o CEO me Tirou do Limite - Li...

Galing kay NrixxNoctis

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O que você faria para ser o maior representante da sua profissão? Thomas Ross sempre teve este objetivo, e um... Higit pa

AVISOS
PERSONAGENS
DATA DE INÍCIO DAS POSTAGENS
TEMAS PRINCIPAIS
p r ó l o g o
PRIMEIRA PARTE
C a p í t u l o 1
C a p í t u l o 2
C a p í t u l o 3
C a p í t u l o 4
C a p í t u l o 5
C a p í t u l o 6
C a p í t u l o 7
C a p í t u l o 8
C a p í t u l o 9
C a p í t u l o 10
C a p í t u l o 11
C a p í t u l o 12
C a p í t u l o 13
Ajudem a Escritora Rapidinho
C a p í t u l o 14
C a p í t u l o 15
C a p í t u l o 16
C a p í t u l o 17
C a p í t u l o 18
C a p í t u l o 19
C a p í t u l o 20
C a p í t u l o 21
C a p í t u l o 22
C a p í t u l o 23 - p a r t e 1
C a p í t u l o 23 - p a r t e 2
C a p í t u l o 24 - p a r t e 1
C a p í t u l o 24 - p a r t e 2
SEGUNDA PARTE
NOVOS PERSONAGENS
C a p í t u l o 25
C a p í t u l o 26
C a p í t u l o 27
C a p í t u l o 28
C a p í t u l o 29
C a p í t u l o 30
C a p í t u l o 31
C a p í t u l o 32
C a p í t u l o 33
C a p í t u l o 34
C a p í t u l o 35
C a p í t u l o 36
C a p í t u l o 37 - parte I
C a p í t u l o 37 - parte II
C a p í t u l o 38
C a p í t u l o 39 - parte I
C a p í t u l o 39 - parte II
C a p í t u l o 40
C a p í t u l o 41
C a p í t u l o 43
C a p í t u l o 44 - parte I
C a p í t u l o 44 - parte II
C a p í t u l o 45
VOCÊ NÃO PODE IR PRO FERIADO SEM SABER
C a p í t u l o 46 - parte I
C a p í t u l o 46 - parte II
E p í l o g o
AGRADECIMENTOS

C a p í t u l o 42

1K 100 33
Galing kay NrixxNoctis

Tolos desfilando dão cambalhotas e continuam

Para olhos que aguardam

Que você preferiria estar ao lado do que em frente

Mas ela nunca foi do tipo que é intimidada por olhares

Ela se desvencilhou do fantasma dessa noite

Pelo menos essa é a conclusão a que ela chegou

(...)

A porta secreta balança atrás de nós

- Secret Door, Arctic Monkeys



     – Quero te dar um presente.

Eu e William estávamos almoçando num restaurante próximo à empresa, só nós dois, como ele havia pedido. Eu teria que voltar para Berlim em dois dias, assim como ele para Washington, Victoria já estava lá.

– Está muito sério pra me dar um presente, não acha?

William riu pelo nariz, negando com a cabeça.

– É uma coisa séria, maninha, não vou te dar um ursinho de pelúcia.

– Agora estou decepcionada – rimos – mas sério, o que é?

– Okay, fecha os olhos.

– Uau, quanto suspense!

– Fecha! E não vale espiar.

– Tá – fechei, e William pegou uma das minhas mãos e colocou algo frio e metálico nela. Abri os olhos, e vi um molho de chaves. Um chaveiro tinha a minha inicial entrelaçada na inicial de Thomas.

Olhei para ele sentindo os olhos arder.

– Só me prometa que vai continuar cuidando de Rebecca.

– Will... – eu ria e chorava ao mesmo tempo – mas é a sua casa!

– Nossa casa. E eu quero que construa a nova parte da nossa família nela.

– E por que não você? Achei que estava tudo certo entre você e a Vicky.

– Está sim, mas você vai se casar antes, e eu sei que está sendo uma luta pra decidirem em que lugar morar. Pode ser por enquanto também, fiquem lá o tempo que acharem necessário.

– Eu vou conversar com o Tom, mas tenho certeza que ele vai aprovar sim. Oh, maninho! – O puxei para um abraço, beijando sua bochecha diversas vezes – não vale me deixar emocionada assim!

– É o mínimo que eu posso fazer por minha irmã favorita. Mas então me faça o favor de me contar seu segredo, eu mereço saber!

