Quando em Vegas

By MariaFernandaRibeir2

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Julia é uma das advogadas mais requisitadas do estado da Geórgia, e tem uma reputação a zelar pelo bem dos cl... More

Alerta de gatilho+ aviso aos leitores
Dedicatória
Prólogo
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Epílogo
Brianna e Harvey contam sua história
Contato

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By MariaFernandaRibeir2

Julia

Ao tirar os sapatos e fazer um lanche, ligo imediatamente para a Julie, que deixa as filhas com o Oliver e vem ouvir pessoalmente a história.

— Eu juro, era ele mesmo. — digo, e a Julie arregala os olhos.

— Você tá falando sério, Julia? Era Dustin McReynolds em pessoa? Por que você não tirou uma foto?

Passo o dedo na borda taça de vinho, limpando um resquício da mancha do meu batom.

— Porque ele me abordou como se tivéssemos nos casado, já falei. Como eu chego em um cara que diz "meu nome é Dustin e nós nos casamos" e respondo "certo querido, posso ter uma foto sua"? Foi um pouco intimidador, na verdade.

— E se vocês o fizeram de verdade? Quero dizer, você acordou na cama de um homem, mas só saiu apressada para aquele julgamento.

— Nós fizemos. Esse é o problema. Ele estava com uma certidão, só se estiver tentando me aplicar um golpe, coisa que o Oliver vai avaliar. Ele deve estar olhando isso agora.

— E você acredita que seja um golpe?

— Espero que sim. Nunca torci tanto para que seja.

Ela me olha sem acreditar, mas muda de assunto. Ainda que a noite tenha sido uma distração para o dia esquisito que tive, aquele cara não sai da minha cabeça. Dustin McReynolds. O que me faz lembrar... eu tenho que voltar a Vegas pra pegar alguns documentos deste julgamento. Espero que nenhum outro homem apareça dizendo que se casou comigo.

Como se eu tivesse tempo pra lidar com um marido.

Dustin

No meio da manhã seguinte, ainda estou em Atlanta, e sentado no escritório do sócio da tal Julia, com ela vestida para um julgamento ao lado, ouvindo um sermão sobre irresponsabilidade moral, depois dela quase chorar ao ouvir que a certidão é verdadeira. Ele faz isso por meia hora, aí finalmente diz:

— Pode levar até dois anos para o pedido ser acatado.

Ela quase cai da cadeira.

— Eu não vou ficar dois anos com esse cara.

— Eu é que não vou ficar dois anos com você. — resmungo.

Ele nos olha como se fossemos crianças.

— O tempo médio é de alguns meses a um ano. Menos que isso é difícil, visto que é preciso ter um tempo depois do casamento para entrar com o pedido, e aí tudo será analisado. Você sabe como funciona um tribunal, Julia, e você Daniel...

— Dustin.

— Daves, deve saber que um juiz tem um monte de coisas a analisar. Nada pode fazer ser mais rápido... quero dizer, pode, mas digamos que não seria agradável para nenhuma das partes.

— Por que não seria agradável?

Ele olha para a Julia.

— Porque envolveria algum crime.

— E você está me olhando por quê? — ela reclama — Acha que eu quero virar o chaveirinho da prisão por causa de um cara qualquer? De jeito nenhum. Ele ficar longe de mim já estará muito suficiente.

Balanço a cabeça.

— Eu me caso em algumas semanas. Com a minha noiva. Uma que eu escolhi.

— Bem, amigo, ao menos que você queira cometer bigamia, não mais. Se quisesse se casar com ela, era melhor não ter ido a Vegas e, hm, vocês dois são adultos, certo? O tio Oliver não precisa explicar.

A cara da Julia é de desgosto ao pisar do lado de fora, sobre os maiores saltos que já vi na vida.

