Castle Walls - Camren

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A dinastia Estrabão está governando a Inglaterra em meados do Século XVI. Com problemas no tesouro real, a Pr... עוד

Capítulo I
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Comunicado
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII

Capítulo II

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– Parabéns pelo noivado, Vossa Alteza.

Enxuguei minhas lágrimas o mais rápido que pude e senti que ela se sentou ao meu lado. O que eu menos precisava nesse momento era que alguém espalhasse que a princesa estava chorando no jardim logo após o anúncio real. 

Respirei fundo antes de olhar pra ela, mas agora que estou olhando-a, queria não estar aqui.

– Condessa Jauregui, muito obrigada! – Falei em meio a um sorriso, tentando disfarçar ao máximo meu descontentamento com o noivado.

– É uma honra finalmente conhecê-la Vossa Alteza – Ela disse inclinando levemente a cabeça em sinal de respeito. – Temia não ter a felicidade de finalmente encontra-la esta noite.

Ela sorriu e seus olhos encontraram os meus. Eles eram ainda mais verdes de perto.

– Igualmente Vossa Graça. Me surpreende que nunca tenhamos nos encontrado antes, visto o quanto sua família é importante em vosso reino.

– Por favor, me chame de Lauren. – Ela disse em meio a um sorriso. – E ao que me recordo, já visitei a corte algumas vezes, mas suponho que Vossa Alteza estava ausente.

– Provavelmente. – Falei fitando seu rosto. – Passei muito tempo na corte espanhola.

– Oh! A Espanha! – Ela disse empolgada com um sorriso no rosto. – Meus pais adoravam a Espanha... Eles diziam que as vestes eram as melhores.

– Bom, como todos sabem, o rei tem certa ascendência espanhola, então manda trazer para a corte sempre que possível algumas peças de lá. – Digo de forma cautelosa. – Mas não é o que mais me surpreende. A beleza daquele reino é impressionante, você já esteve lá?

– Nunca. – Ela disse. – Mas um dia irei, farei isso pelos meus pais.

Senti que sua voz oscilou, de certa forma a morte deles ainda era recente. Os Jauregui eram da alta nobreza, e com tanta influência e responsabilidade, é quase certo que Lauren não teve o luto necessário. 

Assumir as terras e títulos da família era esperado e incentivado em filhos homens, mas para uma mulher de somente dezenove anos? Ela não poderia demonstrar fraqueza, de forma alguma.

– Sinto muito pelos seus pais, Lauren. – Coloquei a mão levemente em seu braço, tentando conforta-la. – Que Deus os tenha. Eram pessoas de confiança do rei.

– Obrigada Vossa Alteza. – Disse. – Entretanto, tenho fé que um dia visitarei a Espanha. –Falou mudando de assunto.

– Claro que sim! Você vai adorar a corte espanhola. – Falei encarando minhas próprias mãos, que estavam geladas do frio.

– Vossa Alteza devia voltar para dentro, o inverno está próximo. – Ela disse calmamente enquanto me estendia suas luvas.

– Oh não, está tudo bem. – Falei sorrindo enquanto afastava suas mãos. –  Não precisa se preocupar.

– Eu insisto, por favor. – Ela resistiu e estendeu novamente as luvas enquanto sorria pra mim.

– Tudo bem. Mas você vai se arrepender disso, agora é Vossa Graça quem vai passar frio.

– Você precisa mais dela do que eu. – Respondeu. – Aliás, posso ser vista com maus olhos se descobrirem que neguei isso para a futura rainha da França.

Eu respondi apenas com um sorriso, e entramos em um silêncio agradável.

Enquanto a observava tudo que se passava em minha cabeça era que ela, infelizmente, era vista com más olhos, devido aos rumores que Mary e Lola me confidenciaram. 

Talvez nem seja verdade, provavelmente ela simplesmente não queira arranjar um marido, e em parte eu a entendo, tudo que ela e sua família conquistaram passariam para ele do dia para a noite, e ela perderia quase toda sua influência, pois não seria nada mais do que a esposa do novo Conde. Entretanto, e se realmente existisse a possibilidade dela beijar mulheres? Não que isso me diga respeito, mas me pergunto como ela tem a coragem suficiente para corteja-las.