– Que segre... aaaahh, isso não, não mesmo!

– Eu acabei de te dar uma casa! Como pode recusar de me contar quais são seus planos pra deixar Berlim?

– Eu já falei que isso é segredo, estou preparando tudo pra que na hora certa eu conte.

– E se eu fizer biquinho, vai contar?

– Está me confundindo com a Vicky ou com a minha versão de sete anos se acha que eu vou cair nessa.

– Segundo caso, a Vicky sempre foi esperta o bastante pra não se enganar. Bem, já que não vou conseguir mais nada aqui vamos, eu vou te deixar na empresa porque tenho reunião com o pessoal de rede daqui meia hora.



Assim que Subi para o andar da presidência, Mariah veio ao meu encontro.

– Oi, e aí, deu tudo certo do consulado?

– Tudo certo, agora é só começar a pensar na formatura da faculdade, e depois a mudança.

– Mas lembre-se que ainda temos muito a fazer neste processo: o seu último semestre ainda está acontecendo. E claro, a oficialização em fevereiro.

– A parte que eu tenho mais medo.

Ri enquanto íamos para a sua mesa.

– Você está adiando tanto isso que quando der tudo certo vai se surpreender.

– Já ia esquecendo: o Sr. Ross já chegou para a reunião, está na sala da presidência com a Alexandra.

– Quarenta minutos antes do previsto – conferi no relógio – vou lá, mais tarde eu volto pra continuar te ajudando na pronúncia do alemão, beijinhos!

– Beijos!

Eu não precisava bater na porta para entrar, mas me surpreendi de qualquer forma escutando Alexandra e Thomas quase gritando um com o outro. Thomas se recompôs colocando o cabelo pra trás, enquanto Alexandra respirava fundo, as mãos na cintura.

– Eu posso saber o que está acontecendo?

– Alexandra está exagerando no caso de tentativa de espionagem ano passado.

– Thomas, até agora você não apresentou um fato sequer que quebrasse qualquer argumento meu.

– Esperem aí, me expliquem melhor.

– Bem, você deve se lembrar que nossas empresas sofreram uma quebra de informações ano passado. Não sabemos o quanto de informações foram suprimidas além dos meus documentos pessoais e da negociação com Khalil. O que fizemos? Deixamos a cargo de William fazer uma investigação interna e sigilosa que não deu em nada.

– Não é bem assim, Alex – Thomas disse – o hacker provavelmente não agiu mais e voltou de onde quer que tenha vindo apagando os rastros.

– Thomas, isso pode ser pura especulação – disse.

– Sim, exato! – Alexandra concordou comigo.

– Alex, você tem os relatórios da investigação do Will com você? Ele está a dois andares de distância, vamos o chamar aqui e pedir pra que explique quais foram os passos...

– NÃO – ambos disseram.

Thomas me olhou com receio, Alexandra cruzou os braços, contrariada.

– Sarah, quero que entenda – ela começou – que como CEO desta empresa, um dos meus deveres é zelar pela integridade dos nossos dados e dos nossos clientes. Eu não fiquei satisfeita com o trabalho do Will e com as respostas dele, então eu agi, usando da autoridade que tenho.

– O que isso significa?

– Alex acionou o FBI.

– Você o que?!

– Sofremos um cibercrime, Sarah, como empresa que está sob risco, é o nosso dever acionar o governo e os órgãos responsáveis já que nossas próprias investigações não deram fruto, estou tentando nos blindar de sermos processados por nossos clientes. Provavelmente sofremos um grande desvio fiscal, verbas inteiras podem ter sido afetadas sem que percebêssemos. Estes foram os resultados de investigações preliminares de apenas três semanas.

– Ethan sabe disso?

– Ele sabe que o FBI está nos ajudando na situação, mas ainda não compartilhei os resultados.

– Por que não? Ele tem que saber disso agora!

Alexandra olhou rapidamente para Thomas, percebi que seus olhos ficaram vermelhos de imediato.

– As coisas mudaram até três dias atrás. O FBI recebeu uma denúncia anônima. Alguém mandou para eles um pendrive que mostra um rastro digital deixado por quem nos atacou. Eu não entendo muito bem disso, quem nos atacou soube fazer um ótimo trabalho, praticamente sem falhas. Praticamente.

