Teen Mermaids

By _EuVitoria_

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Pertencente a dois mundos, Lydia, Rebeka e Luce precisam encontrar suas verdadeiras identidades. Seus c... More

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Festa na praia
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Pulando na água

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By _EuVitoria_

Lydia só sabia sentir raiva, sua irmã havia lhe abandonado na festa fazia mais de uma hora, alegando que buscaria uma bebida. Na certa, devia estar agarrada com algum idiota ou bêbada em algum canto daquele lugar, mas em ambas opções ela tinha de encontrar Meredith antes que a mesma fizesse algo do qual fosse se arrepender.

Sem opções percorreu um pouco pela praia, realmente não queria estar ali e não via a hora de ir embora, mas não poderia retornar sem sua irmã e seria uma missão bem difícil, se não impossível, encontra-la.

Para completar o seu azar, do céu começaram a cair gotas, denunciando uma chuva muito inapropriada. Fazendo com que a multidão de adolescentes tentasse se abrigar e dar continuidade para aquela noite, dentro de um enorme Iate que estava encostado bem na beirada do mar. Se Meredith ainda estivesse por ali, provavelmente seria para lá que ela iria, já que era o que todos aqueles bêbados de menos de dezoito anos estavam fazendo, parecendo não estarem dando a mínima para um possível temporal.

Enquanto fazia esforços para se aproximar da entrada, ia ficando cada vez mais irritada com sua situação. Ela só queria ir para casa, a sua casa, e não aquela nova moradia na qual estava sendo obrigada a se instalar.

Quando faltava somente alguns passos para adentrar no Iate, algum dos muitos corpos humanos que transitava por ali esbarrou seu corpo no dela, virando-lhe um líquido gelado sobre as roupas e o peito.

- Só pode ser brincadeira. - rosnou Lydia, desacreditada com a mão espremendo sua própria testa, como quem tenta se controlar. O cheiro de álcool já invadia suas narinas. - Você só pode ser cego. - acusou ao garoto, tentando respirar fundo para não descontar toda sua raiva em um belo tapa que sentia a vontade de depositar na face dele.

- E você só pode estar muito bêbada para falar assim comigo. - devolveu o e quando ouviu sua voz, Lydia ergueu seus olhos e o fitou. Era realmente muito bonito. Cabelos negros, olhos azuis, lábios rosados, um estilo completamente de tirar o fôlego e um sorrisinho de lado, cafajeste.

- E você é o rei do mundo por acaso? - questionou cruzando seus braços para mostrar intimidação, não iria se intimidar nem que ele fosse o rei do universo.

- Quase isso, pequena. - ele sorriu ainda mais abertamente, todo convencido da beleza que sabia possuir. - Aliás... - seus olhos voaram para o decote dela, transparente e marcado por conta da bebida que havia sido derramada. - Não fique toda bravinha, ficou sexy.

Por segundos Lydia ficou hipnotizada por todo aquele charme, mas quando conseguiu retomar o controle, deixou que seu sangue fervente de raiva falasse por ela, retirando o copo com a bebida pela metade das mãos dele e virando o que sobrou do líquido sobre o rapaz.

- Não fica bravinho. - disse no tom de consolação mais forçado que conseguiu, para depois usar o sarcasmo: - Você ficou sexy.

Completou sua vingança provocativa com uma piscadela e depois passou por ele dando lhe um pequeno "chega para lá" foi aí que ouviu as risadas e se deu conta de que eram observados.

- Nos veremos de novo, pequena. - o ouviu gritar enquanto se afastava, mas não havia fúria em sua voz, talvez divertimento.

Podia sentir os olhos dele cravado em suas costas, mas não ousou virar uma vez sequer para trás. Adentrando no Iate logo em seguida e se surpreendendo com a quantidade de gente que cabia naquele lugar.

Desfilou seus olhos pelo ambiente, encontrou diversos rostos, diversas bêbadas que dançavam, beijavam e bebiam ainda mais, porém nenhum traço daquelas faces bonitas e hidratadas, lembrava sua irmã.

- Tem uma garota passando muito mal no banheiro. - uma jovem baixinha comentou com a outra enquanto passavam por ela. Lydia agradeceu mentalmente pela informação, mesmo sabendo que não havia sido dada exclusivamente para ela. Caminhou o mais depressa possível até o banheiro feminino, indo checar suas suspeita.

