Quando Erick, meu pai, chegou em casa eu estava lendo um livro, corri até o corredor e o abracei bem forte, ele estava com um embrulho nas mãos e quase o derrubou.
- Minha princesa, oi - ele ria - Assim eu não consigo entregar seu presente inteiro - ele me deu um abraço tão quentinho e me entregou um embrulho grande - Abra, é seu presente.
Eu sorria como nunca, não importava o que era, papai estava aqui, confirmando mais uma vez que hoje de manhã ele não fez por mal, até chegou mais cedo.
Eu corri até o sofá da sala e comecei a abrir o embrulho, era uma pelúcia, um tigre branco de pelúcia, era lindo e extremamente fofo, ele sabia que eu amava pelúcias, mas tinha mais coisas no pacote, tinha um canudo com fitas, fitas para cabelo, tinha tantas cores.
- A mamãe me disse que você acha que falta cor no seus cabelos, achei que você fosse gostar de umas fitas, pra ficar ainda mais bonita - eu o abracei mais uma vez.
Inesperadamente eu comecei a chorar, estava tão feliz que não aguentei a emoção, meus pais são as melhores pessoas do mundo todo e eu os amo tanto.
Mamãe saiu da cozinha e nos abraçou também, ficamos um minutinhos assim até eu me afastar e falar.
- Chegou uma carta de Hogwarts pra mim Papai - estávamos sentados no sofá agora - Eu sou uma Bruxa, o que você acha?
- Acho divertido - ele me observava - Bom é claro, se você não sair voando pela casa ou fazer magias a noite, não vejo problema nenhum - ele ria e mamãe deu um tapa leve nele - É brincadeira - ele se defendeu.
- Vocês vão ficar chateados se eu for? Quero saber como é!
- Claro que não querida, nós já sabíamos que esse dia viria, e você pode passar os feriados e férias com a gente, pode mandar cartas quando quiser - mamãe disse.
- Sim, e imagino que vai aprender muito, você lembra que você sempre quis fazer magia? - papai disse.
- Lembro, mas agora vou fazer de verdade - me peguei refletindo.
- Você sempre fez querida - arqueei uma sobrancelha - Teve uma vez que eu fiz um bolo que você não gostou, ele virou um bolo de chocolate - mamãe.
- E aquela vez que a sua boneca caiu do carrinho e em seguida já estava na sua mão - papai balançava a mão tentando demonstrar.
- Nossa, eu não percebi nada disso - eu sorri sem querer.
- Por isso queremos que você vá, é seu mundo e vamos estar sempre aqui para você querida - Mamãe me abraçou.
- Mas e se eu não gostar de lá? Se as pessoas ficarem falando de mim que nem aqui - eu já até imaginava, ia ser um lugar novo, com gente nova pra me zoar.
- Se você não gostar, pode voltar, estaremos aqui meu amor, mas eu sei que as pessoas são diferentes, é um lugar novo, onde vai ter amigos novos e ver as diferenças de todos.
- Vocês... - eu parei pra pensar - vão sentir minha falta? - eu já estava a beira das lagrimas novamente quando fiquei quentinha de abraços dos dois.
- Não tenha duvidas minha princesa - papai me deu um beijo na cabeça.
- Nós amamos você e vamos estar sempre aqui pra tudo - mamãe tinha um perfume tão bom. Eu estava no melhor lugar, no melhor aniversário.
***
Eu tinha respondido a carta de Hogwarts, eu decidi que iria, hoje é uma quarta feira 16 de agosto, e não consigo mais aguentar, preciso comprar meu material. O tal Diretor Dumbledore mandou uma bruxa para acompanhar meus pais e a mim, tanto para trocar o dinheiro "trouxa", tanto para nos orientar no beco diagonal.
Nós entramos em um tipo de bar, bem bagunçado e cheio de pessoas fazendo livros e colheres voarem, nós andamos até os fundos do local onde tinha uma parede de aparência velha, a bruxa chamada Tonks bateu sua varinha na parede em lugares diferentes e ela começou a abrir um buraco girando os tijolos, transformando em uma passagem enorme.
Muita gente, foi meu pensamento, muita gente com roupas estranhas, mas o lugar tinha um grande espaço com ruas tortas. Tonks pediu para que eu fosse para Madame Malkin - Roupas para todas as ocasiões, para ela tirar minhas medidas enquanto eles iam trocar o dinheiro trouxa pelo que eles usavam aqui, o dinheiro dos bruxos britânicos.
