Konan e seu parceiro haviam sido levados para a delegacia. Disso apenas sabiam Izumi, Haru, Kakashi e eu. Sasuke nem a família sabiam de nada, e eu não faço ideia de como dizer a Itachi que a namorada dele armou um acidente para que ele ficasse internado e ela pudesse chamar a atenção de Sasuke.
Esse era o plano mais idiota que alguém poderia armar.
Eu ainda estava sentada no chão da cozinha, olhando para o chão. Não sabia o que fazer primeiro, mas sabia o que deveria fazer.
Ouvi meu celular tocar e o procurei com os olhos. Corri para pegar e atendi.
Será que Sasuke já sabia?
— Sakura?
Não era ele.
— Hinata...
— Sakura! EU ESTOU GRÁVIDA!
Tive um susto com a notícia e com o grito que ela deu. Nunca vi ela tão surtada assim.
— COMO É? Quero ser madrinha.
— Sakura, pelo amor de Deus! Eu estou desesperada, não sei o que fazer. Ainda não estou acreditando... Fiz QUATORZE TESTES E AINDA NÃO ACREDITO.
— Hinata! Se acalma, mulher.
— MEU ÚTERO ESTÁ ME ENGANANDO!
— HINATA!
— Sakura, como eu digo ao Naruto? Eu estou muito feliz, mas não sei se ele vai ficar. E se ele não quiser assumir? Vou virar mãe solteira, ainda não estou preparada para isso...
— 'Tá maluca? Claro que ele vai ficar feliz. O Naruto sempre foi um cara que sonhava em fazer uma família, e agora que você está grávida, ele vai ficar maluco, mas de felicidade. — Passei a mão no topo da cabeça, meu ânimo começou a cair quando lembrei da situação em que me meti.
Estava sem vontade de dar conselhos ou consolar.
— Ah, Sakura... Obrigada. Sabia que a minha opção mais sábia seria ligar para você. — Sorri com aquelas palavras.
— Então, vai lá, conta para o teu loiro.
— Ok, tchau!
— Tchau. — Desliguei.
Me encontrei sozinha, exatamente como não pretendia ficar. Saí em direção a porta da frente, vendo-a aberta e uma viatura, estacionada por ali. Pela janela do carro, que se encontrava aberta, pude ver Konan lá dentro, enquanto um policial falava no celular, ao lado dela. Nossos olhos se encontraram e eu os desviei rapidamente, olhando ao redor. Kakashi falava com Haru, que olhava a câmera que eu utilizei.
Sensei veio até mim assim que me viu, não perdendo tempo.
— Você está bem? Meu Deus, ela te machucou...! — Ele fez menção de tocar no corte em minha bochecha, mas eu não permiti, desviando.
— Com quem ele está falando? — Apontei com a cabeça para o policial que falava no celular.
— Com o senhor Uchiha.
Meu olhos rapidamente se direcionaram a Kakashi, o encarando.
— Qual deles?
— Fugaku. Chega de perguntas, Sakura. Você irá para um hospital-
— Eu estou bem, sensei. O que eu preciso agora não é um hospital.
— Quer que eu ligue para ele...?
— Não, ele virá. — Dei as costas para ele, entrando na casa e fechando as portas brancas de dois metros, me deixando entrar em casa.
Subi para o meu quarto, deixando as roupas do meu corpo em cima da cama, entrando no banheiro já completamente despida. Me banhei lentamente, vendo leves marcas roxas na minha pele.
Saí do banho, vesti uma calça moleton e uma blusa branca, curta. Fui para a sala descalça, olhei para a porta, pensando em simplesmente sair correndo. Por um momento dei um passo, a frente, mas vacilei quando o rosto de Sasuke apareceu na minha mente. Resolvi sair dali e fui para a cozinha, vendo algumas cadeiras da mesa caídas, coisa que na hora da bagunça, eu nem percebi ela caírem. Me abaixei para pegar a faca e vi um pouco de sangue nela, aproveitei e apanhei a tábua de madeira, que estava no chão também.
Lavei as duas; a tábua estava vermelha do suco dos tomates que eu cortei, já a faca; estava vermelha de sangue.
Levantei às cadeiras e voltei para a sala, olhei para a porta novamente e caminhei rapidamente em direção a ela, pensando para onde iria assim que saísse.
Mas alguém a abriu primeiro.
— Sakura! — Ele me abraçou tão forte que doeu.
— Sasuke... — Retribui o abraço, afogando meu rosto na curva do pescoço dele, sentindo o odor que eu tanto senti falta.
— Ela te machucou? — Ele se separou de mim, me segurando pelos ombros e me analisando, até arregalar os olhos.
Eu devia ter colocado uma blusa com mangas, e um curativo na bochecha.
— Sasuke, isso não é nada-
— Como não é, Sakura?! — Ele soltou meus ombros e eu me senti desprotegida, instintivamente, segurei sua mão.
— Sasuke...
— Por que você não me contou nada? Eu poderia ter te ajudado, te apoiado... Mas você passou por isso tudo pelas minhas costas, sabe como eu me sinto?
Ele mais uma vez soltou-me, mas dessa vez para passar as mãos no cabelo.
— Me perdoa, por favor... Eu só não queria que você tivesse que passar por isso também, você já estava sofrendo demais com o Itachi e eu-
— Eu não sei quem deve pedir perdão, se é você, ou eu.
