Acesso Irrestrito

By JonatasMirandaGama

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A viagem entre universos é controlada por facções e povos isolados. No mais brasileiro dos jeitinhos, humanos... More

00 - Prólogo
01 - A chegada
02 - Portais
03 - Rupturas
04 - Sementes
05 - Primeiro Impacto
06 - Reboot
07 - Uma nova chegada
09 - Fogo Negro
10 - Revelações
11 - A verdade
12 - Memórias do amanhã
13 - Vórtice
14 - Resgate
15 - As donas da montanha
16 - Colaborações
17 - A ameaça original
18 - A caixa do nada
19 - Heróis e vilões
20 - Deserção
21 - Aliança
22 - Liberdade
23 - Expansão
24 - Investigações
25 - Caminhos
26 - Fonte de energia
27 - Despertar
28 - Improviso
29 - A decisão
30 - A Nona Centelha
31 - Dose dupla
32 - Sentinelas
33 - Ponto de encontro
34 - Extremos
35 - Paralelos
36 - Ruínas
37 - O cientista
38 - Samaritano
39 - Efeito colateral
40 - Segundo Impacto
41 - Fuga
42 - Derrota
43 - Pontas soltas. Parte 1
44 - Pontas Soltas. Parte 2
45 - A última Centelha

08 - O poder da amizade

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By JonatasMirandaGama

O caminho de volta foi mais tortuoso e demorado que o esperado, contudo, houve bastante tempo para que todos no grupo pudessem se conhecer.

O rapaz com o fêmur humano nas mãos se chamava Ulisses. Marcos e o citado jovem conversaram bastante enquanto contornavam a montanha.

Ulisses salvara Marcos da morte ao acertar uma das bestas.

— Formigas gigantes dos infernos.

— Fique descansado Ulisses, você já deu um jeito nelas. Valeu mesmo cara.

— Não foi nada, algo me diz que teria feito o mesmo.

— Esse seu fêmur deve ter poderes mágicos.

— Se há algo mágico nele eu quero descobrir como usar. — brincou.

Outras amizades surgiram também entre as mulheres, Dona Kaline conheceu alguém que possuía a voz mais aguda daquele mundo. Uma garotinha que parecia não saber falar. Soube disso quando foi cercada por duas formigas monstro. As duas caminhavam juntas quando foram atacadas. Tentaram fugir por entre pedras e árvores, mas a inteligência das perseguidoras era incontestável.

****

Dona Kaline, ao ver-se cercada, pegou um galho seco de uma arvore qualquer e começou a enxotar o animal. Sem sucesso, logo sua arma foi transformada em serragem. Colocou o próprio corpo para proteger a garotinha. Abraçou-a e fechou os olhos.

Palmer defendia-se de como podia, numa demonstração de agilidade, força e inteligência. Pelo visto, esquecera-se também que aquela força já havia sido maior.

— Esse lugar nos priva de algumas coisas, mas nem tudo parece ruim. — dizia Palmer a seu Pai.

— Você esta mais forte é? Então veja isso! — gabou-se enquanto erguia uma das bestas.

Um grito extremamente agudo foi ouvido, contudo não parecia ser um grito de pavor como o de Victor, ele transmitia outro tipo de sensação.

— Estão fugindo!

— Deixe-as ir, melhor ela do que nós.

— Pai, pare de se "monstrar". Ele já aprendeu a lição. — disse Palmer, ambos riram do trocadilho.

Organizaram-se novamente. Marcos, que vira onde as bestas haviam se escondido gritou por seu pai.

— Senhor força animal, elas entraram neste buraco. — Apontou! — O que acham de...

Mal terminou de dar a ideia e os dois fortões usaram suas habilidades recém descobertas para fechar a entrada com uma pedra gigantesca.

— Maravilha. — gritou Ulisses.

— Isso — advertiu Marcos — não vai segurá-las por muito tempo.

— Não estaremos aqui quando se libertarem. Não estão atacando e sim se defendendo, somos os invasores aqui, esqueceram?

— O que estamos esperando? — inquiriu Dona Kaline.

Recomeçaram então sua jornada.

