Estávamos minha prima e eu, sentadas enquanto ela servia a lasanha que acabara de tirar do micro-ondas, não existe nada melhor que chegar no conforto do seu lar e poder comer, se sentir verdadeiramente bem consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor e saber que ali sim é o seu lugar.
A caminhada nunca é ou será fácil, não se engane, mas sem dor não à cura, sem choro não à sorriso e sem tempestade não tem o arco íris. Eu acho que morrerei e não agradecerei o suficiente a minha tia, a minha mãe que cuidou de mim e me deu um irmão, aquele que eu sempre quis. Eu fato de ser adotada me diz que o mundo tem salvação, e que no momento em que pensei que não poderia ser salva Deus foi lá e me mostrou que eu estava errada, ele mostrou que uma criança não pode sofrer por erros dos malditos pais, e o pior é que isso é o que mais está acontecendo; crianças pagando pelos malditos pecados daqueles que tem que protege-los.
Eu observo minha prima enquanto ela come um pedaço chocolate a cada três garfadas da massa em seu prato, ontem mesmo estava dizendo que iria começar a fazer dieta, não tem sentido, mas tá tudo bem também, nada precisa fazer sentido, só acontecer e isso e mais que suficiente.
- Tia Aurora me ligou. Esqueci de te falar. - Digo levantar e me encaminhar para a pia onde lavo a mãos, ligo o fogão para esquentar o arroz e quero ri do ciúmes explícito em sua cara.
- E porque ela ligou pra você e não para mim? - Leva ambas as mãos a cintura emburrada, nem parece uma mulher de vinte e seis anos.
- E eu que sei? Ela falou que só anda caindo na caixa postal. - Dou de ombros querendo me livrar desse olhar fulminante que ela me lança.
Oxente, mas é cada ciúmes que sei não viu.
Esticando meu braço, pegando o celular que começa a tocar, o nome Alberto brilha na tela e eu não escondo sorriso. Me afasto da minha prima e quando estou longe o suficiente atendo-o levando o aparelho a orelha.
- Ora, ora se não é o senhor TI me ligando. - Brinco apressando os passos e entrando no quarto.
- Olá senhorita secretaria.
- Assistente pessoal. - o corrijo divertida.
- Está cheio de trabalho essa semana na empresa, o filho seu Otávio não está para brincadeira e já deu trabalho do mês todo para resolvermos em uma semana, não vai dá para sairmos.
- Nossa, em uma tarde e ele já fez tudo isso? - A surpresa em minha voz é evidente.
- E muito mais... - Ele suspira - Ele fez algumas pessoas trocarem de setores, tipo, elas trabalham a anos fazendo determinada coisa aí ele chega e muda tudo.
- Estou bastante surpresa. - Quer dizer, ele não me pareceu assim tão frio.
- Me desculpa mesmo, prometo que a espera valerá a pena. - E é como se eu tivesse lá e visse ele passar a maldita língua sobre os lábios.
- Eu espero que sim. - Sussurro.
Ouvindo sua maldita risada rouca antes dele desligar.
Me jogo na cama, suspirando feito a merda de uma adolescente. Mas não se engane ou pense que estou apaixonada, mas sim ansiosa, valerá a pena a espera porque estou a maldito dois meses sem sexo e eu preciso disso e quero que seja com Alberto, não por nutrir algo a mais que desejo, mas porque só de vê-lo me imagino lambendo o maldito tanquinho e beijando todas aquelas tatuagens do seu pescoço.
Me ponho de pé, caminho até o banheiro e a cada passo vou deixando uma peça de roupa pelo chão, praguejando alto ao vê que minha menstruação acaba de dá sinal, mas tudo bem Deise, apenas respira e inspira e tudo fica bem. Eu simplesmente odeio menstruar, odeio o fato de você muitas vezes ficar em casa porque a maldita está desgovernada e, por mais que o absorvente seja grande ela sempre arruma um jeito de passar e sujar sua roupa. Isso é como uma praga jogada em você todo maldito mês e eu me recuso a fazer uso de anticoncepcionais para não ter a presença dela, não é algo com o qual me sinto bem.
Entro no banheiro e já me enfio debaixo do chuveiro de cabeça e tudo, não estava nos planos lavar o cabelo hoje, entretanto, todas as vezes que estou nesses dias eu preciso lavar o cabelo e ter a sensação de está totalmente limpa, isso já é algo meu desde que menstruei pela primeira vez e levo comigo até hoje.
