O melhor ano do nosso colegial

By leonmwah

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Nicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto co... More

BOOKTRAILER ❤️
1 • A matrícula
2 • O Shopping
3 • A palestra
4 • O primeiro dia de aula
5 • A garota da palestra
6 • A inscrição para o clube de teatro
7 • A audição
8 • A aula de música
9 • O primeiro dia no teatro
10 • O clube de música
11 • A festa do teatro
12 • Domingo de ressaca
13 • A novidade de Gabriela
14 • O desentendimento no refeitório
15 • O jogo de queimada
16 • O fim de ótimos momentos
17 • O colega de Joana
18 • A Festa Junina
19 • O parque
20 • Uma festa entre amigos
21 • A conversa na estrada
22 • O vizinho
23 • Um papo de saudade
24 • A casa de Thomas
25 • O quarto de Thomas
26 • A conversa com Amélia
27 • O começo de uma última aventura
28 • O fim de uma última aventura
29 • A volta para casa
30 • O segundo primeiro dia de aula
31 • A aluna de intercâmbio
32 • A briga no corredor
33 • A conversa com a diretora
34 • Um recomeço
35 • Um canto no teatro
36 • Inscrição para cheerleader
37 • O reencontro na biblioteca
38 • O teste de Gabriela
40 • A ideia
41 • A conversa depois do jogo
42 • A segunda festa do teatro
43 • A grande notícia
44 • O encontro
45 • A apresentação
46 • A proposta
47 • A escolha do vestido
48 • O casamento
49 • Noite de Natal
50 • Ano Novo

39 • O problema de Gabriela

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By leonmwah

Alguns alunos da arquibancada nos ajudaram a carregar Gabriela em direção à enfermaria, entretanto, no meio do caminho demos de encontro com uma maca móvel trazida por uma enfermeira com cabelo rosa; a partir dali Gabi foi deitada, ainda inconsciente para a enfermaria.

Tudo se passou tão rápido que nem cheguei notar os corredores que virávamos, paredes que passávamos; Amalie e eu nos demos conta de onde estávamos quando finalmente nos vimos em pé ao lado de Gabriela sobre o leito, esperando-a acordar.

A maca onde estávamos ficava num cubículo, cujas paredes eram na verdade cortinas verde claro, como em hospitais mesmo; lá haviam vários leitos e cortinas como estas separando-os um do outro.

Amalie e eu não tirávamos o olho da nossa amiga, que enquanto deitada com os olhos fechados, mostrava sinais de falta de nutrição em seu corpo. Abaixo de suas órbitas, Gabriela mantinha uma olheira enorme; seus lábios grossos nunca estiveram tão ressecados; nas unhas por debaixo do esmalte descascado, manchas brancas eram nítidas. Gabriela sempre teve um volume consideravelmente de bochechas, mas agora estas pareciam ter murchado, assim como Gabi como um todo nos últimos tempos.

Deslizei meus dedos sobre seu rosto e inconscientemente recebi lembranças de seu corpo antigamente; ela havia crescido, sim, mas sua perda radical de peso não era saudável, e todos viam isso, mas ninguém comentava.

Eu deveria ter percebido desde o começo. Tudo começou de modo imperceptível, com apenas verduras e carnes no prato, depois apenas verduras, que por sua vez foram diminuindo a quantidade até serem substituídas por suco, que no fim terminou com água. As desculpas... "não estou com fome", "as provas têm me estressado", "os trabalhos estão me matando", "esqueci o lanche em casa". Eu deveria ter notado, nós deveríamos ter notado, e agora Gabriela estava diante de nossos olhos, fraca, magra, diferente e sem cor. Tudo começou tão sutilmente.

Depois que ela subiu na maca, todos voltaram para o ginásio para que continuassem com as audições... ninguém ligou para Gabriela, pois ela parecia só mais uma, ou menos uma no caso, porque provavelmente ela iria reprovar no teste. Gabriela era só um número.

Amalie e eu já tínhamos perdido a esperança de estarmos ainda presentes quando ela acordasse; estávamos quase saindo quando notamos uma respiração mais profunda, depois dedos se mexendo e por fim olhos se abrindo.

— Gabriela — eu disse com a voz falha; em seguida segurando sua mão e a mantendo perto de seu quadril. Amalie pôs sua palma em cima da minha.