No caminho Marcos perguntou quem afinal havia dado aquele grito salvador. Dona Kaline então explicou o que acontecera e todos ouviram atentamente.

Palmer quis saber com a garotinha como aprendeu a fazer aquilo.

— Deve ser o meu legado, sabe, eu costumava sonhar frequentemente com uma pessoas me dizendo isso.

— Isso o quê?

— Que minhas raízes tupiniquins um dia seriam testadas.

— Sabe uma vez alguém me disse o mesmo, mas não vem ao caso agora, pra ser franco não me membro quem me disse, desde então estou esperando esse dia chegar.

— Bem vindo ao Time, Nara é meu nome a propósito.

Durante maior parte da viagem Nara não disse mais nada, se limitava apenas a segui-los. Não porque preferisse assim, mas porque não entendia tudo o que eles diziam. Quando Dona Kaline a abraçou alguma coisa mudou e de repente podia entender a todos.

— Já sabemos qual a habilidade recém adquirida da mamãe. — disse Marcos.

Enquanto os outros conversavam a cabeça de Ulisses não parava de trabalhar. Foi quando ele bateu na própria testa:

— Entendi, quando acertei aquela besta eu não queria machucá-la eu queria apenas que ela parasse de te atacar.

— Então você bateu nela com o osso e ela magicamente desmaiou... — concluiu Argon sarcasticamente.

Ulisses colocou o osso nas mãos de seu interlocutor e este entendeu. Aquele osso era leve como uma pluma, não teria como ferir ninguém com ele.

— Este objeto pode fazer dormir todos que o tocarem.

— Se é assim porque o papai continua de pé? — perguntou Marcos.

— Acho que entendi, tenho que desejar para que aconteça.

Palmer aproveitou a caminhada, aparentemente tranquila, para conversar com Nara, queria tirar algumas dúvidas com ela. Porém, quando este lhe inquiriu sobre como chegou àquele mundo, ela pareceu não saber, o que já era de se esperar, ninguém tinha a resposta para a pergunta mesmo.

— Como fez aquilo, sabe aquele lance de Canário negro super assustador?

— Apenas fiz. Sua mãe me protegeu das formigas até o fim. Aliás, se eu não fizesse alguma coisa estariam recolhendo pedacinhos nossos até agora.

— Obrigado por isso.

— Não agradeça, por dois motivos, primeiro; ela certamente teria feito o mesmo e, segundo; esse tipo de formigoide geralmente não ataca em grupos tão pequenos, certamente não estão agindo por vontade própria.

Quando Dona Kaline tentara proteger a garotinha ela havia se ferido, apenas um pequeno corte, deu pouca importância, com o decorrer do tempo enquanto caminhava o corte aumentou de tamanho.

Além de serem muito feias e grandes, aquelas formigas segregavam algum tipo de substância tóxica. Dona Kaline deteve-se em dizer o que havia acontecido, mas a dor havia se tornado tão forte que a fez perder os sentidos.

Marcos impediu sua mãe de cair. Por sorte estava por perto quando ela desfaleceu.

— Palmer! Pai!— gritou ele. — Alguém ajude aqui.

— O que houve? — inquiriu Argon correndo para perto de sua esposa.

A primeira a chegar, depois de Argon foi Nara, que ajudou a deitá-la de forma que pudesse respirar melhor.

— Minha nossa, de onde foi que saiu isso? — disse a menina, mostrando um corte profundo nas mãos de Kaline que mesmo inconsciente demonstrava sinais de sofrimento.

Palmer chegou seguido de Ulisses, haviam ficado para trás a fim de avisarem caso alguma coisa se aproximasse e também porque queriam testar suas novas habilidades. Argon havia tomado a dianteira para proteger os outros de um possível ataque frontal. Marcos ficou, já que ainda não descobrira suas habilidades.

— Este é o momento de usar seus poderes para alguma coisa. Temos que ajudar a mamãe. — disse Marcos quase em prantos.

Estavam todos preocupados, até aquele instante fizeram uso de seus poderes como forma de proteção e nenhum deles sabia exatamente como ajudar à amiga.

— Precisamos encontrar é um médico. — disse Ulisses olhando para seu objeto mágico.