Ela empurrou a porta com suavidade, permitindo que seu corpo deslizasse para dentro. O barulho do lado de fora fora abafado, dando a oportunidade nojenta de ouvir o som do vomito caindo no sanitário.

- Você está melhor, Beka? - ouviu a voz preocupada de uma garota e aproximou-se ainda mais, tendo a imagem de duas meninas, uma estava ajoelhada com o corpo inclinado sobre o vaso e a outra segurava os cabelos cacheados da amiga em um falso rabo de cavalo, para que ela pudesse se aliviar do álcool que havia sido ingerido.- Você quer usar o banheiro? - a sã lhe perguntou um pouco sem graça, ajudando a bêbada a erguer-se do chão. Lydia negou com a cabeça e sorriu, em um misto de alívio e desespero por não ser sua irmã.

Beka saiu cambaleando até chegar na pia, cantarolando contente da vida. Não andou muito, porém fora o bastante para a embriaguez quase lhe derrubar, fazendo com que ambas as garotas corressem em um impulso para lhe socorrer.

- Desculpe por isso. - a morena pediu para Lydia enquanto passavam seus braços ao redor do corpo da menina. - Aliás, me chamo Luce.

- Tudo bem, Luce, eu sou Lydia. - falou com sinceridade, achando as reações de Beka engraçadas.

- Quer ajuda para tira-la daqui? - se ofereceu gentilmente, percebendo que a garota simpática não daria conta sozinha. - Talvez seja melhor levá-la para casa.

Luce concordou com a cabeça e ambas moveram seus corpos rumo a porta, dando base para que a outra pudesse andar.


- Isso é um absurdo! - Luce gritou zangada, dando o milésimo soco na porta do Iate que havia misteriosamente trancado, mantendo as três garotas presas dentro do banheiro.

- Não tem sinal. - Lydia resmungou compartilhando da irritação da outra, andando nervosa de um lado para o outro. Enquanto Rebeka estava sentada no chão, bêbada demais para ter pelo menos noção do que acontecia ao seu redor.

Sua mais nova amiga checou seu próprio celular, conferindo a informação e soltando um "mas que droga" frustrado.

Ambas sentiram um vento gélido invadir o ambiente, um vento que não deveria estar lá pois não havia entradas abertas. No entanto deram-se conta de que algo estava possibilitando a passagem daquela brisa que aliviou o calor abafado de um lugar fechado.

Lydia e Luce ficaram apavoradas com a tragédia, haviam se descuidado por tempo demais de Rebeka e isso deixou a jovem livre para cometer um enorme erro: abrir a janela e pular no mar. Elas congelaram como se não soubessem mais mover seus corpos, o medo do pior ultrapassou cada célula de suas peles, fazendo-as correrem o mais depressa e desesperadamente possível.

- Não... - Luce murmurou com uma voz fraca e culpada ao se inclinar sobre a janela e não ver nada se não ondas agitadas que deviam ter engolido o corpo adolescente daquela pobre garota.

Em um ato insano de coragem e valentia, a menina olhou para a outra garota que tinha olhos cheios de lágrimas e horrorizados, juntamente com a mão pousada de forma assustada sobre os lábios. Para logo em seguida colocar seu celular sobre o balcão e também pular no mar gelado e assustador. De primeira, Lydia ficou ainda mais nervosa, agora ao invés de uma garota estar correndo risco de vida, eram duas e ela não pensou duas vezes antes de ser a terceira. Não deixaria aquelas adolescentes morrerem sem tentar salva-las, Luce havia tido uma atitude heroica e ela seguiu o exemplo.

Seu corpo ficou fraco  com o baque na água terrivelmente gelada e após alguns segundos com a cabeça entalada no mar, ela conseguiu trazê-la de volta para a superfície. Tremia de frio, o mar estava turbulento e a luz da lua refletia na água. Tentando não ficar em um estado pior, Lydia e Luce começaram a procurar freneticamente pelo corpo de Rebeka.