— Ela acordou? — perguntou a enfermeira com cabelos rosa surgindo de repente. — Com licença, podem por favor sair daqui? Tenho de realizar alguns procedimentos padrão. Já já chamo vocês, prometo. — Sorriu.

Nós dois saímos de dentro do cubículo envolvido pelas cortinas verde e sentamos em algumas poltronas ainda na mesma sala enorme, mas no canto, onde dava pra ver todos os cubículos um ao lado do outro; de longe a mesa onde a enfermeira chefe sentava diante um computador e logo atrás duas portas indicando serem do banheiro masculino e feminino. A enfermeira diante o computador que aparentava estar em seus sessenta anos, olhava muito para nós.

— Tem mais gente aqui? — perguntei para A quando notei que a cortina do cubículo de Gabi estava fechada, assim como as de alguns outros, entretanto, haviam outros abertos também.

— Provavelmente os que estão fechados devem ter gente.

— Nossa, eu sempre achei que aqui sempre fosse vazio. — Dei uma pausa, respirei fundo e tentei encontrar o momento certo para que eu continuasse o diálogo. — Acha que a Gabriela vai ficar bem?

— Eu espero que sim... ela estava tão animada com a ideia de ser uma cheerleader; estava mesmo. — Ela olhava fixamente para o nada, mas depois de um tempo ela olhou para mim com os olhos lacrimejados. — Ela estava sempre pedia para que eu filmasse seus movimentos, então ela poderia assisti-los e aperfeiçoar os ângulos, os saltos seguidos pelos pousos. Ela queria ser perfeita.

Amalie começou a chorar e encostou sua cabeça em meu ombro; lhe abracei de lado enquanto ambos esperávamos pela autorização da enfermeira para que pudéssemos finalmente reencontrar Gabi.

A fada de cabelo rosa apareceu, nos deu um sorriso e veio até nós.

— Vocês podem vê-la, ela está bem, mas terei que ligar aos pais para informa-los sobre o ocorrido para que ela possa ir a um hospital ainda hoje.

Sorrimos para ela e quando esta andou para a mesa da enfermeira mais velha para que pudesse utilizar o telefone, nós dois voltamos para a maca da Gabi.

— Oi pessoal — ela disse.

— Oi Gabriela — ambos dissemos em sintonia.

— O Vinicius apareceu? — Sua voz estava fraca e seus olhos piscavam em câmera lenta, como se até este movimento fosse cansativo de se fazer.

— Dê importância pelos que estão presentes, Gabi — Amalie aconselhou segurando a mão da amiga, — e não aos ausentes.

Gabriela fechou os olhos e respirou fundo.

— Pode nos contar o que está acontecendo? — perguntei nervoso para que chocasse Gabriela e a obrigasse a abrir o jogo para nós, que depois de seus pais, eram os que mais se importavam.

Ela então começou a chorar. Seu peito inflava e esvaziava sem parar enquanto tentava buscar o  ar que era difícil se de respirar. Gabriela parecia um bebê, mas chorava com motivos, motivos dos quais parecia esconder há meses da gente, pois ela parecia estar liberando toda a agonia contida. 

— Eu... só queria... ficar bonita... para conseguir passar na droga do — engoliu saliva e puxou o catarro no nariz — teste.

— Mas Gabi — Amalie com os olhos molhados começou a dizer, — você é tão linda... tão esplêndida — Gabriela olhava para A e chorava mais ainda. — Ficar mais magra jamais será sinônimo de beleza... e você nem é gorda; e você sabe que eu diria se fosse. Você é talentosa sim, e mesmo que você não passe no teste, você passará em muitas outras oportunidades na vida.

— Por que você queria entrar tanto para o time das líderes de torcida? — perguntei, segurando sua mão sobre a de Amalie.

Gabriela não respondeu.

— Talvez ela não queira dizer agora, talvez ela precise de um tempo, Nick — Amalie comentou olhando para mim.

— Eu — Gabriela sussurrou com a voz falha e rosto molhado, — eu queria fazer parte de algo real na escola além do grupo de ajuda... — Ela olhou para mim, no fundo dos meus olhos, tão fundo que me fez descobrir que talvez meus olhos fossem mais fundos do que eu imaginava. — No clube do teatro eu só limpo o chão, empilho caixas, levo as fantasias para a lavanderia... não sou aplaudida, não sou vista, não sou notada. Com as líderes de torcida eu seria aplaudida, vista e notada.