Lauren era uma boa companhia, e em minha mente eu desejava que pudéssemos se aproximar um dia.

Ela se ajeitou no banco me fazendo voltar a atenção para ela, quando percebi que ela estava bem mais perto de mim.

– A escolha de Vossa Majestade sobre o casamento me pareceu um pouco precipitada. – Sua voz saiu ríspida, muito diferente do jeito que estávamos conversando antes.

Olhei para ela um pouco confusa, tentando buscar algum resquício que me indicasse do porque a mudança repentina, mas tudo que ela estava fazendo era encarar o jardim fixamente.

– Precipitada? – Falei esperando que ela voltasse seus olhos para mim, mas não aconteceu. – Você tem consciência que está questionando as escolhas de Vossa Majestade para a filha dele? – Disse aumentando um pouco o tom de voz.

– Ora princesa, que fique entre nós, mas temo que alguns nobres não irão apoiar a decisão.

– Tenho certeza que meu pai conta com seu apoio. – Disse em forma incisiva.

– Tenho certeza que Vossa Majestade sabe os riscos que está correndo em assumir uma aliança com a França. Ele não pode esperar que os nobres vão apoia-lo cegamente. – Rebateu.

Ela me deixou sem palavras. Definitivamente era uma ameaça.

Nobres como Lauren possuem espiões por todos os lados, coletam informações, interceptam cartas, e é certo que todos já sabiam do noivado antes mesmo dele ser anunciado. São tão poderosos que podem facilmente derrubar um rei caso estejam descontentes. Essa era minha principal preocupação. 

Nunca participei das negociações, tão pouco sei a melhor forma de governar a Inglaterra, mas meu pai estava em águas perigosas ao anunciar esse noivado, e a Condessa me falando isso só confirmava tudo. 

A única coisa que eu não entendia era porque ela resolveu falar tais coisas para mim, mesmo sabendo que posso entrega-la por traição e conspiração. Sobretudo, não tenho controle algum da situação, sou apenas uma princesa, uma simples peça no jogo comandado por grandes monarcas.

Vi seus olhos desviando para trás de mim, e o barulho das armaduras se aproximando.

– Parece que temos companhia. – Disse ela se levantando.

– Vossa Alteza, – Disse Phillip, um dos meus guardas privados. – E Vossa Senhoria. – Ele disse olhando para Lauren, um pouco receoso. – Vossa Majestade ordenou que se dirigisse ao salão principal. – Ele disse para mim, mas ainda fitando Lauren, que o encarava firmemente.

– Claro. Obrigada Phillip – Falei me virando novamente para a Condessa.

– Princesa, muito obrigada pela conversa. – Sua voz estava normal novamente, provavelmente, estava receosa devido a presença dos guardas. 

Ela se abaixou e me olhou nos olhos enquanto buscava minha mão e a levou até perto de sua boca. 

– Foi um prazer. – Disse enquanto a beijou sem desviar seus olhos de mim. – Tenho certeza que nos veremos novamente em breve. Por favor, não hesite em manter contato.

Meu corpo arrepiou inteiro, e talvez ela tenha percebido, pois sorriu enquanto se afastava para que meus guardas pudessem me levar de volta para o interior do castelo.

Enquanto voltávamos eu pensava o quão a atitude da Condessa me deixou chateada, por um momento achei que ela tinha se aproximado com a intenção de formar uma amizade, mas agora vejo que os nobres agem da mesma forma, jogam conforme seus interesses. A forma que sua postura mudou em questão de minutos, e o o tom de ameaça em sua voz, mostravam claramente que ela não era como aparentava.

Quando adentramos ao castelo pude perceber com calma a decoração dos corredores. As colunas do castelo estavam com o brasão de nossa família, as tapeçarias estavam postas no caminho para o grande salão, e a porta estava decorada com um arco de flores nas cores da Casa de Estrabão. Meu pai nunca faria tal decoração para um simples banquete para os nobres, eu poderia ter imaginado que seria um anúncio muito mais importante.

