrada, ele iria atrás; se ela ia até as Terras Desconhecidas, ele iria atrás. Mas primeiro teria que ganhar a confiança dela.

Se as Terras Desconhecidas pudessem ser descritas com apenas uma palavra, Titania com certeza diria cinza. Da praia até onde ela podia ver, era uma uniformidade acinzentada e seca, sem qualquer vestígio de gente ou de bicho. Pela enésima vez se perguntou se a irmã do meio estaria muito distante, mas nunca externaria sua dúvida com a caçula. Não era de seu feitio demonstrar medo ou preocupação.

Aura apenas olhava o mar, as ondas que iam e vinham de encontro com a areia escurecida, e distante um ponto que só podia ser o navio que as trouxera até lá. Ambas estavam bem longe de casa agora.

A mais velha ponderou em realmente queimar a embarcação, mas um pensamento a convenceu do contrário: se fizesse isso chamaria mais atenção para a sua fuga, e o que a jovem mais queria era desaparecer.

Aura não possuía amarras nos pulsos, Titania as retirara. Não tinha mais porque mantê-las, estavam presas naquele continente juntas. E só sobreviveriam se ficassem juntas.

— Venha irmã – disse finalmente a mais velha. – Precisamos achar um lugar para ficar antes que escureça. Não quero testar minha sorte e encontrar alguma criatura por aqui.

— Seria bem feito para nós se encontrássemos – pronunciou Aura, surpreendendo Titania. Era a primeira vez que ouvia a irmã soar tão mórbida e sombria. E novamente aquela sensação de querer fazê-la o mais confortável possível surgiu, quase como um desejo primitivo.

Naqueles últimos dias no navio, a primogênita se sentia outra pessoa com a caçula, como se fosse totalmente diferente daquela que crescera sem amor ou carinho durante toda sua infância: Titania se viu constantemente tentando agradar a mais nova, cedendo a cama para ela dormir, observando-a sonhar para garantir que dormiria bem; até mesmo rira de uma graça de Aura! Algo estava muito errado, mas a jovem não conseguia pôr o dedo no que poderia ser.

Talvez fosse o fato de que elas nunca ficaram tanto tempo juntas. É, só pode ser isso mesmo. Titania estava sempre trancafiada em alguma sala aprendendo geografia ou cálculo desde nova, fosse com um professor ou a própria mãe, enquanto Aura vivia acompanhada de sua guarda costa pessoal, ou seja, Ravenna, para cima e para baixo. Não era de se surpreender que ela estivesse assim com a caçula; estava compensando o tempo perdido? Talvez fosse isso mesmo.

O sol estava a pino, o que lhes dava umas seis horas até começar a escurecer. E nenhuma delas tinha ideia de para que direção ficava as ruínas de Titus. Então andariam sem rumo e Titania rezaria para que achassem pelo menos alguma caverna ou algum indício de que estavam no caminho certo.

— Bem feito ou não, eu pretendo ter um teto ou algo do gênero sobre minha cabeça até o final do dia. Se você quiser ficar aí, fique à vontade; dificilmente aparecerá alguém pra te salvar – declarou finalmente a ruiva, que virou nos calcanhares e começou a marchar sem rumo para dentro do seu novo reino. Ela não queria ser grosseira com a irmã, mas era hábito.

Logo depois ela ouviu passos, e Titania surpreendeu-se ao perceber que prendia a respiração. Elas caminharam encosta acima e avistaram um ponto mais acinzentado que os demais, com algumas formas geométricas: Titus. A primogênita suspirou aliviada; estavam no caminho certo. Mesmo tendo finalmente achado um rumo, a construção que avistavam ainda estava bem longe delas. Pelo menos um ou dois dias de caminhada, dependendo do passo que mantivessem.

— Olha só, Aura! Está vendo lá? Nossa nova casa! – exclamou animadamente a princesa para a irmã, que subia logo atrás pela mesma encosta. A mais nova soltou um suspiro em concordância, mas não fez questão de responder. Titania insistiu. – Está um pouco longe, mas tenho certeza que vamos chegar logo lá!