Alguns segundos se passaram e nada, Luce perdia as esperanças e seu coração já doía com o desespero. Queria poder recapitular aquele dia e nunca ter deixado Rebeka, a garota que mal conhecia, beber sem limite algum. Já entregue ao medo, ela viu perfeitamente o quanto Lydia continuava lutando bravamente para trazer a jovem de volta a superfície, ela debatia suas mãos debaixo da água e vez ou outra mergulhava, tentando encontrar qualquer parte do corpo da outra, colocando todas suas forças e esperanças naquela busca.

Não demorou muito mais para Luce vislumbrar no rosto da segunda garota, uma breve expressão de alívio, e logo em seguida ela puxou algo com força. Primeiro um braço surgiu e depois todo um corpo feminino inconsciente.

Luce quase voou sobre a água para chegar até elas, Lydia segurava com uma firmeza inabalável o corpo da outra, seus olhos estavam fechados, sua pele branca e gelada. O primeiro passo que as meninas desesperadas deram, fora checar a respiração da garota, tendo certeza de que a mesma estava viva. Ambas riram de alívio quando perceberam que apesar do trauma, e das circunstâncias, Rebeka permanecia com vida. O temporal se agitou ainda mais e estranhamente uma luz surgiu diretamente da lua, banhando as três garotas e fazendo com que os olhos da bêbada se abrissem com o acontecimento mágico. Ainda segurando a jovem, Lydia encarou a lua e suas novas amigas lhe seguiram. Era branca, parecia um holofote focado somente nelas.

- O que é isso? - Luce questionou e logo após, uma onda lhes atingiu.



Quando seus olhos se abriram, tudo o que ela viu fora uma imensidão amarela, sentiu logo em seguida a macies da areia tocar sua pele. Lentamente encarou o céu, com dificuldades para enxergar pois o sol brilhava radiante, ouvia-se também murmúrios baixos. Sua cabeça latejou com uma dor quase insuportável, fazendo-a soltar um gemido e levar sua mão ao local. Limitou-se a olhar ao redor, tentando compreender aonde estava, então se deu conta de outros dois corpos caídos próximos ao seu. Luce, a garota que havia conhecido noite passada e uma estranha que no entanto tinha um rosto um tanto familiar.

Cada vez mais confusa, Rebeka se sentou de supetão e a dor na cabeça aumentou consideravelmente, assim que pode ter um limite maior de espaço, teve certeza que estava jogada na praia de Magic City e que uma pequena multidão havia se agrupado e lhes olhavam com curiosidade.

- Beka! - ouviu uma voz e um rosto familiar quebrar a multidão com urgência, logo em seguida sentiu seu corpo ser sufocado por um abraço incrivelmente apertado.

- Eu estou bem. - falou tentando acalmar sua melhor amiga, sem compreender todo aquele exagero.

- O que aconteceu? - Danna quis saber, se afastando um pouco para olha-la.

- Eu não sei. - murmurou com sinceridade.

No segundo seguinte, as jovens começaram a despertar junto, todos olharam ainda mais curiosos, enquanto elas se sentavam com expressões confusas.

- Luce, você está bem? - Rebeka perguntou preocupada, enquanto corria para ajudar sua nova amiga a se erguer. Ela acenou brevemente com a cabeça, enquanto alisava a mesma com suas mãos, olhando para a multidão que lhes observava, parecia um tanto perdida.

- Meu Deus! Que bom que você está bem. - a outra menina se aproximou, aparentemente era a que mais tinha lembranças do que as levará até aquele estado. - Eu pensei que tinha morrido.

Rebeka fitou a garota e uma onda de lembranças invadiram sua mente, Lydia... Aquele era o nome dela, lembrou-se também vagamente de ter estado e bêbada e pulado no mar. Sentiu-se horrível quando as lembranças terminaram de surgir, sentia-se tremendamente culpada por ter posto a vida de ambas em risco. E a face das duas deixavam claro que elas também se recordavam dos acontecimentos vergonhosos da noite anterior.

- Me perdoem, meninas. - pediu afundada na vergonha. - Eu sinto muito...

- Está tudo bem. - tranquilizou Luce, ainda se recuperando. - O importante é que estamos todas bem.

- O que aconteceu? - Danna fez a pergunta pela qual todos esperavam uma resposta. Ela lançou um olhar furioso para os curiosos e acrescentou: - O show acabou, podem irem cuidar da vida de vocês agora.

