"O brilho do meu olhar tem seu rosto refletido."
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10 de Julho de 2013
Matthew
Depois de algumas horas na estrada, finalmente chegamos ao meu lugar preferido. Era um parque bem tranquilo, onde eu costumava vim quando estava com raiva, ou pra simplesmente passar o tempo.
Era um lugar aberto e muito bonito.
Com muitas árvores, pássaros e uma linda vista de um rio que cortava a cidade.
Esse lugar era tão especial para mim. Era como se fosse meu refúgio.
Sempre que eu estava mal, eu vinha aqui esfriar a cabeça. Além do parque, havia uma trilha próximo á floresta. No meio da trilha, havia uma ponte, onde podíamos passar por cima do rio e contemplar os belos peixes que haviam lá.
Eu precisava trazer Helena aqui. Se este lugar me fazia bem, com certeza iria fazer bem para ela.
Helena amava a natureza.
-Onde estamos? -Ela perguntou após estacionarmos o carro.
Sorri.
-Seja Bem-Vinda ao meu refúgio. Este é o parque Nacional de Ward Hills. Mas conhecido como "cantinho do Matthew". -Falei fazendo Helena sorrir.
Após adentramos no parque, Helena começou á contemplar a beleza da natureza ao seu redor.
Ela respirou fundo.
-Matthew.. Aqui é incrível.. -Ela sussurrou admirando o rio á sua frente.
Os peixeis pareciam estar agitados e pulavam de um lado para o outro sob a água.
Me aproximei dela calmamente e segurei sua mão.
Ela não recuou.
-Eu sabia que você gostaria..
-Porque me trouxe aqui? -Perguntou me fitando com um leve brilho no olhar.
-Porque é um lugar que me traz paz, calma.. e sempre me ajuda a esvaziar a mente quando estou passando por problemas. É meu refúgio. Mas pode se tornar nosso, se você quiser.. -Falei deixando escapar um pequeno sorriso.
Helena aproximou seu rosto do meu, e colocou a palma da sua mão livre sobre a minha bochecha.
-Matthew.. você é incrível.. -Ela sussurrou aproximando seus lábios dos meus. -Eu nem sei como te agradecer..
Sorri.
-Você poderia me dar um beijo. Eu ficaria muito grato.
Em um momento como esses, se eu perdesse a chance de contar esta piada, que ao mesmo tempo é uma verdade, e não arrancasse um sorriso de Helena, eu não me chamaria Matthew Collins.
Ela revirou os olhos, em seguida sorriu.
-Sabe.. eu gosto de você.
Sabe.. eu amo você. -Foi o que pensei em dizer. Porém, o que disse foi totalmente o contrário.
-Dizer e provar são duas coisas completamente diferentes. Assim como sentir e demonstrar.
-O que? -Ela perguntou confusa.
Ri.
-Quero que demonstre que gosta de mim me dando um beijo.
Ela abriu um sorriso lindo e me deu um tapa no braço.
-Você é muito bobo. Mas não sou capaz de te negar isso..
Ela enlaçou seus braços sobre o meu pescoço, e aproximou seus lábios dos meus, me dando um beijo casto.
Quando ela se afasta, me sinto nas nuvens. O beijo dela me deixa tão leve.. tão em paz.. isso era incrível.
-Matthew? -Ela perguntou com leve tom de preocupação na voz.
Pisquei algumas vezes e sorri a fitando.
-O que? -Perguntei ainda pensando em nosso beijo.
-Você está bem?
-Estou maravilhosamente bem. Mas poderia ficar melhor ainda com mais um beijo seu. -Falei com um sorriso bobo.
Helena riu.
-Bobo. -Em seguida segurou minha mão e me puxou para a floresta.
Fui de bom grado.
Enquanto caminhávamos, contemplei a beleza dos cabelos de Helena sobre o vento.
Ela andava na trilha á minha frente, e não havia soltado minha mão.
Eu posso parecer um pouco doido ao pensar isso, mas.. Nossas mãos são tão perfeitas juntas. É como se fossem feitas uma para outra. Como um encaixe perfeito.
Eu ficava maravilhado no quanto nossa sintonia era boa.
Helena e eu, por mais que fossemos duas pessoas bem diferentes, tínhamos algo que nos fazia ser perfeitos um para o outro. Algo que nos tornava iguais.
Eu ainda não havia descoberto o que.. Mas iria descobrir em breve.
Depois de alguns minutos andando, chegamos próximos á uma enorme pedra.
Era lá que eu costumava me sentar para pensar.
Tomei a frente e ajudei Helena a subir.
Em seguida, ela se sentou na pedra e fiz o mesmo. Estávamos sozinhos ali. A única coisa que escutávamos eram os barulhos das árvores e dos pássaros ao nosso redor.
As pessoas que vinham visitar o parque, não conheciam aquela parte.
Então, as chances de alguém nos encontrar eram mínimas.