— Você não é invisível para nós, Gabriela Monteiro! — falei mais sério que nunca. — Nós sempre estamos com você, nos momentos felizes, tristes... ninguém nem do clube de teatro e muito menos do de esportes jamais faria mais que isso por você! — Gabriela chorava ainda mais alto e apertava muito mais forte minha mão em cada nova tentativa de respiração. — Nós te amamos, Gabriela! Te amamos limpando o chão ou encenado sobre ele, levando o figurino da peça para a lavagem ou uma roupa idiota qualquer de líder de torcida, sendo invisível ou sendo aplaudida! No fim é isto, e apenas isto, que importa.

— Agora tudo faz sentido, — Amalie refletiu sobre memórias que parecia buscar em sua mente. — Quando todos fomos para sua casa, Gabi, comemorar meu sucesso na audição para o Musical, você comeu demais e quando foi para o banheiro e ligou seu som no alto, não era para abafar você fazendo cocô, e sim para abafar você...

— ... vomitando para eliminar tudo que havia comido — completei, indignado depois de perceber o sentido que todas aquelas peças juntas fazia na história como um todo.

— Me desculpem! Me desculpem! — Gabriela implorava por perdão, tão alto que eu não sabia como nenhuma enfermeira voltara para ver o que estava acontecendo... pensando melhor, não precisavam, pois qualquer um naquela sala conseguiria ouvir tudo o que estava sendo dito e entender tudo o que estava acontecendo.

— Não Gabriela! — eu disse, — não precisa se desculpar...

— ... nós quem devemos pedir desculpas por não termos notado que você passava por problemas... poderíamos ter ajudado muito antes, pois assim, nem agora estaríamos nesta sala.

— Me desculpe, eu sou um peso morto, uma pedra no caminho de vocês, uma cruz para vocês carregarem...

— Gabriela, não diga isso! — pedi com dor no coração. Meus olhos já estavam cheio de lágrimas; quando a primeira caiu, decidi prosseguir, — você não deveria jamais dizer isso! Você já me ajudou a passar por tantas coisas... você esteve comigo quando ninguém mais pareceu estar... agora nos deixe te ajudar! Você não é uma pedra no caminho de ninguém e nunca vais ser, Gabriela! Por que você não consegue enxergar isso, caramba? 

Ela chorava... chorava... caro leitor, eu sinceramente nunca havia visto alguém chorar tanto na vida como Gabriela estava no momento. Ela parecia estar liberando não apenas angústias acumuladas durante os últimos meses, mais sim as acumuladas durante praticamente toda a sua vida.

— Me desculpem!

Não vi outra opção, senão, abraça-la. Amalie foi até o outro lado do leito e também deitou-se sobre  a cama e abraçou Gabriela. Nós três chorávamos e continuamos por um, dois, cinco, talvez dez minutos; tempo o suficiente para que nos sentíssemos muito mais leves do que antes.

Quando Amalie e eu levantamos, nos recompomos e enxugamos nossas lágrimas, olhamos para Gabi que fazia o mesmo; esta então olhou para a gente, sorriu e começou a rir. Eu sem entender, soltei alguns risos tímidos, que se tornaram mais extrovertidos; Amalie, sem entender, também começou a rir.

— Eu não sei o que seria de mim sem vocês na minha vida! — Gabriela admitiu segurando a mão de A e a minha, um de cada lado do leito.

— Nós te amamos muito, Gabi! — Amalie admitiu ao que parecia sair do fundo do seu coração.

Nós sorrimos sinceramente um para o outro durante um tempo e, por um momento, todos, de algum jeito, sabíamos que tudo ficaria bem e que nada mais de ruim iria acontecer.

— Sabe Gabi — falei por fim, — você faz parte da equipe de ajuda, mas as vezes, vocês mesmos merecem receber ajuda das pessoas de vez em quando também...

Ela sorriu e concordou com os olhos.

A enfermeira de cabelo rosa estrou de fininho, como tivesse tido a oportunidade de voltar há muito tempo, mas que havia esperado o momento certo chegar para que fizesse isso.