Alguns ficaram espantados e outros resmungaram para a garota loura, mas todos começaram a se dissipar, sumindo e abandonando quatro adolescentes na praia.

Rebeka pensou em todos os acontecimentos da noite anterior, lembrou com mais clareza cada detalhe e preferiu não contar exatamente cada mísera parte, se limitando a dizer muito sem graça:

- Eu bebi demais. - encolheu seus ombros timidamente.

- Bom. isso é culpa minha. - Luce disse com uma leve risada, tentando distrair o clima tenso. - Eu deveria ter bebido mais, você teria bebido menos.

Rebeka gargalhou, agradecida por sua nova amiga ser tão compreensiva e não ter levado aquilo tão ao pé da letra. Afinal, o assunto era realmente sério, elas podiam ter morrido por causa de sua falta de controle diante da embriaguez.

- Eu preciso ir pra casa. - Lydia fora a próxima a falar, prendendo seus cabelos em um coque. Ela parecia ainda tentando processar o fato de ter caído em um oceano violento e ter sido arrastada até a praia por uma onda.

Todas concordaram que era a melhor coisa a se fazer, seguiram juntas até que cada uma fosse chegando em sua casa. Preferiram deixar o acontecimento bizarro morrer entre elas e apesar de agirem como se nada tivesse acontecido, todas suspeitavam do fato de terem sobrevivido aquele acidente.

Rebeka entrou em sua casa pé por pé, procurando não fazer barulho. Não queria ter de explicar para seus tios porquê havia passado a noite fora. Apesar do banho forçado de mar, o cheiro de álcool ainda estava forte em suas roupas e a primeira coisa que a garota desejou fazer, fora tomar um banho revigorante e depois talvez, dormir pelas próximas dez horas.

Ela andou silenciosamente até seu quarto, e lá encontrou sua prima adormecida na cama que dividiam. Apesar de terem condições de possuir não só um, mais vários quartos para cada, as duas jovens sempre gostaram de dormir juntas.

Clark fazia pequenos ruídos com os lábios enquanto dormia, denunciando seu cansaço. A outra adentrou no quarto o mais discretamente possível, querendo deixa-la da forma que estava, tinha certeza que não seria muito agradável lhe acordar. Parou seus movimentos apenas para separar uma muda qualquer de roupa e depois retomou seus passos lentos, rumo ao banheiro do quarto.

Rebeka retirou as roupas de seu corpo, abandonando-as em algum canto do banheiro e entrando na banheira já cheia de uma água deliciosamente morna. Relaxou, querendo mais que tudo se recuperar da noite passada. Mas após alguns segundos em contato com a água, uma luz envolveu suas pernas, brilhando intensamente. Sem saber o que estava acontecendo, a jovem gritou quando a luz desapareceu, deixando no lugar de suas pernas, uma cauda.

O pavor crescia cada vez mais em seu peito, ao passo que ela olhava para suas "pernas" com espanto, tentando inutilmente compreender o que havia de errado. Tapou seus lábios com a mão quando batidas frenéticas começaram a surgir na porta. Não queria chamar a atenção dos membros daquela casa, se nem ela sabia o que estava acontecendo, imagina se algum deles lhe vissem daquela forma, como uma... Sereia!

Rebeka estava fascinada e assustada, aquela coisa no lugar de suas pernas era pesada e a sensação era horripilante, mas quando ouviu seu tio perguntar se estava tudo bem, se forçou a soar o mais normal possível ao responder:

- Estou bem. Era só uma barata. - O lugar voltara a ficar silencioso denunciando que seu tio havia facilmente acreditado na mentira.- Meu Deus. - murmurou a jovem, passando a mão pela cauda áspera e alaranjada, ela era linda e surreal. Ficava difícil pensar com clareza diante de algo assim.

Tentando controlar seu nervosismo e o medo do desconhecido, ela respirou pausadamente. Precisava entender o que estava rolando, estaria sobre o efeito de alguma droga alucinatória? Ao observar a cauda por mais tempo, teve certeza de que ela não era imaginária, era real demais e aquilo piorou ainda mais as coisas, fazendo a garota se questionar o que realmente havia acontecido noite anterior. Foi quando a reposta surgiu em sua mente, como uma lâmpada de ideias igual as dos desenhos. Ela lembrou-se de algo que não fora capaz de lembrar durante as horas anteriores: a luz que viu partir da lua quando abriu seus olhos.