— Depois que passarmos por essa floresta super acolhedora. – As árvores eram apenas galhos escurecidos e retorcidos, sua estrutura curvada como garras na direção das jovens. Era um milagre que elas existissem. – E se não morrermos de fome até lá. – Para corroborar com a fala, a barriga de ambas roncou. Fazia quanto tempo que não comiam? Elas deixaram o navio apenas com o café de manhã. Café é um jeito fofo de dizer um pão duro e nem mesmo um copo de leite ou café. Foi pão duro seco goela abaixo. Não era à toa que estivessem com fome.

— Talvez tenha tubérculos embaixo da terra... talvez possamos comer batatas! – Titania sorriu em encorajamento. – Além disso, o capitão fora gentil o suficiente para nos dar alguma comida por alguns dias... Não vamos morrer de fome.

Quando foi que ela se tornara tão positiva? E quando sua irmã se tornara tão amarga que Titania sentia a necessidade de alegrá-la? Justamente a primogênita, que nunca quis saber da irmã, que jogou urticárias nas roupas da menina, deixando ela com coceira por uns três dias, tanto que ficara com feridas. Algo estava realmente muito errado, e a jovem se irritava cada dia mais com a sua subjugação ao sofrimento da caçula. E com esse desejo desesperado de colocar Aura de volta ao mundo rosa e puro que sempre vivera.

Elas andaram por várias horas, o sol dançando seu arco pelo céu, em direção as ruínas. Com o tempo, nuvens cinzas e ameaçadoras começaram a apagar o brilho do sol. Titania bufou. Era só o que faltava, chuva! Trovões se fizeram ouvir, e ela sentiu Aura se encolher um pouco.

— Consegue ver alguma coisa? – gritou a mais nova atrás. A primogênita queria dizer que sim, mas só o que ela via eram rochas e galhos sem fim.

Uma gota caiu no ombro de Titania e ela se retraiu em dor. E depois outra, e a mesma sensação. Dor. Ardência. Como se tivessem pingado ácido na pele da menina, o local avermelhando-se. Logo mais, milhares começariam a cair na terra seca e ela se desesperou. Era imperativo que achassem abrigo. Aquilo não era chuva normal.

Corra Aura! – urrou Titania, agarrando o pulso da caçula conforme gotas e mais gotas caíam em torno delas. Ela ouviu a irmã gritar conforme o ácido tocava sua pele e ambas tropeçavam e batiam em pedras e raízes.

Finalmente algo surgiu diante delas. Uma caverna! Pelas Deusas! Elas correram para dentro. Tinha um cheiro pútrido, como se tivesse algo morto ali, mas era o único abrigo que encontraram. Teria que servir. Lá fora, a chuva ácida formava uma bruma de fumaça pela terra.

— Estamos seguras aqui por enquanto – disse finalmente Titania, após olhar a caverna e perceber que era bem funda. Aquilo a inquietou por alguns momentos, além da sensação de que estavam sendo observadas de lá de dentro, mas ela descartou o pensamento. Ninguém vivia naquele continente há anos. Impossível de ter alguém vivo. Sua pele ardia e incomodava, mas ela não podia tomar banho. Não era como se seu abrigo improvisado tivesse uma banheira.

— O que vamos fazer? – sussurrou Aura, mais para si mesma que para a irmã. – Por que você fez isso, Titania? Por que nos condenou dessa forma?! Vamos morrer aqui e a culpa é sua! Tomara que eu morra primeiro e que você sofra sozinha e definhe! – De novo aquele desejo de proteção desesperador. A mais velha percebeu que queria abraçar a irmã, como se uma onda tivesse a atingido, e ela até mesmo começou a esticar suas mãos para a caçula, mas se conteve.

— Durma um pouco. Eu faço uma fogueira para nos manter aquecidas. – Aura soltou um suspiro tristonho e Titania sentiu seu coração de apertar.

— Sim, irmã. – Ela se recostou no chão duro e fechou os olhos.

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