– O rastro não vem daqui, Sarah – Thomas disse – eles verificaram a informação diversas vezes, é certeza. Ainda não sabem o endereço exato, nem se terão como saber disso... o rastro é muito fragmentado, mas IPs de três cidades são que mais aparecem: Dubai, Berlim... e Washington.

Minha respiração começou a ficar curta sem que eu percebesse.

– Nós temos que entregar o seu computador pessoal para o FBI, provavelmente ele foi infectado em algum lugar e pode estar trabalhando como receptor de informação, o que explica o sinal de Berlim.

– E Dubai?

– Na minha casa só existe a central da Apple que comanda os eletrodomésticos, assim como a da Alex, limpas. Na casa de Ethan, existe um servidor próprio.

– Eu vou conversar com Ethan sobre este servidor – disse Alexandra – ele vai autorizar pra que investiguem, eu tenho certeza disso.

– E-eu não entendo. Quem o montou em Dubai foi o Will, assim como toda a rede da empresa, ele mesmo administra em... Washington.

– Sarah, não vamos fazer julgamentos precipitados.

– Alex, o que você quer que eu pense?

– Se for William, o que eu tenho certeza que não é – Alex pegou minhas mãos – mas se for ele... vai ser investigado em sigilo.

– Alex, isso é ridículo!

– Sarah, nós estamos te contando isso pra que nos ajude a enfrentar esta situação da melhor forma possível.

– Ele é o meu irmão! Will ama esta empresa, jamais faria nada corrupto relacionado a ela, ele só gosta de computadores...

– Eu também quero acreditar nisso!

– Então acredite! Thomas, diga a ela!

Mas Thomas não disse. Ele colocou as mãos no bolso, pigarreou, encurvou os ombros.

– O que você sabe?

– Eu?

– Thomas, chega! Eu sei que você está escondendo alguma coisa já faz muito tempo. Você fez uma investigação paralela também? Descobriu alguma coisa grave assim do Will e não sabe como me contar? Você pode me contar!

Thomas pegou minhas mãos e me tirou da sala, me levando para o corredor vazio entre a sala de reuniões e a presidência.

– Por favor, Tom, eu estou ficando desesperada aqui.

– Hei, calma – ele segurou meu rosto – respire. Eu vou dar um jeito em tudo, não se preocupe.

– Eu não quero que dê a droga de um jeito, eu quero a verdade!

Ele quase gemeu de dor, olhando pra cima pra evitar chorar.

– Quero que confie em mim acima de tudo, okay?

– Como sempre.

– Você tem razão, eu fiz uma investigação paralela.

– Então quer dizer que...

– Eu não posso afirmar, ainda não tenho provas.

– Mas o que você já sabe?

– São... muitas pessoas envolvidas, Sarah, não somos apenas nós os prejudicados nisso.

– William realmente fez isso? Tom, meu irmão está envolvido nisso?

Thomas apenas olhava fundo em meus olhos, as palavras morrendo antes de sair por seus lábios. Puxei as chaves do bolso e mostrei pra ele.

– Will almoçou comigo hoje. Ele queria nos dar um presente... ele nos deu a minha casa antiga. Ele deu o meu lar de volta.

Thomas abaixou o rosto, negando com a cabeça diversas vezes.

– Eu vi amor nos olhos do meu irmão, assim como sempre vi. Will cuida de mim há anos, quer a minha felicidade acima de tudo, por isso sempre posso contar com o apoio dele. Eu sei que você sabe disso, sabe da profundidade do nosso elo, e não quer que eu me magoe, mas Tom – ergui seu rosto lentamente, segurando seu queixo – sabe quem fez de tudo pra que eu evitasse sentir mágoa? Você sabe, não é?

– Seu pai.

– Sim, meu pai. Com isso, eu fui impedida de passar pelo luto pela morte da minha mãe quando era criança. E quando tudo aquilo aconteceu naquela maldita noite, ele achou que se nunca tocasse no assunto, eu não iria sofrer. Mas nós sabemos o que estas decisões equivocadas fizeram comigo. Tom, eu imploro a você, amor: não tome estas mesmas decisões. Eu já cresci, e se isso for uma crise familiar, eu preciso viver isso, eu preciso saber de tudo pra lidar o melhor possível com a situação. Me privar da verdade não é amor... isso é a maior falta de respeito que você vai ter comigo.

Eu vi que o quebrava por dentro com cada palavra. Tom me puxou, e me abraçando forte, chorou repetindo diversas vezes que não aguentava mais, eu o sustentando enquanto tentava entender a dimensão daquilo que tanto o carregava.

