Stranger

By MaduKoby

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(+18) Gael é um alfa albino e autista, mas nada o impede de ser o cara mais inteligente que Alan já conheceu... More

AVISOS
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítul0 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49

Capítulo 15

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By MaduKoby




– Converse comigo – Alan disse, olhando para Gael que tentava permanecer acordado.

Depois que ele tomou pílulas estranhas, seu cérebro começou a funcionar, mas as memórias tinham se apagado por conta dos devaneios do sono. E Alan ficou grato com isso.

– O quê?

– Você vai dormir de novo e não é isso que você quer, é?

Gael assentiu, puxando as mangas de seu moletom de modo que cobrisse suas mãos. Era desconfortável estar no carro de Alan, mas ao mesmo tempo reconfortante: ele criava uma atmosfera segura e serena.

– Então me conte sobre sua vida.

Esse não era o tipo de coisa que gostava de fazer.

– O que deseja inteirar-se?

– Por que você fala tão difícil? É para as pessoas não entenderem? – Perguntou irônico, mesmo sabendo que Gael não era bom com sarcasmo.

– As pessoas não costumam me entender, e eu também não sou bondoso o suficiente para facilitar esse caminho.

– E como você consegue pensar em tantas palavras?

– Eu leio em demasia. Eu aprendo muito e começo a praticar cotidianamente.

– Você gosta que as pessoas pensem que você é inteligente?

Gael ergueu uma sobrancelha para Alan, mas respondeu:

– Não é esse meu propósito, contudo, fico satisfeito quando especulam sobre minha inteligência. É a única coisa que eu valorizo, e eu trabalho muito pelo conhecimento.

Alan percebeu de cara que Gael sabia que tinha um Q.I alto e que não se preocupava de esconder isso. Assim como ele que não se importava de esconder sua arrogância.

– Você está cansado desse jeito por causa dos estudos?

Assentiu, se lembrando de novo o quanto estava acabado comparado a Alan que sempre parecia estar nos seus melhores dias.

– Você estuda quanto tempo?

– Faculdade na manhã, pesquisas e estágio à tarde e à noite eu estudo mais. Pode-se dizer que da aurora até o crepúsculo.

– Caralho! – Exclamou assustado. Alan nunca se imaginou se poupando de diversão para encher seu cérebro de informações. – Como você vive?

– Eu durmo cinco horas diárias. Eu sei que não é saudável e natural, mas é o que eu consigo fazer.

– Por que você se dedica tanto?

– Quero fazer doutorado em breve.

– Então você é ambicioso – Concluiu, sabendo que era anormal ter tanta persistência.

– Pode-se dizer que sim.

– Isso não soa ganancioso para você? 

– Eu me negligencio, eu sei – Suspirou, lembrando-se dos anos perdidos de sua infância quando passava cada segundo do dia estudando. – Entretanto, não é só por conta dos meus objetivos. Como eu citei anteriormente, eu valorizo muito o aprendizado. A única coisa que me dá prazer é descobrir coisas novas e fazer experiências.

Alan refletiu sobre a ideia de Gael ser virgem. Ele era, certamente. Não tinha margem para dúvidas. O jeito que ele repelia toques e dedicava sua vida toda aos estudos só servia para deixar claro que ele não sabia ser sociável. Achou uma graça a pureza de Gael, e seu espírito pecaminoso adorou a ideia de um virgem.

– Sabe o que as pessoas do seu curso disseram para mim?

Não deixou de ficar surpreso por Alan ter conversado sobre si com outras pessoas.

– Que você odeia trabalhar em grupo e faz tudo por conta própria. Esse não era o objetivo das aulas de laboratório, mas eles disseram que os professores gostam muito de você e conseguem ver seu potencial. Então eles abrem exceções – Gael começou a suar frio. Será que Alan tinha falado mal dele para seus colegas? Ele já sabia que todos o achavam estranho, e Alan não perderia a oportunidade de dizer a todos eles sobre suas deficiências. – Pelo que eu sei, suas médias superam a de todos os alunos da grade. É verdade?

– Eu não entendo das notas de meus colegas.

– Hum, está sendo modesto? – Riu provocativo.

– Modéstia é inútil. Não costumo usá-la: se você é bom em algo, não há porquê mascarar.

– Então admite que é o aluno mais inteligente.

– Minhas notas não revelam nada sobre mim, são apenas números e conceitos. Eu posso muito bem ter decorado o material com perfeição e depois ter despejado isso na prova.