Palmer, assim como os outros, não conseguia esconder sua preocupação, afinal era sua mãe ali ferida e sua força sobre-humana de nada adiantaria para resolver a situação.

— Não adianta ficar ai discutindo o que fazer — disse Victor achegando-se. —, suas habilidades especiais não podem salvá-la.

— E o que sugere que a gente faça, senhor sabe tudo? — gritou Palmer demonstrando evidente instabilidade emocional.

Na busca por uma saída daquele mundo tiveram algum tempo para fazer novos amigos. Victor havia conhecido algumas pessoas que poderiam ter uma chance e disse isso aos outros.

Nara, que estava por perto e ouvira toda a conversa, colocou-se entre eles e disse que os encontraria mais rápido que qualquer um ali. Victor olhou para a garotinha com um sinal de aprovação.

— Não confiaria essa tarefa a mais ninguém. — disse ele.

A menina, sem dizer mais nada, saiu e desapareceu rapidamente na multidão.

— A situação é grave. — disse Argon, olhando firme para Victor.

— Não a despreze, embora pequena e aparentemente frágil, as habilidades dela foram decisivas contra as formigas.

Argon tentou ficar mais calmo. Marcos e Palmer não saíram mais de perto da mãe. Colocaram-na em um colchão improvisado com folhas enquanto Ulisses mantinha o fêmur humano sobre a cabeça de Kaline, induzindo-a a ter um sono menos conturbado. Pela expressão de Kaline parecia estar funcionando, dava a impressão que as dores diminuíram.

— Deu certo Ulisses. — disse Marcos.

— Isso deve ajudar por enquanto, mas está longe de ser uma cura.

Minutos mais tarde uma criatura alada foi vista voando sobre as árvores. Com os pés segurava duas pessoas, uma bem jovem e uma um pouco mais velha. Sua aparência não era assustadora, porém causou certo pânico entre os presentes. Ulisses, Palmer, Marcos e Argon rapidamente assumiram posição de batalha.

— Não tenham medo. — disse Victor abrindo espaço. — vejam quem está com ele.

A criatura soltou Nara e a outra pessoa, em seguida aterrissou. A garota não perdeu tempo e apresentou os dois novos amigos Zira e Tinamus.

Palmer desconhecia como aquela velhinha poderia ajudar a curar Kaline, ela então mostrou a Victor um livro cor de abóbora que havia cuidadosamente escondido no bolso do avental. Era extremamente pequeno, mas quando aberto se transformava em um verdadeiro grimório.

— A solução está aqui. — disse Zira.

— Não me lembro de termos uma criatura alada entre nós. — comentou Marcos.

Tinamus puxou uma de suas penas, em resposta todas as outras começaram a desaparecer voltando à sua forma original.

— Uso essa transformação apenas quando preciso voar.

— Legal.

Sentaram-se todos ao redor do colchão improvisado. Zira e Ulisses discutiam o que fazer.

— Nunca usei este livro para curar ninguém, na verdade uso apenas pra escrever receitas.

— E como se escreve neste livro?

— Não escrevo, basta imaginar e ele faz o resto.

— Entendo, — interrompeu Ulisses. — é assim que uso este osso mágico.

Palmer ainda não sabia como sua mãe seria salva e aquela demora só fazia aumentar sua preocupação. Argon e Marcos, que não desgrudavam os olhos de Dona Kaline, mantiveram-se calmos. Mesmo quando ela delirava dizendo coisas sem sentido. Hora e meia ela tornava a repetir a mesma frase.

— Nem tudo é real. — dizia ela. — Nem tudo é real.

— O que isso quer dizer pai?

Argon podia entender o significado daquelas palavras, mas havia aprendido a nunca duvidar do que lhe dizia a esposa e não seria numa situação assim que duvidaria.

Zira e Ulisses tentaram de tudo para fazer o livro funcionar, sem resultado. Palmer, que até aquele momento mantivera-se pensativo, vendo todas as tentativas dos companheiros falharem, intrometeu-se.

— Estamos fazendo isso do jeito certo?

— Nara tem alguma ideia? — perguntou Ulisses.