Termino o banho, já vestindo o roupão e me direcionando ao suporte onde deixo todos os absorventes. Ao está devidamente vestida deito na cama e aproveito a tarde de folga.
Eu não tive uma noite de sono tranquila. Não consegui dormir devido a dor de cólica, logo levantei mais cedo que o habitual e me direcionei para o banheiro.
Após tomar banho vesti uma calça preta de cintura alta, uma blusa rosa que ganhei da minha prima, calcei o meu mais novo xodozinho, o scarpin que eu me dei de presente semana passada.
Estava ciente que hoje as coisas seriam diferentes, é como se eu estivesse no meu primeiro dia de trabalho e conhecesse exatamente nada. Cheguei na empresa dez minutos mais cedo, quase bufei ao ver meu chefe no elevador olhando diretamente para as minhas pernas conforme eu me aproximava, é agora que eu pego meu spray? Porra, o homem nem disfarça ao fixar o olhar nos meus pés, vai pra puta que pariu porra!
- Belos scarpins.
Respiro fundo, segurando minha bolsa com força ao me virar, sorrindo o mais falso que consigo.
- Obrigado. Entende de sapatos? - Questiono me esforçando a ser educada.
- Sou apreciador de belas coisas Senhorita Duarte. - É o que diz antes do elevador abrir e ele gesticular para ir na frente - Com toda certeza eu sou um apreciador - Murmura e eu finjo não ouvir.
Depósito a bolsa na minha mesa, tirando o iPad de dentro e o acompanhado até a sua sala.
- Amanhã as três tenho uma reunião com os acionistas. - Anderson senta elegantemente e eu finjo não me importar quando ele apoia os cotovelos na mesa e inclina o corpo, aproximando o rosto do meu - Eu não preciso que pega nada para mim como café ou qualquer merda, - Diz e fico surpresa - Eu não sou uma pessoa esquecida porém vamos te dá trabalho, afinal, é para isso que é paga, então vamos lá. Você ficará com o meu celular pessoal a maior parte do dia, o atenderá e anotará os recados e eu não quero ser incomodado, apenas se for urgente ou sobre a minha empresa aí você passa para mim.
- Certo. - Anoto ignorando a arrogância em suas palavras.
- Também quero sua ajuda para contratar uma recepcionista no térreo.
- E a Verena? - Questiono levantando a cabeça e encarando seu rosto.
Ele comprime os lábios antes de responder.
- A demiti.
Deixo escapar um barulho surpreso e engulo seco ao concordar com um aceno de cabeça.
Não posso acreditar que ele está aqui a pouco mais de vinte e quatro horas e já demitiu alguém que trabalha aqui a mais de cinco anos, sou tomada por um sentimento de indignação mas o que posso fazer? Ele é o chefe.
- Mais alguma coisa que preciso saber Senhor Bragança? - Pergunto querendo sair o mais rápido dessa sala.
- Sei que está me julgando Deise. - Diz me deixando surpresa ao abaixar o tom de voz e me chamar pelo nome.
- Não estou, acredite.
- Posso não te conhecer mas sei ler as pessoas e pode acreditar, dez minutos é o suficiente para saber o que está pensando.
- Verena trabalhava aqui a cinco anos. - Justifico.
- Eu sei, e garanto que ela saiu com mais do que merecia no bolso.- Levanta, se pondo a caminhar para uma mesa com bebidas que com toda certeza não estava aqui ontem - Mas estou aqui para melhorar, acredite Deise, eu não queria está aqui... Tenho minha empresa no Canadá a qual deixei em mãos alheias para estar aqui, então farei o melhor, mudarei tudo, nem que para isso precise demitir alguns funcionários. - Sorve a bebida de uma vez.
- Entendo. - Falo, admirando o quão gostoso ele fica de gola V branca e esse maldito crucifixo no pescoço e um Rayban enganchado na blusa dando um ar despojado e sexy.
- Bom, eu irei ao setor de produção ver como anda tudo.
E, ao dizer isso ele põe a mão no bolso, tirando de dentro o seu celular e me entregando.
- Não tem senha, e, não olhe a galeria. - Fala querendo rir e uma merda que eu não vou olhar tudo.
Sou uma maldita curiosa.
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Só lembrando... De início os capítulos serão pequenos mesmo.