– Você não faz ideia de quem... eu estou tentando proteger, além de você.

– Eu não posso saber?

Thomas se desprendeu de mim, secando o rosto com violência.

– A decisão não cabe apenas a mim. Eu quero e vou te contar, Sarah. Mas por favor, eu sei que é difícil, mas você precisa confiar em mim. Eu posso estar arriscando a vida de alguém se tudo vier à tona agora. Na verdade... a vida de duas pessoas.

– Isso... é grave assim?

Ele apenas confirmou com a cabeça. Thomas mais uma vez implorou pra que eu confiasse nele, e disse que precisava ir para tentar buscar informações novas. Tremendo, eu tomei um copo d'água, mas a dor na garganta por estar esmagando o choro era constante.

Olhei para o setor entre as portas envidraçadas. Via os funcionários pra lá e pra cá, trabalhando como sempre, completamente alheios ao que poderia estar acontecendo. O ambiente me oprimia o bastante para não suportá-lo, então peguei minha bolsa e saí.

O carro da empresa me deixou em frente a minha antiga casa, e avisei ao motorista pra que ficasse nas redondezas, não pretendia demorar. O dia estava excessivamente ensolarado, o verde das folhas tinham mil tons. Com a chave em mãos, caminhei até o conhecido elevador, pensando nas milhares de vezes que o usei. Quando eu era pequena, brincava com a minha mãe que tínhamos que prender a respiração dentro do elevador até o nosso andar, e quem conseguisse ficar sem respirar por mais tempo era a vencedora.

Mamãe, pensando na saúde da garotinha levada que eu era, sempre me deixava ganhar.

Atravessei o hall ainda sentindo o peito esmagado, girando a chave na porta principal com pressa. Tudo estava no seu lugar, como numa tarde qualquer que eu voltava da escola. Se mamãe aparecesse na sala, eu não me surpreenderia, mas os passos lentos que vieram até mim não eram dela.

– Sarah! – Rebecca exclamou – não esperava te ver aqui já hoje, meu anjo louro!

– Will te avisou? – Perguntei, a abraçando.

– Mas é claro que sim, ele pediu minha opinião para decidir sobre isso. E então, virão mesmo?

– Ainda não conversei direito com o Thomas, mas ao que tudo indica: sim.

– Eu não poderia ficar mais alegre! – A senhora sorria para mim com genuína felicidade – vamos comemorar: estava colocando um bolo agora mesmo pra assar.

– Becca, não precisa se incomodar.

– Não é incômodo algum! Fique à vontade, a casa sempre foi sua – ela apertou minha bochecha e sumiu para a cozinha.

Caminhei pelos cômodos da cobertura, lembrando de uma ocasião ou outra que havia vivido ali, as poucas lembranças que minha mente jovem guardava da mamãe. Deitei por alguns minutos na minha antiga cama, e enquanto via as estrelas que brilhavam no escuro coladas no teto, pensava se Aretha gostaria de ter aquele quarto como o seu.

Mas eu conseguiria formar uma família, sendo que a minha estava prestes a queimar até virar cinzas?

Lentamente, me levantei e fui até o antigo escritório do papai. Sentei em sua antiga poltrona de couro vermelho, e liguei o computador, o único que havia na casa. Por muitas noites, quando eu tinha pesadelos e lembrava que mamãe não estava mais viva para me consolar, eu caminhava até o escritório. Em todas às vezes encontrava meu pai trabalhando no computador, e ele me contava alguma história dos Contos de Grimm pra que eu voltasse a dormir. O livro estava ali na estante, a antiga capa verde com as letras douradas.

William havia sido o dono daquela casa, e eu podia esperar que tivesse usado o computador, mas estava com senha. Primeiro, tentei a data da morte da mamãe, 091101, mas estava incorreta, e o sistema avisou que eu tinha mais duas tentativas. Suspirando, pensei em que data poderia ser. Tentei a data de aniversário da mamãe, mas também estava incorreta. Eu só tinha mais uma chance, um erro e o sistema avisaria ao firewall a tentativa de invasão.

William saberia.

Poderia ser qualquer data. O aniversário dele, o meu, o dia do casamento dos meus pais. Talvez até mesmo a data de início de namoro de William, coisa que eu não sabia.