Ao passar pela porte todos estavam dançando, a música estava alta e as pessoas pareciam realmente estar se divertindo. Isso me deixou intrigada. Se o que Lauren disse sobre os nobres não estarem contentes com a decisão fosse verdade, porque estavam festejando normalmente? Apesar de perceber que alguns já tinham ido embora, talvez ela estivesse apenas blefando.

Os guardas ficaram na porta e eu me dirigi ao encontro de meu pai, que estava sentado exatamente onde o vi quando sai. Ele prontamente se levantou e veio em minha direção, fazendo os olhares se desviarem para a gente.

Com um aceno de cabeça ele fez a música parar e logo recomeçar em outra melodia que logo reconheci: Era a dança real.

Ele me puxou para o meio do salão, fazendo com que as pessoas se afastassem e formassem um círculo. Ficamos frente a frente um do outro e começamos a dançar. Ele me observava em cada movimento que eu fazia, provavelmente estava me avaliando. 

Eu estava sorrindo em todas as oportunidades, afinal, os olhos estavam todos na futura esposa do Príncipe Francês. Sei que no fundo meu pai tem total compreensão de que eu estava descontente, mas sua principal preocupação era a de que eu demonstrasse isso para os outros membros da corte.

Tentei me concentrar ao máximo na dança. Desde pequenas somos ensinadas a isso, uma princesa que não sabe dançar é uma princesa sem classe. Lembro que sempre fui péssima para seguir a coreografia, sempre prestava mais atenção nos instrumentos do que na dança. 

A segunda parte da música chegou, era a hora em que os nobres poderiam entrar para dançar. A primeira parte era reservada para a família real, e em sequência entram os outros membros da corte.

Enquanto trocávamos os pares eu imaginava como seria a dança na corte francesa, e que tipo de música eles escutavam lá. Será que o Príncipe Francisco tinha postura para dançar? Nunca vi um retrato dele, ao menos sei sua aparência, mas provavelmente amanhã já começaremos a trocar cartas.

Ouvi os músicos diminuindo o ritmo. A dança estava chegando ao fim, e quando tudo parou, todos sabiam que o rei e a rainha  iriam se retirar.

 Enquanto Alejandro e Sinuhe caminhavam para fora do grande salão, avistei Mary que se aproximava de mim.

– Vossa Alteza, gostaria de companhia até seus aposentos? – Ela disse, com um semblante preocupado.

– Ficaria grata se me acompanhasse, Mary. – Disse enquanto nos dirigíamos para os corredores externos.

Meus guardas que aguardavam na porta prontamente começaram a nos seguir, porém mantinham uma certa distância para que não invadissem minha privacidade.

– Como foi a noite? Algum nobre lhe chamou atenção? – Perguntei.

– Nobre não, mas um certo conhecido de Vossa Alteza... – Ela disse em meio a um sorriso.

– Mary! Não me diga que se aproximou de Charles. – Falei rindo para ela.

– Se eu dissesse que sim você me tiraria de seus serviços?

– Jamais, mas você sabe que está na corte para arranjar um pretendente, Charles é um simples arqueiro. – Disse enquanto já se aproximávamos do meu quarto.

– Eu sei. – Ela disse com a voz abatida. – Mas ele parece ser um bom homem, apesar de um pouco lento...

– Mary! Não vá me dizer que vocês...

– Não! – Ela disse rindo – Por Deus Vossa Alteza, de jeito algum. Digo que ele demorou para perceber que eu estava realmente dando abertura para ele.

– Não sei como você espera que eu continue treinando com ele sem imaginar vocês dois pelos cantos.

Ela soltou uma risada que ecoou pelos corredores, e isso nos fez rir ainda mais.

Logo já tínhamos chegado ao meu quarto e Mary chamou os servos para que eles me ajudassem a tirar vestido. O processo foi rápido e quando percebi, já estava pronta para deitar. Me despedi de Mary e me dirigi a minha cama.

Com tudo que aconteceu hoje estava difícil para pegar no sono, todas as conversas ecoavam em minha mente e o medo do desconhecido me assolava. A ansiedade para o cortejo com o príncipe me deixava nervosa, e antes de finalmente fechar os olhos para tentar dormir e afastar de mim todos os pensamentos, a última coisa que vi foram as luvas de Lauren em cima da penteadeira.

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