— Pensei em uma que talvez funcione.

Nara levou alguns minutos para expor suas ideias. Dizia ela que desde quando chegaram e descobriram as habilidades passaram a agir como se não pertencessem ao grupo.

— De alguma forma os poderes se manifestam quando tentamos ajudar alguém. — comentou a garotinha. — Algum de vocês já se pôs a pensar nisso?

Palmer fitou-a por um instante. Ocorreu-lhe que a garotinha podia saber mais sobre aquele mundo do que realmente deixava transparecer.

Ulisses comentou que a primeira vez que usou os poderes do fêmur foi para salvar Marcos das formigas gigantes. Lembrou também que Nara usara seu grito agudo para salvar Kaline.

— É isso! — gritou Palmer. — Estamos usando lógica. No nosso mundo se um humano comum desse um grito igual ao de Nara certamente morreria, mas aqui é possível.

— Há pessoas como nós em seu mundo? — interrompeu Nara.

Palmer disse que havia sim, porém havia pouco tempo para detalhes, alguma atitude deveria ser tomada, o fêmur mágico de Ulisses jamais teria a energia necessária para salvar Kaline.

Marcos, acidentalmente, descobriu a solução. Qualquer um com algum tipo de habilidade deveria segurar o livro de Zira. De acordo com ela o livro sempre mostrava suas receitas tal como ela imaginava.

Esta ação fez apagar todas as receitas de Zira presentes ali, dando lugar a uma única frase.

"Nem tudo é real".

Aquela mensagem do nada replicou-se deliberadamente por todas as páginas.

Marcos e Argon se encararam.

— Livro, o que não é real? — inquiriu Palmer.

A apreensão contaminou os espectadores. Não houve resposta. Palmer perguntou novamente e nada ocorreu.

— Escreve ai Palmer! — disse Argon.

O rapaz tentou escrever com os dedos. Sem êxito.

Nara pediu a Tinamus uma de suas penas, ele fez com que uma se materializasse sobre a mão da garota que agradeceu e entregou a Palmer.

— Tenta com isso.

Palmer usou no livro. A esta ação sim evidenciou-se um efeito prático, pois logo abaixo de onde Palmer escrevera formou-se outra frase.

— Que resposta é essa afinal. — indagou Tinamus.

— É mais uma charada que uma resposta. — comentou Ulisses.

"As realidades se misturam."

— Gente a mamãe vai morrer, dá pra irmos direto ao ponto? — esbravejou Marcos. — Pergunta logo o que queremos saber.

Palmer escreveu "Como salvar Kaline?"

"Toda magia tem um preço".

Foram as últimas palavras que o livro mostrou antes de fechar-se e voltar ao tamanho original.

Estavam tão decepcionados com o desfecho da história que nem mesmo notaram que Kaline abrira os olhos. Ela viu então caída perto de si uma pena esquisita, tão esquisita que a fascinou. Pegou-a e guardou.

— Acabou a bateria? — disse alguém. Palmer reconheceu a voz de Victor.

— Não, pude sentir! Alguma coisa mudou.

Estava escuro, muito escuro. Palmer podia ver as pessoas e elas lhe viam, sua visão limitava-se a isto, como se o cenário, os chão, o céu, tudo tivesse sumido. Não sabia o que fazer. Nara achegou-se ao rapaz ao fim daquela jornada literária e ofertou-lhe uma pedra. Palmer aceitou-a na esperança de que ela lhe dissesse algo, mas a pequenina calou-se por completo.

— Temos que ir. — disse Kaline.

— Mãe? — Gritaram Marcos e Palmer em uníssono. Ela pareceu não perceber a razão para tal comportamento.

Com um sinal, Argon afastou os outros. Sentiu que não deveriam dizer a ela sobre o ocorrido.

Kaline agia com naturalidade genuína, parecia desprezar por completo como os eventos tinham sido conduzidos até ali. Talvez em sua memória não restassem traços do incidente. Estranhamente, percebendo a presença de Tinamus e Zira aos quais ainda não fora apresentada, aproximou-se e agradeceu. Não soube o que pensar daquele singular espécime "humano-ave".

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