Enquanto pensava, algo me veio à mente: a noite que pensei ter sido estuprada. Eu lembrava de alguns fragmentos daquelas horas. Klaus me encontrando na casa cheia de adolescentes drogados, colocando meu vestido de volta no lugar e me cobrindo com sua jaqueta. Ele gritando pra que o taxista fosse rápido para chegar ao hospital, ele ligando pro meu pai que o fez ir para a minha casa. Alguém me colocando no sofá, Rebecca chamando o médico da família, o teto girando sempre tão rápido que não me permitia ficar de olhos abertos. E depois de muito tempo, um par de conhecidas mãos segurando minha testa. Uma fresta dos meus olhos identificou um Will jovem, os lindos olhos azuis brilhando em lágrimas.

E uma promessa, uma jura, que ele sussurrou no meu ouvido.

Ele os faria pagar. Cada um deles.

Eu nunca me esqueci daquela data. Com convicção, a coloquei, e assim que dei enter, o computador abriu.

Mas para o meu desespero, não havia nada nele.

Era como se nunca tivesse sido usado. Todas as pastas eram as comuns do sistema, a memória estava zerada, nada na lixeira, nenhum histórico de navegação. William não iria manter um computador daqueles no escritório sem uso.

O desliguei e fui até a cozinha, Rebecca colocava a mesa.

– Becca – a chamei – sabe dizer se o Will usava o computador no escritório?

– Ele esqueceu de te dar a senha, não foi? – Ela riu sozinha – esse menino é tão distraído às vezes! Toda vez que vinha à cidade passava a noite mexendo no computador, eu tinha que lembrá-lo de jantar toda vez! Eu não sei a senha querida, quer que eu ligue pra ele?

– N-não precisa, eu vou encontrar com ele mais tarde e pergunto. Becca, eu sinto muito, mas eu não vou poder ficar pro bolo.

– Ah, mesmo?

– Eu sinto muito, mas eu preciso... terminar de arrumar a minha mala, aconteceu um imprevisto em Berlim e talvez eu tenha que adiar a minha volta pra hoje mesmo.

– Ah, esta vida louca de vocês... mas não tem problema, sei que vamos nos ver logo em breve.

Nos despedimos, mas na porta, eu me virei, querendo muito perguntar algo.

– Becca.

– Sim, meu amor?

– Você conhece o Will melhor do que ninguém. Acha que ele está bem? Eu estou o achando tão... triste. Distante.

Rebecca molhou os lábios, e deu de ombros enquanto torcia as mãos no pano de prato.

– Você sabe que meu menino Will nunca foi tão... estável, não é meu bem? Sua mãe me fez prometer. Dias antes de morrer, como se ela sentisse...

– O que ela falou?

– Ela pediu pra que eu sempre cuidasse de vocês, mas especialmente do Will. Ele sempre precisou de mais atenção... eu queria que seu pai tivesse me ouvido na época.

Antes que eu pudesse perguntar, ela voltou à cozinha. Fechei a porta, desci, e caminhei até a praça em frente ao prédio, onde eu costumava ir quando criança. O parquinho estava lotado de crianças brincando, correndo e gritando, suas babás num grupo ali perto, dividindo a atenção entre suas conversas. Me sentei num banco vazio mais afastado e suspirei profundamente, sentindo os ombros arder.

– Fazia tempo que não se sentia assim, não é?

Deu um pequeno grito de susto, o que o fez erguer as mãos em sinal de rendimento e rir, os olhos encovados escondidos nos óculos escuros. David Harper vestia jeans, uma camiseta branca bem ajustada, a franja loira caindo na testa.

– Não foi minha intenção!

– Então não chegue sem fazer barulho atrás das pessoas!

Rindo, ele se sentou na outra extremidade do banco, apoiando os braços nas pernas.

– Dia lindo, não? Amo este lugar, bem arborizado, dá pra fugir do monóxido de carbono.

– É um bairro privativo, consegue a proeza.

– Pra sua informação Sarinha, eu tenho apartamentos por quase todos os bairros de Nova York. Aquela velha máxima: gente rica que não sabe onde torrar a grana – ele riu ruidosamente – papai me ensinou muito bem.

– Achei que não morasse mais na cidade.

– Ahh... sabe como é, as coisas mudam com o tempo.

– Melhorou do meu golpe na sua costela?

– Novinho em folha, pronto pra outra, obrigado por perguntar.