— Escuta, eu não quero ir parar na mídia, muito menos por ser a outra. Então me faça o favor de fingir que eu não existo. Se você teve coragem de trair ela uma vez, espero que fique bem longe de mim, caso contrário eu vou ignorar tudo que sei sobre a lei e... — um estagiário passa devagar por nós, e ela suspira — e fazer você chorar. Não no bom sentido, se é que há um bom sentido para isso.

— Nós estávamos separados, ela havia me traído, mas aí ela me pediu desculpas e nós voltamos e você surgiu.

O sorriso dela guarda um milhão de palavras não ditas.

— E que diferença isso faz no que eu falei? Sério, eu já me envolvo com gente bastante perigosa, não preciso de holofotes sobre a minha cabeça apontando onde estou a cada passo que dou. Isso pode significar a minha vida.

Esfrego a cabeça.

— Temos que entrar em um acordo quanto a isso. Alguém já vazou que eu me casei para a mídia. Ninguém sabe com quem, mas eles descobrirão, mais cedo ou mais tarde. Você pode precisar tomar cuidado.

— Eu não tenho tempo para precisar tomar cuidado, Dustin. Tenho um monte de clientes precisando de mim, um monte de inocentes presos injustamente.

O riso é inevitável.

— Que foi?

— Você e esse papo de inocentes novamente. Olha, eu juro que a última coisa que eu queria era que o mundo soubesse que estou casado com alguém que solta a escória do mundo para ele. Mas é o que é.

— Eu não... quer saber? Se você quer acreditar nisso, vá em frente. A escória do mundo, por Deus. — ela dá risada e um passo para trás — Como se uma mulher desse tamanho fosse capaz de lidar com a "escória". Eu estaria morta em dez segundos.

— Não se você oferecesse ajuda a eles, que é o que você faz.

Ela entorta a cabeça.

— A nossa definição de maldade é claramente diferente. Não posso ficar aqui discutindo com você, tenho que trabalhar para libertar "criminosos". Fique aí, se quiser. Mas cuidado, aparentemente estou envolvida com gente barra pesada. Ai que engraçado.

Acompanho os passos dela para longe de mim com atenção. Quanto ela deve medir pra usar saltos tão grandes? Não lembro dela, por isso não faço ideia se já a vi sem eles, mas não deve ser muito mais que um e meio. Se é que chega a tanto.

Não tenho muito o que fazer enquanto aqui em Atlanta, então fico no prédio mesmo e uso a desculpa de ser marido da Julia para quem pergunta. Vejo fotos dela nas paredes, assim como dos sócios. Alguém pigarreia atrás de mim e me viro.

— Quem é você e o que faz rondando o escritório da Julia?

— Dustin, marido dela, olhando.

Ele me encara por cinco segundos e explode em risos. Chega até a chorar de tanto rir. Não sei o que eu disse de engraçado.

— Ah, desculpa. Marido dela? Você é mais um dos loucos apaixonados, não é? Pobre rapaz.

O sotaque francês dele passa a me irritar depois disso.

— Eu não estou apaixonado por aquele pequeno demônio, e sim, nos casamos em Vegas. E você é...?

— Amigo, você quer que eu te leve a sério se não sabe nem quem sou? A Julia teria falado de mim, eu sou o melhor sócio, melhor ex, melhor tudo da vida dela. Apesar dela ser sim um pequeno...

— Pierre, você tem que parar com essa sua mania de grandeza. Melhor tudo da minha vida? Você quase me matou intoxicada com aquele caramujo horrível que me fez comer. Melhor sócio e melhor ex, bem, eu já sugeri a luta com o Oliver para decidir ambos, vocês não aceitaram então ninguém é melhor aqui. Vejo que você já conheceu meu, hm, colega. O que você ainda está fazendo aqui? — ela não esconde o desagrado.

— Calculando quanto tempo preciso ter você como esposa.

— E fazia isso olhando as minhas fotos? Pode voltar para a sua casa e viver a sua vida, não afundando o meu nome, continuará inteiro.