A cena se repetiu inúmeras vezes em sua cabeça, até que ela teve absoluta certeza de que não viu coisas porque estava bêbada, algo mágico havia acontecido com ela naquela noite de sábado, e provavelmente também ocorrerá com as garotas que lhe acompanhavam. Boquiaberta com a possibilidade de tudo aquilo realmente estar acontecendo, Rebeka tocou novamente a cauda, acariciando-a com certa relutância, não sabia como as coisas funcionavam e tinha medo de estar cometendo um gafe.

Ficou impressionada e assustada com o fato de que estava aceitando tão bem aquela loucura toda, como se em toda sua vida estivesse esperado por aquele momento. Antes que enlouquecesse teve a brilhante ideia de procurar por Lydia e Luce, elas provavelmente seriam as peças finais para aquele quebra cabeça.

Pensou por um momento, com um medo insano de que jamais voltasse ao normal, mordeu o lábio com força e tomou a única decisão que lhe cabia: se esticou para pegar a toalha e começou a tentar desesperadamente enxugar a cauda. Demorou bem mais tempo do que ela pretendia, mas por fim a luz lhe rodeou da cintura para baixo e levou consigo aquela coisa nada humana que havia estranhamente se tornado parte do seu corpo.

Rebeka suspirou aliviada e se ergueu com pressa, testando suas pernas que nem uma criança aprendendo a dar seus primeiros passos. Tudo normal, nenhuma dor ou sequela. Isso fazia-a questionar se havia realmente visto o que achava ter visto.

Estava tão nervosa e assustada que tremia ao tentar entrar dentro do jeans que havia separado, seus dedos trêmulos também não facilitaram na hora de vestir a regata preta. Quando saiu do banheiro, tentou agir com naturalidade, mas seu corpo todo denunciava que ela estava enfrentando turbulências em seu interior. Graças a Deus sua família era distraída demais para notar a mudança de comportamento da garota.

- Aonde você estava? - a voz de Clark era fraca e rouca, denunciando sua sonolência.

Ela parou seus passos que já se encaminhavam para fora do quarto, revirou seus olhos e voltou seu corpo na direção da garota, que estava sobre a cama.

- Com a Danna. - mentiu, forçando-se para parecer o mais normal possível. - Como voltou para casa?

A expressão da jovem, mesmo sonolenta, tornou-se suave, como se ela nadasse nos sonhos mais lindos.

- Riley me trouxe. - suas bochechas ganharam um tom rosado ao revelar.

- Depois você vai me contar tudo. - exigiu Rebeka, com o maior dos sorrisos.

- Tá bom. - concordou, ainda apresentando reações de uma garota boba apaixonada. Afundando em seguida sua cabeça no travesseiro.

Sua prima não se aguentou e soltou uma gargalhada, se divertindo. Mas logo se despediu e abandonou o quarto lembrando-se de que tinha alguns assuntos pendentes.

Depois de pelo menos uma hora, finalmente chegara a casa de Luce, não era tão longe da sua. Mas como sabia somente o bairro no qual a garota morava, teve de sair perguntando para os moradores dali se eles a conheciam, até que acabou encontrando alguém que lhe apontou de prontidão a casa da garota.

Rebeka levantou sua mão para bater na porta, suas palmas suavam frio de nervoso. Não havia planejado o que fazer quando enfim chegasse ali, teria que ser no improviso. Quando a porta finalmente fora destrancada, ela sorriu nervosa para uma mulher alta, bonita e aparentemente educada.

- Luce está? - questionou a garota e a mãe da jovem que mais parecia irmã, lhe sorriu e gritou por sua filha. Quando a morena surgiu correndo para atender ao chamado da mãe, Rebeka viu confusão passar por sua bela face. 

- Beka? - perguntou em um tom surpreso, tomando o lugar de sua mãe na porta.

- Oi. - sorriu novamente, tentando parecer tranquila, mas tinha certeza de que estava falhando miseravelmente. - Podemos conversar?

