Eu estava na delegacia esperando Fugaku voltar e me dar permissão para conversar com Konan. O delegado até agora só me permitiu conversar com o ele sobre o ocorrido, disse que no momento era melhor eu não falar com ela, mas era isso que eu queria; de uma vez colocar tudo para fora e esclarecer tudo que aconteceu. Ela fez tudo isso por amor? Possessão? Ou tinham outros motivos escondidos? Se sim, quem descobriria isso não seria eu, mas eu quero colocar as cartas na mesa com ela.
- Sakura, ele autorizou. -O senhor Uchiha apareceu na porta da sala na qual eu estava antes.
- Tem certeza? - Sasuke entrou na minha frente antes que eu desse mais de um passo. - Eu posso ir com você.
- Não, Sasuke. - Lembrei de que ela fizera isso tudo justamente para ficar com ele.
Não quero vê-lo olhando-a acusador sendo que ela fez isso porque ama ele. Eu não devia ser tão piedosa, mas pensar nisso me deixa triste.
- Acho melhor eu ir sozinha. - Vi pela expressão dele que ele não pensara em desistir de ir comigo. - Vou lá antes que o delegado mude de ideia. - Andei rapidamente até a sala bati duas vezes, ouvindo um "entre". Lá dentro, encontrei Kakashi, Fugaku e o delegado. Olhei ao redor não encontrando Konan.
- Ela está ali. - Kakashi me mostrou uma outra porta e eu fui até lá, até sentir uma mão no meu ombro.
Tentei ao máximo não revirar os olhos, e consegui. Me virei encontrando Kakashi, ele logo abriu a boca para falar mas eu interrompi.
- Eu estou bem, ok? Não quero que você vá também, vou conversar com ela a sós, certo? - Vi ele tirar a não do meu ombro e sorrir. - Você vai ver tudo que nós conversamos mesmo. - Dei de ombros e entrei, fechando a porta.
Ela estava olhando para as unhas e, por mais que tentasse manter aquela pose de quem não está nem aí, eu podia ver seu nervosismo e medo.
Sentei-me à sua frente, apoiando meus braços na mesa em que ela estava algemada. Encarei aquelas algemas pensando se era realmente necessário.
- Veio rir de mim? - Ela ainda olhava para as unhas, seu cabelo levemente inclinado para frente estava bagunçado.
- Foi realmente amor?
Ela finalmente me encarou, seus olhos alaranjados não desviaram por um segundo e eu fiquei levemente nervosa. Não conseguia decifrar o que eles transmitiam e pensei de escolhi as palavras certas.
- É amor.
Pela primeira vez senti medo desse sentimento.
Desde quando algo tão bonito e profundo se tornou algo a sentir medo? Algo que deixa as pessoas abobalhadas e enxergando o melhor do amante pode ser tão assustador a ponto de fazer loucuras e enlouquecer?
- Eu nem sei o que te dizer. - Abaixei a cabeça e passei minhas mãos desde a testa até a minha nuca, segurando meu cabelo ali.
- Por que não começa me dizendo o por quê?
Não levantei a cabeça para ver a expressão que ela estampara após dizer essas palavras, também não estava muito curiosa para descobrir, manti minha cabeça baixa.
- Eu o amo, Konan.
Permanecemos em silêncio até eu tomar coragem e levantar a cabeça, encontrando ela sorrindo e chorando. Me surpreendi e de certa forma de assustei.
- Me apaixonei quando estávamos no colegial. Ele era um doce, mas não era só comigo. Todas garotas gostavam dele, mas eu era a única que nutria um sentimento verdadeiro. Elas tinham uma paixonite porque ele era lindo e as tratava como princesas.
Sorri pensando que Sasuke em algum tempo da sua vida foi um garoto doce.
Ele atualmente não gosta de doçura.
- Eu ficava cada vez mais perdidamente apaixonada quando ele sorria para mim, quando ele se importava comigo, quando ele me ajudava com pequenas coisas. Era um sentimento tão puro que eu me sentia tão bem... Teve um tempo em que nos tornamos amigos, ele me levava para a casa dele e lá eu conheci Itachi.
Rapidamente desviei o olhar dela. Essa parte da história parecia menos atrativa para mim.