Lá estava eu depois que Tonks me apontou o lugar. Uma mulher baixinha e rechonchuda apareceu toda alegre me cumprimentando.
- Bom dia minha jovem, vestes para Hogwarts? - ela sorria, parecia agitada também.
- Bom dia - sorri simpática - Sim, pediram que eu viesse para que senhora tirasse minhas medidas por favor.
- Claro criança, venha me acompanhe - ela foi até um espelho e pediu para que eu subisse em pequeno bloquinho no chão - Qual seu nome minha jovem?
- Ellyna - ela puxava uma fita pegando minhas medidas e um papel flutuando com uma pena também no ar anotando tudo.
Entrou alguém na loja, era um garoto e um homem bem alto, ambos muito loiros, o homem possuía uma cara fechada como se fosse um avaliador, já o garoto tinha um ar mais relaxado, porém ainda sério, a mulher me pediu licença e foi atende-los enquanto a fita que ela usava continuava me medindo sozinha e a pena ainda anotando.
- Sr. Malfoy - ela deu uma leve encurvada - Fico muito grata que tenha vindo até aqui.
- Certo, não precisa agradecer, vim para comprar as vestes do meu filho - ele virou para o garoto - Volto em alguns minutos Draco - girou os calcanhares e saiu. A mulher pareceu entortar um pouco o nariz assim que o homem saiu de sua loja.
- Sr. Malfoy, por favor suba neste bloco para que eu tire suas medidas - ela o encaminhou até o meu lado e começou a pegar suas medidas, outra pena e papel amarelado aparecerem e começaram a anotar.
- Volto em instantes com os tecidos - disse para nós dois e foi para um lugar atrás do balcão, sumindo de vista.
- Olá, sou Draco Malfoy - o garoto desceu do bloco e me estendeu a mão com um sorriso amigável. Eu desci do bloco também.
- Oi sou Ellyna Mevel, prazer conhece-lo Sr. Malfoy - sorri e apertei sua mão amigavelmente. Ele pareceu um pouco pensativo - Meus pais foram trocar dinheiro no banco - disse e o mesmo pareceu ter levado um tapa.
- Você é uma nascida Trouxa? - perguntou ele como se me atacasse.
- Uma o que? - ele deu um passo para trás receoso - Desculpe eu não sei o que é, pois fui adotada quando meus pais morreram.
- Seus pais são Bruxos? - ele ainda estava meio apreensivo.
- Os de sangue sim, mas os que estão no banco agora não - eu expliquei ainda meio perdida - Mas eles estão com uma bruxa amiga lá - ele pareceu relaxar, ele suspirou e olhou para o lado da porta e depois para o balcão onde a madame Malkin sumiu.
- Desculpa ter te chamado de nascida Trouxa - ele colocou a mão atras da cabeça e arrumou os fios loiros platinados - Meu pai me disse que Nascidos Trouxas não são confiáveis.
- Porquê? - eu levantei as sobrancelhas curiosa e ele parecia não saber o que responder.
- Não sei ao certo mas desde que me lembro meu pai sempre diz isso - agora mulher voltava com nossas vestes prontas.
- Prontinho minha jovem... - ela não lembrava meu nome.
- Ellyna Mevel - ela arregalou um pouco os olhos, engoliu em seco, mas continuou com um pequeno sorriso.
- Srta. Mevel, suas vestes de Hogwarts, se precisar de mais algum vestuário não exite em me mandar uma coruja - me entregou um pacote com as vestes ainda sorrindo e olhando direto em meus olhos - Sr. Malfoy, suas vestes com o melhor tecido querido - se virou para ele colocando o pacote em suas mãos.
O homem que acompanhava Draco, entrou novamente na loja e pagou a mulher, antes de sair ele me olhou fixamente por alguns segundos semicerrando os olhos e por fim saiu chamando o Draco.
- Te vejo no trem - ele acenou, seu sorriso amigável tinha sumido, eu acenei delicadamente de volta.
Alguns minutos depois meus pais e Tonks entraram na loja e meu pai estava com uma gaiola nas mãos, eu não consegui acreditar no que havia dentro, era uma coruja.