Sorri por educação, chamando o motorista pelo celular. Eu não suportava ficar ao lado daquele estranho homem sem me sentir mal.

– Você parece que viu um fantasma, Sarah.

– Talvez eu esteja olhando pra um mesmo.

– Você é sempre tão engraçada... – ele puxou um cigarro do bolso e começou a fumar despreocupadamente – espero que use seu humor inteligente pro futuro, vai precisar.

Seu comentário me alertou. Ele cruzou os braços atrás da cabeça, os lábios equilibrando o cigarro.

– O que está dizendo?

– Não, não, não, não, não, sem blefar. Eu reconheço o semblante de alguém que finalmente olhou pro fundo do abismo – seus óculos desceram um pouco, e vi seus olhos sem vida direto em mim – só acho que ainda não olhou o suficiente. Não precisa ter medo Sarah, você está do lado certo da questão. Também é uma vítima.

– Vítima?

– Sim, mas vai ficar tudo bem. Ele não te contou, não é? Eu sabia que podia contar com o caráter do Thomas, tão ridiculamente honesto e previsível...

– O que você sabe?

– Tudo! Absolutamente tudo, sobre todos, cada dado, data, fato, acontecimento... eu sei de tudo. E se tem uma coisa que eu sei é que odeia a posição que ocupa. Pobre menina rica, traumatizada pelo passado, coitadinha, vamos poupá-la da verdade a qualquer custo. Ninguém te diz a verdade, ou se diz, são apenas meias verdades. Eu sou um amigo Sarah, e pra não dizer que nunca te dei nada... – ele foi ao bolso da jaqueta outra vez, tirou algo de lá e arrastou até mim pelo banco. Um pendrive – quero te dar um presente.

– O que tem aí?

– Aquilo que você sempre quis. A verdade, sobre tudo. É a sua chance de deixar de ser a jovem tola. Talvez ter cartas na manga possa te ajudar no futuro. Quem avisa amigo é, as coisas vão mudar.

Olhei para o objeto, reluzindo no sol. Lembrei de imediato da conversa mais cedo, Alexandra dizendo que o FBI havia recebido um pendrive. Aquilo não podia ser coincidência.

Mas assim que decidi pegar, a imagem de Thomas preencheu minha mente. Sua angustia extrema, seu lamento. Sua promessa em me contar à verdade. Eu estava a poucos centímetros de distância de finalmente saber de tudo.

Mas e se eu soubesse? E as pessoas que Thomas disse que estariam correndo perigo?

O motorista buzinou, me livrando do meu devaneio. Me levantei, ajeitando a alça da bolsa no ombro.

– Não está esquecendo de nada?

– Não, não mesmo. Agradeço a ajuda, mas dispenso.

Ele estalou a língua, negando.

– Ele prometeu contar, não foi? E você caiu nessa... é a sua escolha consciente, acreditar nas palavras dele.

– Eu não tenho motivos pra duvidar do Thomas.

– É, talvez não, mas aposto que nessa altura do campeonato sabe que não pode confiar em todo mundo da sua preciosa família, não é mesmo? Nem todos são o que te disseram que são. E se opta por ficar na ignorância Sarah, então só tenho uma coisa a dizer – ele guardou o pendrive no bolso da calça – você não é mais uma vítima.

Caminhei até ficar a poucos centímetros do rosto dele.

– Acontece que o mundo me considera uma vítima, mas esta não é a minha opinião sobre mim. Diversas coisas ruins aconteceram comigo, e eu não vou ficar surpresa se mais coisas ruins acontecerem, sabe o por quê? Por que eu não sou a porr4 de uma vítima, David Harper. Eu sou uma sobrevivente. E uma sobrevivente é forte.

Girei os calcanhares e caminhei até o motorista, que abriu a porta para que eu entrasse. Assim que saímos do bairro finalmente soltei o ar que prendia nos pulmões, a adrenalina deixando o meu sangue gelado.

Eu era uma sobrevivente, esta era a única verdade que importava.

E eu continuaria sendo.

A VOADORA MEU PAI kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkjjj dessa vez a Sarah quebrou todas as costelas do David

O circo está terminando de se armar. William está por um fio, Thomas ainda quer tentar salvar a todos e Sarah se posicionou. Grandes emoções neste final! Mal espero pra ver a reação de vocês.

Até logo!

Capítulo publicado em – 17/05/19

Obra registrada, todos os direitos reservados

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