— Sasuke, você não tem culpa de nada. Eu descobri e fui fundo nisso por conta própria, mas saiba que eu só queria te proteger!
— Me proteger?! Olha para você, olha como você está!
— Eu sei que eu deveria ter te contado, mas já acabou, Sasuke. Eu não quero mais falar disso. — Desviei o olhar do dele.
— Não, não acabou, Sakura. Itachi está na porra de um hospital, sem conseguir andar e sequer sabe que foi a porra da namorada dele que colocou ele lá!
— Eu sei que vai ser difícil, mas ele vai conseguir se recuperar! Ele vai precisar de apoio, Sasuke. Não esteja com esse humor para ele.
Ouvi ele estalar os lábios, olhando ao redor, seus olhos pararam na minha bochecha.
— Como aconteceu? — Perguntou um pouco menos nervoso.
— Por favor, agora não, ok? Eu te conto tudo, mas não agora. Não quero falar sobre o que aconteceu. — Falei me lembrando das palavras de Konan, antes de Kakashi chegar. Meus olhos começaram a lacrimejar e Sasuke percebeu, me puxando para um abraço.
— Me desculpa, Sakura. Eu estava nervoso, com raiva e preocupado. Minha namorada e meu irmão caíram nas mãos daquela cadela e eu não pude fazer nada, sabe como me senti? Um inútil.
Comecei a chorar, soluçando.
— Não chora, por favor. Descobri que não gosto de te ver assim.
— Você não é um inútil, Sasuke! Você está aqui comigo, me apoiando. E até quando não estava, me ajudou.
Lembrei de quando pensei em fugir, mas lembrei dele.
— Não me esconda mais nada, certo?
— Certo. — Assenti, direcionando meu olhar para ele, que retribuiu.
Vi seu rosto se aproximar do meu e fechei os olhos, sentindo seus lábios encostarem nos meus. Empurrei mais o meu rosto, ansiando por um toque mais íntimo, que ele entendeu perfeitamente.
Senti sua língua invadir minha boca e, sem pestanejar, devolvi seu beijo. Suas mais deslizaram minhas costas e me arrepiaram, fiquei na ponta dos pés para poder ficar em uma posição melhor. Levei minhas mãos para o cabelo dele, assanhando e puxando.
Ouvimos uma tosse forçada e nos afastamos de imediato.
— Vejo que está bem, Sakura.
— Senhor Uchiha! Hm... Eu, ah...
— Tudo bem. Podemos conversar ou eu atrapalho?
Minha voz sequer saía de tamanha vergonha.
— Sinceramente? Atrapalhou. — Sasuke bufou e eu fiquei com mais vergonha ainda.
— O que é isso, Sasuke!? — Olhei nervosa para ele. — Não atrapalhou nada, senhor Uchiha. Nós só...
— Tudo bem, tudo bem, Sakura. Eu acho bom que estejam bem um com o outro depois de tudo isso. Vamos? — Ele saiu andando sem nem esperar resposta. — É ótimo que estejam pensando em continuar com a linhagem Uchiha.
Quase gritei de vergonha.
— Mas, bom... Esse não é no caso aqui. — Percebi que ele já estava perto da porta, então lancei um olhar para Sasuke e seguimos ele. — Quero conversar com você sobre o que aconteceu, Sakura.
— Pai, ela na-
— Tudo bem, Sasuke. Eu estou bem agora. — Sorri para ele, que me olhou a contragosto.
— Não estava cinco minutos atrás.
— Isso antes de você consolar ela de uma maneira bem diferente.
Fiquei com vergonha outra vez. Talvez Itachi tivesse puxado ao Fugaku na parte de fazer as pessoas ficarem constrangidas.
— Continuando, — ele abriu a porta — quero saber em detalhes o que aconteceu, para que eu possa tomar atitudes apropriadas. — Ele saiu da casa e olhou para o veículo que Konan estava.
Tinha alguma coisa nos olhos dele. Talvez raiva?
Não... Era pior.
— Por isso acho melhor irmos para a Delegacia Central, para conversarmos abertamente com as autoridades.
— As autoridades, não. De policial somente Kakashi. Tinha um policial com ela e eu não sei em quem confiar ali dentro. — Falei um pouco nervosa.
Fugaku desviou seu olhar para mim, e em seguida para Sasuke, numa rápida troca de olhares.
— Tudo bem, você está em posição de impor o que desejar.
Fugaku estava extremamente sério e eu ficava cada vez mais nervosa, Sasuke percebeu e pegou minha mão.
— Eu vou também.
Mais uma vez Fugaku olhou para nós dois e eu me senti vulnerável.
— Bem, vamos logo.
Ele saiu andando em direção à viatura, e quando eu fiz menção de seguí-lo, Sasuke me parou.
— Tem certeza de que está bem?
— Estou, Sasuke. — Tentei passar confiança. — Vamos, seu pai está assustador hoje.
Puxei-o pela mão, ouvindo uma risada rouca sair de seus lábios.
Se Fugaku não aparecesse, ficar com Sasuke em casa não seria uma má ideia.
Afastei aqueles pensamentos, caminhando com Sasuke até a viatura que Fugaku havia entrado.
Senti um olhar em nós e o procurei, encontrando Haru não muito distante, olhando para nós com um sorriso. Lembrei das palavras de Konan antes de entrar no carro e partir para uma sessão de perguntas.