— Espera aí, Julia. — o homem diz com indignação — Você está mesmo casada com este homem? Ele nem mesmo gosta de você. O que aconteceu?

— Vegas aconteceu. E eu também não gosto dele. — o desprezo na voz dela é evidente.

— Juzinha, l'amour, por que você fez isso? Você pelo menos sabe quem ele é? Ficha criminal? Se fizer algo contra você, eu mato ele em dois segundos e afirmo ser legítima defesa.

— Eu estou bem aqui, cara. — lembro a ele.

— Ele é o Dustin, não sei se tem ficha criminal, mas se tiver ótimo, acelera o divórcio e mate alguém e eu mato você. — ela me ignora.

— Não tenho ficha criminal.

— Hm, é uma pena então. Se precisar de um advogado para isso, estou aqui, será um prazer te incriminar enquanto me livro de você.

Resmungo e xingo.

— Não sei por que motivo alguém se casaria com você.

Isso faz o Pierre arregalar os olhos, mas ela apenas dá um sorrisinho irritante.

— Pergunte a si mesmo, você fez isso, esqueceu? Agora, eu realmente não tenho tempo para jogar conversa fora, tenho um cliente daqui a pouco e uma na penitenciária logo depois. Pode deixar que eu vou falar que não é pra ninguém te atacar lá, se são meus amigos, devem me ouvir, não é?

Ela bate a porta e o homem engole o resto do café em um gole.

— O que, exatamente, você falou pra ela para deixá-la assim?

— Olha cara, eu só falei a verdade. Não quero me relacionar com alguém que liberta criminosos e coloca a minha vida e a vida da minha noiva em risco.

Ele levanta e me olha nos olhos.

— Julgar que ela liberta criminosos por ser criminalista é o mesmo que eu dizer que você usa playback só por cantar estas músicas barulhentas. Não faça essa cara de ofensa, é exatamente a mesma coisa que você está fazendo. E se você tivesse se dado o trabalho de realmente procurar algo sobre ela, não demoraria cinco minutos para descobrir que ela só trabalha com inocentes ou com acusações.

— Quem é inocente neste mundo?

— Diga isso às pessoas que são presas simplesmente por desejar uma vida melhor, que não matam e nem roubam para isso, só querem um lugar digno para viver. Diga isso às pessoas que têm cores de pele diferente do que ainda é um padrão, que são presas simplesmente por respirar errado. Quando não são mortas por isso. Diga também aos estrangeiros que são perseguidos por não falar a mesma língua, que são executados por não acreditar no que alguns acreditam. Pode ser que ninguém seja inocente, mas certamente há um preceito em torno de quem deve ser culpado, e são essas pessoas que você ofende quando diz uma coisa dessas.

Pisco, percebendo que errei feio, e ergo as mãos.

— Certo, erro meu. Me desculpa.

— Eu desculpo, mas ela não o fará. E eu vou te dizer, ela pode ter um metro e meio, mas tem uma força de vontade de três metros quando o assunto é incriminar os outros pelas razões certas, e você não está a salvo por ser marido dela. Estou te dizendo isso por ver que você não tem más intenções. Claro, não cometa nenhum crime também, ou eu e o Oliver estaremos a postos para te incriminar se a Julia não puder.

Entendo o que ele diz com essa última frase, e nego com a cabeça.

— Eu nunca agrediria a Julia ou qualquer outra mulher. Nem homens, para ser honesto. Violência é um tópico presente na lista de coisas que eu nunca faria. Nunca. — reforço.

Ele balança a cabeça, aceitando o que eu disse e aponta a porta do outro homem ali.

— Se precisar falar alguma coisa mais do divórcio, procure o Oliver. Ele deve ter falado, mas fica aqui até às seis nos dias úteis. Qualquer coisa que puder fazer o juiz ter dó de você e acelerar o processo. Só não invente coisas, a justiça tem uma venda, mas não é cega. Se cuida.

Recebo um tapinha nada amigável no ombro, e olho em volta. Aonde fui me meter?

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