Aqui era um ótimo lugar para Helena desabafar.
Era isso o que eu queria.
Queria que ela colocasse para fora tudo o que a causa mal. Queria que ela deixasse para trás toda essa dor que ela guarda em seu coração. E que a impede de ser feliz.
Estávamos sentados ali por alguns minutos. Helena se encontrava de olhos fechados e cabeça para cima. Provavelmente estava aproveitando o ar puro e limpo da floresta.
Sorri a admirando.
Helena era tão bela..
-Realmente. Você tem razão Matthew. Este lugar realmente transmite paz. -Falou baixinho.
-Falei. -Concordei piscando para ela, que abriu seus lindos olhos e sorriu me fitando. -Mas você sabe para que viemos aqui.. -Falei colocando minha mão sobre a sua.
O sorriso de Helena se desfez um pouco.
Ela parou de me fitar e olhou para a floresta a sua frente.
Em seguida, respirou fundo e começou a contar sobre o seu passado.
-Eu tinha 16 anos quando o conheci..
Escutei atentamente cada palavra de Helena.
Seu namoro com aquele babaca havia durado 1 ano. Eles namoraram durante o ensino médio. Como todos os babacas, Simon omitiu sua verdadeira personalidade ao ser romântico com ela no início do relacionamento.
Sem pensar nas consequências dos seus atos, conquistou seu coração e depois de um tempo se rebelou. Mostrando ser um homem frio, machista, e aproveitador.
Ele se aproveitou da bondade e da doçura de Helena. Brincou com o seu coração e não a agrediu apenas emocionalmente, mas também fisicamente.
Helena me contou o quanto foi difícil para ela denunciá-lo na delegacia.
Quando ela contou que ele havia sido solto, em parte, por "bom comportamento", cerrei meus punhos com raiva.
Eu não entendo.. como podem soltar um cara que quase matou uma mulher?
Como podem deixar um doente, psicopata desses solto pelo mundo?
Alguém que tenta matar outra pessoa por causa de ciúmes, deveria estar internado em uma clínica psiquiátrica. Porque sinceramente, isso não era coisa de gente normal.
-Eu achei que o conhecia. Mas ele mentiu pra mim durante todo o tempo que tivemos juntos. Ele nunca me deixou ver quem ele era de verdade. Acho que eu nunca o conheci.. Na verdade, eu nem deveria contar o que tivemos, como um relacionamento. Afinal, ele nunca me amou.. -Uma lágrima escorreu por seu rosto, mas antes que chegasse próxima aos seus lábios, a sequei com meu polegar.
Ela sorriu, e em seguida prosseguiu.
-Eu dei tudo de mim por ele e pra ele. E no fim, o que recebi? Uma tentativa de assassinato. -Ela me fitou. -Agora você entende o porquê de eu querer me manter afastada dos homens?
Assenti.
-Você não quer passar por isso novamente..
Helena assentiu.
-Exato. O que me garante que o próximo não vai fazer o mesmo?
Suspirei.
Ela tem razão.
O medo de Helena não era algo sem nexo. Helena estava certa em querer se afastar. O que aquele homem fez a ela, deixou uma marca que dificilmente será apagada. Porém, nem todos serão como Simon.
Eu não sou Simon. Nunca serei como Simon. E me esforçarei para mostrar isso para ela todos os dias.
Olhei em seus olhos.
-Eu sou Matthew Collins. Eu nunca menti para você, nem irei fazer isso. -Cheguei um pouco mais perto e segurei suas mãos. -Tudo o que você presenciou ao meu lado.. sou eu. Os presentes para os seus pais, os beijos, ter te trazido aqui.. Isso sou eu Helena. Eu não preciso mentir pra fazer alguém gostar de mim. Eu não sou um louco psicopata que de dia é uma coisa e a noite vira outra. Eu sou apenas eu.
Ela sorriu.
-Matthew..
-Helena.. Me dá uma chance. Por favor. Me deixa te mostrar que sou diferente. Por favor..
Meu coração estava a mil. Eu sabia que era arriscado lhe fazer uma proposta dessas. Principalmente neste momento. Porém, eu senti que esta era minha oportunidade e eu não poderia deixar passar.
Após escutar minhas palavras, Helena ficou me fitando por alguns minutos.
Ficamos em silêncio. Eu não sabia o que Helena estava pensando. Porém, pela forma como ela me observava, pelo leve brilho em seu olhar, pude perceber que ela talvez estivesse avaliando a possibilidade de me dar uma chance. E isso, já me deixou animado.
Quando achei que Helena finalmente diria algo, ela apenas deixou escapar um sorrisinho sem jeito, respirou fundo, e em seguida se afastou e desceu da pedra.
Suspirei e fiz o mesmo.
Ela começou a caminhar na floresta, em silêncio. Não fiquei ao seu lado, pois sabia que Helena precisava de um tempo a sós.