— Gabriela, seus pais chegarão em breve, tudo bem?

Ela assentiu e sorriu à moça, que sorriu de volta como se estivesse dizendo "Estarei aqui para o que precisar, querida".

Sabe quando você está numa quadra de futebol de salão e ouve a sola das chuteiras dos jogadores deslizando pelo chão e causando um som bem característico? Então, foi exatamente o mesmo som que ouvimos de longe, mas que ficava mais alto a cada segundo. Nos entreolhamos confusos sobre quem estaria correndo tão rápido para chegar, talvez, à enfermaria.

— Vinicius? — todos dissemos surpresos.

Ele parecia estar acabado, destruído tanto fisicamente quanto psicologicamente. Seu cabelo estava muito bagunçado, seus olhos estavam vermelhos e inchados, seu rosto também estava vermelho e ele parecia assustado e desesperado.

— Gabi, fiquei sabendo que você havia desmaiado na sua audição e vim correndo para cá — ele fez uma pausa e respirou fundo, — por favor, me perdoa por não ter aparecido na sua audição, eu sei que você deve ter ficado muito mal, mas é que...

— ... tudo bem — ela o interrompeu, — acredito mesmo que você estava mal.

— Você e Caroline terminaram, certo? — perguntei melancólico.

— Como você — sua voz falhou e seu olhos voltaram a se encher de lágrimas, — soube?

— Intuição — Amalie disse por fim.

— Venha cá, garoto! — Gabi ordenou, simpática e plena, como uma anciã.

Ele caminho até seu lado; ela o puxou para perto de si e lhe deu um abraço muito apertado, que fez com que ele retribuísse no mesmo instante.

— O que vocês dois estão parados aí que até agora não vieram meu abraçar também? — perguntou.

Amalie e eu corremos e todos nos abraçamos como costumávamos, mas desta vez era diferente, agora parecia que as coisas iriam realmente melhorar. Nos soltamos e recuperamos nossas energias, que mesmo sendo poucas, ainda eram suficientes para continuarmos felizes, juntos.

— Acho que chorei bastante por hoje! — Vini admitiu diante todo o grupo.

— Todos nós — Gabi completou.

— O que aconteceu, afinal?

— Acho melhor contarmos outra hora, já estamos muitos desgastados por hoje. — eu concluí convicto de que era a coisa certa a se dizer. 

— Como foi que aconteceu tudo, Vini? — Amalie perguntou, — Caroline chegou, assim, do nada e disse que queria terminar?

— Melhor deixamos mesmo para uma outra hora, estamos muitos desgastados por hoje. — Ele fez das minhas palavras, as dele; então me olhou e sorriu e eu fiz o mesmo.

— Olha só nós aqui — Gabi começou o que parecia ser um discurso conclusivo comum depois de um surto recente, — nós quatro aqui, reunidos, na enfermaria. Uma atriz, um músico, uma cantora e um atleta. Uma amizade dessas, bicho!

Todos rimos. Vinicius, depois de MUITO tempo, passou seu braço pelo meu ombro, e desta vez, eu deixei sem me importar com qualquer opinião alheia a respeito deste contato físico entre dois homens; que consequentemente virou um abraço forte. Enquanto nós dois nos abraçávamos, Amalie não perdeu tempo e deitou-se na maca com Gabriela e ambas se abraçaram.

— Eu amo vocês — confessei.

— Eu amo mais — Gabriela rebateu.

— Não, eu quem certamente ama mais! — Amalie não se deixou ficar de fora.

— Sou eu quem ama mais! — Vini disse

— Não, eu!

— Eu!

— Para, sou eu quem ama mais!

Todos rimos mais uma vez e percebemos que nos amávamos, todos, igualmente. Aquilo era lindo, a sensação era gostosa demais... talvez eu nunca fosse sentir algo como aquilo junto de outra pessoa novamente na minha vida. Eu estava aproveitando cada segundo. Vinicius estava de volta, Gabriela estava de volta, Amalie estava agora conosco. Eu não poderia pedir por nada mais, pois não há como ter algo a mais quando já se tem tudo.

— Gabriela Monteiro — a enfermeira mais velha que outrora sentava-se no balcão com computador disse ao abrir a cortina do corredor e entrar em nosso cubículo, — seus pais chegaram.

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