– Pois não me parece o caso. Você supera os outros muito facilmente, de um jeito bizarro. Eles me disseram que você é bom em tudo o que faz, é verdade?

Gael ficou em silêncio. Claro que Alan queria chegar em algum lugar, mas ele não estava entendendo que lugar era esse.

– Eu sou péssimo para ler partituras musicais.

– Ah, então esse é seu maior defeito? – Riu, vendo Gael morder o interior de sua bochecha. Ele não escondia quando sentia incômodo.

– Bem, eu aprendo Chopin e Bach através dos sons, entretan...

– E você acha isso terrível? – Olhou chocado para Gael, mesmo sabendo que ele tinha o tipo de ser excelente até na arte. – Para mim isso parece um dom.

– Não, porque eu não compreendo partituras.

– Tá, vamos fingir que você não seja bom nisso – Revirou os olhos, vendo a expressão de Gael que parecia desapontado consigo mesmo. Ele cobrava muito de si. – Com quantos anos você aprendeu a escrever e ler?

– Dois.

– Puta que pariu! – Gael se assustou com o grito. – Você é tipo Einstein?

– Eu não sou físico – Disse, confuso.

– Você fala outras línguas?

– Seis idiomas. Todavia, meu hindi não é muito esclarecedor.

Alan o olhou horrorizado, mesmo que estivesse sorrindo.

– Caralho, que bizarro.

– O quê?

– Sua capacidade intelectual.

– Você não me conhece direito – Sentiu suas bochechas corarem. Gael não sabia lidar com elogios, ainda mais vindos de Alan. – Como pode me julgar inteligente sendo que eu nunca digo algo inteligente?

– Você diz coisas inteligentes a todo momento, inclusive eu me sinto muito burro perto de você – Riu, olhando pacífico para Gael que virou o rosto, as mãos suando enquanto esfregava seus braços nervosamente.

Por que Alan estava sendo bondoso? As pessoas nunca eram gentis à toa, elas sempre queriam algo em troca.

– Perdoe-me por tê-lo alcunhado de burro...

Alan riu do seu rosto corado, vendo que Gael teria um colapso logo. Isso o deixou mais fofo: o ômega mal conseguia olhar para o volante quando tinha um albino tendo reações tão adoráveis ao seu lado.

– Relaxe, eu não me importo com isso. E eu te chamei de autis... Espera ai – Pausou. Desde o início ele queria interrogar, mas se sentiu constrangido de repente. Era difícil ser direto quando os dois não estavam brigando. – Posso te fazer uma pergunta?

– Se eu tenho autismo? – Mostrou as cartas de uma vez. – Tenho Síndrome de Asperger. Além de TOC e albinismo.

Alan ficou calado, observando Gael sem deixar na cara que ele estava curioso. Era curioso pensar que Gael sabia de tudo o que tinha e ainda não se envergonhava em dizer em voz alta. Talvez Alan deveria ter perguntado a muito tempo, seria mais fácil. Talvez eles não tivessem desenvolvido tanto aversão se tivessem se aceitado e sido sinceros um com o outro.

– Eu sei um pouco sobre sua condição porque minha irmã Alina é psicóloga e terapeuta. Eu contei sobre você e ela informou que você tem um nível baixo, pois consegue se comunicar normalmente, mesmo que seja antissocial e não olhe nos olhos. Disse que pessoas como você normalmente tem um Q.I acima da média. E ela me fez entender que isso não é uma piada – Suspirou, se encolhendo um pouco. Era difícil se redimir, ainda mais com Gael que parecia atento a tudo. – Você me desculpa? Pelas piadas preconceituosas?

Gael sentiu um baque. Primeiro tinha ficado surpreso com Alan dizendo que tinha falado sobre ele com sua irmã, contudo, conseguiu superar. Mas ouvir Alan pedindo desculpas foi de mais para ele.

O cara mais orgulhoso e arrogante, olhando-o inseguro enquanto seu corpo estremecia pela quebra do orgulho, foi sufocante para Gael. Desde o começo Alan tinha sido o pior agressor e agora ele estava se desculpando?

– Eu sei que é difícil, porque eu fui um babaca com você – Sentiu seu coração acelerar. Alan queria e precisava de redenção. Era normal para ele fazer piadas mesmo as mais ácidas, mas agora entendia que nem tudo tinha que ser dito.

– Tudo bem – Gael ainda sentia as faíscas de arrependimento se desprenderem de Alan e queimarem sua pele. Ver o ômega tão constrangido era o suficiente para ele, mesmo que seu ser estivesse em confusão. – Alina é a alfa de Judith?