Ela tinha colocado muita coisa para fora, e depois da minha proposta, sua mente deve estar uma confusão. Então, respeitei seu tempo. Porém, não a deixei sozinha. Fui andando calmamente atrás dela, de uma distância razoável.
Após alguns minutos caminhando, ela parou perto de um enorme rio.
Eu não conhecia aquele lado da floresta, então quando observei a paisagem ao meu redor, fiquei deslumbrado.
O lugar era tão belo,que por alguns segundos senti o ar me faltar.
Ao nosso redor, haviam muitas, mas muitas árvores. De todos os tamanhos, espécies e cores. Eram todas muito lindas. E com aquele belo Rio a nossa frente, a paisagem se tornou de tirar o fôlego.
Era realmente incrível. Não sei como nunca havia vindo neste lado da floresta..
Helena havia descoberto um paraíso.
Eu estava tão distraído observando a paisagem ao meu redor, que nem notei quando Helena havia se aproximado, e agora se encontrava parada a minha frente.
-Lindo né? -Ela perguntou baixinho.
Sorri.
-Deslumbrante. Aqui é incrível. Não sei como nunca havia vindo neste lado da floresta.. -Respondi admirado.
-Este é o Rio que corta a cidade? -Ela perguntou fitando o lindo rio a nossa frente.
Assenti.
-Creio que sim. -Me aproximei um pouco mais do Rio e me abaixei para ver a água. Quando coloquei a mão sob a água, vários peixinhos surgiram em volta da minha mão, me dando um leve susto.
Helena notou minha mudança de humor e se aproximou para ver o que havia acontecido.
-Matthew.. tudo bem? -Ela perguntou colocando a mão sobre meu ombro.
Assenti.
-Helena.. você.. poderia se abaixar por alguns minutos?
Ela me fitou com uma expressão confusa, mas assentiu.
-Tudo bem. O que houve? -Ela perguntou ao meu lado.
-Olha isso.. -Gentilmente peguei uma de suas mãos e coloquei sob a água. Assim que os peixinhos perceberam a mão de Helena, a rodearam, assim como fizeram com a minha.
Helena sorriu.
-Meu Deus.. Matthew.. São..
-Peixinhos de água doce. -Coloquei minha mão ao lado da sua e eles começaram a rodear nossas mãos. -Lindos não é?
Haviam peixinhos de todas as cores. Amarelos, vermelhos, prateados.. Todos juntos, foramavam uma nuance incrível.
Pela forma como Helena fitava os pequenos peixinho, percebi que havia ficado tão admirada quanto eu.
Quando ela se apercebeu das nossas mãos juntas, me fitou. Em seu olhar, havia um brilho que eu nunca tinha visto antes.
Helena estava linda. Tão linda quanto toda aquela paisagem ao nosso redor.
Na verdade, o paraíso onde estávamos, parecia realçar ainda mais sua beleza.
Eu estava em tranze. Não conseguia desviar o olhos de Helena. E ela parecia estar na mesma situação que eu.
Nossos rostos estavam próximos. O momento era perfeito..
Fui aproximando meu rosto lentamente do dela, e quando nossos lábios estavam quase se tocando, em um rompante Helena se afastou, parecendo estar um pouco sem jeito, e se levantou, indo em direção ao lugar de onde viemos.
Me levantei confuso, e fui até ela.
-Ei, o que houve? -Perguntei tocando seu ombro.
Helena respirou fundo e se virou para mim. Em seguida, colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e cruzou os braços.
-Matthew... Não podemos..
-O que? Do que está falando? -Perguntei confuso.
Ela suspirou.
-Nós. Matthew.. Você é... -Ela me encarou por alguns segundos e em seguida balançou a cabeça negativamente. Parecendo estar sem palavras para descrever nossa situação.
-Eu sou o que Helena? -Perguntei me aproximando dela.
Quando estávamos bem próximos, calmamente descruzei seus braços e enlaçei uma de suas mãos com a minha.
Em seguida, com a outra mão, toquei levemente o seu cabelo e parei em seu rosto.
-Eu poderia ficar aqui o dia inteiro, e nunca me cansaria de admirar a linda mulher a minha frente.. -Sussurrei baixinho. Em seguida, fui passando minha mão sobre seus cabelos, em um carinho silencioso. E quando notei que Helena estava mais calma, aproximei meu rosto do seu e a beijei.
Helena não relutou.
Nos beijávamos calmamente. Apenas desfrutando da companhia um do outro e da linda paisagem ao nosso redor.
Quando sentimos o ar nos faltar, me afastei de Helena lentamente e segurei seu rosto.
-Uma chance.. -Sussurrei sem desviar meu olhar do seu.
Me dê apenas uma chance..
Por favor..
É tudo o que eu preciso para te fazer feliz.
Apenas uma chance..
Helena respirou fundo em seguida fechou os olhos. Após alguns minutos, ela os abriu e me fitou com um lindo sorriso.
-Eu aceito.