- Itachi também era um doce, eu sempre pense que faríamos um bom par de cunhados. Mas outra vez que fui na casa deles, soube que Sasuke estava namorando e, fiz uma coisa que jamais pensei que faria. - Ela fez uma pausa e vi que as lágrimas dela se tornaram mais desesperadas. Senti vontade de abraçá-la ali.
O que ela teria feito?
- A namorada dele nunca mais apareceu outra vez na casa deles, ela o evitava na escola e foi a primeira vez que eu vi Sasuke tão desesperado.
Ela não me disse o que havia feito, e algo em mim desejava não saber.
- Eu senti que era minha chance de me aproximar, mas ele não me via como eu desejava... Então resolvi me aproximar de Itachi.
- Isso não justifi-
- Eu sei! Mas eu o amo tanto, tanto! Haruno, você não sabe de nada! Eu o amei por tantos anos, tentei ter algo com ele todo esse tempo e nada aconteceu! E do nada você aparece na vida dele por alguns meses e já estão namorando?! Sabe como eu me senti?!
- Konan, eu vim aqui saber sobre o Haru. - Tentei mudar de assunto ao ver que ela estava se estressando.
- Ah, aquele seu irmãozinho. Ele me disse umas coisas interessantes.
- Fazia parte do nosso plano, ele precisava ter você do lado dele para que você aceitasse ir na casa de Sasuke. - Tentei mentir para mim mesma.
Eu precisava acreditar que Haru disse aquelas coisas simplesmente porque faziam parte plano.
- Ele parecia muito sincero para mim.
Ela deu de ombros, voltando a olhar para as próprias unhas.
- Eu não quero acreditar, ele me enganou tão bem...
Ela, num flash se inclinou sobre a mesa, colocando seu rosto próximo ao meu.
- Você ainda pode dar a volta por cima, ele acha que você não sabe de nada! Engane-o até se sentir satisfeita, e depois descarte ele.
Aquelas palavras tão cruéis pareceram o a coisa mais certa a se fazer.
- Enganá-lo enquanto ele acha que está me enganando? - Ela assentiu.
- Ele quer o dinheiro do Sasuke. - Ela falou. - Faça parecer que vai dar o que ele quer.
Assenti com a cabeça. Por que parecia que ela estava me ajudando? Por mais que o ela esteja dizendo sejam maldades, eu vou seguir seus conselhos. Dessa vez, não sairei chorando.
Dessa vez, serei a vilã.
Eu saí da sala quando Kakashi apareceu, dizendo que o delegado me mandou sair. Assim que Sasuke me avistou, ele veio até mim, e eu imediatamente lembrei do que Konan dissera dele.
- Como foi? O que ela disse?
- Quase nada... - Menti.
Ele suspirou, cansado.
- Eu conheço ela desde que éramos adolescentes. - Ele pareceu navegar nas memórias. - Éramos amigos, ela era uma pessoa tão doce, não consigo acreditar no que ela fez.
- Ela me disse algo sobre se conhecerem.
Ele desviou seu olhar para mim tão rápido que eu tive vontade de rir.
- O quê?
- Disse que você era um doce. - Provoquei, tentando distraí-lo.
- Esquece isso, ok? Tenho uma coisa para te dizer.
- Diga então.
- Itachi ligou. - Meu coração acelerou. Como Itachi ficou sabendo tão rápido? - Ele quer falar pessoalmente com você. Mas se estiver cansada e não quiser ir lá agora, tudo bem, ele vai entender.
Pensei por longos minutos, Itachi quer falar pessoalmente, e como ele está internado, terei de ir ao hospital. Corro o risco de encontrar a minha família, isso me deixa com medo. O que pode acontecer se trombarmos? Eles deixaram claro quando me disseram para ficar longe da família, eu obedeci, como a boa filha que sempre me imaginei sendo. Mas, dessa vez, eu iria cumprir o meu dever e deixar de ser uma filha.
- Sasuke, a minha família...
- Sakura, tudo bem, ok? Vou falar com ele, inventar alguma coisa e... Adiar a conversa, eu dou um jeito. - Ele se aproximou de mim até que nossos corpos estivessem colados, me tomando em um abraço.
- Obrigada, Sasuke.
E mais uma vez, fugi.
O que não continuaria acontecendo por muito tempo, já que eu iria enfrentar alguns de meus medos.
Começando por Haru.