Alan percebeu a urgência de Gael em mudar de assunto, e ficou satisfeito com isso.

– Não. É Aline.

– Você têm duas irmãs?

– Não, eu tenho quatro.

– São muitas – Gael o olhou, surpreso. – E quais são os nomes delas?

– Por ordem de idade: Aline, Alina, Alanis, Alana e eu.

Gael achou interessante a escolha de nomes, mas não disse nada.

– Você é o mais novo?

– Sim.

– Curioso – Gael quase sorriu, mas não ousou mostrar que estava se divertindo com o assunto. Fazia eras que ele não conversava com ninguém. Era normal se sentir empolgado?

– Por quê?

– Pensar que você é o mais mimado, e ainda por cima um ômega.

Alan sorriu, olhando-o entretido. Estava sendo estranho Gael puxar assunto.

– O único ômega.

– Então você é, no mínimo, bajulado.

– Elas são bem protetoras. Elas pensam que eu sou uma criança e esquecem que eu sou o mais forte e alto entre elas.

Gael deu olhadelas discretas pelo corpo de Alan e disse:

– Você não se assemelha com um ômega.

– Você não se parece com um alfa – Sorriu maliciosamente, sabendo que Gael tinha o medido de cima a baixo.

– Você se esforça muito pra ter esse resultado em seu corpo? – Foi custoso perguntar. Gael sabia que isso inflava o ego de Alan.

– Também, mas esse já é meu tipo físico, assim como você que tem uma tendência delicada.

Gael refletiu um pouco sobre a passividade de Alan e ficou imaginando o quão estranho foi vê-lo subjugado por Elias. Quando o ômega teve seu heat foi alarmante observá-lo gemendo e implorando para ser domado.

– Elias é seu alfa? – Disparou sem se dar conta. Gael era honesto demais para guardar suas perguntas.

– Não – Alan se lembrou de quando Gael o viu transando com Elias e se sentiu desconfortável. Gael era a última pessoa que ele queria que o julgasse por conta disso. – Parceiros de foda, esse é o lance.

– Você não tem apreensão de Elias marcá-lo?

– Normalmente não ficamos perto um do outro quando temos heat ou rut. Eu jamais me imaginaria tendo algo com Elias – Assegurou. – E você, tem alguém?

Gael franziu o cenho, sabendo que Alan já sabia da resposta.

– É claro que você não tem um ômega – Resumiu, sabendo que Gael não responderia. – Mas você tem um estilo recatado e focado, talvez você seja casado e tenha filhos. Talvez você seja um alfa compromissado e seu parceiro seja muito ciumento, e você não conversa e não olha para ninguém porque seu ômega te proíbe. Talvez ele ameace cortar seu pau.

Gael piscou confuso, antes de se inclinar para o lado, cobrindo a boca. Ele estava à beira do riso, mas jamais deixaria Alan saber disso.

– É uma primorosa teoria que explica minha síndrome – Sua voz saiu meio abafada e Alan o olhou curioso. Gael não sentia vontade de rir a muito tempo.

– Ômega psicopatas são perigosos – Sorriu, vendo Gael apontar para o final da rua, dizendo que para lá ficava sua casa. – Isso foi bem rápido.

Alan insistiu dizendo a ele que poderia deixá-lo na porta de sua casa, mas Gael negou.

– Eu estou acordado o suficiente para poder caminhar solitariamente.

– São aquelas pílulas? – Alan estava começando a achar que aquilo eram drogas.

– Sim, elas são recursos ergogênicos que auxiliam com a melhora do meu desempenho – Deu de ombros, já fora do carro. – Eu me mantenho acordado.

– Isso não é bom... – Olhou para Gael que ajeitava suas mochilas nas costas. Era evidente que estava se esforçando para se manter de pé. – Você promete que vai descansar?

Gael paralisou por alguns instantes, surpreso com a nota de preocupação na voz de Alan. Ele não era seu ômega, por que estava se importando?

– Eu... bem... – Quase engasgou, vendo os olhos de Alan o olharem aflitos. Será que ele estava tão mal assim? – Sim, eu vou.

Alan assentiu aliviado, mesmo que soubesse que Gael estudaria até desmaiar depois que chegasse em casa.

– Se cuida, senão eu vou te carregar de novo –Lançou uma piscadela sugestiva e Gael se perguntou sobre o que ele estava falando.

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