- Claro. - disse estranhando a pergunta com todo o seu direito, dando dois passos para trás e liberando espaço para que a outra entrasse em sua casa. - Vamos no meu quarto.

Rebeka lhe seguiu por entre cômodos diferentes, não conseguindo prestar atenção em nada pois sua cabeça estava completamente centrada no que havia visto pela manhã. Elas passaram por uma porta, que logo se fechou para ficarem somente as duas, privacidade era o essencial para a estranha conversa que estavam prestes a ter.

- Aconteceu algo estranho noite passada.... - Rebeka fora logo disparando com desespero na voz e nos gestos.

- Mais estranho do que uma garota se jogando no mar? - perguntou gargalhando, não notando o sentido oculto daquela conversa.

- Não, não... - negou freneticamente com a cabeça, suspirando frustrada por não estar conseguindo se expressar direito. - Vem. - pediu apalpando a cama na qual havia se sentado. - Senta aqui.

Luce parou de gargalhar, finalmente compreendendo que o assunto estava soando muito sério. Ela se aproximou e sentou ao lado da amiga, olhando-a com cautela, perguntou:

- O que aconteceu, Beka? O que quer me contar?

- Você se lembra da luz? - perguntou baixinho, uma expressão séria. - Você também a viu?

Luce ficara quieta por instantes, mas então balançou a cabeça e disse como se não fosse nada:

- Sim, eu me lembro. Era a luz da lua cheia refletindo na água.

- Não era só isso, Luce. - disse bufando e levando a mão ao rosto, como se estivesse impaciente. - Tinha algo a mais, era algo... Mágico.

- Mágico? - a outra repetiu lhe olhando de forma inacreditável, como se a garota estivesse enlouquecendo.

- Sim. - repetiu convicta e falou abaixando ainda mais o tom de voz, como se contasse um segredo. - E eu acho... Acho que virei uma sereia.

- Uma sereia? - repetiu a garota e pareceu pensar melhor antes de falar. Olhando para a jovem como se a mesma fosse uma criança, apoiou sua mão no ombro de Rebeka e perguntou com sinceridade: - Você está bem? Está com febre?

O jeito que sua amiga falava como se ela fosse uma criança de dez anos com problemas mentais, fez com que a outra garota se sentisse desconfortável e desamparada.

- Você acha que eu sou louca. - compreendeu cabisbaixa. Entendendo que deveria estar realmente parecendo piradinha.

- O que quer que eu pense, Beka? - quis saber com cautela, pois temia que a jovem tivesse mesmo algum distúrbio, vai saber, se conheciam a apenas dois dias. - Você chegou aqui com esse papo louco de que virou uma sereia e...

- Água. Eu preciso de água. - cortou lhe Rebeka, ficando em pé de supetão, como um cientista maluco que acabara de ter uma ideia.

- Está com cede? - perguntou desconfiada, quase enlouquecendo ela própria com toda aquela conversa estanha e desgastante.

- Não exatamente. - falou ainda muito agitada, não querendo revelar seu plano pois sabia que Luce não atenderia seu pedido.

A dona da casa resmungou algo e se retirou, retornando logo em seguida com o líquido dentro de um copo de vidro. Rebeka percebeu que suas mãos tremiam um pouco quando ela pegou a louça que lhe fora oferecida e derramou a água sobre suas pernas.

- Você ficou maluca? - ouviu toda a raiva de Luce ao perceber o que ela tinha feito.

Logo em seguida sentiu uma sensação estranha se a ponderando de seu corpo. A luz lhe rodeou e suas pernas foram substituídas por uma cauda, tornando impossível permanecer em pé. Quando Rebeka tombou ao chão, com a cauda completamente visível, Luce levou as mãos aos lábios com olhos arregalados. A sereia caída olhava para sua amiga com o mesmo espanto que a outra possuía em sua expressão. Compartilhando do mesmo medo.

Desde que saiu de sua casa, ela estava tentando não acreditar no que via, pois acreditar que era uma criatura mitológica, para ela era a mesma coisa do que estar enlouquecendo. Mas olhando para Luce, teve certeza de que era real. De alguma forma mágica... Havia virado uma sereia. 

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